O Garganta de Fogo

blog do escritor yuri vieira e convidados...

O Cheiro do Ralo

Esta semana, quem quiser me encontrar procure aqui.

Ontem, o Festival abriu com a apresentação do premiado “O Cheiro do Ralo”, filme do pernambucano Heitor Dhalia, estrelado por Selton Mello, grande vencedor do da Mostra Internacional de Cinema de São Paulo e agraciado com os prêmios Especial do Júri e de melhor ator no Festival do Rio deste ano.

O filme vem sendo bastante incensado e realmente tem muitas qualidades, mas, sorry modernos, em minha opinião, deixa a desejar pela ausência de uma trama, de uma história com começo, meio e fim e, sorry uma vez mais modernos, sem plot points, isto é, sem os pontos de virada na trama que conformam, via de regra, mas não de maneira exclusiva (discutamos isso em outro momento) quase todo bom roteiro. A velha estrutura do teatro grego que Hollywood industrializou e pasteurizou.

O filme é realmente engraçado em seu cinismo e humor negro e tem uma concepção visual muito bonita e bem trabalhada. Se encaixa numa certa tendência, não?, do encanto com a escatologia, o grotesco e o perverso, combinado com esse apuro estético, com revalorização do kitsch e do obsoleto, do universo urbano decadente e do underground – de imediato, nacionalmente, me vêm à cabeça outro pernambucano, Cláudio Assis, com “Amarelo Manga” e o próprio Dhalia com “Nina”, seu filme de estréia. Todos evidentemente, em termos cinematográficos, bebendo na fonte do mestre Tarantino e, nas demais artes, de Bukowski, Robert Crumb e outros.

Eu gosto muito quando a arte explora o estacatológico, o grotesco e o bizarro – esta é nossa salvação – e gostei bastante de “O Cheiro do Ralo”, mas, no cinema, acho que não basta exibir este mundo semi-escuro, é preciso contextualizá-lo. E é isto que falta ao filme.

Ameaça ao eDitador

Caros, passo a partir de agora a postar imagens femininas para lembrar o eDitador de balancear um pouco mais a participação entre colaboradores e colaboradoras no blog. Começo, propositalmente, pela deusa Vênus. Abs. R.

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Quinto podcast com Olavo de Carvalho

Neste podcast, Olavo discorre sobre as eleições para o Congresso norte-americano, sobre democratas e republicanos, “liberals” e “conservatives”, imprensa brasileira, Folha de São Paulo, a esquerda nas universidades norte-americanas, professores universitários brasileiros, o desconstrucionismo, a lógica formal de Frege, o Caso Emir Sader e Jorge Bornhausen, “raça” e racismo, analfabetismo funcional, pseudo-profissionais brasileiros, a guerra do Iraque, a luta pela hegemonia mundial, o conceito de genocídio, a matança de cristãos, a patrulha ideológica, o porquê de ele não ser um “touro indomável”, a corrupção no Brasil, Lula e Lulinha, a organização da “resistência conservadora”, os “dois maiores brasileiros da história” e, por fim, Olavo solicita apoio para criar uma rádio online.

Em duas partes:

    Lado A
    [audio:http://www.archive.org/download/Bate_papo_com_Olavo_de_Carvalho/olavo5_lado_A_64kb.mp3]

    Lado B
    [audio:http://www.archive.org/download/Bate_papo_com_Olavo_de_Carvalho/olavo5_lado_B_64kb.mp3]

Quem quiser baixar os arquivos mp3, visite o Archive.org.

Quem quiser ouvi-los através do You Tube, clique aqui.

2 sofás

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Avenida Paulo VI, no Sumaré (zona oeste de São Paulo), por volta das 15 horas de hoje.

O provincianismo neo-ateu

A revista Época voltou a publicar mais uma matéria baseada nas “teses” desses cientistas bobos e pretensiosos que acreditam poder refutar a existência de Deus: “Não vejo, logo Ele não existe”. (Nunca vi esses cientistas, talvez eles também não existam.) Bem, a questão é que, no meio dessa matéria tão pegajosa e melequenta quanto uma ostra, veio junto uma pérola escrita por Marcelo Cavallari, que tomo a liberdade de reproduzir logo abaixo.

O provincianismo neo-ateu

por Marcelo Cavallari

Richard Dawkins, Daniel Dennett e os demais autores que se dedicam ao recente ateísmo militante parecem figuras saídas do século XIX. Naquele tempo, o método científico que havia conseguido tanto sucesso na teoria física ensaiava se expandir com igual sucesso para todas as áreas do conhecimento e prometia tornar a religião, e de quebra a filosofia, a literatura, a arte e todas as outras formas de conhecimento, obsoleta.

Foi precisamente desse espírito ultracientificista que nasceu o século XX, o mais cruel da história da humanidade. Nunca se matou tanta gente. Nunca antes tantas atrocidades foram cometidas. Nazismo e comunismo, engendrados como sistemas de engenharia social destinados a reorganizar a sociedade segundo critérios científicos, foram os responsáveis pelos maiores massacres de que se tem notícia. Não era religião – antes a perseguição a ela – que movia Stálin, Mao Tsé-tung, Pol Pot. Os últimos baseavam-se na tese do socialismo científico de Karl Marx, que supostamente havia descoberto as leis de funcionamento da história. O primeiro, na eugenia racista, que foi ciência respeitada durante boa parte do século XIX até resultar no nazismo.

