blog do escritor yuri vieira e convidados...

Categoria: Umbigo Page 4 of 37

A luz do Bob Esponja

Eu juro que não faço de propósito. É que eu sou assim mesmo, um cara meio esquisito. Digo isso porque, sempre que volto a conversar com o Cassius Pucci Cordeiro, diretor de fotografia do meu curta-metragem (Espelho), ele se recorda dessa história. A questão é que eu queria uma iluminação XYZ para nosso filme, cujo desenrolar tem como único cenário uma sala de cinema. Não poderia ser uma sala muito escura – um cinema sempre tem luz suficiente para sensibilizar nossos olhos e a câmera nunca é tão sensível quanto -, mas tampouco poderia ser iluminada a ponto de sumir com a luz do projetor. Seria necessário ver as pessoas com nitidez sem perder o efeito de contraluz da projeção. Então, claro, começamos a pesquisar filmes que mostrassem salas de cinema. E apenas dois dias antes da filmagem, finalmente pude dizer ao Cassius: “Meu, encontrei a iluminação exata, do jeito que eu quero!”

“No Cinema Paradiso?“, perguntou ele.

“Não, no Bob Esponja – o filme.”

“Ce tá curtindo com a minha cara…”

“É sério, Cassius. No final do desenho animado, há uma mistura de cenas reais e animação. Quando o Bob Esponja e o Patrick morrem secos, o plano recua para dentro duma sala de cinema na qual há um bando de piratas assistindo ao filme. Essa cena é feita com atores. Eu achei aquela iluminação ideal: há uma luz frontal fixa, ligeiramente amarelada, e um brilho azulado em torno das pessoas, criado pelo projetor, que obviamente é fake. Perfeito!”

Ele ficou me encarando com uma expressão irônica: “Eu pensei que você ficava em casa assistindo ao Antonioni ou, sei lá, ao Kurosawa e você vem me falar de Bob Esponja?”

É que eu sou uma cara assim, sabe, meio esquisito. (É o que eu deveria ter dito.) Mas, como diretor, preferi colocar a produção atrás do tal DVD esponjoso. Acho que o resultado será positivo.

Pin ups do Wilson – 1

Uma pin-up do meu bróder, o artista plástico paulistano Wilson Neves.

wilson_neves_ana.jpg

E o Controle venceu a Kaos

Ter dirigido o curta-metragem Espelho, com a Cássia, foi simplesmente uma das coisas mais loucas que fiz na vida. Entrou para os Top 5 do meu rol de insanidades, justamente após a escalada ao vulcão Tungurahua e antes de… bem, leia meu conto Genus irritabile vatum… Sério, não estou brincando: uma pessoa que decide estrear no cinema com um orçamento curtíssimo e colocando, além da equipe, cerca de 150 figurantes famintos e cansados dentro duma sala de cinema por quase 21 horas seguidas não pode bater bem. Quando mais alguém disser “o Yuri é doido”, direi “de fato, ele é”. Eu andava pelo set e pensava, “as pessoas devem estar dizendo para si mesmas: ‘eu não gostaria de estar na pele desse cara'”. Mas tudo correu bem, graças ao apoio dessa equipe maravilhosa cujos nomes citarei mais tarde. Conforme anunciei, o Controle protegeu o set contra as forças trevosas da Kaos. Tudo poderia ter dado errado, mas mil e um pequenos milagres nos salvaram. E da maioria deles só tomei conhecimento após as gravações. Eu acreditava estar na posição mais difícil, mas na verdade estava no olho do furacão, um oasis de calma em meio a uma verdadeira batalha contra as circunstâncias. Cada situação, cada encrenca de que nem me dei conta, concentrado que estava em instruir os atores e compor os planos. Sim, às vezes chegavam notícias escabrosas: “alguém desmaiou!”, “uma diabética está com hipoglicemia!”, “uma grávida está passando mal!”, “não encontraram as balas de festim!”, “sem óleo o projetor vai queimar!”, “mais da metade dos figurantes querem ir embora!”, “a comida ainda não chegou!”, etc., etc. Embora nem tudo tenha saído conforme planejado, e a pressão das circunstâncias tenha impedido, em algumas cenas, a busca do “plano perfeito”, minha co-diretora foi destemida, minhas produtoras foram verdadeiras paladinas, os atores foram incríveis e os técnicos, excelentes. Que Deus abençoe a todos.

Seguem algumas fotos (feitas pela Karina, minha irmã, que se incumbiu da claquete), que incluem nossos atores estreantes Pedro Novaes e Paulo Paiva, colaboradores deste blog. (O Pedro tornou-se um verdadeiro psicopata, uma atuação impressionante.)

Equipe do filme EspelhoCom o ator Pedro NovaesA atriz RenataInstruindo o ator Sandro TorresYuri, no monitorCassia, diretoraO ator Paulo Paiva

Aviso

Este colunista está de férias. Volta quando der.

Abs.

R.

