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Categoria: meio ambiente Page 4 of 7

From Goyaz to Glauber Rocha – FICA

Este vídeo é o resultado das oficinas de Fotografia em vídeo digital, ministrada por Dib Lutfi (diretor de fotografia do filme “Terra em Transe”, entre outros), e de Edição de vídeo, ministrada por João Paulo Carvalho (editor da sitcom “Armação Ilimitada”, entre outros trabalhos), oficinas estas que ocorreram durante o VIII Festival Internacional de Cinema e Vídeo Ambiental (FICA), na cidade de Goiás-GO, entre 6 e 11 Junho de 2006. Trata-se duma carta dirigida a Glauber Rocha, de autoria do escritor Yuri Vieira e do cineasta Pedro Novaes, texto aliás bastante elogiado pelo escritor Zuenir Ventura e pelo crítico de cinema Ismail Xavier, presentes ao evento. Foi inspirada na carta “From New York to Paulo Francis“, escrita por Glauber no final dos anos 1960. A finalização é da editora Aline Nóbrega, a locução é de Pedro Novaes e a produção, da Cora Filmes. O FICA é uma realização da AGEPEL.

O Apagão das Empreiteiras

Ninguém no país representa melhor o modelo brasileiro de capitalismo que nossas megaempreiteiras: lucros privados-riscos públicos (em todos os sentidos, no caso da cratera do metrô). São elas as herdeiras diretas da rapinagem do patrimônio público iniciada com a primeira capitania.

Elio Gaspari, na Folha de hoje, cita os nomes já mencionados pelo Cláudio Weber Abramo e pelo Daniel aí abaixo.

ELIO GASPARI

O apagão das empreiteiras

O descaso com os familiares dos mortos não teve nada a ver com a chuva. Sem informação, eles viam as viaturas do IML

DEPOIS DO apagão das companhias aéreas, veio o apagão das empreiteiras. As cinco maiores construtoras de obras públicas do país desmoronaram às margens do rio Pinheiros, em São Paulo. Como no caso dos aeroportos, desmoronou a capacidade das empresas de falar sério e de manter uma relação respeitosa com a população.
O consórcio da obra do metrô paulista é formado por cinco empresas de engenharia que juntas faturam anualmente US$ 3,5 bilhões. São gente grande: Odebrecht, Queiroz Galvão, Camargo Corrêa, Andrade Gutierrez e OAS. Demoraram um dia inteiro para falar do desastre e, quando o fizeram, passaram a responsabilidade às chuvas do Padre Eterno.
Ofendendo a inteligência alheia, disseram também o seguinte:

Do buracão paulista

No centro do Brasil está São Paulo e, no centro de São Paulo, um buracão. Como diria o atroz macaco Simão: “O que é o que é? Quanto mais se tira maior fica? O buracão de sampa, rá rá rá”. Quanto mais corpos são retirados do buraco, maior fica a cobertura jornalística. Nem sempre de qualidade. Além de ignorar totalmente a questão ambiental citada pelo Pedro abaixo, ninguém diz o nome dos donos do buracão. Com algum atraso, via blog do Cláudio Weber Abramo

Os responsáveis pela obra do metrô que desabou em São Paulo são as empresas CBPO Engenharia (pertencente à Norberto Odebrecht), Queiroz Galvão, OAS, Camargo Corrêa e Andrade Gutierrez.

Trata-se de informação de que o leitor de jornais e o telespectador de telejornais não dispõe. Nesses veículos, fala-se em “Consórcio Linha Amarela”, como se consórcio não tivesse participantes.

Salvo lapso, tampouco vi o nome da pessoa que fala pelo consórcio. Os jornais não dão.

Mais irritante ainda, contudo, é o aparelhamento ideológico do buracão pelos bocós de plantão. Diz aí Tio Rei

Está em curso um esforço cotidiano, incansável, para politizar ou, melhor ainda, partidarizar a questão. E junto vêm os camaradas de sindicatos ligados ao PC do B e ao PSOL para denunciar a ganância capitalista. Boa parte da imprensa também tem ódio ao capitalismo. Seguro, no Brasil, como sabemos, é voar nos céus administrados pelo Estado…

Tudo muito bom, tudo muito lindo. Há gente reclamando maior fiscalização do Estado, um absurdo, lógico, uma vez que fiscalizar, nestes casos, siginifica apenas bater um carimbo. Contudo, não há engano ao se afirmar que a responsabilidade é do tal consórcio. Que eles, então, arquem com o prejuízo. Capitalismo bom é assim.

A cratera do Xico?

José Eli da Veiga, via email, faz algumas perguntas bem interessantes e oportunas sobre a cratera do metrô de São Paulo. Fiume, que tal dar uma explorada no assunto?

Há uma coisa bem estranha na cobertura da imprensa sobre a “cratera” aberta na
beira da Marginal Pinheiros devido ao excesso de risco assumido pelo
consórcio de empreiteiras contratado pelo Metrô: total silêncio sobre o
licenciamento ambiental.

Quando é para dar voz ao lobby dos sindicatos patronais, em sua campanha contra
a ministra Marina Silva, a questão da licença ambiental surge como o principal
“entrave” ao desenvolvimento do Brasil. No entanto, quando surge uma tremenda
barbeiragem, como essa incrível “cratera”, faz-se total silêncio sobre algo que
é básico: a licença ambiental para a obra foi obtida na véspera!