Melhor sem o fim

infiltrados.jpgTenso, muito tenso. Tensão de primeira mesmo. Mas o final… O final — isto é, como toda aquela tensão é concluída —estraga tudo. A última cena, última mesmo, antes de entrarem os créditos, é uma piadinha bem meia-boca.

Aquilo que nos distingue

Uma amiga americana, que conheci na Tailândia, de curiosidade googlou “Goiânia” para saber algo sobre a cidade onde vivo. Como resposta, dezenas de páginas sobre “acidentes radiativos” e “Césio 137”.

Me escreve: “You didn’t tell me you were radioactive?”

Nada como aquilo que nos distingue dos demais.

Para mudar de assunto

Para sair um pouco da ladainha de reclamar do PT e de “Nosso Guia”, como o chama o Elio Gaspari, falemos mal de um político da outra banda que anda muito por cima da carne seca com sua intelectualice e preparo teórico.

O César Maia, a quem se deve reconhecer coisas bacanas como a contenção da especulação imobiliária na Barra da Tijuca sobre áreas de proteção ambiental, está articulando a destruição de um dos maiores patrimônios arquitetônicos e paisagísticos do Rio de Janeiro. Na onda dos negócios e negociatas no caudal de dinheiro que são os Jogos Panamericanos no próximo ano, o alcaide quer cravar mais uma mega-obra – uma marina-shopping -, ao preço da desfiguração do Aterro do Flamengo.

Elio Gaspari fala mais sobre o assunto em artigo hoje na Folha, que se reproduz abaixo:

ELIO GASPARI

Átila capturou o Rio disfarçado de Cesar

Presidente do Iphan corre o risco de liberar canibalização de um parque tombado por Rodrigo Mello Franco

NÃO SE SUSTENTA a tese segundo a qual a obra do marina-shopping do aterro do Flamengo é necessária para o êxito dos jogos Pan-Americanos.

Escorrendo pelo Ralo

Eu definitivamente não sou um cara de teatro. Meu negócio é cinema e literatura. Conheço pouco a arte dos palcos, nunca li, nunca teorizei sobre o assunto e tenho medo. Acho o teatro – evidentemente um preconceito estúpido – campo de excessivos experimentalismos pobres e baratos, de construtos intelectuais soníferos, de elaborações rebuscadas e incompreensíveis que disfarçam absoluta ausência de conteúdo e emoções verdadeiras.

Arte é emoção e ponto final. A porta de entrada de qualquer trabalho artístico não pode ser o racional. Tem que emocionar. Se não emocionou, já fodeu. A razão tem que vir depois. Após nos emocionarmos, a gente pensa o que quis dizer, relaciona com outras coisas, outras obras, episódios da vida, etc, etc. Mas se tem que pensar de saída, está errado.

Felizmente, mais uma vez esta minha estúpida expectativa negativa não se sustentou. Juliana, Paulo, Andrea e eu fomos assistir ontem a “Adubo ou a Sutil Arte de Escorrer pelo Ralo”, peça encenada pelo Grupo Tucan, de Brasília, com direção do uruguaio radicado no Distrito Federal Hugo Rodas.

Brasil Dividido

Eu estava ensaiando escrever algo que havia mencionado em outro post, sobre a preocupação de ver o país cada vez mais dividido, receita para o desastre, mas aí me deparei com este ensaio do Robeto Pompeu Toledo na Veja, que evidentemtente coloca esta questão de uma maneira muito mais lúcida e clara do que eu seria capaz, de modo que reproduzo abaixo um pequeno trecho seu.

Eu sei que é duro aguentar o petismo e a pobreza de espírito da esquerda, mas os que se colocam do outro lado precisam ter mais serenidade e grandeza de espírito para não cairem na armadilha do divisionismo. O ódio se inflou a tal ponto que os do outro lado já não são mais que o reflexo da esquerda raivosa do lado de lá – todos sedentos de sangue. A mesma postura com o sinal ideológico trocado. Todos quase prontos a lançar o Estado de Direito às favas, desde que sejamos nós quem mande.

Eu acho que a responsabilidade do petismo por este estado de coisas é maior. Foram eles que começaram. Mas os outros, do lado de cá, não podem responder caindo nessa armadilha.

“Devagar com o andor. Assim como se impõe desarmar a árvore, depois do Natal, impõe-se desarmar os espíritos, cumprido este outro marco do calendário que são as eleições. A divisão é uma praga que leva as nações à perdição. Fidel Castro não se recuperou, quase cinqüenta anos passados, do erro de ter dividido o país. Contra ele e seu regime, aguardando a melhor oportunidade, velam inimigos sedentos de vingança. Hugo Chávez foi pela mesma trilha envenenada. Que neste período pós-eleitoral não se venha com a conversa do impeachment ou do ‘fora’ este ou aquele. Não há país que resista a um impeachment a cada temporada. Também não há vantagem, só mais uma manobra de quem cultiva o esporte do tiro no próprio pé, em destronar um presidente para criar a figura ainda mais poderosa do mártir.

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