Numa noite de chuva, bebendo vinho com bons amigos, até bem tarde. A inteligência e o humor das conversas parecem aumentar a cada taça. Passa-se dos sofas para as almofadas e para o tapete em torno da mesa de centro. De repente surge o gatinho da casa, felpudo, elétrico como todo filhote, e desfia as meias da garota mais bonita e com as pernas mais compridas da reunião. Ah, não será isto a felicidade?
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Preciso ampliar meu círculo de amizades… Ou não! Afinal, o fato de que, em toda discussão sobre política, arte, moral, filosofia ou religião, eu fique sempre sozinho de um lado e os demais todos do outro me disparando petardos talvez não seja senão mais uma aulinha da vida. Imagino que um leitor do meu site pensaria que meus amigos compartilham meus pontos de vista. Nãnanina. Na última vez em que estive no Glória, até o pessoal doutra mesa resolveu dar palpite no debate. E o problema dos meus amigos intelectuais é o mesmo de toda a classe: seu relativismo é absoluto. Eu me senti o Dartagnan interpretado pelo Gene Kelly, dançando e duelando simultaneamente com dez inimigos. Credo. Haja álcool.
Continuo com o mau costume de ser o último convidado a deixar as festas. Na última, ainda me empurraram pra uma, digamos, jam-session, na qual fiz as vezes de vocalista. (Faço parte da comunidade Eu canto no chuveiro do Orkut.) Dizem – minha namorada e amigas – que foi um sucesso, mas eu já estava tão louco que não tenho certeza. Por via das dúvidas apresentei a banda como The king Kongs and the Avatar Metal. Improvisei algumas letras, veja só. E finalizamos, eu e o Pedro Novaes, com um heavy metal em homenagem à derrota da Marta Suplicy: “Fuck the Buceteixom” ou, se preferir, bucetation. (Nota: não ouço heavy metal nem amarrado.)
Tô precisando engolir um kambo – aquele sapo amazônico que dá barato – pra ver se consigo terminar de escrever meus livros. Uma semana ligadão, de bem com a vida, sem dormir. Ou, quem sabe, contratar um personal-sargent Tabajara para controlar minhas horas produtivas: “Largue já esse livro e vá escrever o seu! Afinal você veio aqui pra ler ou pra escrever?! Vamos! Quinze flexões, agora!” Enfim, talvez a razão esteja mesmo é com a Maria Inês de Carvalho: “Yuri, tá na hora de você tomar vergonha na cara…” E ela me disse isso há tanto tempo…
Carol, eu aprendi a cantar “Jiv Jâgo Jiv Jâgo” ouvindo o CD Vaisnava Songs do Atmarama Dasa. Muito bom. (É mais fácil cantar em sânscrito que em alemão.)
Eu ainda não havia percebido tal sincronicidade: a Hilda Hilst faleceu exatamente sete anos depois do Paulo Francis, ambos num dia 4 de Fevereiro. Ele em 1997, ela em 2004.
Duas pessoas – Saruya e Vinícius Oliveira – me têm escrito com freqüência, mas toda vez que envio a resposta o email retorna. Ambos são usuários do Bol. Espero que percebam que a culpa não é apenas da minha atemporal indisciplina. Ah, claro: também estou devendo uma resposta ao Flávio Fontes, cujo email muito me tocou, e ao Ronaldo Roque, que me enviou um ensaio. Valeu!
Alguns amigos andam pensando que me tornei “esotérico” – naquele sentido mais ordinário e vulgar que a palavra adquiriu nas últimas duas décadas – simplesmente porque o personagem de um livro que venho escrevendo é passível de se encaixar nessa definição. Nada mais bobo do que identificar totalmente um autor a um de seus personagens. Se, pronto o livro, alguém ainda insistir no rótulo, só poderei mesmo é dar boas risadas. Como já dizia o Henry Miller, “os últimos a compreender o que vai pela cabeça do escritor são seus velhos amigos”.
Moscada, tem quase um mês que estou no Orkut, a convite do meu amigo Rodrigo Fiume, do Estadão. Até que é divertido. A idéia de saber quem é o amigo do amigo do amigo do amigo é bem interessante. Dizem que estamos no máximo a seis pessoas de distância de qualquer outra no mundo. Veremos. Agora, cá entre nós. Acho de uma aborrescência sem tamanho essa onda de falar mal do sistema, tachando-o de passatempo de adolescentes. Adolescentes, na verdade, são é aqueles que morrem de medo de cometer infantilidades. (Quem não percebeu isso ainda não amadureceu.) Aliás, tampouco acho o Orkut uma grande “revolução”. Acredito apenas que a Internet está saindo das fraldas.
Uma das melhores coisas de encontrar um Sentido pra vida conectado a uma Visão de Mundo, digamos, ampla e irrestrita – :)) – é perder totalmente o medo do sobrenatural. Já me reencontrei com a Hilda e com o Sandro – ambos falecidos este ano – e foi do caralho. Já estão se recuperando do baque. Como já dizia Wittgenstein, “a morte não se vive”.