Quantos brasileiros já terão ouvido falar do Livro de Urântia? Quantos leitores lusófonos? Difícil dizer. Principalmente porque a tradução para língua portuguesa ainda não foi concluída e talvez ainda leve um bom tempo para vir à tona, haja vista suas duas mil e tantas páginas em letras miúdas. Sei que algumas pessoas, residentes em Brasília, com paciência e constância procuram levar a tarefa a cabo. Espero que não sejam contaminadas pela pressa, uma vez que tal livro nos deixa com uma indizível gana de sair berrando a todos os amigos e familiares: leiam! leiam! Eu, por exemplo, já passei dessa fase. É duro ver-se no papel de um desses crentes chatos – seja um crente religioso, um político ou um filosófico – que, sem notar o quão inconveniente pode vir a ser, quer porque quer arrebatar prosélitos para sua causa. Deus me livre.
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Amigos, desde o lançamento deste blog, venho me segurando pra não bancar o chato e ficar só num blablablá sem fim a respeito do Livro de Urântia, afinal, tenho muito mais do que tratar. Mas como não consegui me esquivar ao rabo de arraia desse impulso interior, canalizo tais blablablás para um outro blog que lanço hoje, sem deixar de manter, é claro, este aqui. Tal blog – primeiro do gênero no Brasil, eu acho – terá como tema principal esse livrinho de duas mil páginas que é o mais enlouquecedor que já li em toda a minha vida, o Livro de Urântia. Esse novo blog se chama “o eXegeta“.
Sejam bem-vindos!
Tempos atrás o tal do Supla lançou seu clone no mercado. Desculpe, seu boneco. Nada contra, se eu ainda brincasse de Falcon – coisa que eu adorava fazer (tenho um Falcon paraquedista até hoje) -, seria muito legal ter um outro boneco para usar como vilão. O Tórak sempre me pareceu muito sem sal, sem graça pra burro, sem falar que aquela lampadasinha nunca me convenceu como laser. Já o do Supla seria, no mínimo, um vilão pentelho, do tipo que o Falcon adoraria dar umas porradas, uns tiros, tentando calá-lo de uma vez por todas. Aliás, o Supla é o primeiro a pregar o vodu contra si mesmo: “Sempre quis ter um boneco para fazer um vodu e ficar espetando. (…) Se alguém quiser falar mal pode comprar e me espetar”. Se ele soubesse do que está falando… Quem não tem o que dizer, é melhor mesmo que se limite a vender a própria casca.
Encontrei a anedota abaixo nas minhas, digamos, “notas da Casa do Sol 1998-2000“. Não há qualquer referência a se a Hilda Hilst ma contou pessoalmente ou se a li em algum de seus livros. Pouco importa. Parece mesmo ser uma história fadada a viajar de escritor em escritor.
“…a anedota que Paulo Mendes Campos me contou. Um ser perfeito, lindíssimo, civilizadíssimo, desceu de um disco voador e o terráqueo, embasbacado, perguntou: ah, vocês evoluíram assim foi depois do caos, é? É, respondeu o outro, surgiu lá no nosso planeta um homem chamado Jesus, que pregava o amor ao próximo e até aos inimigos. O habitante da Terra observou: é, aqui também, e nós o crucificamos. O extraterrestre achou inacreditável: cru-ci-fi-ca-ram?! Pois no planeta dele tinham seguido Jesus e por isso tinham se tornado perfeitos todos os habitantes de lá…”
[Ouvindo: Flores Astrais – Secos e Molhados]
Quem quiser ler a conferência de Jorge Luis Borges sobre o livro Céu e Inferno de Emanuel Swedenborg, clique aqui . (Também é possível baixar o arquivo em PDF.) Incluí ainda algumas notas de rodapé que cotejam certos temas, levantados ou por Borges ou por Swedenborg, ao conteúdo do Livro de Urântia. Espero que agradem.
Caso vc nunca tenha ouvido falar de Swedenborg antes, clique aqui e leia uma introdução ao texto acima.
