Em 1960, o escritor argentino Adolfo Bioy Casares, comparsa de Borges, escreveu Diario de la guerra del Cerdo. Neste livro, as ruas de Buenos Aires são tomadas por uma implacável onda de violência perpetrada por gangues de jovens contra idosos. Toda a ação deste romance perturbador é vista da perspectiva solitária e angustiada de Isidoro Vidal, pacato aposentado, e seus amigos.
Com um arrepio na espinha, leio a manchete da página A23 da Folha de hoje: “Argentina vive onda de violência contra idosos”.
Autor: pedro novaes Page 27 of 33
O New York Times comenta a fronteira cada vez mais tênue entre os blogs e a mainstream media (para acessar a matéria diretamente no site do NYT é preciso ser cadastrado):
That Which We Call a Blog…
By DAN MITCHELL
Published: February 18, 2006
THE rise of blogging is often cast in black-and-white terms: blogs versus the “MSM” (the derisive term some bloggers apply to the mainstream media).
But things may shake out more along the lines of journalism versus armchair yammering. Both can be, and are, presented on Web sites that call themselves blogs. Both have been presented in the mainstream media all along.
Do historiador (marxista) João Fragoso, na Folha de S. Paulo (via Gustibus):
Mais radicais que o [Fernando] Novais são seus seguidores atuais, que eu chamo de xiitas. Que querem sublinhar alguma coisa que nos anos 60 já havia sido descartada, as teorias da dependência, no sentido amplo. Aqui e talvez a Venezuela são os únicos lugares no mundo em que ainda se leva a sério isso. Você tem aí um ranço que é da Guerra Fria.
Isso é uma coisa. A outra é que ainda se acredita que as pessoas são criaturas de um modo de produção — ou das estruturas. Você tem o capitalismo, e as pessoas se comportam conforme essa estrutura. Ele é gestado, conseqüentemente as pessoas têm que ter um comportamento pertinente àquilo que o capitalismo algum dia será. As pessoas são tratadas como marionetes.
O Cássio, grande amigo antropólogo, já me havia recomendado, mas, apesar da convivência constante e dos muitos amigos índios, eu nunca tinha tido a oportunidade de fazer uma visita à sede da Funai em Brasília.
No começo desta semana, em função de negociações para um projeto de documenário que, em breve, espero poder divulgar aqui, finalmente pude conhecer o mundo surreal da burocracia indigenista brasileira.
Vale à pena reproduzir aqui artigo de hoje, na Folha, do Cláudio Weber Abramo, diretor-executivo da Transparência Brasil. Aliás, o Cláudio tem também um blog que é de acompanhamento obrigatório.
Acham que somos idiotas?
CLAUDIO WEBER ABRAMO
A entrevista que o ex-deputado Roberto Jefferson concedeu à revista “Carta Capital” há alguns dias traz um trecho que merece atenção mais detida. A horas tantas, disse o sr. Roberto Jefferson o seguinte: “Eu quero deixar claro que o recurso [o caixa clandestino de Furnas] não sai do caixa da empresa. Isso é da relação com as empresas que fornecem serviços à empresa. É assim em todas as estatais. Por isso os partidos se digladiam pelas nomeações. Sempre foi assim”.

Mais uma adesão. C’mon, girls! (Chamemos a esta imagem “Leitora Boazinha escapa e foge do escritor mauzão”). Para quem não conhece, trata-se da maravilhosa Druuna, personagem do desenhista italiano Paolo Serpieri – ficção-científica erótica. Uma excelente mistura. Suas histórias foram publicadas de forma incompleta no Brasil em edições especiais da revista Heavy Metal.
Terminando o giro do fim de tarde pelos blogs, o Smart Shade of Blue também viu a matéria na Folha de hoje, mas parece que não achou tão disparatada. Ele apenas a reproduz. Por outro lado, notou que o Olavo de Carvalho – uma entrevista com ele se segue à dita matéria – também tem seu mensalão…
Jesus Cristo e todos os santos me acudam! Alguém, além do Alexandre Soares Silva, viu essa matéria na Folha sobre a emergência da “nova direita”. É preciso reproduzi-la aqui na íntegra, tamanho o disparate. Nessas horas, fica difícil discordar do Mídia sem Máscara e do Diogo Mainardi. Sobrou até pro coitado do Gianetti. Leia a matéria e depois não deixe de ver a hilária crítica do Alexandre a ela.
O Persegonha, do Leite de Pato, respondendo a um leitor abusado que, por acaso, era petista:
Petista, meu caro, vi o seu primeiro comentário sobre o FHC (ex-presidente cuja política econômica É RIGORASAMENTE A MESMA DE LULA) e fiquei um pouco estarrecido.
1. Você me chama de reacionário. Foda-se se pensa assim. Talvez eu seja mesmo. Como Nelson Rodrigues, como Churchill, como Paulo Francis e outros, o que muito me orgulha, pois se eles são reacionários, estou do lado certo: da defesa da liberdade de expressão, da democracia burguesa (o que de melhor se inventou em termos de se escolher governos), da livre iniciativa, enfim dessas coisas que transformam, por exemplo, uma Coréia do Sul, que há 50 anos atrás era uma espécie de Haiti da Ásia, num dos países mais ricos do mundo.
Não estou sozinho.O Accuracy in Media, ONG americana que monitora a ação da imprensa, também reclamou do tratamento dado pela mídia (no caso, a americana) ao episódio da caçada do Dick Cheney (eu comentei o assunto aqui e aqui).
Fiquei conhecendo esta instituição e seu site pelo post do Yuri sobre Fidel e a morte de JFK. Será que não há uma iniciativa que se proponha este papel que seja realmente neutra? Porque esses camaradas, pelo tom e conteúdo de suas publicações, têm evidentemente inclinação conservadora. Apesar de aparentemente não admitirem isso, são uma espécie de Mídia sem Máscara norte-americano, que vê uma orientação esquerdista – ou, mais que isso, um complô de esquerda – na mídia nacional. Ponto para a versão brasileira, que abertamente expõe sua orientação e motivações.
