Não sei até que ponto podemos dar um nó na semântica para escapar pela tangente. Sei apenas que a linguagem é um elemento vivo e entre o pensar e o expressar vai uma boa distância. Isso sem falar nos problemas de compreensão. Todavia, acho difícil alguém errar ao interpretar os textos do Reinaldo Azevedo como críticos ao governo – e, em boa parte deles, ele tem razão. Só que parece que o Tio Rei exagerou na dose e, apesar de todo seu cuidado moral, igualou os não-iguais.

Ele fez um balaio de gatos da questão dos cartões corporativos e o tiro lhe saiu pela culatra. Está lá um post de um funcionário de carreira do IBGE contestanto as ilações – e ele realmente fez estas ilações, só não foi saber se o dono do cartão era um indicado qualquer do lulismo, ou um sério funcionário público. E Tio Rei acusou o golpe, publicando, primeiro, o e-mail do funcionário (o meio mais correto de se evitar uma ação criminal por crimes contra a honra); mas se recusando a fazer uma retratação, porém, ao mesmo tempo, fazendo, ou seja, escreveu um post dizendo que não teria dito nada disso e que estava acusando o IBGE – como se, no caso dos cartões corporativos, a instituição não se confundisse com o funcionário (afinal este é exatamente o problema). Pois é, quem fala o que quer…