blog do escritor yuri vieira e convidados...

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A Comunhão dos Monstros Malucos

Um dos grandes traumas da minha infância – sim, da minha infância “pequeno burguesa” – foi ter perdido, graças a uma aula de catecismo, a reapresentação na Sessão da Tarde do filme de animação A Festa dos Monstros Malucos, de Jules Bass, o mesmo que dirigiu The Hobbit.

Somaterapia

Eu estava justamente escrevendo sobre minha experiência com a famigerada somaterapia – assim que terminar, colocarei o texto aqui – quando recebi uma mensagem do Adriano Facioli através do Livro de Visitas deste site. Fui então conhecer o site dele – Inquilinos do Além – e dei de cara com essa ótima crônica, Vivências e vexames, sobre a mesmíssima falcatrua terapêutica. A quantidade de pessoas que irá se identificar com ele não há de ser pequena. Quanto à minha própria experiência, vale dizer que ocorreu em 1993, em Ouro Preto, durante um daqueles Festivais de Inverno. Participei então da maior oficina já realizada pelo próprio Roberto Freire: cerca de 120 pessoas seminuas ao mesmo tempo, um verdadeiro surubão light. Aguardem…

Sawamu, o demolidor

Sawamu, o demolidorOutro dia, encontrei a música de abertura do animê Sawamu, o demolidor, que passou no início dos anos 80 aqui no Brasil. Quem morou em São Paulo nesta época, ou em alguma outra cidade que transmitia a TV Record, certamente se lembrará. Tratava-se da história do karateca Sawamu que, após ser surrado por um lutador de boxe tailandês, decide aprender essa nova modalidade. Eu curtia muito o desenho, tanto quanto um outro que marcou toda uma geração: A Princesa e o Cavaleiro.

(Veja a letra abaixo.)

Um blog bilíngüe Una bitácora bilingüe

Acho que já deu pra notar que este blog está com a pretensão de tornar-se bilíngüe, né. Agora, além de textos em português (pra não dizer em brasileiro), e sempre que tiver saco, publicarei versões em castellano de cada entrada. Dentro de alguns anos – quando eu sair da minha fase Tarzã no inglês e no francês – quem sabe eu não venha a incluir mais essas duas línguas? Tudo é possível.

Vale lembrar que essa é minha forma de voltar a me aproximar da minha inesquecível e ótima família de intercâmbio equatoriana que, graças à minha eterna dureza, ainda não consegui rever. Les quiero y les estraño mucho!

Creo que ya está claro que esta bitácora pretende volverse bilingüe. Ahora, además de textos en portugués (para no decir en brasileiro), y siempre que me diera la gana, publicaré versiones en castellano de cada post. Dentro de algunos años – cuando yo abandonar mi fase Tarzan en el inglés y en el francés – quien sabe yo no venga a incluir aún estos dos idiomas? Todo es posible.

Debo decir que esa es mi manera de volver a me acercar de mi inolvidable y afectuosa familia de intercambio ecuatoriana que, gracias a mi eterna falta de plata, todavía no logré rever. Les quiero y les extraño mucho!

O que aprendi na Casa do Sol Lo que aprendí en la Casa do Sol

Não posso evitar. Cada vez que alguém me pergunta o que foi que eu aprendi lá na Casa do Sol, residência da falecida Querhilda Hilst, as primeiras respostas que me vêm à cabeça são as seguintes: com o Mora Fuentes (escritor) aprendi a fazer um ótimo peixe assado; com o Bruno Tolentino (poeta) aprendi que é preciso cortar a couve bem fininha, senão ela não se casa bem com a feijoada (fizemos juntos ao menos umas quatro feijoadas); com o Guttenberg, amigo da Hilda e professor na USP, finalmente descobri como é que se faz um bom café; com o Chico (o caseiro) fiquei sabendo que realmente tem gente comendo rato (assado) no sertão deste país e que não há nada melhor do que um “zoião” frito; e, finalmente, com a Hilda… puts, com a Hilda não aprendi bulufas, afinal, ela não sabe sequer fritar um ovo, isto é, não sabe fazer nem mesmo um zoião…

Do resto eu falo outra hora.

