blog do escritor yuri vieira e convidados...

Autor: elv peka fluss Page 2 of 3

Audrey

audrey.bmpAudrey Hepburn foi eleita pelas leitoras da revista New Woman [tudo bem, eu também nunca tinha ouvido falar] a mulher mais bela de todos os tempos [eu, particularmente, concordo plenamente]. Em segundo, ficou Grace Kelly [concordo plenamente, eu, particularmente]. A lista das cem mais é a seguinte [até concordo, particularmente, eu, mas não plenamente; nem é questão de mudar uma ou outra de ordem, só não sei por exemplo o que a Lady Di está fazendo entre as top ten; a única brasileira é, naturalmente, Gisele, que vem em 29º, logo depois da Madonna (credo!)]:

Eu e o sem-fim

Quatro

[3] [2] [1]

Os olhos suspensos não piscaram depois que o reflexo opaco tremeu. Pescoço e tronco levantaram-se, enquanto braços permaneciam inertes.

Esperou e viu novamente o reflexo tremer mais forte e a porta transparente iniciar um movimento voluntário. Pouco a pouco, ela descolou-se, correu para a frente, tomou devagar a direção do lado, tornando-se por um instante um filete e depois, aos poucos, outro retângulo. Deixara para trás o portal. A transparência abrira-se.

Yuri permaneceu em pé à espera. Inclinou-se, contorceu-se, mas nada viu por entre o portal. Afastado, esperou.

Não soube ao certo o que era. Um som suave e distante. Notou a melodia saindo do portal. Pouco a pouco, tornava-se mais e mais próxima, até poder ser totalmente percebida. Um som alegre e agradável, de um só instrumento.

Eu e o sem-fim

Três

[1] [2]

Yuri sentou-se no chão inexistente, como faz um adolescente. Tornozelos cruzados, o tronco curvado, mãos juntas sobre os pés, antebraços escorados nas coxas. Olhava a porta a distância, a cabeça apontando para baixo, os olhos na direção do reflexo. Olhos outrora cerrados com vigor, agora abertos com descrença. O peito ainda vivo esperava o inesperado.

Não havia tempo na escuridão. Só pensamentos. Refez o caminho do cérebro, contou como pôde quantos deles conseguiu lembrar-se e constatou um tempo imaginário: passaram-se muitos pensamentos.

Os olhos suspensos não piscaram depois que o reflexo opaco tremeu.

Eu e o sem-fim

Dois

[1]

Virou-se por todos os lados, procurou, moveu-se, mas nada pôde ver. Olhou os braços, tocou o peito vivo e viu a si. Onde estava o som dentro do sem-fim? Onde está o som, onde está?

Parou de pé sobre o nada, os braços soltos, o olhar à frente. Fechou devagar os olhos e concentrou-se. Sentiu o peito apressado e tornou-o lento. Esperou. Sentiu vagamente o ruído distante, que se tornou mais próximo, mas não abriu os olhos. Ouviu o som atrás de si, o material mexendo, o abrir-se, o fechar-se. Abriu então os olhos e, devagar, virou-se.

Yuri viu o reflexo solitário no nada, a transparência, o retângulo vertical, suspenso. Aproximou-se hesitante, um passo pequeno, outro, mais outro. Viu seu reflexo opaco aproximar-se. Esticou a mão e tocou com os dedos a transparência. Pôs toda a palma nela. Espalmou as duas mãos, percorrendo-a, tocando todas as partes, no meio, em cima, de lado. Atravessou uma das mãos pelo lado e tocou a parte de trás, simultaneamente. Percorreu com os dedos toda a lateral. Passou as mãos sob o retângulo. Não havia maçaneta na porta transparente.

Que fim levou a Benedita?

Estava olhando a pesquisa por autor do blog e fiquei pensando: “Quem fim terá tido a Benedita?” Ela está na lanterna entre os participantes, com apenas 1 texto.

