blog do escritor yuri vieira e convidados...

Categoria: Cotidiano Page 14 of 58

Sobre o garoto João Vieites

Do Psiquiatra Luís Alberto Py, na revista Época #456:

Somos uma nação refém de bandidos – um Poder Executivo cínico e corruptor, o Judiciário egoísta preocupado principalmente em aumentar seus ganhos e congressistas irresponsáveis e egocêntricos. Todos muito contentes com suas realizações, anunciando a mensagem de que o crime e, principalmente, o desprezo pela vida humana compensam. A violência absurda e inimaginável que vemos nas ruas é o retrato fiel de nossos líderes. Esta mais recente atrocidade mostra a cara do Brasil.”

A expulsão do Homem Biscoito

homem biscoito

Estávamos em meio a um debate a respeito dos fundamentos filosóficos da moral, quando, inevitavelmente, entrou na roda o velho assunto dos políticos pretensamente bonzinhos que só fazem maldades. O moderador, um professor de filosofia duma obscura faculdade de Nova York (obscura ao menos para mim), até que segurava bem as rédeas das opiniões, argumentos e idéias que iam entrando. (Sim, é óbvio que toquei na questão do Foro de São Paulo, do qual os gringos ali presentes nunca ouviram falar. Aliás, eu era o único representante da América do Sul.) Enfim, alguém, mais que depressa, retirou da manga o amarrotado tema do desrespeito às minorias, desrespeito esse bastante criticado por Verum, representante do Diversity 2007 e proprietária do Verum’s Place – uma área dedicada a este gênero de discussões – quando então, assim do nada, surgiu o gigantesco Homem Biscoito de Gengibre. Caminhando feito uma mistura de zumbi bêbado com Carlitos – e provavelmente comandado pelo dono de algum computador de pouca memória e baixa velocidade – o Homem Biscoito foi se aproximando da nossa roda que, um tanto perplexa, assistiu à aparição silenciosa e um tanto tímida do estranho avatar. Aparentemente cego, chutou dois ou três dos presentes e se dirigiu a uma das almofadas vagas, sentando-se com estrépito. O problema é que o sicrano era tão grande que suas pernas ficaram por cima de outros dois membros do nosso grupo, aqueles que o flanqueavam de imediato. O estudante norueguês de asas negras simplesmente saltou uma almofada e voltou a se sentar a uma distância segura. Já a professora de artes canadense se levantou e resmungou algo um tanto irritada, mantendo-se de pé daí em diante. Assim que o Homem Biscoito de Gengibre finalmente emitiu um “Good morning”, desapareceu deixando uma nuvem de estrelinhas.

“Ih, o cara caiu”, disse o moderador.

Verum se manifestou: “Não, eu o expulsei. Ele estava atrapalhando a reunião”.

Surgiram risadas e observações ácidas de todos os lados. O moderador comentou:

“Ora, ora… E não é que nossa anfitriã defensora das minorias acabou de excluir o único Homem Biscoito da nossa reunião?”

E teve início, pois, uma série de argumentos e contra-argumentos a respeito do significado ético do ocorrido. Alguém comparou o caso à hipotética expulsão de um passageiro com obesidade mórbida de um avião. Outro atacou o Homem Biscoito afirmando que era certamente alguém com complexo de inferioridade e sem nenhuma outra razão de ser senão a de aparecer. O Homem Raposa, sentado ao meu lado (eu sou o punk de crista da foto) disse que o Homem Biscoito tinha todo o direito de se manifestar como um Homem Biscoito, pouco importando seu tamanho e seu sabor. Se ele podia comparecer em forma de raposa, por que o outro não poderia em forma de biscoito? (“Yeah, you have a good point!”) E, claro, não se chegou a qualquer conclusão.

Sinceramente, não sei se o Homem Biscoito ficou triste e solitário diante de seu computador ou se sua intenção era ser de fato expulso, ficando então entregue às suas próprias risadas de ator de pegadinha. Sei apenas que certas situações são muito rápidas em sua implícita volúpia de nos fazer pagar a língua. Quase fiquei com pena da Verum. Segundo-vivendo e aprendendo…

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P.S.: Enquanto alguns bobos ficam a ladrar “joguinho! joguinho!”, a caravana do Second Life vai passando, sem deixar de levar, em seu bojo, pessoas que, de todos os cantos do mundo, querem se conhecer e trocar idéias…

Erramos da Folha

COTIDIANO (31.JAN, PÁG. C4) Diferentemente do informado em texto-legenda, o grafite no túnel da avenida Paulista não foi pichado. A pintura faz parte da obra do artista Rui Amaral com a participação de Vagner.

Você acha o Second Life chato? Tente o First Life.

Assim que o Yuri me contactou todo excitado a respeito do Second Life, criei minha conta e fui dar uma passeada neste mundo virtual. Montei um avatar para mim (Daniel Ahmed) e sai voando pelas paisagens do joguinho (sim, eu acho que é só um joguinho, assim como o pôquer e a roleta). Mas nunca me empolguei. Adoro vídeo game, mas o SL, para mim, não tem enredo, ação ou efeitos especiais legais. Pouco tempo depois desisti do lance e não pensei muito mais sobre o assunto. Até que apareceu o First Life. Este sim, é um jogo legal. Para vocês que não deram bola para o SL, tentem o FL, garanto que é muito melhor.

