blog do escritor yuri vieira e convidados...

Mês: novembro 2006 Page 1 of 9

Domingo no Parque

Este vídeo mostra direitinho por que a Hilda Hilst costumava trocar o termo criança pelo neologismo crionça. A saia foi tão justa que quase não deu saudades do Domingo no Parque. Mas o Sílvio Santos teve um jogo de cintura espantoso. (Cá entre nós, nunca entendi por qual motivo minha escola nos levou ao programa do Torresminho e Pururuca, na Bandeirantes de SP, e nunca nos levou ao Domingo no Parque. Graças a Deus, eu teria tido um ataque de paranóia só de me imaginar naquela cabine do “você quer trocar um carro zero quilômetro por um band-aid usado?”)


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P.S.: Acabo de ver que o vídeo foi retirado do You Tube por questões de Copyright. Sei… Na verdade, o Sílvio Santos deve ter grilado com essa pérola sacada do fundo do baú da infelicidade. Eis o que rolou: conforme costumava fazer, ele perguntou a uma menina da platéia se ela conhecia alguma charada – caso ele não soubesse desvendá-la, ela ganharia um prêmio – e o que ele ouviu foi o seguinte: “Qual a diferença entre a mulher, o bambu e um poste de rua?” E o Sílvio: “Ih, lá vem besteira. (risos) Não sei. Qual é a diferença?” E a japonesinha: “É que o poste dá luz por cima e a mulher dá luz por baixo”. O Sílvio repete essa resposta e então diz: “É, tá certo. Mas e o bambu?” E a garota: “Enfia no teu cu!” A cara dele é impagável. A criançada ri em uníssono. Mas, na minha opinião, ele ainda se saiu bem da história, afinal, é o Sílvio Santos.

A primeira milionária do Second Life

Acho que criarei uma empresa de consultoria para vender idéias que possam enriquecer qualquer um – menos eu mesmo. (Tudo começou em 1994, quando escrevi um argumento para longa-metragem de ficção que acabou aparecendo nas telas com o título… sim, Matrix! Claro, como eu morava no Brasil, não saiu do meu papel. Já aqueles irmãos Wachowski apenas pescaram a mesma idéia. Mas isso é outra história.) Bom, durante os últimos meses, aluguei os ouvidos das minhas duas irmãs arquitetas, repisando a idéia de que desenvolver projetos para o Second Life poderia lhes garantir muito mais dinheiro que seus projetos para o mundo real. Acharam graça. Pior para elas, porque a chinesa Anshe Chung – avatar de Ailin Graef – já faturou um milhão de dólares com projetos de arquitetura e paisagismo para esse mundinho virtual. Ela passou os últimos meses comprando terrenos “em branco”, criando paisagens naturais, cassinos, shopping centers, residências, clubs, prédios – tudo virtual, obviamente – e revendendo esses cenários para assinantes do Second Life. Ficou rica a espertinha. Já tem 25 funcionários e irá contratar outros 25. E este babaca aqui só sabe escrever…
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Conheça o Anshe Chung Studios e veja algumas de suas criações.

O mais violento filme brasileiro já feito?

A expectativa grande agora é com “Baixio das Bestas”, novo longa de Cláudio Assis, diretor do excelente “Amarelo Manga”, grande vencedor da recém-encerrada edição deste ano do prestigiado Festival de Brasília. “Baixio” levou os prêmios de melhor filme, melhor atriz, para Mariah Teixeira, melhor trilha sonora e melhor atriz coadjuvante, para Dira Paes (infelizmente, sempre que penso na Dira Paes, lembro-me da cena de Amarelo Manga em que ela curra o Jonas Bloch com uma escova de cabelo).

O filme é o “retrato de uma comunidade rural pernambucana, dominada por um avô mercenário que explora sexualmente uma neta de 16 anos, por prostitutas maltratadas e jovens de classe média alta de uma violência extrema”, segundo a Folha Online.

Vejam o que diz o site globo.com:

“ao longo de quase duas horas Baixio das Bestas reafirma a opção do diretor em fazer um cinema viceral, verdadeiro, muitas vezes brutal. No filme é apresentado um universo de criaturas esquecidas pela modernidade, desprovidas de moral e vítimas da miséria. Ali, violência e ignorância são as forças que movimentam o dia-a-dia de uma cidade paralisada pela decadente cultura latifundiária. É onde personagens como prostitutas, agroboys e exploradores dividem seus espaços.

Cabeça de Júri

Apesar da minha opinião, Antonia ganhou apenas um prêmio técnico – Direção de Fotografia para Jacob Sarmento – no II Festcine. O júri do festival dividiu bastante os prêmios, mas escolheu como melhor longa “Proibido Proibir”, de Jorge Durán, filme a que infelizmente não pude assistir. Outro longa bem premiado foi o já aclamado “O Céu de Suely”, de Karim Ainouz, que levou os prêmios de melhor direção e de melhor atriz, para Hermila Guedes. Na categoria “documentário”, o grande vencedor foi “Oscar Niemeyer – A Vida é um Sopro”, de Fabiano Maciel, que levou os prêmios de melhor longa, melhor direção e melhor fotografia.

Clique aqui para ver a lista completa dos filmes premiados no 2º Festival de Cinema Brasileiro de Goiânia.

