blog do escritor yuri vieira e convidados...

Autor: pedro novaes Page 1 of 33

Tempos para Otimismo ou Pessimismo

Você acha que os tempos são para otimismo ou pessimismo? Eu sinceramente não sei.

Por um lado, discordo do catastrofismo ambientalista por achá-lo iminentemente imobilizador e calcado num deletério idealismo que, no limite, nos proíbe de viver hoje. Por outro, por mais liberal em termos econômicos que me considere, não compartilho a fé cega da economia clássica na inovação tecnológica. Parece-me evidente que há limites físicos reais ao crescimento, não apenas num futuro distante.

Pela sua importância, traduzi o ótimo artigo abaixo do economista Paul Krugman, publicado no New York Times de hoje. Sua pergunta básica é a de se a atual alta nos preços das matérias-primas refletem especulação, descompasso temporário entre oferta e demanda ou se efetivamente significam que estamos atingindo limites planetários.

Se preferir ler o artigo em inglês, clique aqui.

Sem planeta para explorar

PAUL KRUGMAN

Há nove anos atrás, a The Economist estampava uma grande história sobre o petróleo, então à venda a 10 dólares o barril. A revista avisava que isso poderia não durar. Diferentemente, sugeria que o petróleo poderia muito bem cair para cinco dólares o barril.

De qualquer maneira, a The Economist asseverava que o mundo se encontrava diante “da perspectiva de petróleo abundante e barato no futuro visível”.

Na semana passada, o petróleo atingiu 117 dólares.

Não é somente o petróleo que contradiz a complacência de poucos anos atrás. Os preços dos alimentos também dispararam, assim como os preços dos metais básicos. A escalada global nos preços de commodities faz renascer uma questão de que já não se ouvia muito falar desde os anos 70: estoques limitados de recursos naturais representarão um obstáculo para o futuro crescimento econômico mundial?

A forma pela qual se responde a esta pergunta depende essencialmente daquilo que se acredita estar impulsionando o aumento nos preços das matérias-primas. Falando de forma ampla, há três visões rivais.

A primeira é a de que se trata basicamente de especulação: investidores, em busca de altos retornos numa época de taxas de juros baixas, correram para os mercados futuros de commodities, levando para cima os preços. Segundo esta visão, em algum momento a bolha estourará e os altos preços das matérias-primas seguirão o caminho da Pets.com*.

A segunda visão é a de que os altos preços das matérias-primas têm de fato uma base em fundamentos econômicos, sobretudo a demanda rapidamente crescente dos chineses que agora comem carne e dirigem carros, mas que, com o tempo, perfuraremos mais poços, plantaremos mais hectares e a oferta maior puxará novamente os preços para baixo.

A terceira visão é a de que a era de matérias-primas baratas realmente chegou ao fim: estamos ficando sem petróleo, sem terras para a expansão da produção de alimentos e, de modo geral, sem uma planeta para explorar.

Eu me encontro em algum lugar entre a segunda e a terceira visão.

Há algumas pessoas muito inteligentes, George Soros entre elas, que crêem estarmos vivenciando uma bolha de commodities (apesar de o Sr.Soros dizer que a bolha ainda está em sua “fase de crescimento”). Meu problema em relação a esta visão é o seguinte: como estão os estoques?

Normalmente, a especulação impulsiona os preços das commodities por meio da formação de estoques camuflados. Não há, entretanto, qualquer sinal de estocagem camuflada de recursos nas estatísticas: os inventários de alimentos e metais estão próximos de seus pontos mais baixos na história, ao passo em que os inventários de petróleo estão absolutamente normais.

O melhor argumento para a segunda visão, a de que o momento crítico para as matérias primas é real, porém temporário, é a forte semelhança entre o que vemos agora e a crise das matérias primas nos anos 70.

O que os americanos mais se lembram a respeito dos anos 70 são os preços crescentes do petróleo e as filas nos postos de gasolina. Houve também, entretanto, uma severa crise alimentar global, que gerou bastante angústia nas filas dos caixas de supermercados – lembro-me de 1974, como o ano do Hamburger Helper** – e, muito mais importante, ajudou a provocar fomes devastadoras em países mais pobres.

Em retrospecto, o boom das commodities entre 1972 e 1975 foi provavelmente resultado de um rápido crescimento econômico mundial, superando a oferta, somado aos efeitos de um clima ruim e do conflito no Oriente Médio. Por fim, a má sorte acabou, novas terras passaram a ser cultivadas, novas fontes de petróleo foram descobertas no Golfo do México e no Mar do Norte, e as matérias-primas se baratearam novamente.

As coisas podem ser diferentes desta vez, entretanto: a preocupação em relação ao que poderia acontecer quando uma economia em constante crescimento força os limites de uma planeta finito soam mais reais hoje que nos ano 70.

