blog do escritor yuri vieira e convidados...

Autor: ronaldo brito roque Page 3 of 6

Negros e Orientais

Os orientais são minoria no Brasil. Estigmatizamos os orientais, dizendo que eles são CDF´s e têm pau pequeno, assim como estigmatizamos os negros, dizendo que eles só pensam em pagode, funk e futebol. Muitas mulheres brancas não querem se casar com orientais, assim como muitas não querem se casar com negros. Chamamos o oriental da turma de “japa” ou “china”, assim como chamamos o negro da turma de “negão” ou “neguinho”. Nunca vejo atores orientais em posição de patrão e vencedor. O oriental das novelas e dos filmes é sempre um técnico de computador.

E por acaso os orientais ficam reclamando disso? Por acaso eles pedem política de cotas e reformulação do vocabulário? Eles simplesmente estudam, conquistam vagas nas melhores universidades, trabalham, ganham dinheiro, conquistam bons empregos. Você já viu algum oriental dizendo que as escolas públicas deviam ensinar História do Império Chinês, ou a técnica do bonsai, porque são parte da cultura oriental?

Pois é…

Apenas mais um domingo

Quando eu perguntei se ele gostava de mim, ele respondeu mecanicamente, “gosto, ué”, e eu percebi que ele estava mentindo, mas ele baixou os olhos e ficou levemente vermelho, como se sentisse uma súbita vergonha da mentira, e eu entendi que aquilo mudava totalmente o sentido da frase, porque uma mentira que você diz mecanicamente já é diferente de uma mentira que você tem vergonha de dizer. Ele não sabe, mas é por isso que eu volto. Eu podia dizer que não trabalho aos domingos, ou nem atender ao celular quando vejo o número dele. Mas eu lembro daquela carinha vermelha e me dá vontade de saber o que tem atrás daquela cor. Já era a terceira vez, a gente fazia tudo sempre igual. Ele tirava a primeira, depois me oferecia sorvete, ligava a televisão, a gente ficava de bobeira, ele fumava, eu lixava unha, ele tirava a segunda e dizia que ia me chamar um táxi, que eu sei que é o jeito de um cliente dizer pr’eu ir embora. A mulher, quando eu vi a foto no porta-retrato, eu pensei que talvez ela estivesse morta. Não tinha idade para morrer, mas existe câncer, existe bala perdida, acidente de carro, tanta coisa que pode acontecer… Mas um dia alguém telefonou, e ele falou “sei, sei”, depois falou “é claro, amor”, e eu percebi que ela estava viva e ainda pedindo pr’ele passar no supermercado. Desde aquele dia eu olho a foto de um jeito diferente. Essa mulher tão feinha, essas rugas, esse sorriso amarelo, ela parece tão infeliz. Eu sinto no cansaço dela a quantidade de sonho frustrado, as viagens que ela não fez porque o menino estava com bronquite, a empregada que ela não contratou porque tinha que sobrar para o curso de inglês, os livros que ela não leu porque não queria ler mesmo, mas ela consegue pensar que também foi por causa do menino ou do marido. E eu penso em todos os livros que eu li, penso naquelas tardes maravilhosas em Cabo Frio, recordo aquele cliente generoso que me apresentou ao carpaccio e ao petit-gateau, e me custa admitir que eu também sou infeliz. Mas eu estou cansada de ser infeliz do meu jeito, queria ser infeliz do jeito dela! E, mesmo presa no silêncio da foto, seu riso agora é um riso de zombaria. De alguma forma ela percebe que saiu vitoriosa, ela sente que a infelicidade dela é melhor que a minha. Eu digo que vou beber água, mas eu não estou com sede, eu quero entrar mais uma vez na cozinha, olhar os recados na geladeira, cheirar os vidrinhos de tempero, espantar as mosquinhas que já começam a incomodar as frutas. E de repente eu percebo que tem alguma coisa nessa cozinha que me escapa completamente, algo que nunca vou conhecer, mesmo que me aposse daquele homenzinho da sala e conviva para sempre com seu hálito e sua calvície. É talvez buscando essa coisa misteriosa que eu abro a geladeira e descubro numa vasilha os corações de galinha, vermelhos e crus, quase como morangos. Eu sei fazer coração de galinha, é muito fácil, é só fritar com tempero e cebola. Eu posso fritar agora e a gente come no palitinho, enquanto ele descansa e vê televisão. Uma alegria boba me invade, sinto que vou me apropriar de uma pequena parte da cozinha, a mulher já vai me olhar de outro jeito quando eu voltar à sala, talvez assustada, acuada na sua moldura de porta-retrato. Mas eu chego na sala e ele está abotoando a calça, o cigarro está morto no cinzeiro, ele pega o telefone e diz que vai me chamar um táxi.