Antonia, o Filme

O melhor filme a que assisti no 2º Festival de Cinema Brasileiro de Goiânia foi “Antonia”, da diretora Tata Amaral (“Um Céu de Estrelas”, “Através da Janela”).
O longa só estréia no circuito comercial em fevereiro, em função o fato de que, antes mesmo de seu lançamento, o produtor Fernando Meirelles emplacou um acordo com a Rede Globo para a série em cinco capítulos já em exibição às sextas-feiras.
Para quem está acompanhando na TV, o filme antecede os acontecimentos retratados na série televisiva e conta a história de quatro cantoras de rap da periferia de São Paulo e sua tentativa de emplacar seu grupo musical, que dá o título do filme, em meio a um cotidiano de violência, machismo e pobreza.

Almodóvar!

Quero colocar em dia as impressões sobre os últimos filmes vistos. A correria não tem deixado.
Começo pelo último. De longe, o mais impressionante deles: Volver, de Almodóvar. Ainda estou meio passado e digerindo a experiência, mas talvez realmente se trate, como disse o Fiume, do melhor filme do cineasta espanhol.
É impossível não babar o ovo do sujeito, um gênio do maior quilate. Como pode um diretor manter uma regularidade tão impressionante e parir filmes espetaculares pelo menos a cada outra produção? O pior que o sujeito faz é um filme “na média”, tipo “A Má Educação”, e que mesmo assim é uma cacetada no crânio.

Sociedade X Mercado

Nada mais saudável em termos científicos hoje do que desfazer certas oposições que já mais atrapalham do que ajudam a compreender a realidade. Artigo de Ricardo Abramovay no Valor de ontem:

O mercado na sociedade e a sociedade no mercado

Por Ricardo Abramovay

27/11/2006
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Os mercados não são apenas pressionados pela sociedade como dois entes de
lógicas distintas, mas se influenciam mutuamente
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As técnicas de empréstimo que consagraram Mohammad Yunus, o fundador do Grammen
Bank, com o Prêmio Nobel de 2006, não são particulares ao microcrédito e não se
restringem ao trabalho com populações vivendo em situação de pobreza. Nada mais
falso que a dicotomia segundo a qual, para os pobres, o crédito apóia-se em
grupos solidários, formas localizadas e personalizadas de controle, enquanto
que, para os ricos, ele se fundamenta apenas em garantias patrimoniais e
contrapartidas. Por esta imagem, o mundo da informalidade, da solidariedade
social e do apoio mútuo seria uma espécie de fase inicial da entrada no
mercado, cujo ápice culminaria em relações totalmente impessoais. Em mercados
imperfeitos e incompletos, os atores teriam necessidade de recorrer a laços
personalizados, ao mundo social, para levar adiante sua interação, enquanto que
ali onde as trocas se desenvolveram, ao contrário, os mercados responderiam
exclusivamente aos sinais anônimos e neutros emitidos pelo sistema de preços.

Um conselho ao escritor iniciante

Acabo de receber mais um daqueles emails que sempre me fazem rir cada vez que chegam por aqui: um escritor iniciante me pedindo conselhos. Ora, não sou eu mesmo um escritor iniciante? Não publiquei apenas um livro? Que conselho poderia eu dar a quem quer que seja? Qualquer um pode conferir através das resenhas espalhadas pela imprensa e pelos cadernos literários: muitos escritores na casa dos 50 anos ainda são chamados de iniciantes, mesmo após terem publicado cinco ou seis livros. E isso simplesmente porque a literatura é a droga da arte mais difícil que existe, uma vez que, além de talento, também exige experiência de vida. Daí que, para acabar de vez com essa história, transmitirei o conselho que a Hilda Hilst, entre cômica e séria, me repetiu diversas vezes: “Você quer vencer como escritor? Então escreva em inglês, porque português, apesar de ser uma língua bonita, ninguém entende e quem entende não entende de mais porra nenhuma…”

É isso. 😛

Relacionamento virtual

O bate-papo desta semana

Quero apenas avisar que o podcast com o Olavo de Carvalho, gravado ontem, não será publicado antes do final da semana. Primeiro porque estou com um trabalho atrasadíssimo a entregar pra Cora Filmes. (Não me demita, Pedro!) Segundo porque, infelizmente, meu Windows XP é oficial, original, legalizado, o que significa que o sacana baixou e instalou as atualizações da semana passada que, por sua vez, entraram em conflito com meu programa de gravação e também com os de edição de som e vídeo, os quais tive de desinstalar. Ou seja, tá tudo muito enrolado por aqui.

Também continuo recebendo muitas perguntas direcionadas ao Olavo. Quero dizer que, apesar de curtir a repercussão do podcast, eu e o Olavo já havíamos combinado deixar o bate-papo sem amarras, correndo solto. Na única vez em que tentei lhe fazer as peguntas que encontrei previamente num fórum do Orkut, fiquei foi mais gaguejante e perdido do que de costume, já que, ao mesmo tempo que não via como interromper o fluxo impagável do seu raciocínio, também sentia que não devia ignorar as perguntas dos ouvintes, muito melhores do que as que sou capaz de fazer. Bom, aconteceu que não consegui fazer as perguntas e ainda perdi o fio da nossa conversa, percebendo, com isso, que só funciono mesmo é na base do improviso. E, aliás, essa é uma das razões pela qual o Olavo irá estrear sua rádio online no dia 4 de Dezembro: para responder a todas as perguntas que recebe por email. Além disso, ele poderá conversar ao vivo com até 5 pessoas ao mesmo tempo – via telefone, SkypeOut, etc. (Agradeçam ao Sílvio Grimaldo, foi ele quem apresentou o BlogTalkRadio ao Olavo.)

Enfim, espero que os ouvintes entendam minhas dificuldades e limitações.

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