Eis alguns contos do Ronaldo Brito Roque no Cronópios.
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Morro de preguiça de ler meus vários diários/cadernos de anotações, mas às vezes abro um deles ao acaso. (Comecei a escrever diários aos 14 anos de idade, isto é, em 1985.) Hoje dei com essa anotação, de quando morava na Casa do Sol da Hilda:
25/08/00 – Hoje, o Bruno me emprestou The Great Divorce de C.S.Lewis. Acha que, de acordo com meus atuais interesses, é o melhor que posso ler. Ontem, aliás, o Bruno ficou lendo professoralmente, para mim, meu próprio exemplar de O Cânone Ocidental, do Harold Bloom. (Não estou com ele aqui agora para confirmar a grafia correta do nome, logo…) Bruno admira esse autor (seu ex-colega de docência), embora creia que não se pode avaliar e fruir completamente livros dos quais não se tem uma profunda vivência do idioma. Discorreu sobre vários escritores que, para ele, não deveriam – ou o contrário, deveriam – estar coligidos ali. Ele assume – por não ter amado, sofrido, pirado, trepado e cagado em alemão ou russo – ser incapaz de dizer se um autor qualquer, dentro dessas línguas, é grande, médio ou irrelevante. (E mais mil papos.)
Mais um site de relacionamentos, o Frappr. O diferencial deste é que você pode ver, num mapa do Google Maps, a localização dos amigos. Seria legal acrescentar a opção: “locais onde posso ser seqüestrado mais facilmente”.
Na verdade, não busco nada no Livro de Urântia. Ele apareceu na minha vida completamente ao acaso – uma amiga me emprestou um exemplar em 1997, lá na UnB, dizendo que eu certamente o acharia interessante – e o li inteiro, pela primeira vez, achando que não lia senão um desses livros que descrevem o mundo de um jogo de RPG. O problema é que o tal “mundo” esboçado por ele é, na minha humilde opinião, o mais vasto e profundo que nossa imaginação pode alcançar. Não é um livro perfeito – não é uma revelação direta de Deus – e tenho minhas críticas a muito do que está ali escrito. Mas o tempo me mostrou que, se a vida é um jogo, ela é um jogo de RPG (Role Playing Game), um jogo no qual desenvolvemos e aperfeiçoamos nossa personalidade, sendo esta um dom de Deus – exatamente o que diz o livro. E, a vida (e não o livro), me confirmou que esse RPG também tem um Mestre, a saber, o Arcanjo Miguel, que esteve entre nós como Jesus. Eu sei que tudo pode parecer muito louco ali. Mas não creio que o universo seja bobo e sem Graça como querem os céticos sistemáticos. A Hilda Hilst, o Bruno Tolentino e o Olavo de Carvalho me ensinaram pessoalmente que a fé não apenas não atrapalha a inteligência e a criatividade como, muito pelo contrário, as estimula e fortalece. Eu sei que não necessito d’O Livro de Urântia para chegar a tal conclusão. Eles não precisaram dele. Mas o planeta Terra precisa.
Domingo, fiquei uma hora e meia ao telefone com Olavo de Carvalho (viva o SkypeOut!) e, recheada por todo tipo de assunto, tivemos uma boa conversa entremeada por boas risadas. Quando chegamos ao tema “sociedades secretas”, perguntei se ele de fato não ouvira mais nada a respeito do famigerado Livro de Urântia — do qual ele leu, anos atrás, e instigado por mim, apenas um trecho. Ele acha que semelhante leitura é um desses empreendimentos que pode ocupar toda uma vida e, com grande probabilidade, redundar em nada; isso caso o livro se mostre na verdade justamente o contrário do que diz ser, a saber, uma “revelação”. (Olavo, Hilda Hilst e Bruno Tolentino — afora alguns amigos e três ex-namoradas — ainda que eu não os tenha convencido a ler o livro por completo, foram as únicas pessoas que não riram da minha cara ao me ouvir falar dele. Gente fina é outra coisa.) Voltando. A certa altura, disse que me dedico a esse livro porque, entre outras coisas, ele fez parte da minha conversão à fé em Cristo. Replicou Olavo: “Pois é, muita gente chega a Deus e a Cristo por intermédio do diabo…” Tive de rir, o cara é fueda. Só esqueci de acrescentar que, sendo ou não autêntico, creio que esse livro ainda arrebatará o planeta inteiro, não importa se em 10, 100 ou 1000 anos, mais ou menos como faz o Orbis Tertius do conto do Borges. Aliás, acho que só ele pode enfrentar o Corão e os jihadistas. Bem, o Olavo acha que com esses aí só uma boa dose de mísseis, balas e bombas…
Em tempo: antes que algum amigo comum, meu e da Hilda, apareça para me dizer que ela não aprovava o Livro de Urântia, eu sei qual era de fato o caso. Quando lhe mostrei o livro, ela leu todo um “documento” sozinha — salvo engano, a parte que falava do “Monitor residente” — e, mais tarde, lemos outro juntos. Por fim, ela me disse: “Yuri, esse livro é tão louco, tãão louco, tããão louco — e eu sou tão velha, tãão velha, tããão velha — que eu tenho medo de, se continuar a leitura, ficar completamente gagá”. Rimos e, em seguida, ela me disse: “Fulano me disse que esse livro está te deixando pra lá de gling-glang”, e os olhos dela brilharam com aquela mistura de ironia e de admiração que tinha por gente doida. Sim, meu bróder, a fofoca funcionou ao contrário.
