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Prática de conversação online

Apenas para avisar aos poucos que se interessam por tecnologias revolucionárias: o Second Life agora tem Voice Chat, isto é, você pode bater-papo nas mais diversas línguas sem tirar a bunda da cadeira. Sim, você pode treinar seu ouvido e sua dicção com pessoas que vai encontrando ao acaso. Sem falar que, agora, as palestras e discussões literárias, políticas e filosóficas ficarão mais dinâmicas. (Antes só o palestrante tinha acesso à transmissão de áudio, as perguntas eram feitas por escrito.) Como também há o recurso do chat comum, sempre que você não entender algo, seu interlocutor pode – como diziam lá no Equador – “dibujar” pra você, colocar tudo em letras de forma. Uma ótima escola de línguas para autodidatas. (Agora só falta a força de vontade.)

Aliás, cá entre nós, a técnica de aprender idiomas fazendo sexo – aprimorada por Sir Richard Francis Burton no século XIX – terá agora toda a segurança da virtualidade. Brave New World

Conversa entre amigos

— Cara, demais este Second Life!! Fiquei a madrugada toda nesse negócio!

— É louco mesmo, não?

— Demais! É muito contagiante, você nem vê o tempo passar. Dei pra três caras.

— É louco, né, você pode até ter um avatar de mulher.

— Não, eu era homem mesmo. No Second Life, tá tudo liberado!

Negócios no Second Life

Que vêm ocorrendo reuniões, palestras, aulas e seminários nas várias áreas do Second Life – e sobre os mais diversos assuntos – não é segredo para ninguém. Eu mesmo já estive no Primeiro Festival de Literatura do SL, em várias outras discussões literárias, filosóficas, políticas e inclusive numa leitura ao vivo do escritor D. Harlan Wilson, e basta checar a categoria SL deste blog para comprovar isso. (Sim, todos os eventos em inglês, pois o povo mais inteligente do mundo – o povo brasileiro – ainda pensa que SL é só um joguinho e utiliza o programa apenas para desperdiçar tempo.) Enfim, as pessoas vêm utilizando a nova ferramente cada vez mais e melhor. Até aí tudo normal… Agora, um seminário sobre o Second Life, fora do Second Life, e no Brasil, é algo realmente digno de nota. É um projeto da Editora Abril e da revista Info e cobrará R$665,00 de cada participante. (É brincadeira isso? Claro que não, neguinho não brinca com dinheiro.) O seminário de chama “O ambiente de negócios no Second Life” e ocorrerá dia 20 de Junho, em São Paulo.

(Fonte: Katia Teatime, a companheira do meu avatar.)

Estadão no Second Life

Do Portal Estadão

Estadão fará jornal no Second Life Brasil

Batizado de Metanews, o jornal terá como jornalistas os avatares

SÃO PAULO – O jornal O Estado de S. Paulo será o primeiro órgão de imprensa do País a produzir e editar um jornal no Second Life – ambiente virtual semelhante ao mundo real conhecido como metaverso. O Estado fechou uma parceria com a KAIZEN Games, companhia responsável pelo Second Life Brasil, e será o jornal oficial desse universo virtual.

Batizado de MetaNews, o órgão de imprensa virtual começará a funcionar a partir do mês que vem e terá como jornalistas os avatares (a representação do usuário no metaverso). Todos os residentes do Second Life Brasil poderão enviar reportagens, matérias, fotos e vídeos.

Texto completo aqui

Brian K Vaughan

Dia 18 de Maio rolou uma entrevista com Brian K Vaughan, roteirista de quadrinhos ou, como se diz hoje, autor de “novelas gráficas”. Sim, foi no Second Life, aquele “joguinho”. (Não me lembro dos nomes, mas algumas personalidades acreditaram que invenções tais como o telefone e o rádio também não passavam de brincadeiras. A própria IBM acreditava que esse negócio de Personal Computer não era senão uma tremenda perda de tempo. Em suma, a caravana passa…)