Figurantes para curta-metragem

Amigos
Dia 16/04, segunda-feira próxima, eu e a Cássia iremos rodar o curta-metragem “Espelho”, cujo roteiro escrevi. A locação será o Cine Pireneus, em Pirenópolis-GO, um antigo teatro que se tornou cinema nos anos 1930. (A mesma sala que aparece no filme Dois filhos de Francisco.) Precisaremos de cerca de 150 figurantes para interpretar o complexo papel de público. Os interessados devem se apresentar logo pela manhã – muito embora, no correr do dia, muita gente irá certamente se cansar, cair fora e abrir novas vagas para outros figurantes. (Tô cansado de saber que só Hollywood consegue segurar a figuração horas e dias a fio.)

Estamos com uma equipe muito bacana, tanto os atores, quanto a produção e os técnicos. Se Deus quiser, tudo sairá super bem. (Em outra oportunidade, colocarei aqui a ficha técnica.)

Vale lembrar que Pedro Novaes, nosso companheiro de blog, interpretará o “vilão” da história, o gatilho mais rápido do centro-oeste… 🙂

É isso. Conto com a presença dos amigos e empolgados em geral. (Aconselho aos agentes da Kaos a não aparecerem. Uma turma do Controle irá monitorar e fazer a segurança do set.)
Abraços!

P.S.1: Comunidade do curta no Orkut.
P.S.2: Agora sai, Nelson Pereira!!

O chefe de cozinha sueco

Este vídeo é do fundo do baú. Esse cara ensinava suas receitas num quadro de um minuto (ou dois) durante o Muppet Show. Este clip reúne vários quadros. Gosto muito do esquete em que as lagostas vêm salvar sua companheira, o da rã pedindo socorro ao Caco (Kermit) e daquele em que o chefe prepara um “Moose de chocolate” (alce de chocolate!, hehehe).

Fomos hackeados!

Este site já sofreu outros ataques antes, mas o problema nunca foi além da alteração de senhas, emails de contato e permissões. Desta vez, aproveitando-se de alguma falha de segurança do WordPress, que estava desatualizado há alguns meses, conseguiram deletar todo o banco de dados do blog. Meu becape era de Fevereiro e pensei que teria de sair recolhendo os posts de Março “Googleputer” afora, isto é, no cache criado pelo robot do Google, o que de fato acabei fazendo. Mas meu serviço de hospedagem (Routhost.com) finalmente respondeu positivamente à minha angustiada mensagem – afinal, em sua página há a garantia de becape diário – e, após me lembrar de que a culpa não era deles, mas minha, pois não tenho mantido o script up-to-date, voilà, o blog está de volta. (Ufa!…)

Claro que isso tudo gerou mais uma discussão interna. Neste blog coletivo, basta alguém peidar e logo um outro vai dizendo, “não concordo com seu peido, foi muito cheiroso”. Enfim, disseram que sou paranóico. Com algumas adaptações, eis minha resposta:

Cara
Passei a noite inteira reinstalando o script do blog e esperando uma resposta positiva do Routhost.com, que, por fim, havia mesmo feito o becape do MySQL. (Na página deles, há a promessa de becape diário.) Repito, não foi uma simples falha: desta vez, o banco de dados do WordPress zerou completamente, enquanto o do Joomla (meu site) e o do Loudblog (podcast) continuaram intactos. Fiquei espantado com a técnica dos caras: descobriram uma falha no WordPress e invadiram de fato o phpMyAdmin. (O Routhost fez questão de me lembrar que a culpa não era deles, uma vez que vivem insistindo para mantermos os scripts up-to-date .) Em suma, que eu saiba paranóia é algo que vive dentro da nossa imaginação, não é um bichinho que sai por aí apagando conteúdo de sites…

Tal como escrevi provisoriamente na página inicial – já retirei o texto – não afirmo que alguém tenha feito isso a mando de algum figurão ou sei lá eu – somos seguramente mais irrelevantes do que imaginamos -, mas certamente foi o ato espontâneo de alguém que não concorda com o que escrevemos. A rede de influência revolucionária (bolivariana, se preferir) age por contágio, passa de bobo para bobo, e isso se chama hegemonia.

Quanto à saída do “armário conspiratório” do Paulo, bem, ele jamais se tornará um paranóico profissional como eu. Eis a prova: e se esse tal de Mozy.com, recomendado por ele, não for senão um serviço de becape bancado pela turma da Nova Ordem Mundial? Quem garante que eles não fuçam em nossos dados? Tenho quase certeza de que, se eu subisse meu HD ali, em poucos minutos um helicóptero preto sobrevoaria minha casa e desovaria um bando de soldados trajados à la Swat.

Alguém quer competir comigo? 🙂
Abraços
Yuri

Para finalizar, quero dizer aos meus colegas que, se não tenho atualizado o script com maior freqüência, isto se deve a que ele utiliza muitos plugins diferentes. Cada nova versão do WordPress exige a atualização de boa parte deles. E seus criadores nem sempre têm tempo para acompanhar o andar da carruagem. Daí a demora.

