Em 1991, quatro amigos meio entediados com o dia-a-dia do curso de Jornalismo da UFG decidiram fazer uma festa diferente de tudo quanto rolava na época (a mania era acrescentar “a festa” depois do nome, p.ex., medicina, a festa!). Ao mesmo tempo, um amigo comum – Júlio Vann – comentou sobre um bar no centro de Goiânia – Controvérsia, antigo Querelle – precisando desesperadamente de algum evento para ampliar a clientela, muito restrita e muito underground. Santa conveniência celebrou o casamento. Os amigos eram eu, Yuri, Leo Rasuk e Luis Fernando Pudim.
E não é que hoje eu leio, no Popular, que o selo musical do Leo, a Mostros Records, firmou um acordo com a Trama – do irmão da Maria Rita – e muito provavelmente será um selo escancaradamente nacional este ano. E isso 10 anos depois de começar, com a primeira edição (festa?!) do Goiânia Noise.
O Leo é um cara quieto. A fim de planejar a festa, fomos para o apartamento dele num edifício da T-9. O que me espantou não foi tanto seu empenho em nos deixar a vontade, mas a imensa aparelhagem de som que ocupava uma parede inteira da sala. Enquanto eu e o Yuri discutíamos alguma coisa, ele o Pudim conversavam sobre a lista de músicas da festa (lembro-me deles pararem a festa para tocar a introdução de Carmina Burana antes da música Losing my Religion do REM). O Leo sempre foi completamente apaixonado por música. E gostava de manter-se atualizado em relação aos lançamentos e bandas internacionais. Daí o dito pelo João Marcello Bôscoli não soar novo para mim.
Para João Marcello Bôscoli, músico, produtor e diretor artístico da gravadora paulista Trama, o fato de a Monstro estar fora do chamado eixo gravitacional do mercado cultural brasileiro (Rio-SP) foi uma dificuldade que acabou virando um diferencial. “Se você pensar em termos de mídia, de maior projeção no início, sim, estar fora do eixo é um problema. Mas a honestidade estética desses caras foi tanta que eles viraram um eixo. Não adianta tergiversar, a Monstro hoje é o maior selo de rock do País”, diz o filho de Elis Regina, comentando que “o aspecto artesanal” e o “carinho no processo de produção dos discos” são as coisas que mais o agradam no trabalho da Mostro.
Ele planejam também abrir uma editora este ano. Parabéns Leo. Você merece. Abaixo vai a programação da Mostro para o ano.
Confira a programação da Monstro para este ano, em comemoração aos dez anos do selo e produtora:
¤ 27 de março – lançamento do novo CD da banda Violins (Rendenção dos Corpos)
Local: Bolshoi Pub
¤ 10 de abril – lançamento do novo CD da Jupiter Maçã (Uma Tarde na Fruteira)
Local: Bolshoi Pub
¤ 18 de abril – show Music for Anthropomorphics, baseado no disco da Mechanics (com participação de Fabio Zimbres)
Local: Centro Cultural Goiânia Ouro
¤ 8 de maio – lançamento do CD Macaco Bong (Artista Igual Pedreiro)
Local: Bolshoi Pub
¤ 23 a 25 de maio – 10ª edição do Festival Bananada
Local: Centro Cultural Martim Cererê
¤ 19 de junho – lançamento do CD da banda Sick Sick Sinners (Road to Sin)
Local: Bolshoi Pub
¤ 5 de julho – Festa Monstro 10 Anos
Local: Ambiente Skate Shop
¤ 1º e 2 de agosto – 3ª edição do Antimúsica Rock Festival
Local: Centro Cultural Martim Cererê
¤ 19 a 21 de setembro – 4ª edição da Trash – Mostra Goiânia de Video Independente
Local: Centro Cultural Goiânia Ouro
¤ 18 de outubro – lançamento oficial da 14ª edição do Goiânia Noise Festival, com a banda Mudhoney (EUA)
Local: Centro Cultural Oscar Niemeyer
¤ 21 a 23 de novembro – 14º Goiânia Noise Festival
Local: Centro Cultural Oscar Niemeyer