Inesquecível e antológico, o direito de resposta obtido na Justiça por Leonel Brizola contra a Rede Globo. Hilário o Cid Moreira, com sua voz de agente de funerária, lendo o texto desancando a Globo e Roberto Marinho.
Via LLL e Pensar Enlouquece.
Inesquecível e antológico, o direito de resposta obtido na Justiça por Leonel Brizola contra a Rede Globo. Hilário o Cid Moreira, com sua voz de agente de funerária, lendo o texto desancando a Globo e Roberto Marinho.
Via LLL e Pensar Enlouquece.
Essa veio de lá:
En Cuba, un niño regresa de la escuela a su casa, cansado y hambriento y le pregunta a su mamá:
– Mamá, ¿que hay de comer?
– Nada, mi hijo.
El niño mira hacia el loro que tienen y pregunta:
– Mamá, ¿por qué no loro con arroz?
– No hay arroz.
– ¿Y loro al horno?
– No hay gas.
– ¿Y loro en la parrilla eléctrica?
– No hay electricidad.
– ¿Y loro frito?
– No hay aceite.
El loro contentísimo gritaba:
“¡¡¡VIVA FIDEL!!! ¡¡¡VIVA FIDEL!!!”
Já participei de dois debates filosóficos no Second Life – organizados pelos grupos History and Moral Philosophy e Verum’s Place – que me demonstraram claramente qual é o melhor argumento dos socialistas: o botão mute (mudo).
Num dos encontros, uma norte-americana, após palestrar sobre as maravilhas do marxismo, convidou os assistentes para um debate. Como os demais demoraram a se manifestar, fui pedindo desculpas pelo meu inglês de Tarzã e iniciei uma tentativa razoavelmente bem sucedida de refutar dois ou três pontos apresentados por ela como se axiomas consagrados fossem. Quando passei a criticar seu papo furado sobre a famigerada exploração – segundo ela totalmente indissociável do capitalismo – quis saber de onde eu estava tirando essas idéias foolish. Disse que de von Böhm-Bawerk. Pra quê… Começou a me pôr mil rótulos absurdos – neoliberal, fascista, fundamentalista de direita, etc. – sem querer ouvir mais nenhum dos meus argumentos. Chegou a dizer que von Böhm-Bawerk e von Mises não passavam de austríacos nazistas. (!) Neste momento, um norueguês tomou minhas dores e, mesmo se dizendo de esquerda, explanou com um inglês muito mais claro que o meu quais eram as críticas da escola austríaca de economia ao marxismo.
Claro que, após o debate, minha pulsão diplomática de ascendente em libra tentou entabular uma conversa mais informal com a palestrante. (Ela era bonitinha.) Cliquei, pois, sobre o avatar dela e selecionei IM, isto é, o Instant Messenger, através do qual é possível manter com alguém uma conversa privada ainda que diante de outras pessoas. E ela: “I’m sorry, Yuri, vou colocar vc na minha lista de ‘Mudos'”, e, pressionando o botão mute, me tornou incomunicável. Bom, ao menos para com ela. Pensei que o caso fosse um acontecimento extraordinário. Até ri. Contudo, dias depois, após um debate no Verum’s Place – no mesmo local em que ocorreu o caso do Homem Biscoito de Gengibre – resolvi conversar com uma figura de Hamburgo, uma que fazia parte do grupo Socialist Party. Queria apenas saber por que ela acreditava no socialismo. (Para quem não sabe, o socialismo é no mínimo uma crença.) Ela disse que era o único sistema que poderia trazer o bem ao planeta. Perguntei então o que ela acharia se o Partido Nazista fosse ressuscitado na Alemanha. Respondeu que seria o horror, uma vez que foram responsáveis, afora as mortes em batalhas, pelo extermínio de seis milhões de judeus.
