blog do escritor yuri vieira e convidados...

Categoria: Economia Page 9 of 10

As delícias da banca

Em artigo ontem na Folha, Luís Nassif aponta como um dos principais obstáculos a quedas mais consistentes nos juros, o fato de que um grupo restrito de bancos e grandes empresas, com acesso a créditos no exterior, faz cotidianamente fortunas à custa da viúva aqui, tomando dólares e euros a juros de 4% ao ano lá fora e aplicando-os aqui dentro em títulos públicos que rendem 20% ao ano. Segundo ele, de 45% a 50% (!!!) de nossa dívida pública lastrea hoje operações deste tipo. Num exemplo fictício, Nassif calcula que um investidor que, em 2003, tenha tomado US$ 10 milhões no exterior e os reaplicado no Brasil, três anos depois paga sua dívida lá fora com os juros devidos, sobrando-lhe um lucro de US$ 14 milhões!

É para isso que serve o superávit fiscal conseguido à custa dos impostos noruegueses que o senhor ou a senhora paga e dos serviços públicos africanos que recebe. E depois os juros não caem por conta da inflação e da inadimplência. Acredita quem quer.

Anarco-indigenismo

Vamos voltar ao tema suscitado pelo Paulo ali embaixo com seu amigo David D. Friedman. Eu li alguns dos textos do cara e até achei legais, mas todos, sem exceção, são uma elocubração teórica só. Coisa típica de economista, embora ele não seja um.

E, não se enganem comigo, eu adoro Economia. No meu trabalho acadêmico e sobre políticas públicas, grande parte das minhas referências vem de economistas que eu admiro muito, como, do lado da Economia das Instituições, o Prêmio Nobel Douglass North, e, nos estudos do desenvolvimento, outro Nobel, o indiano Amartya Sen (aliás, motivo de grande revolta contra o Microsoft Word, que insiste em sempre corrigir automaticamente o nome dele para “Sem”).

Meu propósito é tentar chegar exatamente ao que nos une e desune aqui nesse blog em relação à sociedade ideal. Acho que isso é importante porque esses pontos de discordância estão exatamente ao redor de alguns dos grandes nós da modernidade.

A entrevista do Gabeira

Só agora o Gabeira abriu o bico para dizer o que muitos já afirmavam séculos antes da eleição do presidente Mula:

“Lula parece um daqueles grandes cafajestes, extremamente simpáticos, envolventes, que nos emocionam, mas nos enganam o tempo todo.”

“Não há mais conteúdo transformador nenhum. A única preocupação deles é se manter no poder. Querem ter um carro preto oficial e as garotinhas correndo atrás com o microfone querendo ouvir o poder”, critica. “Dói ver os antigos amigos se transformarem em pessoas mesquinhas que vivem dando chutes para ninguém chegar perto e ameaçar o poder deles.”

África

O Paulo Paiva me enviou uma entrevista interessantíssima: “Pelo amor de Deus, parem de ajudar a África!”. Nela, “o especialista em economia James Shikwati, 35, do Quênia, diz que a ajuda à África é mais prejudicial que benéfica. O entusiástico defensor da globalização falou com a SPIEGEL sobre os efeitos desastrosos da política de desenvolvimento ocidental na África, sobre governantes corruptos e a tendência a exagerar o problema da Aids”. Para ele, a ajuda da ONU e demais organismos internacionais “bonzinhos” apenas alimenta a corrupção dos políticos e funcionários públicos, estimula a indolência, quebra os incipientes mercados e impede uma maior interação econômica entre os países africanos.

Tolices bizonhas

“A essa altura, resta-nos dizer o quê? O fracasso da cúpula árabe-sul-americana é mesmo um sucesso!

“Não apenas deixaram de comparecer os países mais alinhados com os EUA como, entre uma gafe e outra, viu-se, afinal, qual era o propósito dos participantes e a que se resume o tal protagonismo brasileiro: somos candidatos àquilo que já somos por força até da geografia e do tamanho da economia — uma potência regional de um lugar do planeta que não tem a menor importância — e também a chefiar os rapazes bagunceiros do fundo da sala com antiamericanismo barato. A política externa brasileira se resume a jogar bolotas de papel na professora quando ela se vira para escrever alguma coisa na lousa. E, como sói, rimos de nossa esperteza.”
(Reinaldo Azevedo, no Primeira Leitura).

Soldo e ouro

“‘Que o soldo é, não digo fictício, mas efetivo – isto é, está vinculado a uns lucros – nota-se bem no mundo do trabalho. No caso extremo, num blecaute, o soldo carece de valor ao passo que o ouro o conserva e até aumenta.’ (…) O anarca está do lado do ouro, mas não se deve tomar isto como se tivesse sede de ouro. Reconhece no ouro o poder central, imutável. Ama-o, não como Cortés, mas como Montezuma, não como Pizarro, mas como Atahualpa: são estas as diferenças entre o fogo plutônico e o resplendor solar, tal como era adorado nos templos do sol. A qualidade mais apreciada do ouro é sua luz: difunde-se apenas com sua existência.”
Eumeswil, Ernst Jünger.