MOJO Books

A idéia é boa, mas ainda não tive oportunidade de ler. Mais para o meio de fevereiro sai uma história de uma ex-aluna minha da Alfa sobre Josh Rouse (quem?) e fiquei interessado; quem sabe baixo algumas músicas antes de ler o texto. A arte pop se reinventa.

O exterminador

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No auge da carreira de musculoso e em 2003; fotos publicadas no Los Angeles Times

Celebração paulistana

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Rua Wisard, na Vila Madalena

“Sai daí menino”

Pouco tempo atrás estavam reabilitando o Zé do Caixão pelo seu pioneirismo trash. Eu mesmo me espantei muito com alguns trechos de “A meia-noite encarnarei no seu cadáver” (a começar pelo título). Mas nada me diverte tanto quanto as pornochanchadas da década de 70. Dia destes trombei, no canal Brasil, com o filme “Histórias que nossas babás não contavam”. Humor picante, sacana sem ser pornográfico – ou melhor, sem aquela pornografia psicoanalizada tipo “A Hora da Estrela” e que tais com a Carla Camurati.

O figura mais engraçado do filme era o Costinha. Costinha é o feio fundamental. Um gênio kantiano da feiúra. Depois dele, tudo o que é feio ou engraçado – e as duas coisas estão muito ligadas – deveria definir-se como tal em função dele. A variedade de expressões faciais de que era capaz (todas igualmente feias) desafiava até os mais sofisticados efeitos especiais. Se o Costinha estivesse vivo, ele seria meu Gollum. Hehe.

Bem, tudo isso é preâmbulo para o vídeo que encontrei dele no YouTube estrelando um comercial da Loterj de 92. No vídeo há duas versões para o comercial – no geral uma tentativa mnemônica de se vincular aos comerciais da Bombril. A primeira é séria, a segunda um esculacho. É proibido para menores, já aviso. Reparem também que o diretor é o Cacá Diegues. Ei-lo:

O Apagão das Empreiteiras

Ninguém no país representa melhor o modelo brasileiro de capitalismo que nossas megaempreiteiras: lucros privados-riscos públicos (em todos os sentidos, no caso da cratera do metrô). São elas as herdeiras diretas da rapinagem do patrimônio público iniciada com a primeira capitania.

Elio Gaspari, na Folha de hoje, cita os nomes já mencionados pelo Cláudio Weber Abramo e pelo Daniel aí abaixo.

ELIO GASPARI

O apagão das empreiteiras

O descaso com os familiares dos mortos não teve nada a ver com a chuva. Sem informação, eles viam as viaturas do IML

DEPOIS DO apagão das companhias aéreas, veio o apagão das empreiteiras. As cinco maiores construtoras de obras públicas do país desmoronaram às margens do rio Pinheiros, em São Paulo. Como no caso dos aeroportos, desmoronou a capacidade das empresas de falar sério e de manter uma relação respeitosa com a população.
O consórcio da obra do metrô paulista é formado por cinco empresas de engenharia que juntas faturam anualmente US$ 3,5 bilhões. São gente grande: Odebrecht, Queiroz Galvão, Camargo Corrêa, Andrade Gutierrez e OAS. Demoraram um dia inteiro para falar do desastre e, quando o fizeram, passaram a responsabilidade às chuvas do Padre Eterno.
Ofendendo a inteligência alheia, disseram também o seguinte:

Do buracão paulista

No centro do Brasil está São Paulo e, no centro de São Paulo, um buracão. Como diria o atroz macaco Simão: “O que é o que é? Quanto mais se tira maior fica? O buracão de sampa, rá rá rá”. Quanto mais corpos são retirados do buraco, maior fica a cobertura jornalística. Nem sempre de qualidade. Além de ignorar totalmente a questão ambiental citada pelo Pedro abaixo, ninguém diz o nome dos donos do buracão. Com algum atraso, via blog do Cláudio Weber Abramo

Os responsáveis pela obra do metrô que desabou em São Paulo são as empresas CBPO Engenharia (pertencente à Norberto Odebrecht), Queiroz Galvão, OAS, Camargo Corrêa e Andrade Gutierrez.

Trata-se de informação de que o leitor de jornais e o telespectador de telejornais não dispõe. Nesses veículos, fala-se em “Consórcio Linha Amarela”, como se consórcio não tivesse participantes.

Salvo lapso, tampouco vi o nome da pessoa que fala pelo consórcio. Os jornais não dão.

Mais irritante ainda, contudo, é o aparelhamento ideológico do buracão pelos bocós de plantão. Diz aí Tio Rei

Está em curso um esforço cotidiano, incansável, para politizar ou, melhor ainda, partidarizar a questão. E junto vêm os camaradas de sindicatos ligados ao PC do B e ao PSOL para denunciar a ganância capitalista. Boa parte da imprensa também tem ódio ao capitalismo. Seguro, no Brasil, como sabemos, é voar nos céus administrados pelo Estado…

Tudo muito bom, tudo muito lindo. Há gente reclamando maior fiscalização do Estado, um absurdo, lógico, uma vez que fiscalizar, nestes casos, siginifica apenas bater um carimbo. Contudo, não há engano ao se afirmar que a responsabilidade é do tal consórcio. Que eles, então, arquem com o prejuízo. Capitalismo bom é assim.

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