“Logo”, eu disse, “um membro atual de um hipotético Novo Partido Nazista seria cúmplice moral dessas mortes”. “Sim”, ela concordou. “E por que”, tornei, “não é você uma cúmplice do assassinato sistemático de mais de cem milhões de pessoas pelos países socialistas no século XX?”, e citei a União Soviética e seus Gulags, a China, Pol Pot, Castro, etc., etc. Disse ela: “Yuri, I will ‘mute’ you”. E me silenciou. Comentei no chat aberto, para que ela e os demais circunstantes ouvissem: aposto que se vocês socialistas dispusessem desse botãozinho na “First Life”, iriam utilizá-lo a torto e a direito, nem precisariam de tantas prisões políticas! E ela então desapareceu. Provavelmente se teletransportou para alguma reunião do grupo Hell’s Worshipers, do qual também fazia parte…
Futebol?! Eu prefiro é acompanhar o arremedo de debate entre o Rodrigo Constantino e o Olavo de Carvalho. (Já comentei sobre um dos gols aqui.) Arremedo porque, bem, um dos lados não quer assumir a disputa. (Tá parecendo um jogo entre a Seleção do Penta e, sei lá, o Coritiba em fuga.) Na verdade, eu prefiro não dar palpites, ando muito relapso para me meter numa confa dessas. Se o Olavo é fodão e o Rodrigo, fodinha, eu sou um fonada. Vou ficar é assistindo. (Claro, vão dizer que sou torcedor descarado de um deles. Bom, sou socrático, eu torço é pela verdade e pela tríade bom-belo-justo. Quem está com elas? Ora, aquele que acompanhar a polêmica com a tranquilidade e atenção necessárias terá a resposta. E, se for para escolher um time, escolho o Urântia, time com o qual nenhum dos dois se identifica. Alguém conhece?)
Dá preguiça demais ler na tela do computador, especialmente ficção e jornal, que são leituras que induzem e pressupõem certos estados de espírito. Jornal, em dia de semana, eu leio aos pedaços, entre um comando e outro no computador da ilha de edição, entre uma tarefa e outra. Em fim de semana, leio esparramado no sofá, escutando música e tomando café ou abrindo os trabalhos com a primeira cerveja do sábado. Livro é livro. Tem que ser de papel e pronto, pesar nas mãos, dar culpa de sublinhar, etc e tal.
Isto posto, digo que abro poucas exceções para textos de ficção na tela do computador. Mas devo confessar que, nas poucas vezes em que o fiz, não me arrependi. E, por coincidência, tratam-se de três romances que guardam incríveis e louváveis semelhanças entre si.
A primeira exceção, já há alguns anos, foi para o “Mulher de um Homem Só”, do Alex Castro, que àquela época ainda se chamava Alexandre Cruz Almeida. Como ele anda tramando sua publicação em papel, tirou o livro temporariamente do ar. É romance curto que não se consegue largar depois de poucas páginas centrado em torno da pergunta de se é possível uma verdadeira amizade entre homem e mulher. Uma genial incursão pela mente de uma mulher decidida a manter seu macho. Delicioso e muito engraçado.
A segunda exceção, bem mais recente, foi para o “Romance Barato”, de ninguém menos que nosso camarada de blog, Ronaldo Brito Roque. Outra genial incursão pelas mentes femininas, pelas emoções, ingenuidade e frieza de garotas que optam pela “vida fácil”. Também me prejudicou os afazeres, pois, uma vez iniciado, não pude mais largá-lo. Literatura do país de Nelson Rodrigues. O rapaz tem sensibilidade e verve. Está tentando publicá-lo e, espera-se, em breve, todos terão o privilégio de se divertir e emocionar com sua literatura.
A terceira exceção, recém concluída, foi para o “Sexo Anal – Uma Novela Marrom” do Luiz Biajoni. Puta que o pariu! Que livro! Como já foi dito, quase um filme. Uma novela visual. Que inveja desse cara. Vá escrever assim no inferno. O Biajoni tem uma capacidade absolutamente anormal para, em escassíssimas linhas meramente descritivas, derramar imagens muito poderosas. O cara não elabora, não psicologiza. Explicita as emoções dos personagens com muita parcimônia, pois não precisa. Está tudo ali nas entrelinhas naquela magia que pouco escribas dominam com tanta habilidade.
“Sexo Anal” é sexo anal, sexo oral, hetero e homossexual, fios-terra, hemorróidas, vibradores, repórteres policiais que gostam de travestis, justiça com as próprias mãos, maçons porcos rindo com escárnio, policiais corruptos, imprensa marrom, cocô e sangue. Contínuos de escritório, punhetas, podolatria. Porra, cerveja choca e fumaça de cigarro. E tudo isso com uma leveza incrível. Humor fino e pura ironia. Qualquer acidez fica por conta do leitor.
Como disse Idelber na orelha do ebook (e ebook tem orelha??), Sexo Anal é “pós ou transpornográfico”, pois “ao escancarar já no título paradoxalmente esvazia qualquer bobinha pretensão de excitação e voyeurismo punheteiro com o texto.” É fato. Você vai até ficar de pau duro ou molhada, mas não dá pra largar o livro e ir pro banheiro. Logo você estará rindo desmesuradamente para, em seguida, se incomodar com a crueza de cagadas e sangue na privada, estupros e assassinatos, e pouco depois puto com coroas gosmentos e qualquer sombra de excitação já terá passado.