Mercado

“É uma verdadeira festa dar uma volta pelo mercado semanal(…). O mercado produz uma excitação vital, um torvelinho de liberdade e prazer. É o autêntico centro da sociedade… Tirar-lhe a liberdade e a abundância é o que tenta o Estado. Basta visitar o cemitério e o mercado de uma cidade para saber se tudo está em ordem, física e metafísica.”
Eumeswil, Ernst Jünger.

Empresas não são o Mal

Um amigo me escreveu para criticar um dos meus artigos – diz que sou reacionário – e, em seu email, no qual falava das “belezas” do Estatismo e dos “terrores” do capitalismo, escreveu UMA EMPRESA, em caixa alta, mostrando que tem pavor de empresas. E isto é estranho porque empresas são apenas instrumentos ideias para se sair da condição de escassez inerente à vida humana, afinal, os produtos que consumimos não nascem todos a esmo, em árvores. Empresa é ação em grupo sem esquizofrenia. (Vide “O Homem e a Técnica”, de Oswald Spengler.) Empresas que fazem merda apenas o fazem porque quem as dirige é imoral ou amoral. São como as facas: se acharmos que todas são do mal, que matam, como vamos cortar nossos pães? Os políticos acham que podem melhorar a qualidade de vida das pessoas, mas não produzem nada. A grana que gastam saiu dos impostos dos donos e empregados das empresas. A política é necessária, mas deve ser enxuta e colocar-se em seu próprio e humilde lugar. (Assista ao filme “A Invasão dos Bárbaros” e veja como são os hospitais canadenses controlados pelo governo e pelos sindicatos. Você verá que não adianta nada ser um país rico.) O grande problema dos empresários que queimam o filme do “instrumento empresa” é a motivação baseada no lucro. O lucro deveria ser não o fim, mas um meio de se realizar serviços. Serviços esses arbitrados pelos próprios donos, diretores e empregados da empresa, não por um governo externo. O governo apenas articularia os serviços das diferentes empresas, impedindo que duas empresas decidissem realizar o mesmo serviço social, ou que passassem uma por cima da outra, ou pior, por cima do povo. O governo deveria pensar apenas na segurança e na saúde, mais pela fiscalização que pela ação direta. Não deveria ficar sugando o sangue da iniciativa individual através de impostos abusivos. Da mesma forma que religião não pode se misturar com política, dinheiro tampouco o pode. Como vê, não se pode fazer qualquer “revolução” através da ação política. O dinheiro fácil, conseguido por meio de tributos, é muita tentação pra essa gente politiqueira. Como já disse minha querida Hilda Hilst: “a única revolução é a santidade”. Só a santidade pode ser vista, pelo próprio indivíduo, como ideal a ser almejado. E não diga que isso é utópico. utopia é o socialismo. A santidade não, mesmo a dos empresários. Por exemplo: Sri Rajarsi Janakananda, aliás, James J. Lynn foi dirigente de empresas de petróleo e presidente da maior companhia do mundo no ramo de seguros contra incêndio. Iniciado em Kriya Yoga, viveu uma vida equilibrada e atingiu o samadhi, a “graça da paz impertubável”. (Vide “A Autobiografia de um Iogue Contemporâneo”, de Paramahansa yogananda.)

Quem agüenta esses defensores do totalitarismo? Credo.

Nóis é bão

A economia norte-americana, mesmo em meio aos enormes gastos de guerra, cresceu para caramba. E por quê? Simplesmente porque o governo deles abaixou os impostos. Já aqui, o Ministro Paloci vai à TV para dizer que, caso haja crescimento econômico, o governo reduzirá a tributação, o que, claro, é o mesmo que dizer: se o Tiradentes respirar, afrouxaremos a forca… Como costuma dizer diante do noticiário a Hilda Hilst: “Nóis é bãããããããoo! Nóis é jóóóóóóia!!”

Si hay gobierno… – a missão

Sim, soy contra. O governo me dá nos nervos. E não é por motivos ideológicos. É que essa gangue de mulocratas (burrocratas que empacam) já estão pisando demais nos meus calcanhares. Hoje, por exemplo, gastei um bom tempo com um fiscal da prefeitura, que veio até aqui dizer que o “parecer foi favorável”. Ele se referia a um trecho de 3m2 do qual supostamente teríamos nos apropriado e que, graças à boa vontade do governo do PT de Goiânia (para onde me “exilei”), poderíamos adquiri-lo em prestações absurdas. Ou seja, o município era favorável a que comprássemos os “5m2” de terreno público usurpado do povo. “5m2“?! Parecer favorável a eles, eu disse. Coisa mais ridícula, seo. Veja o desenho que fiz às pressas.

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