Este vídeo é para o Daniel Christino, o Rodrigo Fiume, o Paulo Paiva e demais céticos que não crêem na magia…
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Este vídeo é para o Daniel Christino, o Rodrigo Fiume, o Paulo Paiva e demais céticos que não crêem na magia…
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Cinco
Ouviu a música com espanto, à espera de sua fonte. Aguardou, quieto, ainda afastado, e ouviu o seu fim. Veio o silêncio, a expectativa. Do portal, em vez da melodia, partiam batidas ritmadas, secas. Uma a uma, mais e mais rápidas, mais e mais próximas, uma para cada vida de seu peito. Uma a uma, passo a passo, foram se aproximando até por fim pararem.
Olhos fixos à frente, o peito vivo a tornar-se tenso, viu grossos dedos tocarem o portal e em seguida os olhos brilhantes. Yuri olhou para baixo e viu as batidas.
Quatro
Os olhos suspensos não piscaram depois que o reflexo opaco tremeu. Pescoço e tronco levantaram-se, enquanto braços permaneciam inertes.
Esperou e viu novamente o reflexo tremer mais forte e a porta transparente iniciar um movimento voluntário. Pouco a pouco, ela descolou-se, correu para a frente, tomou devagar a direção do lado, tornando-se por um instante um filete e depois, aos poucos, outro retângulo. Deixara para trás o portal. A transparência abrira-se.
Yuri permaneceu em pé à espera. Inclinou-se, contorceu-se, mas nada viu por entre o portal. Afastado, esperou.
Não soube ao certo o que era. Um som suave e distante. Notou a melodia saindo do portal. Pouco a pouco, tornava-se mais e mais próxima, até poder ser totalmente percebida. Um som alegre e agradável, de um só instrumento.
Três
Yuri sentou-se no chão inexistente, como faz um adolescente. Tornozelos cruzados, o tronco curvado, mãos juntas sobre os pés, antebraços escorados nas coxas. Olhava a porta a distância, a cabeça apontando para baixo, os olhos na direção do reflexo. Olhos outrora cerrados com vigor, agora abertos com descrença. O peito ainda vivo esperava o inesperado.
Não havia tempo na escuridão. Só pensamentos. Refez o caminho do cérebro, contou como pôde quantos deles conseguiu lembrar-se e constatou um tempo imaginário: passaram-se muitos pensamentos.
Os olhos suspensos não piscaram depois que o reflexo opaco tremeu.
Dois
[1]
Virou-se por todos os lados, procurou, moveu-se, mas nada pôde ver. Olhou os braços, tocou o peito vivo e viu a si. Onde estava o som dentro do sem-fim? Onde está o som, onde está?
Parou de pé sobre o nada, os braços soltos, o olhar à frente. Fechou devagar os olhos e concentrou-se. Sentiu o peito apressado e tornou-o lento. Esperou. Sentiu vagamente o ruído distante, que se tornou mais próximo, mas não abriu os olhos. Ouviu o som atrás de si, o material mexendo, o abrir-se, o fechar-se. Abriu então os olhos e, devagar, virou-se.
Yuri viu o reflexo solitário no nada, a transparência, o retângulo vertical, suspenso. Aproximou-se hesitante, um passo pequeno, outro, mais outro. Viu seu reflexo opaco aproximar-se. Esticou a mão e tocou com os dedos a transparência. Pôs toda a palma nela. Espalmou as duas mãos, percorrendo-a, tocando todas as partes, no meio, em cima, de lado. Atravessou uma das mãos pelo lado e tocou a parte de trás, simultaneamente. Percorreu com os dedos toda a lateral. Passou as mãos sob o retângulo. Não havia maçaneta na porta transparente.
O maior problema dessas profecias apocalípticas é que sempre surgem com uma antecedência tão grande que, na fatídica data marcada, ou as pessoas já as esqueceram ou, pelo contrário, já acumularam um grau de ansiedade tão grande que quase acabam elas mesmas com o mundo, tal como se deu em algumas partes do planeta na virada do século. (Eu passei os dois últimos réveillons do milênio passado em Alto Paraíso, na Chapada dos Veadeiros, sei do que estou falando.) Logo, acho que é por isso que essa previsão da tal médium Celina me parece das mais interessantes. Li sobre ela, pela primeira vez, num dos comentários do blog Saindo da Matrix. Um gaiato dizia que, segundo essa figura, uma certa “nuvem cósmica” iria em breve dar uma detonada na Terra. E agora parece que a médium foi ao programa do Gasparetto e deu uma explicação mais pormenorizada sobre a história toda. O processo todo supostamente terminará – o processo, não o mundo – em 2025. O mais interessante – e por isso falei sobre o problema das antecipações muito radicais – é que, se ele terminará dentro de 19 anos, irá começar… (quando? quando?) sim, esta semana. Não saiam de casa sem um guarda-chuva (de aço) e não fujam das naves.