No caminho para casa, passo num mercado vinte e quatro horas. Quando os corações estalam na frigideira, eu ainda tenho uma vaga lembrança de um porta-retrato, uma mulher triste que teima em sorrir, um homem que transa de meias e precisa de óculos até para ver televisão. Mas um minuto depois, eu estou engolindo a carne macia, e consigo acreditar que eu comprei coração porque é barato e fácil de fazer. Eu posso estar triste agora, mas eu sei que, quando amanhã chegar, eu vou achar que hoje foi apenas mais um domingo.

A mulherzinha da Câmara

As mulheres são mesquinhas por natureza. Elas se ofendem facilmente, levam tudo para o lado pessoal. Não conseguem entender nada de um ponto de vista impessoal, estão a quilômetros de entender o que seja o universal. E como a lei tende à universalidade, por natureza, é inútil discutir leis com uma mulher. Mais inútil ainda é permitir que uma mulher seja legisladora. Isso é enganar o povo, e a elas mesmas.

Elas nasceram para avaliar uma questão, qualquer que seja, do ponto de vista de suas implicações particulares, nunca do ponto de vista de seu alcance universal.

Confiram:

No vídeo você vê claramente que a mulher está tendo uma crise de nervos. Alguém capaz de se ofender assim por causa de um mero juízo estético não passa de uma neurótica. E esse tipo de gente acha que tem maturidade para legislar.

Quero uma opinião masculina

Existe algo comum a todos esses livros e filmes que metem o pau no islã. Algo que comparece com a inevitabilidade das ressacas e a persistência inconveniente de um chato. É que o autor é sempre mulher. Seja ocidental, oriental, católica ou atéia, é sempre uma mulher que sobe no palanque para falar mal da poligamia, da opressão e dessas coisinhas que também acontecem aqui, só que sem a permissão de alá. É claro que isso era de se esperar, e longe de mim querer impedir que as mulheres façam suas lamentações. Se tirarmos da mulher o direito de reclamar, talvez não lhe sobre nada. Temos que deixar as pobres se lamentarem. Mas o que me incomoda nessa ladainha toda é a sua unilateralidade. Por toda parte, só se vê mulher reclamando. Só a mulher tem voz. Ainda não vi nenhum livro ou filme com a visão masculina da história. Os muçulmanos gostam de ter quatro esposas? Gostam de poder bater nelas? Eles são mais felizes que nós? Eles se reúnem em bares e riem da nossa burrice em ter aceitado Jesus e sua tediosa idéia de monogamia?

Eu, particularmente, não gosto de bater em mulher (tenho esse defeito que decepciona minha noiva), mas eu gostaria de saber, por exemplo, se a universidade fica melhor ou pior sem mulher. Acho que fica melhor.