Se algum repórter resolver checar, talvez possa confirmar a seguinte explicação:

O ex-Secretário do Meio Ambiente, professor José Goldemberg, foi cuidadoso com o
pedido. Determinou estudos técnicos, pois havia dúvidas. Valeu o princípio da
precaução. Ao contrário, esse foi o primeiro ato de seu sucessor, o “herói do
agribusiness” Xico Graziano
. Para dar mais agilidade à obra, assinou, sem
qualquer cuidado, o licenciamento da obra. Talvez por ordem superior, mas isso
nunca se saberá…

Por mais errada que possa estar tal explicação, mesmo assim ela chama a atenção
para o fato de haver “dois pesos e duas medidas” no debate sobre a morosidade
dos licenciamentos ambientais. Nem interessa quando se provoca um desastre desse
tipo. Só é importante quando o objetivo é malhar ambientalistas, índios,
quilombolas e a Dona Marina Silva. Ou não?

Pegada Ecológica

A questão ambiental anda no centro das atenções da mídia e dos políticos. Nas últimas duas semanas, desde a estúpida declaração do Lula que dizia que, em síntese, o meio ambiente, os quilombolas e os índios eram os culpados pela marcha lenta do desenvolvimento, pululam todos os dias artigos sobre esta relação entre a natureza e os rumos do país na mídia. É claro que o Brasil vem fazendo um planejamento estratégico excelente, que a corrupção é coisa do passado, que a capacidade de investimento do governo é enorme, que o ambiente legal estimula o empreendedorismo e a iniciativa privada, que a carga tributária não onera em nada a produção, que a burocracia é mínima e que a pobreza não limita o mercado consumidor. Enfim, evidentemente, os únicos obstáculos que restam são a legislação ambiental rigorosa demais e a leniência e o paternalismo com alguns índios e pretos.
Diante de tanta sandice, às vezes faz bem mudar o ângulo pelo qual se olha para questão ambiental e tentar enxergar nossa relação individual com os problemas entre homens a natureza. Calcule sua Pegada Ecológica.

A Natureza… no Second Life

E não é que a natureza prossegue seu ciclo de vida-morte-renascimento dentro do Second Life? Olha essa cena digna do Animal Planet:

Tática de Avestruz

Outro dia, como se sabe, “nosso guia” imputou a culpa do não crescimento do país a “índios, quilombolas e ao meio ambiente”, referindo-se a supostos entraves trazidos pela legislação que protege estes grupos humanos e a natureza. Como grande parte do empresariado, faz como avestruz: enfia a cabeça no chão, mas não sai do lugar, preferindo sempre ser atropelado pelas circunstâncias.

Abaixo, artigo de José Eli da Veiga, professor titular da FEA/USP, com seu raciocínio sempre cristalino, na Folha de hoje. Quem for assinante e quiser ler o outro artigo, que responde “sim” à pergunta formulada, está aqui.

TENDÊNCIAS/DEBATES

Para crescer, o Brasil precisa mudar a legislação ambiental?

NÃO

Da ingenuidade à covardia

JOSÉ ELI DA VEIGA

CLARO QUE certos investimentos seriam desinibidos pela relaxação de restrições à possibilidade de depredar recursos naturais e de poluir. Tanto quanto outros o seriam pela relaxação de restrições à possibilidade de explorar crianças ou o trabalho forçado. Ou, ainda, pela relaxação de tantas outras instituições criadas no século passado para proteger as pessoas e a natureza da voracidade desse gênero de investidores.

Grilo na cuca

Setembro e Outubro são os meses em que as cigarras e grilos enlouquecem no Centro-oeste do Brasil. E, caso você se coloque em meio à orquestra, enlouquece junto.

    [audio:http://blog.karaloka.net/wp-content/uploads/2006/09/grilos2.mp3]

Me belisquem

Rapaz, quase não dá pra acreditar, mas parece que é verdade. A Câmara Municipal de São Paulo realmente aprovou o fim de todo o tipo de propaganda externa na cidade: outdoors, bilboards, banners, faixas, letreiros em táxis, ônibus e até aviões. Na mesma leva, os tamanhos de totens e painéis em fachadas de comércio foram significativamente reduzidos. O projeto original do prefeito Gilberto Kassab (PFL) foi tornado ainda mais restritivo pelos vereadores.

As empresas de publicidade estão esperneando. A ver se o judiciário não mela a história e se a Prefeitura realmente fiscalizará.

De tão positivo, nem parece verdade. Aqui o link da matéria na Folha de hoje.

Quando a Ecologia Chegou

QEC

A relação entre áreas de proteção à natureza e comunidades locais em países do Terceiro Mundo é algo pra lá de complicado. Qualquer um que conheça nossos parques nacionais e tenha olhos de ver sabe disso. A proteção à natureza por aqui frequentemente tem como efeito colateral prejuízos aos modos de vida e à cultura de inúmeras comunidades locais. A ortodoxia conservacionista leva muitas vezes à geração ou ao aumento da pobreza, em função das restrições impostas a atividades econômicas de subsistência.

Mais recentemente, entretanto, novas formas de pensar a conservação em parceria com estas comunidades têm levado a resultados muito interessantes, tanto para as populações, quanto para a natureza. As reservas extrativistas, surgidas a partir do movimento dos seringueiros na Amazônia, são um modelo absolutamente inovador e brasileiro de conservar a natureza e melhorar a qualidade de vida das populações. Ao invés de tomar sua terra para que o Estado a conserve, faz-se o inverso: asseguram-se a estas populações os direitos sobre o território e elas, com o devido apoio, se encarregam de preservar.

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