blog do escritor yuri vieira e convidados...

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J. Toledo is here

Não sei se a galera já percebeu, mas temos um novo colaborador no Garganta: o escritor, jornalista, artista plástico e fotógrafo paulistano J. Toledo, cronista do jornal Correio Popular de Campinas-SP. Toledo é autor da biografia Flávio de Carvalho – o comedor de emoções; do Dicionário de Suicidas Ilustres (para o qual eu e a Hilda Hilst contribuímos com o verbete sobre Mishima); das coletâneas de crônicas A Divina com mídia – crônicas bizantinas, Espiões da cidade e, publicado este ano pela Record, Dois uísques em Cafarnaum. O Toledo também assina a foto da Hilda com o dedo médio em riste na primeira página do site oficial dela. Enfim, o cara é excelente, ótimo papo e super gaiato. Eu e a Hilda costumávamos ler suas crônicas e telefonar para ele quase toda manhã. Juntamente com o Mora Fuentes, o Toledo era o Prozac dela.

    [audio:http://blog.karaloka.net/wp-content/uploads/2006/05/eu_e_toledo.mp3]

Seja bem-vindo, Toledo.

Lula e a Petrobrás

O presidente Lula, como muita gente andou dizendo por aí, deveria ter aproveitado as mãos sujas de petróleo para “tocar piano”, isto é, para deixar suas digitais numa ficha policial antes de adentrar à prisão, afinal, se ele está disposto a assumir os supostos louros da nossa auto-suficiência em hidrocarbonetos via Petrobrás, deveria assumir também a responsabilidade do Estado para com os primeiros exploradores de petróleo deste país, aliás, exploradores privados, os quais investiram dinheiro do próprio bolso para descobrir as áreas produtivas e perfurar os primeiros poços, tendo, como compensação, após o sucesso das perfurações, suas empresas encampadas pelo Conselho Nacional de Petróleo do governo Getúlio Vargas.

No final de 2005, li O Escândalo do Petróleo, de Monteiro Lobato, sobre o qual escrevi um artigo curto. Eis um trecho:

A Fuga

Tinha cismado com aquela canção. Quando não olhavam, ele a cantava baixinho, até que alguém reparava e ele aumentava a voz. Sentia-se feliz por não ter vergonha. Mas logo percebeu que tentava provar a si mesmo que não tinha vergonha — e envergonhou-se. Calado, agora preferiu retê-la na cabeça, e assim passou o resto do dia, absorto e grave como se planejasse um furto. Só à noite quis romper o silêncio, quando ligou para a namorada, certo de que encontraria uma ouvinte piedosa. “Alô”. Ele não respondeu. Queria começar direto pelos versos que tanto o ocuparam pela manhã, “Quem é?”, mas os desgraçados lhe faltaram, e teve de se render, surpreso e derrotado pela fuga. “Marcelo, é você?”, “É… sou eu”

Borges sobre o Barraco

Sigo em minha grande cruzada contra o barraquismo deste blog e em dia de escritores argentinos. De Jorge Luís Borges:

“… la idea de que alguien gane en una discusión es un error, porque, qué importa; si se llega a descubrir una verdad, poco importa que salga de “a”, de “b”, de “c”, de “d” o de “e”. Lo importante es llegar a esa verdad o es indagar esa posible verdad. Pero, en general, se ve a la conversación como una polémica, ¿no?; es decir, se entiende que una persona pierde y otra gana, lo cual es un modo de estorbar la verdad o de hacerla imposible. Esa mera vanidad personal de tener razón; por qué tener razón. Lo importante es llegar a la razón, y si alguien puede ayudarnos mejor.”

Sábato e o mal da razão

Outro dia publiquei aqui um excerto de Ernesto Sábato, meu escritor favorito, embora não seja o autor de meu livro favorito, que é, de longe, Grande Sertão Veredas.

Sábato me fascina pelo conjunto da sua obra, pela especificidade de cada uma, pelos territórios que explora – trevas e angústia, desespero e loucura, impotência – e pelo ser humano que é, desesperado e apaixonado, racional e absolutamente descrente da razão.

Blogueiros são atenienses, não escritores

Quando Paulo de Tarso chegou em Atenas, ficou espantado com a quantidade de palradores que encontrou:

“Pois todos os atenienses e estrangeiros residentes, de nenhuma outra coisa se ocupavam, senão de dizer e ouvir alguma novidade.”
Atos 17:21

É como se o texto falasse dos blogueiros de hoje. “Diaristas”, diria o Schopenhauer. Hablan, hablan, hablan… Por mim, tudo bem. O problema é a quantidade enorme de pretensos escritores que vão surgindo por aí apenas porque escrevem artigos em sites e publicam opiniões sobre tudo e sobre todos em seus respectivos blogs. Como eu mesmo venho fazendo e, por que não?, como o próprio Dostoiévski também fez. No entanto, o Ronaldo Roque é que está certo: escritores são aqueles que narram, que escrevem ficção, não esses que se deixam meramente engolir por seus blogs. Se Dostoiévski não tivesse mergulhado na ficção, ninguém hoje daria importância a seus artigos, crônicas e notas de jornal. O que fica é a Literatura. Aliás, já mostrei que dou conta do negócio. Mas tá na hora de continuar mostrando, do contrário, ficarei à margem do sentido da minha vida… 😛