Sem despedida

A vida é amarga, mas não é amarga como um bom café. Ela é chata, pequena, mesquinha. Depois dos dezesseis anos todo sonho já vem com o carimbo de Sonho Impossível. Mas eu sou teimosa: eu sonhei assim mesmo. Eu quis enxergar um charme especial naquele cabelo grisalho, e não apenas o sinal de que ele mentia a idade. Eu quis acreditar na ex-mulher de Petrópolis, nas razões mais do que justas para um divórcio repentino; eu quis ser compreensiva, e imaginar uma megera que só se preocupava com academia e botox. Quis ver um amor paternal na forma como ele falava da cocker spaniel, no carinho e na dedicação que eu pensei que um dia seriam para mim. Naquele hotel em Cabo Frio, eu chupei como uma profissional, eu abri as pernas em cima da mesa, depois ainda fiquei me perguntando se eu tinha sido perfeita. Ah, como eu queria acreditar que eu tinha sido perfeita! Quando as flores começaram a chegar, eu pensei: “Até que não foi tão difícil. A proposta e o anel vêm depois”. Ainda havia nos meus olhos cansados, um resquício de comédia romântica que me fazia pensar em anel, em dança de salão, em palavras de filmes antigos. Naquela manhã constrangedora, ele disse que seu único vício era o café, e eu quis acreditar também nessa bobagem. Os filmes não me ensinaram dos outros vícios, da capacidade para mentir, do desprezo inabalável que um homem pode sentir, mesmo depois de dois anos. Isso eu tive de aprender aos tropeços, entre um riso fingido e uma manhã de ressaca, um orgasmo fingido e um telefone que não toca. Mas eu sou teimosa: eu sonhar vou apesar de tudo. Eu vou acreditar que ele temia me perder para alguém mais jovem, que ele gaguejava quando falava minha idade para os amigos, que ele escondia os famosos comprimidos azuis no bolso interno do paletó. Semana que vem eu já vou olhar aquelas fotos com outros olhos. Vou acreditar no meu próprio riso falso, vou jurar para uma amiga que eu fui feliz. E esse choro irritante de hoje, esse silêncio, que não me deixa perguntar onde eu errei, vai ser só mais uma lembrança, indigesta como a porra que engoli em Cabo Frio. E quando outro homem falar em cocker spaniel, quando eu vir uma
gravata de seda e outro dedo sem aliança, os meus olhos vão estar prontos para mais poesia, e a minha boca, para mais sêmen. Porque, eu sou teimosa, eu vou sonhar de qualquer jeito, até que a realidade me atenda, nem que seja por piedade do meu desespero.

Mais vegeto que vivo?

“Como é que ousaram dizer que eu mais vegeto que vivo? Só porque levo uma vida um pouco retirada das luzes do palco. Logo eu, que vivo a vida no seu elemento puro. Tão em contato estou com o inefável. Respiro profundamente Deus. E vivo muitas vidas. Não quero enumerar quantas vidas dos outros eu vivo. Mas sinto-as todas, todas respirando. E tenho a vida de meus mortos. A eles dedico muita meditação. Estou em pleno coração do mistério.”

Clarice Lispector, em A Descoberta do Mundo

Religião — a parte simples e a parte complexa

“and the historical sense involves a perception, not only of the pastness of the past, but of its presence.” (T. S. Eliot)


A parte simples:

O sexo gera filhos. Se você duvidar dessa afirmativa, não será difícil verificá-la. Pegue uma mulher. Durante dez anos, faça apenas sexo anal com ela, e não deixe que nenhum outro homem a penetre. Deixe que os outros a vejam, toquem-na, beijem-na no rosto, na boca, mas não deixe que ninguém faça sexo com ela, e você mesmo só fará sexo anal com a coitada. Você verá que ela não vai engravidar. Depois volte a fazer sexo normal com ela. Se você e ela forem saudáveis, e ela não tomar anticoncepcionais (não a deixe tomar anticoncepcionais!), você verificará que sexo engravida.

