blog do escritor yuri vieira e convidados...

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Libertários vs. Libertários

Eu não tenho dúvida de que aprender a julgar as pessoas com base em seus atos, e não em suas idéias, é um dos grandes desafios que todos nós temos. Possuímos toda uma retórica sobre a importância e o valor da democracia, mas, infelizmente, e aqui me incluo, somos virtualmente incapazes de verdadeiro respeito pelas opiniões e preferências das pessoas. Julgamos e condenamos, muitas vezes perpetuamente, com base em duas palavras e, pior, mas nessa não me incluo, volta e meia estamos prontos a querer calar o outro, cerceá-lo em suas idéias.

É muito difícil manter uma postura realmente aberta e de genuína curiosidade diante das pessoas e do mundo porque isso pressupõe, em alguma medida, manter sempre em questão nossos valores e nossas próprias idéias, o que dá um medão. Mas é um trabalho que vale à pena. Aliás, talvez o único que realmente o valha porque fora dele é pura perdição. Não é à toa que nosso mundo ande tão mal das pernas, eternamente de TPM.

Meus Amigos e Deus

Já que enveredamos pelo tema da amizade, acho que cabe acrescentar esse texto que escrevi há algum tempo:

“Meus amigos são o que me dá certeza da existência de Deus. Pensem nele como quiserem: como um velho senhor de barba sentado em seu trono, como várias figuras que encarnam várias faces do divino, como o poder da natureza, como uma inteligência que a tudo envolve e de que cada coisa, incluindo nós mesmos, somos manifestações. Pouco importa.

O Quasímodo é lindo

Ontem, minha amiga Paola Antonácio, arquiteta que recém concluiu seu mestrado na Espanha, me contou algo impressionante: ela estava na Harold’s, a famigerada loja de departamentos londrina, quando, de repente, a um metro do seu narizinho, deparou com ninguém mais ninguém menos que… Michael Jackson! Claro, o cara, além dos filhos – pelo jeito aquele garoto sobreviveu à aventura da sacada do apartamento -, o cara estava sendo seguido por todos que o viam, tal como um planeta a seqüestrar, durante sua translação, meteoróides e outros detritos espaciais. Nuvens de consumidores o acompanhavam enquanto ele admirava, tranqüilamente, prateleiras apinhadas de eletrodomésticos. Mas o espantoso não era isso – encontrar-se com o Michael Jackson? ora, que bobagem – mas sim o fato de que, segundo Paola, ele era lindo! Sim, ela nunca vira antes uma disposição tão aristocrática e serena, nunca vira cabelos tão bonitos, brilhantes e sedosos, uma pele (sim, branca) tão delicada, um nariz tão… feito sob medida, ora essa.

O Encontro com o Outro

A amizade é, para mim, meio e fim da condição humana. É no seu exercício, exemplo maior da doação ao outro, que nos fundamos como merecedores da designação “humano”. Tudo o mais é anterior, é perdição narcísica. Espero que esse blog conjunto possa ser um humilde, porém eloqüente, exemplo das possibilidades do exercício da amizade. E para falar de amizade, nada melhor que invocar e homenagear os quatro mineiros – Hélio Pellegrino, Fernando Sabino, Paulo Mendes Campos e Otto Lara Rezende -, grandes provas precisamente de que a amizade é o centro de tudo e de que a doação a ela desvela e liberta o potencial mais bonito das pessoas. Afinal, os quatro eram amigos desde jovens (no caso de Hélio e Fernando, companheiros de jardim de infância), não se cansaram de exercer esse vínculo e de se dedicar a ele – inclusive em textos belíssimos – e o resultado foram quatro dos maiores talentos literários e intelectuais do século passado em nosso país.

Oito Mãos

Pois é, não se assustem. O Garganta de Fogo não foi hackeado. E eu fiz questão de não começar me apresentando, e sim com o post mais abaixo, justamente porque o ter que me apresentar, pensar um post em que falasse do porquê de um blog e, sobretudo, a dificuldade de me contentar com um nome que sintetizasse algo sempre foram motivos pelos quais eu até hoje não tinha um blog. Acho que essa experiência coletiva vai ser interessante, sobretudo pela diversidade dos perfis, com convergências legais e especialmente divergências grandes entre as oito mãos (nem minha mão esquerda concorda com a direita) que, por enquanto, passam a compor essas linhas. Vai dar um caos interessante.

