blog do escritor yuri vieira e convidados...

Categoria: internet Page 6 of 34

Ela não gosta de ‘blog’

Do Guardian:

Anna Wintour thinks so. The editor-in-chief of US Vogue has apparently decided that the word blog is vulgar and refuses to let it be used on the Vogue website. It is said that she has even told staff to come up with a replacement before the website is relaunched.

Para quem não sabe ou não se lembra, Anna Wintour inspirou o livro O Diabo Veste Prada — no filme homônimo, o personagem do livro foi interpretado por Meryl Streep.

“O papel é uma prisão!”

E por falar em ambientes 3D na internet, também merece ser lida a entrevista da revista Época #461 (também por Eduardo Vieira) com Theodor Nelson, criador dos conceitos de hipertexto e hiperlink ainda nos anos 1960, e atualmente professor em Oxford. O mau humor dele para com os ambientes 2D chega a ser engraçado. O cara odeia interfaces que copiam o formato do papel. E diz que seu conceito de hiperlink, esboçado no sistema Xanadu, já previa o uso duma interface tridimensional. Veja este trecho:

(…)
Época – Seu sistema de hipertexto criado nos anos 60, o Xanadu, não pegou como o padrão para os links da internet. Esse ódio não é um ressentimento pelo fracasso?
Nelson – Pode até ser. Eu não me importo. Só acho que poderiam ter feito a web de forma mais inovadora. Tudo é muito copiado. Hoje, as pessoas falam em blogs, wikis, redes sociais online. Não são idéias originais, são coisas de que já se falava nos anos 60. Publicar um diário é a coisa mais velha do mundo. E qual é a diferença entre um blog e um site? O blog rola mais para baixo? A colaboração dos wikis também não é algo novo. A novidade é que alguém o aplicou. E o MySpace? Sinceramente, não entendo o que é aquilo. Acho que preciso me tornar adolescente de novo, ter 50 anos a menos, para saber por que acham aquilo interessante. Entrei no MySpace. E me senti noutro planeta, e saí. As pessoas confundem inovação com o conceito de cópia melhorada. Quando não copiam, acham que inovação é caos. Inovação é ruptura. E nada disso é um rompimento.

Época – Antes, as pessoas não viviam em rede como hoje. Isso não é uma ruptura?
Nelson – Isso não é uma inovação. É uma conseqüência de as pessoas estarem mais conectadas. Inovação tem a ver com forma, e as pessoas não conseguem fugir do retângulo nunca. O livro é um retângulo, o papel é um retângulo, a tela do computador é um retângulo. Agora, há iniciativas de papel digital, de criar pranchetas eletrônicas para ler. É provavelmente a idéia mais estúpida que já ouvi. É um retângulo, de novo. Saiam dos retângulos! Por que tudo tem de estar em linha reta, ter um visual quadrado? O papel é uma prisão. A maior prisão da humanidade. A Microsoft imita o papel, a Apple imita o papel. Por quê?

Época – A Apple imita o papel?
Nelson – Sim! O papel é uma tradição que precisa ser quebrada. Tanto o papel em si como o formato que ele representa. Os formatos de documentos não evoluíram. A web é uma simulação do papel, um retângulo que parece uma revista. Ficamos imitando padrões. Não estou falando de tecnologia. Estou falando quase de uma religião. Sou um evangelista, tenho uma maneira diferente de pensar. Qual é a diferença entre o Windows e o Macintosh? Nenhuma. E entre um computador Apple e um da Dell? São idênticos. Duas coisas iguais empacotadas de modos diferentes. Por que a Apple faz tanto sucesso? Porque Steve Jobs tem mais bom gosto que Bill Gates. Só isso. Ele deveria ser diretor de cinema.

(…)

É como se a internet visualizada por ele pudesse derrubar tudo o que veio antes. Ele parece não perceber (ao menos de acordo com a entrevista) que as interfaces caminham de acordo com a capacidade de processamento e transmissão de dados, de acordo com o potencial do hardware. A única crítica que ele faz ao Second Life é que o programa deveria ter gráficos melhores. Mas os computadores de hoje ainda não comportam tanta informação! Imagine ir a um Maracanã virtual com 100 mil avatares na arquibancada. Isso é possível, mas meu pobre laptop não suportaria. Mas ainda vamos chegar lá.