Em seguida, vêm o Chun e o Túlio (2 cada), mas este último é recém-chegado. Nossas outras colaboradoras também têm poucos textos: Rosa (3) e Jamila (4).

Tá bom, eu também não sou lá grande participante (15), mas tenho me esforçado. E é sempre bom lembrar que não é a quantidade que vale, etc, etc.

Bem, na verdade, isso tudo aí que escrevi não passa de uma observação, sem questionamentos. A não ser o sobre a Benedita, claro. Alguém aí quer se juntar a mim nesta pergunta?

Eu e o sem-fim

Um

Havia o escuro. Abriu os olhos e nada notou. Estava só, num lugar sem fim. Assustou-se e contemplou o escuro à frente. Podia ver-se, mas mais nada via. Não havia céu nem chão; apenas a amplidão. Estendeu a mão à frente, caminhou tentando tocar em algo, correu, pulou. Nada. Olhou a seu redor e só a si pôde ver. Vislumbrou o sem-fim.

Olhou o chão inexistente sob os pés. Deu um passo, foram dois, três, sete, dez… Apenas sentia o pé, a pressão na sola, cada passo, não o piso. Agachou-se. Hesitou por um instante e esticou a mão, devagar. Temeu o que não via e levou os dedos, depois a palma aberta, ao chão, que não existia. Passou a mão sob os pés, sem tocá-los. Tocou então toda a sola.

Levantou-se. Tocou os lábios, olhou a mão, cheirou-a e o braço, sentiu-se, notou cada parte, o pé, pés, as pernas, braços, ventre, abdome, peito… O peito. Pôde senti-lo apressado, assustado, tenso. Há vida, há vida.

Fechou os olhos. Cerrou-os então com força, toda que pôde, e viu um mosaico mutante, vermelho, formar-se à sua frente. Não mais via a si. Via apenas os tons avermelhados modificarem-se e repetirem-se. Manteve os olhos fechados, para não mais ver a amplidão.

Abriu os olhos apressado. Um som!

Dia da Mulher

Eu queria mesmo ter feito uma homenagem às mulheres no blog… Mas, como elas ainda se recusam a ser colaboradoras freqüentes, reedito aqui aquela ameaça às articulistas e, em protesto, adiciono um novo post sobre mulheres-objeto:

Venus

Carnaval na TV

Madrugada de carnaval cinematográfica. E eu nem havia programado nada. Bastou ir apertando o botão do controle remoto e me surpreendendo. Três bons filmes, quase simultaneamente. Todos adaptações de livros. E todos foram releituras pessoais, já que nenhuma era novidade.

Mr. Porter

“Ev’ry time we say goodbye, I die a little” é um dos mais genialmente tristes versos que conheço. Lembro de, garoto, acompanhar meu pai ouvindo a canção na voz de Sarah Vaughn. Como aquilo parecia triste! Depois, mais tarde, ouvi com Ella Fitzgerald, mais suave, mas não menos bela.

Outros versos belos e, talvez, mais conhecidos: “Night and day, you are the one/Only you beneath the moon or under the sun/ Whether near to me, or far/ It’s no matter darling where you are/I think of you/Day and night”. Desses todos devem se lembrar com o Frank. São mesmo poeticamente obsessivos, não?

Tudo isso porque acabei de assitir a De-Lovely, filme que mostra a biografia do autor dos versos.

Saudades de Deus

Vi uma frase da Clarice Lispector aqui no blog, na seção Bem Dito, que me lembrou de uma cena inusitada que presenciei há muitos, muitos anos: “Estou com tanta saudade de Deus.”

Estudei boa parte da minha infância no Sacré-Coeur de Marie, um colégio dirigido por freiras na Rua Toneleros, em Copacabana. As freiras eram bem rígidas, acho que até demais. Não tenho lá boas recordações delas. Lembro-me de broncas, caras enfezadas, alguns puxões pelo braço — eu sei, eu não era bem um santinho.

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