Gargantas de fogo

Ontem fui embebedado e encharutado (Cohiba, hem, não pense besteira) por meus amigos Pedro Novaes, Paulo Paiva e Daniel Christino, que acabaram me convencendo – ainda estou convencido – de que será uma boa experiência transformar O Garganta de Fogo num blog coletivo. Assim, não se espante se, após os títulos das entradas, aparecerem nomes que não o meu. Tenho ainda mais duas ou três pessoas para convidar a participar deste projeto. Logo mais o perfil dos três estará disponível aí acima, no menu principal.

“Ei, eu também quero participar!!”

“Calma, señor Recóndito, vou pensar na sua proposta. Se eu a aceitar, por favor, não seja muito louco, hem.”

“Como diria o Diogo Mainardi, confie em mim…”

Julio D. Borges, Pedro S. Câmara e euzito

Em 1997, um relâmpago de indignação cruzou o céu nublado da vida universitária brasileira. No Rio de Janeiro, Pedro Sette Câmara quase foi linchado (leia aqui) ao divulgar seu artigo onde provava que os politicamente corretos da Semana da Consciência Negra é que se comportavam como racistas. Em São Paulo, Julio Daio Borges publicava seu desabafo-manifesto “A Poli como Ela é“, causando polêmica entre seus colegas e professores e o reconhecimento quase solitário do jornalista Luis Nassif. Quanto a mim, em Brasília, eu finalizava o livro A Tragicomédia Acadêmica – Contos Imediatos do Terceiro Grau, iniciado em Outubro de 1996, que não foi senão minha vingança literária contra a modorra e a alienação que nos são incutidas pelas universidades (estudei em três delas).

Na festa do Digestivo Cultural


Yuri e Julio
Eu e Julio Daio Borges

Claudinei, Yuri, André, Chun, Ana e Wilson
Claudinei, Yuri, André, Chun, Ana e Wilson

Em Outubro, para variar, juntamente com amigos, fechei (fechamos) o bar, aliás, o Public Pub. Fui com o Sunami Chun (Monkey) e com a Ana Raquel (xará astrológica do Nietzsche, isto é, libra ascendente escorpião) e, lá, reencontrei o Rogério Franco (Editora Price) e conheci, entre outros, o Julio Daio Borges (editor do Digestivo Cultural), os colunistas Fabio Silvestre Cardoso e Guilherme Conte (ambos do mesmo site), o podcaster Ricardo Senise (do 5 a 1) e, claro, os demais colegas de fechamento de pub Claudinei Vieira (escritor), Wilson Neves (ilustrador e programador) – ambos do site Desconcertos – e André Muinhos Pôrto, da locadora de livros e revistas Núcleo Cultural Continental. Ótimas conversas, ótima música, ótimo chope. Sem falar das muitas risadas, especialidade do Wilson.

Longa vida ao Digestivo, que ele continue nos brindando com mais informações e discussões culturais e, claro, com mais chope…

O bibliotecário de Alexandria

Uma amiga me contou que, anos atrás, costumava despertar fora do corpo, isto é, “sofria” projeções astrais espontâneas e involuntárias. (Sim, no jargão da psicologia, alucinações.)

“Que demais!!”, eu disse.

“Demais nada, quase morria de medo…”

E descreveu o pânico que sentia cada vez que isso rolava e a ansiedade que ia nutrindo por acreditar que enlouquecia, por achar que estava perdendo seus parafusos um a um. Nessas ocasiões, nunca saía de seu quarto e muito menos de perto da cama. Fechava os olhos e rezava para voltar ao aconchegante corpo.

“Ai, era horrível!”

Mas um dia, abriu os olhos e viu um desconhecido em seu quarto, parado bem aos pés da cama: “E aí? Quer ir comigo na Biblioteca de Alexandria?”

“E você foi?”, perguntei eu, empolgadíssimo.

Um flagrante do Mr. Hyde

Dessa eu não me lembrava. (Claro, o Dr. Jekyll nunca tem plena consciência dos atos do Mr. Hyde.) O Pedro Novaes conseguiu me flagrar num dia em que o Señor Recóndito, numa festa na chácara do Gustavo Lima, tomou não apenas meu corpo mas também o microfone. Quando ele viu que a banda tinha bateria, guitarra e teclado, mas não um vocalista, deu o golpe de estado, tornou-se o MC da noite. Depois me contaram como ele (alguns pensam que era mesmo eu, mas não era) como ele inventou, em tempo-real, as letras das músicas que cantou. Uma doideira. Para ver como esse cara aí se parece comigo, mas não sou eu, veja como sua presença encaracola meus cabelos e dá um ar sinistro às minhas meigas feições. Sério, veja em meu perfil (ou na foto do casamento da minha irmã) como sou de fato. Ninguém entende como é duro levar essa vida dupla…

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