Quanto ao formato retangular, nada o impede de lançar um livro circular. O problema verdadeiro é a palavra escrita, que desde sempre é bidimensional. Não há nenhum código capaz de portar tanta informação quanto a palavra. A única exceção, conforme já escrevi aqui e aqui, são os ideogramas chineses. Que também pouco se incomodam se estão sendo inscritos numa superfície quadrada, circular, oval, etc. É provável que essa improvável “escrita 3D” idealizada por ele não exista no planeta ainda. Até os cegos lêem em pontos dispostos em duas dimensões. Não dá pra fugir da palavra. A não ser dando um passo para trás e criando uma interface que não apenas apresente ambientes 3d mas que também atenda à fala. Trê dimensões espaciais e uma temporal, já que a palavra se dá no tempo. Um ambiente 4D, ou seja, o nosso próprio ambiente transposto ao computador. Com a diferença de que os objetos e o ambiente circundante obedeceriam à nossa vontade. Isto tudo foi comentado por Walter Benjamin: algumas idéias, quando se expressam prematuramente, parecem monstruosidades. E ele cita os dadaístas, que faziam uma confusão de colagens, uma mistura de letras e artes plásticas que não fazia outra coisa senão atordoar as pessoas. E um dia eles perceberam, na pessoa de Charles Chaplin, que o verdadeiro veículo para sua arte era o cinema, que era tudo isso – imagem, colagem, desenho, fotografia, música, palavra – mas disposto de modo harmônico. Chaplin, para os cabeças do movimento, realizou o sonho dadaísta.

Esse Ted Nelson deve ter nascido antes do tempo mesmo.

O futuro da Internet

Da matéria de capa da revista Época #461, A segunda vida da Internet, assinada por Eduardo Vieira (meu parente?):

“Pode parecer uma brincadeira para alguns, mas tenho a sensação de que estamos diante do futuro da Internet. O Second Life torna possível fazer tudo o que já fazemos na web, mas de uma maneira mais amigável.”

(Sam Palmisano, presidente mundial da IBM)

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“O Second Life é um exemplo de inovação dos programas de interação entre homens e máquinas. A interface em três dimensões é o futuro da internet. Ela vai provocar uma revolução tão grande quanto a própria criação da World Wide Web. (…) Hoje, se eu quiser, posso comprar uma carruagem e dois cavalos. Mas sei que andar de carro é mais eficiente. Quem vive no Second Life tem exatamente essa sensação. De que, no fundo, está um passo à frente dos outros.”

(Theodor Nelson, professor da Universidade de Oxford, criador dos conceitos de hipertexto e hipermídia nos anos 1960.)

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“O Second Life é um mundo em que tudo é possível. E um universo como esse merece dedicação intelectual integral.”

(Henry Jenkins, professor de Estudos de Mídia do MIT)

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“O impacto do Second Life é semelhante ao do videocassete nos anos 80 e ao da web nos 90.”

(Irving Wladawsky-Berger, vice-presidente de Estratégias da IBM.)

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“O Second Life é só o começo de uma onda de realidade virtual que vai inundar nossa vida.”

(Professor Silvio Meira, fundador do Centro de Estudos e Sistemas Avançados do Recife.)

Em suma, não sou o único a achar a mesma coisa, não sou o único a clicar com tanta insistência no mesmo ícone. Tenho falado isso repetidas vezes, tanto no blog quanto entre amigos, desde Setembro de 2006, quando “nasci” no SL. “O bicho é revolucionário”, escrevi em meu primeiro post sobre o SL. Mas as pessoas se limitam a responder com sorrisinhos, como quem sente peninha de um maluco. É o que dá não ser professor de Oxford, do MIT, presidente da IBM ou coisas assim. Às vezes é preciso lembrar às pessoas que “ter visão” não é algo entranhado com títulos e cargos. Basta abrir os olhos sem preconceitos. O 3D, via internet, já chegou e o SL é o primeiro capítulo dessa nova fase.

Aliás, a reportagem da revista Época é a primeira abordagem brasileira sobre o assunto a não se restringir ao sensacionalismo (“cuidado com o vício!”, “não troque uma realidade por outra!”, “joguinho novo na área!”, etc.) ou àquela visão a là papai-mamãe que observa o filhinho jogar RPG sem ter a menor noção do que se trata. Tanto que há um depoimento bastante bem humorado do jornalista Marcelo Zorzanelli sobre sua experiência com a “segunda vida”, onde ele confessa que “vagabundeou”, trabalhou como segurança de boate, transou e que, se chorou ou se sofreu, o importante é que emoções ele viveu… (Aposto que ele não conseguirá largar mais, hehehe.)

You Tube e Viacom

Ah, sim, agora entendi. De fato eu me lembrava de que a Viacom havia feito elogios ao You Tube meses atrás. Daí eu não conseguir entender esse processo de 1 bilhão de dólares, já que a partilha da publicidade entre os produtores e o site nunca passou duma questão técnica a ser viabilizada. Mas é que agora há o anti-pirata Joost, supostamente muito mais apropriado às grandes empresas! Mmmmmm. E os caras já pretendem iniciar enfraquecendo o concorrente… Neguinho é foda!