Uma das razões para tanto: não creio que o crescimento chinês venha a diminuir de forma significativa em breve. Isso representa uma enorme diferença em relação ao que se passou nos anos 70, quando o crescimento no Japão e na Europa, as economias emergentes da época, declinou, retirando com isso muito da pressão que pairava sobre as matérias primas do planeta.

Neste meio tempo, as matérias-primas estão cada vez mais difíceis de encontrar. Grandes descobertas de petróleo são hoje poucas e cada vez mais espaçadas entre si. Nos últimos anos, a produção de petróleo a partir de fontes novas mal superou o decréscimo da produção nas fontes já estabelecidas.

E o clima ruim afetando a produção agrícola desta vez começa a parecer mais fundamental e permanente que o El Niño e a La Niña, que quebraram safras 35 anos atrás. A Austrália, em particular, se encontra agora no décimo ano de uma seca que se parece cada dia mais com uma manifestação de longo prazo de mudanças climáticas.

Suponha que realmente estejamos nos confrontando com limites globais. O que isso significa?

Mesmo que se revele que de fato estamos passando pelo ápice da produção de petróleo, isso não quer dizer que um dia iremos dizer “Oh, meu Deus? Acabou o petróleo!” e assistir ao colapso da civilização rumo a uma anarquia ao estilo Mad Max.

Mas os países ricos enfrentarão pressões constantes sobre suas economias oriundas de preços crescentes de matérias-primas, tornando mais difícil elevar os padrões de vida. E alguns países pobres se verão vivendo perigosamente próximos da borda do abismo ou cairão nele.

Não olhe agora, mas pode ser que os bons tempos tenham acabado de acabar.

*A Pets.com foi uma empresa online símbolo da bolha especulativa em torno das ações de empresas da Internet no final da década de 1990.
**Marca de comida semi-pronta nos EUA.

UPDATE: uma tradução do artigo acima foi publicada em 22/04/08 na Folha de S. Paulo (para assinantes UOL/Folha).

Sertão Filmes

O demo reel da Sertão Filmes, nossa produtora, está no ar agora no You Tube.

Blogueiros Cubanos

Artigo de Elio Gaspari hoje:

O espectro do blog ronda o comunismo

ELIO GASPARI

Começou uma bonita briga, a da ditadura cubana com os blogueiros. Os septuagenários veteranos da Sierra Maestra têm uma nova guerrilha pela frente. Em vez de viver escondida no mato, ela está na rede de computadores, e seu símbolo mais visível é Yoani Sanchez, uma micreira filóloga de 32 anos que publica a página Generación Y (1,2 milhão de visitas em fevereiro). No lugar de fuzis, cabos, pen drives e celulares com câmeras.

À primeira vista, os velhotes têm vantagem. Havana tem um só ponto de navegação pela internet acessível ao público. Fica numa pequena sala e custa 5 dólares por hora (um terço do salário mensal da terra). Dos 11 milhões de cubanos, só 200 mil têm acesso à rede, passando pelo único provedor, que pertence ao governo. Essa modalidade de bloqueio é burlada por um mercado negro de senhas e de acessos noturnos em empresas estrangeiras ou mesmo em agências estatais. Até parabólicas clandestinas já apareceram e a maior parte delas é usada para baixar músicas ou filmes.

No caso de Yoani (www.desdecuba.com/generaciony), seu blog vai completar o primeiro ano de existência e está hospedado num sítio alemão. Ela transmite suas mensagens valendo-se de algumas astúcias.

Numa, fantasia-se de turista alemã, entra num hotel e despacha o texto previamente gravado. Não se pode dizer que o blog seja um palanque de dissidentes, mas, mesmo assim, no último fim de semana o Grande Irmão o envenenou com filtros que dificultavam o acesso dos cubanos ao endereço. Yoani informa que já conseguiu se desvencilhar da macumba:

“A reprimenda é tão inútil que dá pena, tão fácil de burlar que vira incentivo.”

A moça tem muita graça. Raúl Castro libera os eletrodomésticos e ela saúda a chegada dos aparelhos de ar refrigerado, lembrando que as torradeiras virão daqui a dois anos: “Nesse ritmo, as antenas parabólicas chegarão lá pela metade do século e meus netos conhecerão o GPS quando estiverem na adolescência.” Ouvindo o discurso de posse do comandante Raúl, ela se considerou um Champollion reencarnado, decifrando os hieróglifos da Pedra de Roseta, “mais fáceis de desentranhar que o estatismo tedioso da política cubana”.

Yoani lista outros dez blogs da Ilha. Um, o Havanascity, com bonitas fotografias da cidade. Outro, Lo que yo y otros pensamos sobre la realidad cubana, é pesado como o próprio nome. Todos carregam um certo gosto pela literatura. Lembram a lição de um engenheiro de computadores de São Petersburgo que, nos últimos meses do comunismo, recomendava: “Se você quer achar a democracia nesta cidade, procure a música.”