Sonetos

Um dos meus sonetos, o Soneto Psicose, está classificado na 19ª posição entre os preferidos dos internautas na categoria “sonetos interessantes” do site Sonetos.com.br, que contém, no total, 9093 sonetos. Nada mau, né. (Bem, ruim mesmo só meus sonetos…)

Os Sapos de Ontem

Bruno Tolentino

Bruno Tolentino possui elevada ao extremo aquela qualidade escorpiana típica: a capacidade de desaparecer do mapa. É mestre nisso. Quando convivemos por cerca de seis meses, lá na Casa do Sol, eu já sabia que, ao menos aqui no planeta Urântia, seria difícil reencontrá-lo num futuro próximo. E isto simplesmente porque nosso encontro se deu quando ambos estávamos “desaparecidos” na casa da então “obscena” (fora de cena) Senhora H. Logo, não irei recorrer a meus contatos apenas para chatear o cara com a perguntinha: Bruno, além de repassá-lo a meus amigos, posso também divulgar o Prólogo do livro Os Sapos de Ontem na internet? Sei que ele não se incomodaria nem um pouquinho. Saudade das nossas conversas, master!

Baixe o arquivo em PDF do Prólogo do livro onde Bruno Tolentino mata a cobra poética dos irmãos Campos e, em seguida, mostra o pau.

Escreveu Haroldo de Campos:

“Com mais de 40 anos de atividade poética, e mais de 40 livros publicados, dois terços dos quais dedicados à tradução de poesia, tenho bagagem literária abismalmente superior à do desprezível e obscuro articulista, meu desafeto, um salta-pocinhas internacional, tolo, doente e cretino, ou numa só palavra-valise: Tolentino!”

Respondeu Bruno, citando de cara a rainha Vitória:

“We are not impressed. Se nos ativermos ao vernáculo de tantos fascículos, a nudez do sapo-rei é apenas cômica. Se nos estendermos à leitura competente das línguas que anuncia conhecer, a coisa é mais séria, é uma indigente intrujice que não passaria no exame vestibular de Oxford.”

E Bruno, que além de ter sido professor em Oxford também publicou livros escritos originalmente em francês, italiano e inglês, passa o restante do livro desmontando as bobagens dos nossos literatos. Como diz a capa: é pau puro!

P.S.: Conheci o Tolentino no dia do meu aniversário de 28 anos, lá na casa da Hilda Hilst, em Campinas-SP. Rodrigo Fiume, nosso colaborador aqui no Garganta, estava presente e inclusive deu carona até São Paulo para o Bruno. Claro, isso depois de ter feito uma foto minha abraçado ao mesmo tempo com Hilda Hilst e Bruno Tolentino, dois dos maiores poetas brasileiros do final do século XX. Pena que ele e Dante perderam esse filme… (Meu lado fútil ainda não esqueceu disso, Rodrigo.) =B^/

Dia Mundial do Livro

É tão estranho, ao menos para mim, um “dia mundial do livro” quanto um “dia da mulher”, mas tudo bem, vamos às homenagens: seguem sete vídeos cujo tema principal é o Livro…

Neste primeiro, alguns livros raros à venda no site Raridades.com:

Neste, um vendedor de enciclopédias à la Muppet Show – que só sabe perguntar se o possível freguês tem “filhos em idade escolar” – acaba é comprando luvas, TV e até um carro do seu interlocutor.

Aqui, um protótipo de “estante eletrônica” para ebooks, isto é, um possível novo periférico para seu PC.

Escritores e cocaína

Interessante texto este. Será que o livro é tão interessante quanto? Ou a reportagem já resume tudo? Do Estadão:

Livro reúne textos de famosos escritores sobre cocaína

O primeiro deles foi escrito em 1894 por Olavo Bilac: Haxixe já começa citando Os Paraísos Artificiais (1860) de Baudelaire

Antonio Gonçalves Filho

SÃO PAULO – Chico Buarque não está sozinho em sua defesa da descriminalização da maconha. O antropólogo e cientista político Luiz Eduardo Soares, que assina o prefácio do livro Cocaína (Casa da Palavra, 152 págs., R$ 34,90), organizado pela professora Beatriz Resende, diz que a sociedade talvez venha a concluir que “a criminalização é sempre o pior caminho para reduzir os danos do abuso e controlar o consumo de substâncias que proporcionam prazer, mas cobram um preço elevado à saúde e à liberdade”. Soares participa, na segunda, às 20h, de um debate com a organizadora do livro, que será lançado na Livraria da Travessa (Rua Visconde de Pirajá, 572, Ipanema, Rio).

Cocaína é um livro curioso. E corajoso. Reúne autores que experimentaram ou tiveram amigos e conhecidos envolvidos com a droga, de Olavo Bilac a Patrícia Galvão (Pagu), passando por João do Rio, Orestes Barbosa, Lima Barreto e Manuel Bandeira.

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