Consolo federal

Via Olavo:

(…) a coerência petista na busca da democracia sexual é ainda mais profunda do que eu poderia ter imaginado.

Se você duvida, faça o seguinte experimento. Dá um pouco de trabalho mas é tremendamente elucidativo. Primeiro, vá ao seu computador e abra a página oficial da Presidência da República. Chegando la, clique no link “Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres”. Vai dar nesta página. Agora clique em “Links”, depois em “Governo Federal e Mulheres”, aí em “Mulheres” e por fim em “Grupo Transas do Corpo”. Pronto: você chegou ao site da loja de produtos eróticos Erosmania. Não tema: o estabelecimento deve ser confiável, já que o link vale como recomendação oficial. O produto em destaque na página chama-se “Anal Slim Jim”. É – quem diria? — um pênis de borracha cor-de-rosa, com vibrador, de uns quinze centímetros de comprimento por dois e meio de largura. Não sei se a esta altura o emprego de instrumento tão útil já se disseminou entre os altos escalões da República, mas imagino que o sr. Presidente da República e seus ministros não seriam levianos ao ponto de pregar uma coisa e fazer outra. Não digo que o empreguem necessariamente em si próprios – isso é uma questão de preferência pessoal na qual não desejo interferir –, mas sempre haverá em torno pessoas amigas interessadas em beneficiar-se da oportunidade democraticamente oferecida a todos, ou todas, pela Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres. Em caso de dificuldade no manejo do equipamento, a loja sugere o apelo ao lubrificante “Lubrigel Intimus”. Para maior esclarecimento, os visitantes da página poderão também adquirir ali filmes educativos como “O Estuprador de Coroas” e alguns de interesse médico, como “A Síndrome do Furor Uterino”. (…)

Fatos e Política

A Factcheck.org é uma organização independente, sem fins lucrativos e sem vínculo com partidos ou empresas, cujo objetivo é reduzir o nível de “confusão e decepção” na política americana, através da checagem da acurácia factual de afirmações públicas feitas por atores políticos importantes em discursos, declarações, peças publicitárias, na mídia, etc.

Um dos fundadores é a professora Kathleen Jamieson, da Annenberg School for Communication, na Universidade da Pensilvânia, uma das mais conhecidas pesquisadoras da relação entre comunicação e política, com diversos livros publicados na área, como “Everything You Think You Know About Politics…and Why You’re Wrong (Basic Books, 2000)” e “Spiral of Cynicism: Press and Public Good (Oxford, 1997).

Dando um pulo no site da Factcheck podem ser lidas esta semana, por exemplo, a análise e críticas a anúncios televisivos veiculados pela MoveOn.org, uma das maiores ONGs de ação política do mundo de filiação esquerdista. Entre os últimos tópicos está também a checagem factual do discurso de Bush sobre o Iraque em janeiro.

Faria bem à nossa democracia capenga uma instituição semelhante, sobretudo diante da negativa clivagem e do ódio ideológico insuflados pela alopração petista e pelos níveis estratosféricos de cinismo e cara de pau de nossos políticos de todos os matizes.

O Troll nosso de cada dia

O Pedro Novaes publicou esta semana a mensagem que recebemos de um dos nossos Trolls. Eu havia deletado o comentário do figura e ele então o reenviou via formulário de contato. Quem tem blog sabe o que é um Troll: um troglodita ignorante que vem berrar e nos xingar em nossa própria casa (home), acreditando que, por sermos defensores da democracia, isto será aceito de bom grado. O Rafael Arcanjo publicou um ótimo texto sobre o tema. (Tal como ele, eu também já detectei, pelo IP, comentários fakes em que o Troll faz um novo comentário, sob diferente identidade, apenas para apoiar um seu comentário anterior. Ahahaha. Esses caras são muito otários.)

Esquerdismo na América

O Alex Castro depois que foi para os EUA está cada vez mais esquerdista.

Você acha o Second Life chato? Tente o First Life.

Assim que o Yuri me contactou todo excitado a respeito do Second Life, criei minha conta e fui dar uma passeada neste mundo virtual. Montei um avatar para mim (Daniel Ahmed) e sai voando pelas paisagens do joguinho (sim, eu acho que é só um joguinho, assim como o pôquer e a roleta). Mas nunca me empolguei. Adoro vídeo game, mas o SL, para mim, não tem enredo, ação ou efeitos especiais legais. Pouco tempo depois desisti do lance e não pensei muito mais sobre o assunto. Até que apareceu o First Life. Este sim, é um jogo legal. Para vocês que não deram bola para o SL, tentem o FL, garanto que é muito melhor.

Depois do Iraque

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