Uma cena cotidiana do nosso colega de blog Daniel Christino, que é professor de filosofia.
Sempre que perco meu tempo com esse sociopata do Fidel Castro, me lembro das risadas dos meus amigos equatorianos, durante meu intercâmbio, sempre que falávamos do sujeito. Eu dizia “Fidel Castro” e os caras começavam a rir. Isso porque, enquanto meu espanhol ainda não estava afiado, eu usava a pronúncia brasileira, isto é, eles me ouviam dizendo “Fideo Castro”. E fideo, cá entre nós, é o vocábulo espanhol para macarrão. Bastante apropriado. Um figura que cria uma ditadura burocrática tão embaraçada e sangrenta quanto um prato de macarrão embebido em molho de tomate não podia ter outro nome.
Depois de passar dos trinta, vejo que são tantos os casais amigos já casados ou se preparando para casar que gostaria de sugerir a leitura desses dois documentos urantianos: A instituição do matrimônio e O Matrimônio e a vida familiar.
Talvez eu faça, na próxima “encadernação”, uma comparação do que é dito nesses textos com o que Swedenborg escreveu a respeito.
Grata surpresa encontrar, na revista de bordo da Gol, uma matéria sobre minha amiga Carol Martins, estilista da Madalena. Foi ela quem fez – certamente inspirada pelo gorro que ganhei da Hilda Hilst (além, é claro, de certo humor inglês com o qual, segundo Carol, eu nasci) – minha roupa de bobo da corte. (Há uma foto da calça neste post de 2004.) Também foi a Carol quem me levou a passear algumas vezes pela Daslu Homem, na época em que era vendedora da famigerada loja. (Nunca me esqueço de caminhar em meio àquela chiqueza enquanto fazia o possível para esconder um buraco no meu tênis de camurça, bem ali, logo acima do dedão esquerdo. Ah, esse meu ascendente libra…) Pois é, saudade de dar altas risadas com a Carol, para quem, lá na casa da Hilda Hilst, ensinei o mantra “lululalá lululalá lululalá lululalá lululalá…”, que fez com que o Lulu e a Lalá parassem de latir à noite e assim ela pudesse dormir. Besos para ti, sua cafona!! (Pois é, nos tratamos mutuamente de cafona…)
Eis o texto da revista da Gol:
Qualquer dia farei um podcast especial sobre um amigo falecido há dois anos atrás: Sandro Soares. O cara é – sim, ainda é, conversamos durante um sonho lúcido que tive um mês após sua morte, ele está muito bem – como dizia, o cara é um excelente músico e compositor, guitarrista absurdamente genial que, por alguma misteriosa sincronicidade, nasceu no dia em que morreu Jimi Hendrix. (Aliás, o CD do qual retirei a faixa se chama Cause I’m back.) A música abaixo se chama No more war. Como o Sandro não conseguiu a performance desejada dos músicos da sua banda, dispensou a todos e gravou por si mesmo, além do vocal e da guitarra, todos os demais instrumentos. E isto em todas as faixas. Genialidade é isso aí…
P.S.: Aos irmãos e à mãe dele, meus respeitos. Espero que entendam minha homenagem.
- [audio:http://audio.karaloka.net/audio/no_more_war.mp3]