Pegue outra mulher. Tranque-a numa cela ou num palácio. Chame-a de “Virgem Divina” se você quiser, (mesmo que ela não seja virgem), mas não deixe que ninguém faça sexo com ela. Durante toda a vida da pobre mulher, faça com que ela permaneça trancada, com acesso apenas a outras mulheres. Você verificará que a pobre nunca vai engravidar. Então ficará provado. A geração de filhos depende do sexo. A mulher que não faz sexo não engravida, a mulher que faz sexo engravida. Depois você vai descobrir que é o sêmen que engravida e não propriamente o sexo, mas isso já é um aperfeiçoamento da experiência; por hora basta o sexo mesmo. O importante é notar que a ciência fala sobre essas coisas: as coisas que podem ser refeitas e verificadas por qualquer ser humano. Podem ser experiências complexas ou simples, mas mesmo quando se especula sobre a velocidade dos quarks ou a expansão permanente do universo, nenhum cientista espera que as experiências que verifiquem suas teorias possam ser feitas apenas por ele mesmo. Muito pelo contrário, em ciência, uma experiência só tem validade se puder ser refeita por outra pessoa e levar aos mesmos resultados que a experiência inicial. A característica da verdade científica é que ela pode e deve ser verificada enquanto estamos vivos. Mesmo que isso exija o manuseio de instrumentos complexos e uma inteligência fora do comum, o fato é que a ciência fala sobre as coisas que todos nós podemos conhecer, e, se conhecermos, conheceremos antes da morte.

Agora, já que falamos em sexo, vamos falar sobre o adultério. O adultério é pecado, quer gere ou não gere filhos. Quando traímos, entristecemos a pessoa amada, e isso é pecar contra a caridade, não apenas no cristianismo, mas também no judaísmo e no islamismo. Maomé disse que podemos ter quatro esposas, mas não que poderíamos trair essas esposas com uma mulher solteira ou com a mulher de outro. O adultério é um pecado relativamente grave (no islamismo é punido com a pena de morte) e, quando reiterado sem arrependimento leva ao inferno. Essa última parte é que é importante para este estudo. O adultério leva ao inferno. O sexo por amor, dentro do casamento, leva ao céu. E onde fica o inferno? Onde fica o céu? Não sabemos nem temos como saber, pois, só os conheceremos depois da morte.

Não sei se vocês estão entendendo onde quero chegar. A diferença radical entre religião e ciência não está no modo como elas dizem as coisas, está no assunto de que elas tratam. A ciência trata de coisas que podemos conhecer enquanto estamos vivos. A religião fala do que vai nos acontecer depois da morte. Não existe religião que não fale no que há depois da morte. Se existe, mostre-ma, por favor.

Então a ciência vai falar coisas como: o sexo gera filhos. A religião fala coisas como: o adultério leva ao inferno. As duas afirmativas falam sobre sexo. Só que a primeira fala sobre algo no sexo que pode ser verificado por qualquer ser humano enquanto ele está vivo. A segunda fala sobre algo no sexo que não pode ser verificado por um ser humano vivo. Não se pode ser adúltero, ir para o inferno, e depois voltar para dizer que os padres tinham razão.

(Atenção: não confunda as coisas. Não venha me dizer: “mas você está partindo do princípio de que o inferno existe, e isso, em si mesmo, não é um princípio verificável”. Não estou partindo do princípio de que o inferno ou o céu existam, estou partindo do princípio de que a morte existe. E isso sim, é verificável. Se você acha que não vai morrer, você é um boboca.)

Cachorro e Fumaça

Ele se trancou por instinto. Dentro da bancada, a caixa de fósforos esperava, segura e silenciosa. O som da pequena explosão era tão reconfortante quanto o gosto de tabaco. O tantinho de fumaça aquecia o céu da boca, antes de virar uma mancha suave no teto branco. É muita ingenuidade achar que se fuma escondido. O cheiro fica impregnado nas coisas, ansioso, esperando a ocasião de se tornar delator. E era essa a obviedade que agora se revelava, clara e repentina como a chama. Ele viu a forma como ela se lamentava, entrando no banheiro de manhã, pensando que ele não tinha mais jeito. Viu a resignação suave e amarga que ela mesma via quando se olhava no espelho. Talvez ela lembrasse de um amor antigo, um rapaz idealista, que falasse contra o cigarro e seus pretensos comerciais. Talvez se consolasse lembrando que esse garoto tinha se tornado um mero professor universitário, pobre e chato. Seu marido, pelo menos, tinha dinheiro para o apartamento de praia e as viagens de reveillon. Antes de borrifar o maldito esprêi de lavanda, ela certamente pensava no champanhe e no sol que não teria, se tivesse casado com o outro. E essa idéia agora o divertia.

