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Categoria: especulativas Page 5 of 14

As urnas eletrônicas e as pesquisas

há a desconfiança, baseada em dados técnicos, de que as pesquisas que dão ampla vantagem a Lula não passam de mentiras a visar a manipulação póstera dos resultados das urnas eletrônicas por meio de modificações no software. Eu já tinha indicado outro texto com o mesmo tema em Junho.

Quantas pessoas vc conhece que irá votar no Lula? Eu não sei de ninguém. A não ser que nossa ex-colega de blog – que nos abandonou por me achar muito “reacionário” (se eu fosse mesmo reacionário a teria expulsado daqui, coisa que não fiz) – a não ser que ela seja ingênua a esse ponto.

Respondendo ao Ronaldo

Na verdade, não busco nada no Livro de Urântia. Ele apareceu na minha vida completamente ao acaso – uma amiga me emprestou um exemplar em 1997, lá na UnB, dizendo que eu certamente o acharia interessante – e o li inteiro, pela primeira vez, achando que não lia senão um desses livros que descrevem o mundo de um jogo de RPG. O problema é que o tal “mundo” esboçado por ele é, na minha humilde opinião, o mais vasto e profundo que nossa imaginação pode alcançar. Não é um livro perfeito – não é uma revelação direta de Deus – e tenho minhas críticas a muito do que está ali escrito. Mas o tempo me mostrou que, se a vida é um jogo, ela é um jogo de RPG (Role Playing Game), um jogo no qual desenvolvemos e aperfeiçoamos nossa personalidade, sendo esta um dom de Deus – exatamente o que diz o livro. E, a vida (e não o livro), me confirmou que esse RPG também tem um Mestre, a saber, o Arcanjo Miguel, que esteve entre nós como Jesus. Eu sei que tudo pode parecer muito louco ali. Mas não creio que o universo seja bobo e sem Graça como querem os céticos sistemáticos. A Hilda Hilst, o Bruno Tolentino e o Olavo de Carvalho me ensinaram pessoalmente que a fé não apenas não atrapalha a inteligência e a criatividade como, muito pelo contrário, as estimula e fortalece. Eu sei que não necessito d’O Livro de Urântia para chegar a tal conclusão. Eles não precisaram dele. Mas o planeta Terra precisa.

Você vai ficar deprimido

Você vai ficar deprimido, mas veja o documentário “Vocação do Poder”, de Eduardo Escorel.

A gente aprende na escola que a democracia foi uma conquista. O povo passou a escolher seus governantes e legisladores, e com isso as leis ficaram mais justas, mais favoráveis à igualdade. Há maior controle da população sobre os detentores do poder. O sistema de mandatos faz com que a câmara se renove ou se conserve, segundo o desempenho e a aprovação social dos políticos. Tudo muito lindo na teoria. Mas e na prática, como a coisa funciona? É isso que o filme procura mostrar. A equipe acompanhou seis candidatos a vereador na cidade do Rio. O diretor foi muito feliz na montagem, alternando momentos do dia da eleição, quando a adrenalina dos candidatos era máxima, com cenas das campanhas que vinham ocorrendo meses antes. Aos poucos você vai percebendo — quando não percebe logo de cara — que a maioria, mesmo que quisesse, nada poderia fazer pela população que a elegeu, a não ser pequenos favores como doar cadeiras de rodas e caixões. Os candidatos parecem nem saber a diferença entre executivo e legislativo. Acreditam que o vereador possa exercer funções como controle da polícia ou do sistema de saúde. É até difícil de acreditar, mas nenhum dos candidatos revela sequer uma proposta, nem nas reuniões internas dos partidos. Tudo que sabem fazer é recorrer a termos vagos, como “justiça social”, “debate”, “democracia”, que eles mesmos não saberiam definir. Alias, estou fazendo uma injustiça. Um dos candidatos tem uma proposta concreta. A construção de uma grande danceteria com palco para shows e desfiles. E é justamente o candidato do setor mais pobre da população. É claro que ele não fala em saúde e educação, todo mundo sabe que pobre precisa é de sexo e música ruim. Os candidatos de nível social melhor, que poderiam apresentar propostas mais concretas, sabem apenas abordar as pessoas na rua e dizer “Posso contar com você?”, ou coisa pior. E é isso que é mais deprimente: Justamente os mais instruídos, que têm um curso de Direito ou coisa aparecida, que poderiam expor propostas sérias e viáveis, ficam só naquele papo de “a gente precisa de alguém do Leblon lá em cima”. O filme só não deprime mais porque é bem feito. Pelo menos nossos documentaristas são bons.