No lo puedo evitar. Cada vez que alguien me pregunta que fue lo que yo aprendí allá en la Casa do Sol, residencia de la fallecida escritora Hilda Hilst, las primeras respuestas que me vienen a la cabeza son las siguientes: con el escritor Mora Fuentes aprendí a hacer un excelente pescado al horno; con el poeta Bruno Tolentino aprendí que es necesario cortar la col bien delgadita, de lo contrario ella no se casa muy bien con la feijoada (hicimos juntos por lo menos unas cuatro feijoadas); con Guttenberg, amigo de Hilda y profesor de la USP, finalmente descobrí como se hace un buen café; con Chico (el casero) me dí cuenta de que realmente hay gente comiendo ratas (al horno) en el sertão de Brasil y que no hay nada mejor que un “zoião” frito; y, finalmente, con Hilda… carajo, con Hilda no he aprendido cosa alguna, pues ella no sabía siquiera freir huevos, o sea, no sabía hacer siquiera un zoião

De lo restante hablaré después….

A inveja do Père-Lachaise

Tudo bem. O cemitério Père-Lachaise possui os “indícios” de Apollinaire, Balzac, Sarah Bernhardt, Chopin, Delacroix, Saint-Hilaire, Ingres, Kardec, la Fontaine, Méliès, Molière, Édith Piaf, Oscar Wilde, Proust, Pissarro, Yves Montand, Jim Morrison, Rossini, etc. e tal — até Abelardo e Heloísa estão ali, imagine — mas… mas… ele, o Père Lachaise, está morrendo de inveja do cemitério da Consolação, sim, o cemitério paulistano. Simplesmente porque este o impediu de abrilhantar ainda mais sua coleção de figurinhas fúnebres. Talvez seja porque o dono do defunto em questão, isto é, o espírito que o habitou, tenha combatido a influência opressiva da cultura francesa nas letras e nas artes brasileiras do princípio do século XX. Claro, também ele bebeu dela, mas sabia que a monotonia francesa enfraquecia nossa expressão. Quem é a figurinha que o Père-Lachaise perdeu? Ora, quem…

Fui ao Cemitério da Consolação pela primeira vez, creio, no carnaval de 1998. Eu acabara de chegar duma viagem que fizera a São Tomé das Letras com M.C., minha então namorada, e, naquela manhã de carnaval, acordei com a figura novamente arrumando as malas.

“Onde a gente vai agora?”, perguntei.

“A gente não – eu!”. Fiquei aliviado. Eu, tão escorpiano quanto ela, também estava intoxicado com a relação. Muitas risadas, muito papo, muito prazer, mas, claro, ferroadas em excesso. Só havia um problema: estávamos no apartamento dela e eu não estava nem um pouquinho interessado em sair da cama. Deixar o apartamento e voltar para minha casa naquela hora então? Nem pensar.

“Eu vou pra Serra do Caparaó”, disse ela. “Você pode ficar aqui se quiser. Vou deixar a chave. Se trouxer alguém aqui, por favor, não deixe vestígios.”

Trocamos um beijo e ela saiu. Voltei a dormir. Mais tarde, já de pé, fui à janela: o que poderia fazer sozinho em São Paulo numa manhã de carnaval? Depois da viagem, eu queria tudo, menos badalação. Vi então, logo adiante, os ciprestes do Cemitério da Consolação. Pensei: dizem que São Paulo é o túmulo do samba. Bom, vou verificar… e saí. Circulei por quase duas horas ali dentro. Mil ex-presidentes, políticos ilustres, ricaços tradicionais, gente de livro de história. Parei, pois, para descansar nessa caixa de mármore: Monteiro Lobato 18/04/1882 – 04/07/1948. Fiquei um bom tempo ali, matutando. Eu não sabia que o cara havia deixado a “roupa” em São Paulo. Pensei que fosse em Taubaté ou algo assim. Lembrei então da primeira escola em que estudei: Jardim Escola Visconde de Sabugosa. Quando criança, eu sentia orgulho de estudar numa escola homônima de um dos personagens do Sítio do Picapau Amarelo. Lembrei dos livros, claro. Graças ao anjo do filme “A felicidade não se compra” (Frank Capra), anjo este que fala sobre o mais recente livro de Mark Twain escrito “lá em cima”, fiquei imaginando: o que o cara não estará escrevendo agora? Ao contrário dos demais “mortos”, que faziam parte da história do país ou de São Paulo, aquele cara fazia parte da minha história. Foi um ótimo primeiro dia de Carnaval…
Eu no túmulo do Monteiro Lobato 1882-1948
Esta semana, voltei ao local. Passei dois meses lendo vários livros do sujeito, precisava ir até ali prestar minhas homenagens. Agora eu tinha um novo Monteiro Lobato em mente. Era não o autor infantil, mas o autor de “Miscelânea”, “America”, “Negrinha”, “Na antevéspera”, “Onda verde”, “Mundo da Lua”, “Prefácios e entrevistas”, “Problema vital”, “A barca de Gleyre”, “Mister Slang e o Brasil”, “O escândalo do Petróleo e do Ferro”, “Urupês” e “Idéias de Jeca Tatu”. Alguns destes livros deveriam ser obrigatórios em todas as escolas. Atualíssimos. Reveladores da nossa história, do nosso país, desse grande vulto, Monteiro Lobato – um desses escritores com quem agora me sinto irmanado. Aliás, um cara a ser emulado, posto que se esforçou tanto pela Arte e por esse país de Jecas… Fiquei feliz por ver tantas flores sobre seu túmulo. Morra de inveja, Père-Lachaise.

