blog do escritor yuri vieira e convidados...

Mês: agosto 2005 Page 1 of 7

Tiësto na Granja do Torto?!

Recebi um email alegando que o Lula gastou mais uns U$30.000,00 do contribuinte para contratar o DJ Tiësto – o mesmo que animou a abertura das Olimpíadas – para uma festa na Granja do Torto. (Veja a agenda do figura, em seu site, clicando em Schedule.) Contudo, àqueles que, como eu, sentem calafrios toda vez que ouvem falar do apedeuta petista, lamento informar que o Parque de Exposição Granja do Torto (final do Eixão Norte) não tem nada a ver com o Governo a não ser o nome. Vamos detonar o cara, mas sem fofocas, que é a forma mais difundida de magia negra. Vamos checar as informações e abatê-lo com magia branca, honesta.

Filmes de Kung Fu

Quando criança, eu adorava o seriado Kung Fu, com David Carradine, que revi prazeirosamente no Equador, em 1989, durante o programa de intercâmbio estudantil. Eu ainda não sabia que o filme fora um projeto pessoal do Bruce Lee – outro herói da minha infância – o qual, a princípio, estava presente no casting como intérprete do protagonista. (E, se soubesse da troca, em nada seria afetado meu interesse.) Mas os produtores norte-americanos erraram feio ao concluir que um ator chinês não criaria identificação junto ao público ocidental. Logo, descartaram a proposta e Bruce Lee morreu antes de ver realizado o seu sonho.

Outro que curte filmes de Kung Fu é o poeta Bruno Tolentino. “São as minhas novelas”, me disse ele, referindo-se à escritora Hilda Hilst, que costumava assistir telenovelas como forma de “relaxamento”. Na Casa do Sol, em 1999, eu o convenci a assistir “Matrix”, na Direct TV. Assistimos juntos. E ele aprovou as coreografias e a estória. (Refiro-me apenas ao primeiro filme.) Disse ele: “Esse filme certamente faria o Olavo (de Carvalho) escrever umas boas páginas…”

Segundo Li Hongzhi, líder da Falun Dafa, muitos pretensos mestres e professores de Kung Fu são desafiados à noite, enquanto dormem, por verdadeiros mestres já falecidos. Lutam no astral em ambientes tão virtuais e de força de gravidade tão baixa quanto os do filme Matrix. E esses egocêntricos lutadores, após apanhar a noite inteira, despertam na manhã seguinte com os ossos moídos, os músculos doloridos, a memória do sonho embaralhada. Já fizeram algum filme com este argumento? Duvido.

Rumores de guerra

Dei um pulinho na cozinha pra buscar um café e, quando voltei, flagrei minha paranóia sentada diante do monitor a ler o artigo Rumores de guerra, de Jeffrey Nyquist. “Pô, paranóia, de novo?!”, berrei com ela. Ela nem tchuns, limitou-se a repetir trechos tais como:

A Al Qaeda está supostamente organizando um grande ataque contra os Estados Unidos. No dia 4 de agosto, o nº 2 da Al Qaeda, Ayman al Zawahiri, apareceu na TV Al Jazeera. Ele enviou um alerta aos Estados Unidos: “O que vocês viram em Nova York, Washington e no Afeganistão são apenas as perdas iniciais e, se vocês continuarem adotando as mesmas políticas hostis, o resultado fará vocês esquecerem esses horrores”.

E:

Meu livro na Cultura

Só nesse começo de semana já foram vendidos, através do site da Livraria Cultura, oito exemplares do meu livro, um número incomum. (Segundo me informaram pelos recados do Orkut, alguém comprou cinco exemplares para presentear seus ex-professores. Um presente de grego dos mais irônicos, devo acrescentar.) Vale a pena lembrar que essa edição já está próxima do fim. Para quem ainda não comprou meu livro A Tragicomédia Acadêmica, eis sua última chance. A editora que o publicou fechou as portas há algum tempo e, no momento, não tenho a menor idéia de quando ou quem irá reeditá-lo.

