O Garganta de Fogo

blog do escritor yuri vieira e convidados...

Maioridade penal

Conforme escrevi em Novembro de 2003, acho que a maioridade penal não deveria ser reduzida para 16, 14 ou 12 anos de idade, mas aumentada para 55 ou 60 anos. Seria o primeiro passo em direção à consciência de um fato inquestionável: este país é uma terra de gente babona, catarrenta, imatura e infantilizada até a medula. Do contrário, um coitado como o Lula – em meio a mensalões, dólar em cueca, assassinatos de prefeitos, conexões com FARC, Chávez, etc. – enfim, um tagarela como ele jamais teria sido eleito. Aliás, segundo a revista Época, o ministro da Justiça vai fazer corpo mole e fugir de qualquer atitude mais drástica para com a bandidagem simplesmente porque… ora, porque a ONU não quer uma tal atitude…

Reforma Política

Deve chegar ao Congresso Nacional, depois do carnaval, o texto final dos projetos de lei da reforma política – tão esperada e sempre adiada. Um deles relatado pelo deputado federal Ronaldo Caiado, aqui da terrinha. O projeto foi moldado não apenas pela comissão especial de reforma política do Congresso, mas também assimilou sugestões da sociedade civil organizada, principalmente pela OAB.

Muita gente já comentou o documento. Alguns, como o Tio Rei, soltando os cachorros para cima de propostas como a que permite a convocação de plebiscitos e referendos sem a aprovação do Congresso. Ou elogiando o documento e, ao mesmo tempo, repudiando sua impossível aprovação, já que boa parte das propostas não agrada aos senhores congressistas.

O que eu queria fazer, entretanto, é uma pequena digressão sobre os objetivos da reforma política, porque eles contém valores políticos fundamentais, além de introduzir no debate político aqui do blog uma perspectiva um pouquinho mais analítica.

As verdades de Bernardo Carvalho

Nove Noites

Há gente que não gosta de Bernardo Carvalho. Acham-no pedante, artificial e forçadamente intelectual em seus romances e contos.
Eu acho “Nove Noites” um romance espetacular. “Mongólia” também é muito bom, embora não se compare ao anterior. E seus contos são, em geral, excelentes.
“Nove Noites”, que acabo de reler como referência para um roteiro que estou escrevendo, é a história da história de Buell Quain e, principalmente, da obsessão do próprio Carvalho em entender o mistério em torno desta figura perdida na história da antropologia e do indigenismo brasileiros.
Quain foi um antropólogo americano, discípulo de Ruth Benedict e Franz Boas, que se suicidou entre os índios Krahô, no Maranhão, em 1939. Sua morte nunca foi plenamente explicada.
Instigado pela menção recorrente deste nome em sua vida, Bernardo Carvalho tenta encontrar o fio da meada da verdade sobre Quain em meio às poucas pistas restantes sobre sua vida e suas duas viagens ao Brasil: uma primeira expedição à região do Xingu, para pesquisa junto aos índios Trumai, e sua ida ao Maranhão, que culminaria no desfecho trágico de sua existência.
E como desencavar a verdade “numa terra em que a verdade e a mentira não têm mais os sentidos que o trouxeram até aqui”, adverte logo à abertura do livro Manoel Perna, o outro narrador do livro, além do próprio Carvalho, um suposto amigo de Quain em Carolina, no Maranhão?
E continua: “Pergunte aos índios. Qualquer coisa. O que primeiro lhe passar pela cabeça. E amanhã, ao acordar, faça de novo a mesma pergunta. E depois de amanhã, mais uma vez. Sempre a mesma pergunta. E a cada dia receberá uma resposta diferente. A verdade está perdida entre todas as contradições e os disparates. Quando vier à procura do que o passado enterrou, é preciso saber que estará às portas de uma terra em que a memória não pode ser exumada, pois o segredo, sendo o único bem que se leva para o túmulo, é também a única herança que se deixa aos que ficam, como você e eu, à espera de um sentido, nem que seja pela suposição do mistério, para acabar morrendo de curiosidade.”
O resultado é um romance das possíveis verdades sobre a morte de Quain, não excluindo a hipótese mais banal de um suicídio sem histórias mirabolantes por trás – um surto de uma personalidade frágil exposta pela experiência radical de isolamento em meio a uma sociedade absolutamente estranha.
O melhor de tudo é que a estrutura do romance reforça a idéia das “verdades possíveis” ou de verdades parciais que se entrecruzam, situando-se na fronteira entre a ficção e um esforço de jornalismo investigativo. No texto, sobrepõem-se às palavras de Bernardo Carvalho, além das parcas fotos disponíveis de Buell Quain, supostas cartas deste Manoel Perna, um engenheiro de Carolina, último amigo de Quain e derradeiro não-índio a vê-lo vivo.
São pouco os escritores que conseguem abraçar com resultados elogiáveis este tipo de estrutura meio pós-moderna. Na maior parte dos casos, gera-se muito barulho por nada e os livros se esvaziam à medida em que se aproximam do final pela própria falta de sentido. Tramas rocambolescas que prendem o leitor de início, mas que não tardam a denunciar a própria fraude que são.
Não é o caso de Bernardo de Carvalho.