A sinopse, nas palavras do próprio autor:
Em “Sexo Anal – Uma novela marrom” uma jornalista descobre as delícias do sexo anal ao mesmo tempo em que é escalada para cobrir – junto a um jornalista policial experiente – um crime bárbaro de estupro e morte. Em paralelo, seu namoro vai mal por conta do assédio de um médico bem-sucedido. Seu namorado conhece uma garota virgem de 23 anos que sofreu um abuso sexual na pré-adolescência e se interessa por ela. Uma homossexual, amiga de faculdade da jornalista – e apaixonada por ela -, faz de tudo para afastar os dois.
Não perca tempo! Antes que ele se envaideça com a enxurrada de elogios e declarações de amor e resolva cobrar, vá lá e baixe seu exemplar.
Finalmente, não posso deixar de enfatizar a semelhança de estilo, temática e de atmosfera entre os três romances citados. Sobretudo me parece curiosa a similaridade na enorme sensibilidade destes três autores homens para sondar a alma feminina. São três obras que têm mulheres como personagens centrais. E tenho certeza que as meninas teriam que ser muito hipócritas, invejosas ou se sentirem amedrontadas demais para negar que os três descrevem com argúcia e sutileza o que se passa no coração e na cabeça delas. Muito bacana.
Link: “That Peter O’Toole is good!” Ahahaha.
“Naquele momento, Larry se deu conta de que o passado não pode ser modificado, mas o futuro, esse sim, poderia ser diferente. E a construção desse futuro distinto deveria começar naquele instante. Ele podia salvar uma vida.”
Com essa frase, ou algo muito semelhente, dita em off pelo narrador, o roteirista e diretor Todd Field quase destrói o excelente filme “Pecados Íntimos”, título este em português que aliás não faz jus ao muito melhor “Little Children” (“Criancinhas”) original em inglês. O filme é candidato aos prêmios de melhor ator coadjuvante (Jackie Earle Haley excelente no papel do pedófilo Ronnie), melhor atriz, com Kate Winslett, também em ótima atuação, e melhor roteiro adaptado, na cerimônia do Oscar hoje à noite. Aparentemente tem alguma chance no primeiro, embora Eddie Murphy seja franco favorito, chances remotíssimas no segundo, onde Hellen Mirren é quase barbada, e escassas no terceiro, onde a concorrência de “Os Infiltrados” é forte.
O uso do off, ou “voice over”, para empregar com precisão a terminologia cinematográfica, é evidentemente objeto de muita crítica. Via de regra, torna-se uma muleta para coisas que o cineasta não consegue passar através de imagens ou com naturalidade nos diálogos dos personagens. Além de denotar certa incapacidade do diretor e do roteirista, o voice over em geral implica na explicitação de pontos de vista, emoções, fatos ou “mensagens” que deveriam ser transmitidos de forma sutil ou ser subentendidos pelo espectador, sob pena do filme tornar-se didático e/ou de se tratar com estupidez e superficialidade as emoções e o raciocínio do próprio espectador.
O roteiro de “Pecados Íntimos” é pontuado em muitos momentos por observações de um narrador em terceira pessoa, a princípio até interessantes – porque complementam ao invés de substituir, como em “Dogville” e “Manderlay” do dinamarquês Lars Von Trier. Mas o escorregão no final é violento.
O filme conta a história de Sarah (Kate Winslett), Brad (Patrick Wilson) e Ronnie (Jackie Earle Haley). Os dois primeiros, oprimidos pelos casamentos e pela paternidade, têm os filhos como desculpa para se conhecerem e eventualmente se tornarem amantes. Ronnie é um condenado por molestar sexualmente crianças que, solto em liberdade condicional, passa a residir com a mãe na mesma comunidade dos subúrbios de Boston. A vida dos três se entrelaça de maneira inesperada, ressaltando a imaturidade emocional como motivador das ações não apenas deles, mas de quase todos os personagens envolvidos. Criancinhas.
O roteiro é excelente e, o tempo todo, não sente pena dos personagens, resultando em um filme forte e incômodo. Todd Field só se perde no final, quando deixa vazar seu pendor para o melodrama americano. Depois de conduzir o filme de forma impecável e cheia de surpresas até minutos antes do fim, ele não se contém e produz uma pequena epifania individual para Larry, o personagem de Noah Emmerich, que culmina com a frase citada no início do post, através da qual evidentemente ficam todos os personagens redimidos de seus pecados.
O final como um todo é discutível. Moralista? Talvez. Seguramente um pouco melodramático demais.
De toda maneira, não chega a comprometer o todo. Vale à pena assitir.
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