Homem-bomba-flor


Cada vez que vejo uma dessas notícias de “homem-bomba mata não sei quantos”, fico impressionado com a intensidade da piração desses caras. Essa perversão da fé religiosa é pior do que o “se Deus não existe, tudo é permitido” do Ivan Karamazov. É como se eles estivessem dizendo: “Deus existe e foi Ele quem mandou”. Isso é o que dá quando não se faz upgrade num sistema operacional. Jesus fez uma atualização incrível no sistema judáico – “amai a vosso inimigo” – mas essa turma islâmica ainda vive baseada num tipo de COBOL ou Fortran que se recusa a qualquer alteração. Essa confa toda ainda vai dar muito pano pra manga nesse século.

Mas o que eu queria mesmo dizer é o seguinte: se eu fosse artista plástico ou ator, elaboraria um happening cujo título seria “O Homem-bomba-flor”. Colocaria alguém me filmando de longe e entraria – num país islâmico, de preferência – num espaço público qualquer (ônibus, restaurante, feira, etc.) e dispararia uma bomba de ar comprimido que faria um grande estrondo, atirando flores e pétalas para todos os lados. Tudo obviamente coroado por alguns passos de dança à la Gene Kelly e por uma canção do “rei”: “Todos estão surdos”. Seria um upgrade daquela hipponga que colocou uma flor na arma do policial e uma “vingança” ocidental contra a turma da jihad. Claro, seria um risco enorme fazer isso num país muçulmano. Mas, por outro lado, o que seria da arte sem a ousadia?
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P.S.: Hoje, 31/08, várias pessoas – mais de 1000 (!) – morreram pisoteadas em Bagdá. Tudo porque entraram em pânico ao ouvir um boato sobre a suposta aproximação de um homem-bomba. A paranóia chegou ao máximo. Logo, esse happening pode ser muito mais eficaz para matar gente do que um homem-bomba real. Enfim, vou cancelar minha passagem pro Iraque. Protestozinhos de paz e amor só convencem hippies mesmo. O buraco é mais embaixo.

50.000 virgens

Rei Mswati III“Ô cara ishpeeeerto”, disse minha cabeça de baixo a respeito desse Rei Mswati III da Suazilândia. Em 2001, para driblar o avanço da AIDS, o cara proibiu o sexo com mulheres adolescentes, incluindo no pacote a multa de uma vaca – sim, uma vaca – tanto para os homens que transgredissem a lei quanto para as moçoilas que engravidassem. Claro, isso já não valia pro rei gostosão. Este mês, 50.000 adolescentes virgens seminuas – provavelmente loucas para dar o fiofozinho em troca de comida e uma vida folgada – dançaram e cantaram simultaneamente para ele, proclamando seu desejo de se tornar sua 13ª esposa. Ele escolheu uma donzelita de 16 anos, mais nova que sua filha mais velha, de 17.

Ao contrário da minha cabeça de baixo, a de cima continua concordando com Swedenborg: um homem com várias mulheres fica com o Entendimento dividido entre numerosas Vontades e, por isso, não existe de fato uma família, cuja Vontade, aliás, só passa a existir quando expressada pelo pólo feninino do casal nuclear. (Esclarecendo: todo indivíduo é, em essência, Vontade e Entendimento. Mas um casal também pode agir na sociedade como um único ser, feito uma célula e, por isso, também tem sua essência expressa como Vontade e Entendimento. A primeira vem do Amor e corresponde ao pólo feminino. O segundo vem da Verdade e corresponde ao pólo masculino.) Uma unidade formada por múltiplas vontades é igual a uma família esquizofrênica. Ou à família nenhuma, o que só faz sentido ou para um adolescente, ou para quem está na fase da “curtição” ou para um eterno egoistão do tipo Casanova.
“E pra mim!! E pra mim!!”
“Fecha o bico, cabeça de baixo…”