[Ouvindo: Armoured D – Dillinja]
Semana passada assisti ao documentário dos irmãos Jules e Gedeon Naudet sobre o atentado ao World Trade Center. (Para um documentarista, nada como estar no lugar certo na hora certa – aliás, para os não-documentaristas, hora mais que errada.) Semelhante testemunho só seria rivalizado por alguém que tivesse filmado o naufrágio do Titanic ou, para ser mais exato – já que, indo além do que diz Baudrillard, um atentado terrorista pode parecer mas não é um evento da natureza, é só maldade mesmo -, ou por alguém que tivesse filmado a noite de 23 de Agosto de 1572, a Noite de São Bartolomeu, quando, instigado por sua mãe (Catarina de Médicis), o rei Carlos IX ordenou que se executassem todos os Huguenotes, todos os protestantes que se encontravam em Paris para o casamento de sua irmã com Henrique de Navarra. Morreram cerca de 25.000 pessoas. A grande diferença entre esses atentados de origem pseudo-religiosa estaria apenas na pirotecnia do mais recente, uma vez que este não se igualou ao primeiro, em número de vítimas, por uma mera questão de horário. E o mais interessante é que muita gente pressentiu o acontecimento…
Não deixe de ler o artigo “O homem-relógio” da autoria de Olavo de Carvalho. É um dos melhores textos que já li sobre a importância da imaginação. Claro, da imaginação sadia, porque quem tem uma imaginação biruta – tal como a minha – necessita incluir esse trecho nas suas orações diárias: “Senhor, não me deixeis errar pelos caminhos perversos da minha imaginação…”
Um dos livros mais impressionantes que já li em toda a minha vida é O Livro de Urântia, o qual se apresenta como uma revelação epocal mas que poderia muito bem ter sido criado por uns três ou quatro Jorges Luises Borges. Sim, porque somente uma sociedade secreta – como a descrita no conto Tlön, Uqbar, Orbis Tertius – poderia chegar a escrever semelhante texto. (Além, é claro, dos supostos mandatários de Deus.) Mas a grande diferença entre o conto e o livro é que, enquanto no conto borgeano há a exigência por parte do patrocinador de que o “Orbis Tertius” não seja cúmplice do “impostor Jesus Cristo”, no Livro de Urântia Jesus é exaltado de maneira nunca antes vista. Ali, Jesus é mostrado como o próprio Filho Criador do “Universo Local”, o que faz com que ele tenha soberania espiritual sobre milhares e milhares de planetas semelhantes à Terra (chamada pela “comissão reveladora” de Mundo da Cruz ou Urantia). Por outro lado, também somos informados de que, assim como Jesus, existem outros setecentos mil Filhos Criadores, todos governantes espirituais de um Universo Local!
O livro, com suas duas mil e cem páginas, está sudividido em quatro partes principais:
I – O Universo Central (também chamado de Universo Mestre ou Modelo, já que é nele que os Filhos Criadores se inspiram) e os Supra-Universos;
II – O Universo Local;
III – A História de Urântia;
IV – A vida e os ensinamentos de Jesus, (que, aliás, supostamente inclui TODOS os passos de sua fantástica vida humana).
O calhamaço passaria talvez por ser um livro base para criação de RPGs (Role Playing Game), afinal, descreve não somente todas as hierarquias celestes, mas também a organização e constituição de toda a Criação Divina, o que foi a Rebelião de Lúcifer, quem era o Príncipe Planetário, quem é o Monitor Misterioso que vive em nossas mentes, quem realmente foram Adão e Eva (os quais, quando aqui chegaram, já encontraram montes e montes de tribos e raças), como é a vida num planeta vizinho e, enfim, o principal: qual é o papel que nós, seres evolucionários do tempo-espaço, temos, caso queiramos, a desempenhar em todo esse incrível drama universal. Bom, nem preciso dizer que, se um dia esse livro se tornar tão difundido quanto o Orbis Tertius de Borges, certamente mudará, como este faz no conto, toda a face da Terra. E creio não estar exagerando. A soma de seu conteúdo extremamente sedutor e persuasivo com nosso sentimento de orfandade cósmica é pura dinamite…
Mais tarde tratarei das obscuras origens desse livro – ocorrida entre 1925 e 1935 – e colocarei, neste site, um texto no qual faço uma analogia entre ele e o conto Tlön, Uqbar, Orbis Tertius (1940) de J. L. Borges. Também tento mostrar como a leitura de Krishnamurti pode ser um excelente antídoto contra a fuga da Realidade que esse livro, ao contrário da intenção de seus autores, é capaz de ser – isto é, se não for lido integralmente. E é sempre bom dizer que o Livro de Urântia, sendo enorme como é e tão cheio de temas e “informações” polêmicas e cabeludas, precisará de mais mil comentários para dar uma mínima noção de seu conteúdo. A propósito: eu o estou lendo desde 1997…
Se quiser você poderá lê-lo na Internet, o que, em vista de seu tamanho, me parece bastante incômodo. Bom, leia pelo menos o índice completo em espanhol, em inglês ou em francês, e depois me diga: não é puro Realismo Fantástico?