Que seus olhos sejam atendidos

Lembram-se deste documentário do GNT? Ele foi realizado pelo cineasta Luiz Fernando de Carvalho durante uma viajem ao Líbano, juntamente com Raduan Nassar, cujo objetivo principal era pesquisar o ambiente social para o filme Lavoura Arcaica. Aliás, um belíssimo filme. Não era um documentário político, por isso apenas tangencialmente intrometia-se com Hamas e Hezbollah. Seu objetivo era mostar como viviam, diariamente, os libaneses. Há ali um Líbano que não aparece nas manchetes dos jornais, que não é filiado ao partido de Deus (nenhum deles todos que são um? Alguém entende?); um Líbano de existência milenar.

Ao assistir o documentário, a certa altura, me dei conta de que havia uma perspectiva de vida se formando no Líbano, algo que nunca foi claro para as gerações que nasceram durante os 20 anos de guerra civil aditivada pelo eterno conflito Israel-Palestina (1970 – 1990). Depois de passar a década de 90 inteira reconstruindo seu país, os libaneses – principalmente a juventude – podiam começar a conviver com uma coisa bastante trivial para nós: uma idéia de futuro.

Juro por meus testículos

Conforme já escrevi antes, curto muito etimologia. E também sempre me intrigou o fato de que, ao contrário dos filmes americanos, nos tribunais brasileiros uma testemunha nunca faz juramentos com a mão sobre a Bíblia. Aliás, não há qualquer menção – ainda que indireta – à natureza transcendental da consciência e aos riscos que esta corre caso perjure. A pessoa simplesmente concorda em respeitar o tribunal, a lei e pronto. Numa CPI então, nem sei se se chega a tanto. Logo, em nossos fóruns a mentira há de correr solta, afinal, não se coloca em jogo aquilo que a pessoa tem de mais importante. Os tais especialistas – digo, os bacharéis, os juristas – enchem pois o peito para dizer que o Brasil não segue o Direito Anglo-saxônico – tal como os americanos, sua Bíblia do Rei James e sua condenação necessariamente unânime – mas segue sim o Direito Romano. Hummm. Sei. Quero dizer: será? Hoje, por exemplo, fiquei deveras tocado com a informação de que o vocábulo testemunha é derivado do latim testis, isto é, testículos. Dizem os eruditos – ouviu? os eruditos – dizem eles que os antigos romanos prestavam juramentos com a mão direita cobrindo o roxo, como quem diz: “juro pelo que tenho de mais sagrado, juro pelo meu saco”. O que aconteceria a quem cometesse perjúrio? Dá pra imaginar, não dá?

Se nosso Direito é romano, então deveria ser mais fiel às suas origens, principalmente nas CPIs. É o que merecem os nossos bárbaros concidadãos, legisladores e dirigentes, esses que ainda não sabem que a consciência é muito mais valiosa que um par de bolotas…

Contagem regressiva

Eis a contagem regressiva do Al Gore para o fim do mundo:

Bem, trata-se duma tiração de sarro do radialista Rush Limbaugh, em referência ao alarmismo eco-catastrófico do ex-candidato democrata à presidência dos EUA.

Já o Jucelino Nóbrega da Luz não afirma que o mundo irá acabar. Diz apenas que rolarão mil e uma catástrofes naturais que poderão exterminar até 80% da população mundial e que isso nada tem a ver com degradação ambiental. Parece que é só porque o Riobaldo tinha razão: “viver é muito perigoso”.

Arte e Moral

Do Fernando Pessoa (1916):

As relações entre a arte e a moral são análogas às entre a arte e a ciência. Não há relação entre a arte e a moral, como a não há entre a arte e a ciência; mas um poema que viola as nossas noções morais impressiona idênticamente o homem são como um poema que viola a nossa noção da verdade.

Um poeta que canta, elogiando, o roubo, não fará com isso um bom poema; nem o fará um poeta moderno a quem lembre cantar o curso do sol á volta da terra, que é uma cousa falsa.

Viola a regra do agrado. Agradará a mais gente um poema que, sobre ser belo, seja moral, que um que, sendo belo, seja imoral. As épocas têm mais de comum as suas ideias morais que as suas imoralidades. Só nas épocas de decadência é que a moralidade deixou de ser um ideal; e, mesmo nessas, reconhece-se o seu valor ideal.