Garapa de limão

Aprendi com minha falecida avó materna – uma camponesa até a raiz dos cabelos, destas que falam “em riba” (em cima), “duda” (dúvida), “pousar” (dormir, pernoitar) – que “garapa” não era outra coisa senão caldo de cana. Mas minha avó paterna acaba de me dizer que no interior da Bahia, sua terra natal, garapa é praticamente sinônimo de suco, refresco. Por isso, lá, pode-se chamar limonada de “garapa de limão”. E também o maluco da rua era garapa. Segundo minha avó, em Valença, quando não passava duma menina, havia um doidinho que perambulava pelas ruas do seu bairro fazendo sabe lá Deus o quê. As crianças o chamavam de garapa, o que o deixava furioso, levando-o inclusive a distribuir umas palmadas nos pequenos que conseguia alcançar nas inúmeras perseguições de saída de colégio. Portanto inventou-se um sistema. Quando a molecada via o tal doidinho, separavam-se e cada qual recitava seu aparte. Dizia um: “Água!” Outro: “Limão!!” E um terceiro: “Açúcar!!!” Berrava então o doidinho: “Vai, seus descarados! Junta tudo que eu quero ver!!” Finalmente alguém arriscava um “Garapa!!!!” e saíam todos em disparada.

Não sei se é poema

Eu estou sempre dizendo que sou um péssimo poeta e não é para bancar o humilde. É porque, na minha opinião, sou ruim mesmo. Mas me é sempre inevitável pagar “micos poéticos”. Encontrei o “poema” abaixo – talvez apenas uma letra sem melodia de uma banda que nunca existiu (Os Toalhas) – naquele meu arquivo que recuperei aqui em São Paulo, espalhado em duas caixas de papelão. É de 1994 e foi escrito em Brasília, numa provável noite de vácuo interior…

A visitante do planeta X

A Visitante do Planeta XEntre 1997 e 1999, publiquei crônicas mensais na revista Guia da Farmácia, da ABAFARMA (Associação Brasileira do Atacado Farmacêutico), editada pela Editora Price e com distribuição nacional. (Cada farmácia associada recebia ao menos um exemplar.) Eu ainda não encontrei os disquetes com as cópias desses textos, mas, como venho dizendo ao longo desta semana, a cada dia me deparo com algo novo nas caixas que havia deixado aqui em São Paulo. Hoje encontrei algumas provas gráficas dessas crônicas em papéis do tipo Imation Matchprint, gentilmente cedidas, na época, pelo Rogério Franco, sócio da editora. Seria muito melhor, claro, se eu transcrevesse texto por texto para o site. Mas estou morreeeeeendo de preguiça de tal trabalho mecânico. Por isso, por enquanto, me limitarei a escolher algumas e colocar suas cópias escaneadas neste blog. A primeira se chama A visitante do planeta X e foi publicada na edição de Julho de 1998.

Primeiro conto publicado

E prosseguindo com minha busca pelas caixas abarrotadas de passado, eis que também encontrei meu primeiro conto publicado: Gusto de sangre, de Março de 1990, jornal El Día, Latacunga, Equador. Também foi escrito originalmente em espanhol e dentro da mesma linha adolescente-militante do artigo citado abaixo.

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