E tudo isso, por algum motivo, me fez lembrar que faz vinte e três anos que ganhei meu primeiro computador: um CP400 Color II, da Prológica. Credo, não sei o que é pior: ser atacado por hackers ou ser atacado pelo tempo?

O tio e os sobrinhos

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Esta é a fotomontagem que ganhei da minha irmã e dos meus sobrinhos: eu sou o lindão de charuto. Foi feita online no Pikipimp.com, um site para passar uns bons minutos rindo. (Principalmente em companhia de crianças.) A imagem me lembra algo ocorrido dois anos atrás, na escola do meu sobrinho. Segundo minha irmã, Dimitri, então com quatro anos, discorria com os colegas a respeito das profissões de seus pais, mães, tios, etc. “Meu pai é médico”, dizia um. “O meu é piloto”, dizia outro. “Minha mãe também é médica”, acrescentava um terceiro, orgulhoso. Outros permaneciam em silêncio, o olhar perdido de quem procura dados na memória, provavelmente por não terem a menor idéia sobre a profissão dos pais ou, quem sabe, por jamais terem imaginado que seus progenitores tinham outra ocupação além da própria paternidade. Meu sobrinho então se pronunciou, cheio de si, arrancando expressões de admiração de todos: “Meu tio é lobisomem!” Ganhou, obviamente. (Médico? Piloto? Dentista? Bobagens.) Todos o olharam com uma mistura de espanto e interesse, uma pitada de inveja também, que criança não é de ferro. Afinal de contas era o garoto cujo tio (eu, claro) tinha a mais fantástica e curiosa das ocupações – se é que virar lobo uma vez por mês tem algo a ver com trabalho. “Pois é”, concluiu minha irmã, “melhor você parar de dizer essas coisas a eles”. E eu, quieto, o olhar fixo no passado, roxo de inveja do meu sobrinho: sempre quis ter um tio lobisomem. Ao menos me resta um consolo: por algum tempo acreditei que meu pai fosse um agente secreto. (Ah, quer saber? Imaginar é flutuar. Às vezes sobre nuvens branquinhas e fofas, às vezes sobre abismos…)

A Resistência do Vinil

E por falar no making of da Mostra Curtas, quero tocar rapidamente no nome do nosso amigo Eduardo Castro, autor das imagens do dito cujo e diretor do divertidíssimo documentário A Resistência do Vinil. Foi ótimo dirigir o Eduardo. Tudo o que eu tinha a fazer era interromper a conversa que ele estava tendo com alguém, em geral comigo mesmo, e lhe pedir para gravar. O resto era praticamente automático. Daí o apelido “piloto automático” e tal. 🙂 Aliás, logo logo o cara vai arrebentar com um documentário bomba que está montando – com dez anos de imagens e entrevistas gravadas (em VHS, miniDV e HDV) – sobre a Guerrilha do Araguaia.

Segue abaixo A Resistência do Vinil, em duas partes de 10 minutos cada. (Tem um bobo lá dizendo que o capitalismo é culpado pelo “fim” do vinil. O problema é que ele adquire seus discos velhos em lojas/sebos, isto é, no mercado. Cada um…)

Segunda parte:

Goiânia Mostra Curtas – making of

Eis o making of, que dirigi, da 6a. Goiânia Mostra Curtas, mais conhecido entre nós como “Onde está o Paulo Paiva?”, hehehe.

Vale lembrar que a cena onde Paulo César Peréio aparece com o dedo em riste foi excluída por motivos bastante claros – bastante claros para quem viu em que trecho tal cena aparecia…

Gosto muito da entrevista com o Juliano Moraes, durante os créditos finais. 🙂

Mais detalhes, logo abaixo do vídeo.

Making of da sexta edição da Goiânia Mostra Curtas – que inclui a 5.a Mostrinha (infantil) e a Mostra Cinema nos Bairros (exibições ao ar livre) – ocorrida entre 10 e 15 de Outubro de 2006, sob coordenação de Maria Abdala (ICUMAM). O tema da mostra foi o cinema experimental, tendo contado com as presenças de Edgar Navarro, Joel Pizzini, Jomard Muniz de Britto, Christian Saghaard e José Eduardo Belmonte. Estes dois últimos, juntamente com o compositor André Abujamra, foram os responsáveis pelas oficinas de Cinema Experimental, Direção Cinematográfica e Música para cinema, respectivamente. Dos 590 curtas-metragens inscritos, 127 foram selecionados e distribuídos em 5 mostras competitivas. Além destes, foram exibidos 19 filmes convidados dentro da mostra Cinema Experimental. A direção do making of e as entrevistas são de Yuri Vieira, com imagens de Eduardo Castro, produção de Paulo Paiva e Cássia Queiroz, e edição de Aline Nóbrega, pela Cora Filmes. A produção executiva é de Pedro Novaes.

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