Boa semana!
Um
Havia o escuro. Abriu os olhos e nada notou. Estava só, num lugar sem fim. Assustou-se e contemplou o escuro à frente. Podia ver-se, mas mais nada via. Não havia céu nem chão; apenas a amplidão. Estendeu a mão à frente, caminhou tentando tocar em algo, correu, pulou. Nada. Olhou a seu redor e só a si pôde ver. Vislumbrou o sem-fim.
Olhou o chão inexistente sob os pés. Deu um passo, foram dois, três, sete, dez… Apenas sentia o pé, a pressão na sola, cada passo, não o piso. Agachou-se. Hesitou por um instante e esticou a mão, devagar. Temeu o que não via e levou os dedos, depois a palma aberta, ao chão, que não existia. Passou a mão sob os pés, sem tocá-los. Tocou então toda a sola.
Levantou-se. Tocou os lábios, olhou a mão, cheirou-a e o braço, sentiu-se, notou cada parte, o pé, pés, as pernas, braços, ventre, abdome, peito… O peito. Pôde senti-lo apressado, assustado, tenso. Há vida, há vida.
Fechou os olhos. Cerrou-os então com força, toda que pôde, e viu um mosaico mutante, vermelho, formar-se à sua frente. Não mais via a si. Via apenas os tons avermelhados modificarem-se e repetirem-se. Manteve os olhos fechados, para não mais ver a amplidão.
Abriu os olhos apressado. Um som!
Apenas para corroborar minha concepção de que o Planeta Terra (ou Urântia, para os iniciados) é literalmente o lugar em que Judas perdeu as botas, o cu do universo, a periferia da periferia da periferia da periferia – ainda que vc more em Londres, Roma, Paris ou Nova Iorque – veja algumas informações (ou imaginações, diria o Daniel) sobre as transmissões cósmicas de dados, através das quais, imagino eu, zilhões de neguinhos teriam acesso ao “blog” do Anjo Gabriel:
(…)
5. Os diretores de teledifusão. As transmissões do Paraíso, dos superuniversos e dos universos locais estão sob a supervisão geral desse grupo de conservadores do pensamento. Eles servem como censores e editores, bem como coordenadores das transmissões materiais, fazendo uma adaptação, para o superuniverso, de todas as transmissões do Paraíso, adaptando e traduzindo as transmissões dos Anciães dos Dias para as línguas individuais dos universos locais.
Vou preservar nossa fonte, não darei seu nome – eu corto o pescoço mas não digo que artista é – mas o cara mantém ralações estreitas com a turma poderosa de Brasília. Segundo ele, há uma jogada das mais maquiavélicas por trás do pagamento adiantado da dívida brasileira com o FMI. O acordo seria o seguinte: o governo teria pago toda a grana que devia, inclusive a dos próximos anos, e o FMI teria deixado nas mãos dele o montante correspondente aos juros, que agora será usado para bancar a campanha do PT para presidente. (Ahá!) Se nós não fôssemos apenas um blog maroto – e este país o desmoralizado Brasil – tal informação, se confirmada, seria o início dum watergate e nossa cabeça estaria finalmente a prêmio. Mas… quem somos nós? Um bando de blogueiros zé-ninguém. Entonces ¿quién habrá de escucharnos?
O Femmes-retro é sem dúvida o movimento coletivo mais original deste início de século. Para desespero das feministas e surpresa de muitos homens, suas integrantes defendem a volta daquela mulher tradicional, que ficava em casa cozinhando, bordando e cuidando dos filhos, enquanto os maridos saiam à caça do pão de cada dia. Segundo sua fundadora, Sílvia Coutinho, ex-advogada, ex-jornalista, e atual presidente da sede de Belo Horizonte, o sustento do lar é obrigação do homem, e a mulher deve se dedicar à casa e aos filhos. Quando há uma inversão dessa ordem, o resultado é uma mulher estressada e insegura, e um homem cada vez mais frustrado e incapaz. Sílvia não teme a pecha de polêmica, e defende suas teses com clareza e convicção. Na visita que fiz à sede do grupo, em Belo Horizonte, tive o prazer de conhecer as integrantes — todas muito bonitas, fazendo jus à fama das mulheres mineiras — e assistir a algumas palestras de “conscientização”, que provocariam infartos nas feministas mais convictas. Foi também na sede, e depois por email, que Sílvia me concedeu esta entrevista. Simpática e meiga, parece emanar dela aquela calma profunda de quem encontrou o verdadeiro caminho. Não sei se concordo inteiramente com as idéias do movimento, mas é um prazer ver como Sílvia as expressa com serenidade e elegância.
Entrevista:
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