Incompatível

Afora os amigos daquele mundo virtual, algumas pessoas andaram me escrevendo para saber por que não tenho escrito sobre o Second Life. A resposta é simples: a placa de vídeo do meu laptop – SiS M760GX – não é mais compatível com o software do Linden Lab. Pois é, se já era raro eu dar as caras por lá, agora ficou ainda mais difícil. Qualquer dia terei de apelar a desktops de familiares e amigos…

VirtuSphere

Este é o “periférico de entrada de dados” que, num futuro próximo, iremos utilizar em vídeo-games e, claro, no Second Life. Se o simstim não vier antes, obviamente. (Quem disse que jogos eletrônicos não servem para exercitar o corpo?)

“Meu filho!”, grita a mãe, “Sai já dessa bola e vem almoçar, criatura!!”

“Pá-pá-pá-pá-pá! Buuuuummmm!!!”

“Ai ai”, suspira a mulher, colocando a salada na mesa. “Meu bem, tira ele daquela gaiola. Por favor…”

“A gente usava um mouse pra brincar no computador, Ana. Não entra nessa de conflito de gerações não. Tenha paciência, pelo menos ele vai ficar com fome…”

“É verdade, tudo começou com o mouse. Mas nunca pensei que nosso filho ainda se tornaria um hamster…”

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Emotiv Systems

E a tecnologia não pára. A Emotiv Systems está desenvolvendo um novo sistema para controlar personagens em games e avatares em realidades virtuais. Com ele será possível até mesmo transmitir nossas expressões faciais ao nosso alter ego virtual. Ainda não é o simstim do Neuromancer e da Matrix, mas tá chegando lá. (Via Isto É Dinheiro.)

O vício

Para mim, esta é a melhor imagem a expressar a essência do vício: é algo que te macula e não te deixa ascender. Trata-se duma estátua à entrada dum castelo funesto, dentro do qual há uma morgue onde se pode transar com cadáveres. Ou, mais exatamente, com pessoas cujos avatares fingem ser cadáveres. Este local, na minha humilde opinião, ganhou no quesito “Horror dos horrores”. Coisas do Second Life. Ou do mundo, sei lá. (É por essas e outras que criei o grupo Urantia Book Readers of SL.) O mais louco é que, em toda a área, havia além de mim apenas mais uma pessoa. Eu a segui pelo minimapa, que é uma espécie de radar, e quando fiquei bem próximo usei o sistema de câmera para ver, através da parede, de quem se tratava: um avatar demoníaco com pernas de bode, pele rubra, chifres, rabo e um pentagrama enorme tatuado nas costas. Que tipo de pessoa fica sozinha num lugar desses e com esse visual? Olhei o perfil dele: um programador norte-americano fã do Aleister Crowley. Ahahaha. Só podia.

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“O papel é uma prisão!”

E por falar em ambientes 3D na internet, também merece ser lida a entrevista da revista Época #461 (também por Eduardo Vieira) com Theodor Nelson, criador dos conceitos de hipertexto e hiperlink ainda nos anos 1960, e atualmente professor em Oxford. O mau humor dele para com os ambientes 2D chega a ser engraçado. O cara odeia interfaces que copiam o formato do papel. E diz que seu conceito de hiperlink, esboçado no sistema Xanadu, já previa o uso duma interface tridimensional. Veja este trecho:

(…)
Época – Seu sistema de hipertexto criado nos anos 60, o Xanadu, não pegou como o padrão para os links da internet. Esse ódio não é um ressentimento pelo fracasso?
Nelson – Pode até ser. Eu não me importo. Só acho que poderiam ter feito a web de forma mais inovadora. Tudo é muito copiado. Hoje, as pessoas falam em blogs, wikis, redes sociais online. Não são idéias originais, são coisas de que já se falava nos anos 60. Publicar um diário é a coisa mais velha do mundo. E qual é a diferença entre um blog e um site? O blog rola mais para baixo? A colaboração dos wikis também não é algo novo. A novidade é que alguém o aplicou. E o MySpace? Sinceramente, não entendo o que é aquilo. Acho que preciso me tornar adolescente de novo, ter 50 anos a menos, para saber por que acham aquilo interessante. Entrei no MySpace. E me senti noutro planeta, e saí. As pessoas confundem inovação com o conceito de cópia melhorada. Quando não copiam, acham que inovação é caos. Inovação é ruptura. E nada disso é um rompimento.