P.S.: Saiu a versão em português.
[Ouvindo: Superbooster – The Infinity Project]
Desde 1999 venho visitando, sempre que me lembro, o endereço www.God.org. Não, ninguém nunca me falara a respeito dele, senão que simplesmente me deu na telha e tasquei a URL no browser. E li: “Coming soon. A site for everyone…” (“Em breve. Um site para todos…”). Hoje, pela primeira vez neste ano, resolvi dar uma checada no dito cujo. Descobri, então, que já podemos enviar emails pra Deus! Ou, quem sabe, simplesmente pro Diabo do cara que registrou o domínio. Afinal, Ele, o Outro, não é onisciente? Pra quê email? Bom, ao menos vale a pena mandar uma mensagem esculhambando o Cara, perguntando por que é que Ele não vem logo dar um jeito na maldade desse mundão de uma vez por todas. A Hilda Hilst mesmo escreveu – acho que no “Estar sendo. Ter sido” – que esse tipo de sacrilégio é – embora ingênuo (digo eu) – um pouco santo, já que visa a uma reação do Figurão. Clica aí e manda sua mensagem!
Outro dia, alguém me enviou um texto sobre idolatria que fez com que me lembrasse novamente do Li Hongzhi, aquele da Falun Gong (óia eu com o cara de novo). Ele diz, em um de seus livros (cito de memória), que, após o assassinato pelo governo comunista chinês dos mestres ortodoxos budistas – segundo ele, os verdadeiros guardiões do esoterismo da “Escola Buda” – os novos templos ficaram vulneráveis a um certo tipo de “vampirismo astral“. Ele afirma que, enquanto a tradição era mantida, toda estátua de Buda de um templo recém inaugurado era, digamos, “linkada” ao mundo astral budista (ou etérico, como queiram) por um desses mestres ortodoxos, o qual detinha o conhecimento de como estabelecer a tal ligação. Isto significa que, sempre que uma pessoa se ajoelhasse diante daquela imagem, sua intenção seria canalizada para os altos planos. (Uma espécie de pára-raios invertido…) Após a morte desses mestres e a conseqüente interrupção dos ensinamentos (rompimento da cadeia mestre-discípulo), os novos templos ficaram com imagens de Buda desprotegidas. Desprotegidas de que? Li Hongzhi afirma ter ouvido de muitos de seus discípulos: “mestre, eu estava meditando no templo blablablá e então meus ‘olhos celestiais’ se abriram e eu vi Buda caminhando por entre os crentes…”
E pela descrição da aparência e do comportamento do suposto Buda, Li Hongzhi afirma tratar-se, na verdade, de um golem plasmado, a partir da estátua localizada ali no templo, graças à energia doada pelos crentes. Esse ente (não é um ser mas um ente) torna-se uma espécie de vírus, uma pseudo-entidade cujo único propósito é sugar a energia dos crentes para manter sua sobrevida. Muitos discípulos honestos, ao conseguir abrir seus “olhos celestiais” (visão astral), acabam se iludindo por tomar a imagem de Buda pelo próprio. Pelo que eu entendi, os chineses teriam sido tão avançados em sua técnicas espirituais que sabiam até mesmo como evitar, de forma prática, os males da idolatria tão temidos pelos judeus, mulçumanos e certas seitas cristãs. Por este raciocínio, será assim tão inconseqüente a adoração de imagens? Ou, como querem os céticos radicais, isso tudo não passa de enredo de RPG?