Leitor Nelvoso

“Guspir” soa estranho. De resto, a despeito dos erros de português, “matutos alienados” achei elogioso. Dá nome de banda.

voces e esse site sao pateticos. Voce ssao americanos para estarem defendendo quem gospe em suas caras e na cara dos filhos de voces??
sei.. voces só sao caboclos querendo ser americanos. Publiquem ago decente nessa pocilga de voces.. Terroristas!… voces sao piores..
matutos alienados. voces nao entendem nada sobre terrorismo..

Sobre ciência e religião

Conversei bastante, ontem, sobre ciência e religião com meu amigo Elder Dias. Colocando todos os argumentos na balança, o que me parece decisivo nesta história toda é o seguinte: em várias situações e de várias formas ao longo da história, a Igreja reviu seus argumentos em função de descobertas científicas. Mas nunca – pelo menos que eu saiba – a ciência reviu suas descobertas em função de argumentos ou dogmas religiosos. A ciência avança obedecendo sua lógica interna enquanto a religião revisa seus pontos de vista por conta do desenvolvimento científico. Neste sentido estrito, a ciência me parece um discurso muito mais coerente e consistente do que a religião.

Esquerdismo na América

O Alex Castro depois que foi para os EUA está cada vez mais esquerdista.

Buraco sem fundo

Do Diego Casa Grande:

Fiquei uma semana nos Estados Unidos. Voltei neste domingo. Minha sensação é a pior possível. O Brasil está pior, muito pior. Aliás, nosso país vem piorando a cada semana há décadas. Quando embarquei naquele avião no início do mês, o menino João Hélio Fernandes, de 6 anos, ainda estava vivo. Não tinha sido arrastado por 7 quilômetros preso ao cinto de segurança, enquanto deixava pedaços do corpo espalhados por vários bairros do Rio. Antes, segundo a mãe, era um menininho faceiro e brincalhão. Sorriso lindo agora só visto nas fotos. Há pouco tempo foi o outro menininho em São Paulo, fritado vivo dentro de um carro com a família. Antes tinha sido aquele outro ônibus no qual a vítima havia sido um bebê e uns outros desafortunados que estavam no lugar errado, na hora errada. E antes teve aquele, e aquele outro também.

E assim vamos em frente, vendo a barbárie tornar-se algo cotidiano, impregnado em nossa sociedade, e apenas rezando para que não chegue até nós. Mas é só. De resto, a sociedade brasileira não faz nada além. Não há um único movimento da sociedade civil organizada no sentido de conter uma das vertentes principais da criminalidade: a impunidade. É ela a grande vilã do presente e do futuro do Brasil como nação. É ela que permite à bandidagem comandar quadrilhas de dentro das cadeias, autoriza um Pimenta Neves a matar a namorada pelas costas, ser julgado, condenado, e ter a mesma liberdade que eu tenho de andar nas ruas, dirigir o meu carro e tirar um filme na locadora. É a impunidade que garante aos mensaleiros andar de cabeça erguida, como se honrados fossem, fazendo discursos no Congresso e gastando nos duty frees nas horas vagas. É também ela que joga na rua um menor delinqüente chamado Champinha, que violentou uma jovem durante três dias para depois assassiná-la com mais de 20 facadas.

(Continue lendo este artigo.)

Señoritos satisfechos

“Ortega y Gasset já dizia que os principais inimigos da cultura são os “señoritos satisfechos” que desfrutam do legado da civilização sem ter a menor idéia de como foi conquistado e, por ignorância das condições que o geraram, acabam por destruí-lo.”

O puxão de orelha que o Olavo de Carvalho está dando no Rodrigo Constantino deveria ser lido por todo aquele que insiste em dizer que a “crença religiosa dogmática” é inimiga da liberdade, que a Inquisição foi o pior flagelo criado pela e contra a humanidade, que os cristãos são fundamentalistas que não aceitam discutir sua fé, etc., etc. Novamente, Olavo with lasers…

Procissão

“O Senhor é meu pastor, nenhum passarinho me pegará…”

Procissão de lagartas no corrimão da varanda da casa dos meus pais.


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(Clique nas imagens para ampliá-las.)

Sobre o garoto João Vieites

Do Psiquiatra Luís Alberto Py, na revista Época #456:

Somos uma nação refém de bandidos – um Poder Executivo cínico e corruptor, o Judiciário egoísta preocupado principalmente em aumentar seus ganhos e congressistas irresponsáveis e egocêntricos. Todos muito contentes com suas realizações, anunciando a mensagem de que o crime e, principalmente, o desprezo pela vida humana compensam. A violência absurda e inimaginável que vemos nas ruas é o retrato fiel de nossos líderes. Esta mais recente atrocidade mostra a cara do Brasil.”

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