As relações são entre o artista e o moralista, não entre a arte e a moral. Como é improvável que um grande artista, por isso mesmo que é um grande artista, falseie a verdade, é improvável que falseie a moral. Não pertence esse característico aos de um cérebro típico de criador.

O criador de arte para influenciar tem, em geral, como motivo o interesse de influenciar; ao qual falha se cria obra com elementos que tendem a limitar a acção da obra.

A tendência moral é reconhecida pela espécie humana como superior à realidade imoral. O poeta imoral corre portanto, na proporção em que é imoral, o risco de não influenciar os espíritos superiores (quando não da sua época, porventura decadente), das outras épocas pelo menos.

Ainda o PT e o PCC

Via Cláudio Humberto:


O ‘irmão’ de Marcola

O deputado boliviano Gabriel Herbas Camacho, do partido de Evo Morales, foge da imprensa após o site midiasemmascara.org dizer que ele é irmão do líder do PCC, Marcos Willians Herbas Camacho, o “Marcola”. Procurado pela coluna, mandou dizer que “viajou”, mas estava no plenário, como nos revelou uma deputada, instantes depois. Intrigada, a oposição boliviana quer rastrear os laços entre o Herbas Camacho de lá e o daqui.

Parentesco

A primeira reação de Gabriel Herbas Camacho foi dizer na Câmara que “não tem irmãos”. O pai é Jesús Herbas e a mãe, Ernestina Camacho.

Origem andina

A polícia paulista confirma que o pai de Marcola e do traficante Alejandro Juvenal é boliviano, mas não divulga o nome. O filho de Marcola é Daniel.

Paranóia

Opositores na Bolívia e em Brasília já enxergam conexão entre os ataques a São Paulo e a recente visita secreta de José Dirceu a La Paz.

Schopenhauer e os ideogramas

Já escrevi algumas vezes sobre o futuro dos ideogramas chineses, que certamente conquistarão todo o mundo. (Veja este artigo e estes posts:Pão em coreano e As línguas do futuro.) O que eu não sabia é que Schopenhauer já previra o mesmo há mais de um século:

Nós desprezamos os ideogramas chineses. No entanto, como a tarefa de toda escrita é evocar conceitos mediante sinais visíveis na mente alheia, apresentar à vista, em primeiro lugar, apenas um sinal equivalente ao sinal audível e fazer com que ele se transforme no único portador do próprio conceito representa, evidentemente, um grande desvio: com isso, nossa escrita por letras é apenas um sinal do sinal. Poderíamos então nos perguntar qual vantagem teria o sinal audível em relação àquele visível, a ponto de nos fazer deixar o caminho direto da vista à mente para tomar um desvio tão grande, como o de fazer o sinal visível falar à mente alheia apenas por meio do sinal audível; enquanto seria obviamente mais simples, à maneira dos chineses, fazer do sinal visível o portador direto do conceito, e não o mero sinal do som; tanto mais que o sentido da vista é sensível a modificações ainda mais numerosas e delicadas do que o da audição e, além disso, permite que as impressões sejam dispostas uma ao lado da outra, o que as afeições da audição, por sua vez, não são capazes de fazer, pois são dadas exclusivamente no tempo. Os motivos aqui indagados poderiam ser os seguintes:

Exorcizando o Zeitgeist

Do Júlio Lemos:

Muitas pessoas dizem que a doutrina da Igreja deveria mudar, porque “os tempos mudaram”. Esta proposição implica que antes havia uma concordância entre “os tempos” e a doutrina da Igreja, ou ainda que “os tempos” são a causa da doutrina da Igreja, e não a Revelação. Mais do que desejar que a Igreja se adeque ao mundo, os proponentes dos “tempos” desejam que a Igreja abdique de qualquer fundamento sobrenatural, desde o qual os tempos possam ser julgados.

Mas também negam, por tabela, que exista qualquer verdade natural e perene, e é aí que está a sua autocontradição: afinal, por que deveríamos tomar a mudança dos “tempos” como critério fixo e acima dos tempos? É a velha e primária discussão: quem diz que não há verdade não pode dizê-lo sem crer estar enunciado uma verdade; quem estabelece o tempo não pode ser critério para o tempo porque uma coisa só pode ser medida por outra coisa. Posso medir minha mesa em centímetros; se eu medisse a minha mesa por ela mesma, eu nada diria a respeito da minha mesa. Portanto há sempre um absoluto contra vários relativos, um fixo em relação a vários móveis, algo que fica e que por isso mesmo nos faz ver que há algo que passa.

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