Ateus e Muçulmanos

Marcelo era ateu, mas de um ateísmo singular, que não vinha do seu professor de história, nem do seu psicanalista. Vinha de sua avó. A velha era católica demais, ia sempre à missa, falava dos santos e do Juízo Final. Por isso todos ficaram revoltados quando apareceu o tumor.

— Logo ela, que tem tanta fé! Por que Deus faz uma coisa dessas?!?

O rapaz estava entrando na adolescência, e queria compreender a contradição. Se Deus existia, por que deixava sofrer os que criam nele? Seu pai não soube responder:

— Essas coisas transcendem o entendimento, meu filho.

Mas o jovem estava angustiado. Queria se livrar logo da contradição. Resolveu dar a Deus um ultimato:

— Cure minha avó, e acreditarei em Você!

A velha morreu no dia seguinte, logo depois de deixar um bilhete aos netos:

Meus queridos, não esqueçam suas orações.

Todos se comoveram, menos Marcelo, que a essa altura já tinha cedido à descrença total.

— Pobre velha. Morreu com sua ilusão.

— Não diga isso, meu filho!

Por dentro, todos pensavam como ele, mas em público preferiam passar como crentes.

Veio o vestibular, vieram o primeiro carro e a primeira namorada. Marcelo agora acreditava na ciência e nas leis impessoais que regiam o universo. Deus era a ilusão de que os desafortunados precisavam para levar a vida. Ele vivia por outros motivos: as mulheres, por exemplo. Eram gostosas de beijar, de tocar, e cediam facilmente quando estavam bêbadas. Era uma lei da ciência: mulher + álcool + carro = sexo = prazer. Ele só não entendia era por que elas eram tão pegajosas, por que faziam tanta questão da fidelidade. Era mais uma coisa que transcendia seu entendimento. Assim como a rápida ascensão do islamismo no seu país. Marcelo continuava achando que religião não passava de ignorância.

— Essa gente precisa de ilusões cada vez piores… Que tristeza!

Mas, quando soube que os muçulmanos eram polígamos, a idéia imediatamente lhe agradou.

Nova Infância

Aqui onde é a sala, era o meu quarto. As bonecas disputavam espaço com os ursos, e sempre ganhavam. Mas perdiam para mim quando eu queria dançar. Mamãe reclamava da música alta, mas não da bagunça, porque eu já era organizada. Diferente da Táti, que não sabia guardar nem o seu riso destrambelhado. Mas as outras meninas moravam longe, e eu brincava com a Táti mesmo. Eu era sempre a princesa, porque era mais bonita. Em troca, ela puxava meu cabelo, e eu chorava, chorava, chorava até a hora de a gente brincar de novo. O rancor não cabia no meu coração de seis anos.

Aos domingos mamãe me levava ao culto. Eu ainda não sabia cantar os salmos, mas adorava dar a “paz de Cristo”. Não gostava era dos meninos, que vinham me mostrar besouros e percevejos. Mas mamãe me protegia, e me dava pipoca doce pr’eu não chorar. Mais tarde meu corpo se arredondou, e os meninos continuaram a me incomodar, mas agora queriam me mostrar carros e músculos. Dei meu primeiro beijo, rasguei minha primeira foto, e fiquei muito triste, porque a vida não estava parecendo as estórias bonitas que minha mãe me contara. Mas minhas amigas também rasgavam algumas fotos, e isso me dava certo alívio. Juntas nós ríamos das lágrimas que chorávamos sozinhas.

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