Paulo Hecker Filho

Caramba, fiquei impressionado com o Walmor Chagas interpretando o texto “Oração da Noite”, de Paulo Hecker Filho, sob direção de Eder Santos, na TV Cultura. Acabou de passar. E foi uma beleza. Triste, profundo, patético, tendo lembrado muito minha própria avó que faleceu há pouco mais de um mês. (Eu costumava ouvir suas orações clamorosas no meio da noite, ela, surda, sem perceber que alguém além de Deus a ouvia.) E eu não me lembrava desse Paulo Hecker Filho, que até escreveu telenovelas. Muito bom. Assim como o ator e a direção.

Provas

“Meu Deus, quando uma pessoa confessa, que prova há mais?”
(FHC, sobre Lula e petistas dizerem que “não há provas” da existência do mensalão. Citado por Cláudio Humberto.)

EU NÃO VOU MAIS SUPORTAR ISSO!!!

Cada dia a mais com o Lula ainda no poder, com o José Dirceu à solta e com no mínimo (minimozinho) 100 deputados ainda sem serem cassados não é nada mais, nada menos que a confirmação calcada e recalcada da famosa frase de De Gaulle (encore lui): “O Brasil não é um país sério”. Que talvez equivalha a: “O Brasil é um país de palhaços”. Ou ainda, segundo a turma do Casseta & Planeta: “Ê, povinho bunda!” Não fosse nossa absoluta indolência, seria este o momento propício para quebrar a maldição. Contudo, se o buraco é muito mais embaixo — no cu da alma de cada um –, e por isso trata-se dum problema que levará anos para se resolver, poderíamos ao menos fazer como naquele filme do qual não me lembro o nome: a certa hora, todos colocaríamos a cabeça para fora da janela de nossas casas, sairíamos ao quintal ou à rua e gritaríamos “EU NÃO VOU MAIS SUPORTAR ISSO!!!”. E repetiríamos o grito até acabar o fôlego. Já imaginou que contagiante e espantoso meio mundo gritando isso ao mesmo tempo? Acho que seria o maior flashmob do mundo e o efeito poderia até resgatar uma veleidadezinha de confiança nesse país. Mas o 7 de Setembro tá muito em cima e, em 15 de Novembro, já estarão todos com a barriga entupida de pizza. Parece que o brasileiro típico só sabe gritar “gol” — e apenas durante a copa.

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Atualização de 23/06/2013: E finalmente aconteceu. (Antes tarde do que nunca.)

Uma pinóia

“Em artigo publicado no Globo do dia 21, Miriam Leitão reconhece que ‘houve falha generalizada no sistema de acompanhamento do que se passa no país. Um dos culpados é a própria imprensa… Não vimos que o dinheiro era farto demais no PT para ser de boa fonte’.

“A admissão da verdade, mesmo tardia, pode ser um mérito, contanto que não venha acompanhada de novas mentiras incumbidas de embelezar os erros confessados, dispensando o pecador de tentar corrigi-los e ainda autorizando-o a cometê-los de novo com consciência tranqüila.

“Miriam começa por mentir no uso do verbo. ‘Não vimos’, uma pinóia. Eu vi tudo, denunciei tudo, expliquei tudo, escrevi artigo em cima de artigo, no próprio Globo , para alertar contra a criminalidade petista.

“A resposta de meus colegas veio sob a forma de silêncio desdenhoso, rotulações pejorativas, boicotes, risinhos cínicos com ar de superioridade, supressão abrupta de minha coluna em três órgãos de mídia.

“O mínimo indispensável de honestidade exige, daquele que admite por fim fatos longamente negados, o reconhecimento ao mérito de quem não foi ouvido quando os proclamou em tempo.

“Esse mínimo está infinitamente acima do que se pode esperar de quase todo o jornalismo brasileiro.”

(Mídia anestésica, por Olavo de Carvalho.)

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