Época – Antes, as pessoas não viviam em rede como hoje. Isso não é uma ruptura?
Nelson – Isso não é uma inovação. É uma conseqüência de as pessoas estarem mais conectadas. Inovação tem a ver com forma, e as pessoas não conseguem fugir do retângulo nunca. O livro é um retângulo, o papel é um retângulo, a tela do computador é um retângulo. Agora, há iniciativas de papel digital, de criar pranchetas eletrônicas para ler. É provavelmente a idéia mais estúpida que já ouvi. É um retângulo, de novo. Saiam dos retângulos! Por que tudo tem de estar em linha reta, ter um visual quadrado? O papel é uma prisão. A maior prisão da humanidade. A Microsoft imita o papel, a Apple imita o papel. Por quê?

Época – A Apple imita o papel?
Nelson – Sim! O papel é uma tradição que precisa ser quebrada. Tanto o papel em si como o formato que ele representa. Os formatos de documentos não evoluíram. A web é uma simulação do papel, um retângulo que parece uma revista. Ficamos imitando padrões. Não estou falando de tecnologia. Estou falando quase de uma religião. Sou um evangelista, tenho uma maneira diferente de pensar. Qual é a diferença entre o Windows e o Macintosh? Nenhuma. E entre um computador Apple e um da Dell? São idênticos. Duas coisas iguais empacotadas de modos diferentes. Por que a Apple faz tanto sucesso? Porque Steve Jobs tem mais bom gosto que Bill Gates. Só isso. Ele deveria ser diretor de cinema.

(…)

É como se a internet visualizada por ele pudesse derrubar tudo o que veio antes. Ele parece não perceber (ao menos de acordo com a entrevista) que as interfaces caminham de acordo com a capacidade de processamento e transmissão de dados, de acordo com o potencial do hardware. A única crítica que ele faz ao Second Life é que o programa deveria ter gráficos melhores. Mas os computadores de hoje ainda não comportam tanta informação! Imagine ir a um Maracanã virtual com 100 mil avatares na arquibancada. Isso é possível, mas meu pobre laptop não suportaria. Mas ainda vamos chegar lá.

Quanto ao formato retangular, nada o impede de lançar um livro circular. O problema verdadeiro é a palavra escrita, que desde sempre é bidimensional. Não há nenhum código capaz de portar tanta informação quanto a palavra. A única exceção, conforme já escrevi aqui e aqui, são os ideogramas chineses. Que também pouco se incomodam se estão sendo inscritos numa superfície quadrada, circular, oval, etc. É provável que essa improvável “escrita 3D” idealizada por ele não exista no planeta ainda. Até os cegos lêem em pontos dispostos em duas dimensões. Não dá pra fugir da palavra. A não ser dando um passo para trás e criando uma interface que não apenas apresente ambientes 3d mas que também atenda à fala. Trê dimensões espaciais e uma temporal, já que a palavra se dá no tempo. Um ambiente 4D, ou seja, o nosso próprio ambiente transposto ao computador. Com a diferença de que os objetos e o ambiente circundante obedeceriam à nossa vontade. Isto tudo foi comentado por Walter Benjamin: algumas idéias, quando se expressam prematuramente, parecem monstruosidades. E ele cita os dadaístas, que faziam uma confusão de colagens, uma mistura de letras e artes plásticas que não fazia outra coisa senão atordoar as pessoas. E um dia eles perceberam, na pessoa de Charles Chaplin, que o verdadeiro veículo para sua arte era o cinema, que era tudo isso – imagem, colagem, desenho, fotografia, música, palavra – mas disposto de modo harmônico. Chaplin, para os cabeças do movimento, realizou o sonho dadaísta.

Esse Ted Nelson deve ter nascido antes do tempo mesmo.

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