Nos anos 80 o banqueiro George Soros financiou o movimento democrático da Checoslováquia doando computadores, copiadoras e aparelhos de fax à Fundação Carta 77. Em 1991, durante a tentativa fracassada de golpe na Rússia, foram as máquinas de fax que garantiram a comunicação dos aliados de Boris Yeltsin. Comparados com a versatilidade da rede e dos pen-drives, os equipamentos de Soros são carroças.

Por enquanto, os blogs cubanos são mercadoria para consumo externo, pois na Ilha eles só estão acessíveis para a nomenklatura ou a turma do mercado negro.

Se Raúl Castro não puder conviver nem com isso, suas prometidas mudanças acontecerão em 2131, quando completará 200 anos.

ELIO GASPARI é jornalista

Pegada de Carbono

GW

O Instituto de Defesa do Consumidor e o Vitae Civilis desenvolveram um calculador de pegada de carbono adaptado para o cidadão urbano brasileiro.

Obama na Piauí, e não no Piauí

“O espírito da liberdade é o espírito que não tem muita certeza de ter razão.”

Learned Hand, juiz americano (1872-1961).

A frase acima, que considerei genial, está na ótima matéria publicada na Piauí deste mês sobre Barack Obama. A revista, como sempre, está excelente, e disponibiliza todo o seu conteúdo na Internet.

Surfando Gigantes

Giants

Ontem tarde da noite, finalmente assisti, por acaso na tv a cabo, a Riding Giants, o celebrado documentário de Stacy Peralta sobre o mundo do surf. Não há muito o que dizer: simplesmente imperdível. De arrepiar. Incrível a quantidade de material de todas as épocas em excelente qualidade fotográfica. Parece que em todos os momentos importantes da história do surf havia uma câmera rodando. Os depoimentos de todos os grandes caras são ótimos: profundos, fortes e reflexivos. E as ondas muito muito muito grandes!

Eu sempre penso que ainda não há um documentário equivalente sobre escalada. Ainda que Touching the Void seja maravilhoso, não tem a mesma pretensão de traçar um panorama histórico e fazer uma espécie de reflexão filosófica sobre o que leva homens a arriscarem suas vidas, no caso em montanhas, assim como Riding Giants o faz em relação às ondas do oceano. Na verdade, tenho um projeto assim engavetado sobre escalada em rocha no Brasil, em parceria com o Armando Galassini, o Alexandre Portela e o Sério Tartari, três monstros da escalada nacional. Chama-se “Tragados pelo Tempo”, mas ainda não está na hora.

Se eu não sei quem é, não presta!

Francis

Quem perdeu ontem, ainda tem a chance de pegar as reprises hoje. Comemorando seus 15 anos, o Manhattan Connection exibiu quase uma hora de opiniões, chistes, bravatas e xingamentos de Paulo Francis. Lindo. Deu muita saudade dele. O homem faz muita falta em tempos de petismo. Hoje, o programa é reexibido às 14h00 e às 22h30, no GNT.

É claro que dá também pra se divertir bastante com o que há no You Tube.

Idéias Geniais

Pelo menos dá um certo alento a gente ver que não é só por aqui que surge este tipo de idéia idiota. Da Folha Online. Talvez haja algum brasileiro ou petista infiltrado lá.

Liverpool ameaça censurar filmes com cena de fumo

da BBC Brasil

O Conselho Municipal de Liverpool, que governa a cidade do noroeste do Reino Unido, está ameaçando impor uma “censura 18 anos” a filmes que contenham cenas de fumantes.

A cidade poderia utilizar leis municipais de licenciamento para tornar mais rigorosa a exibição de filmes com este tipo de conteúdo, informa o repórter da BBC em Liverpool Rowan Bridge.

As ameaças vieram depois que o órgão que classifica as obras cinematográficas no Reino Unido, o BBFC (Comitê Britânico de Classificação de Filmes, na sigla em inglês), indicou que não tem intenção de criar uma regra restritiva com base nas cenas de cigarro.

Por isso, as autoridades liverpudlianas se mostraram dispostas a agir unilateralmente, mesmo sem a cooperação do BBFC.

Elas alegam que a medida poderia evitar que adolescentes sejam seduzidos pela imagem glamourosa do cigarro nas telas.

Liverpool já detém o título nada honroso de capital inglesa do câncer de pulmão, estando entre as localidades com mais taxa de fumantes do Reino Unido.

A organização Now Smoke Free Liverpool, aliada do Conselho Municipal na campanha, diz ter evidência de que metade dos adolescentes americanos que fumam adquiriu o hábito sob influência, entre outros fatores, do que é mostrado nas telas.

Vou rifar meu coração

Lindomar

Entre os projetos em andamento em nossa produtora, está o da realização de um documentário sobre o músico Lindomar Castilho, a ser dirigido por mim e pelo Renato Monteiro, sócio da Cantagalo, agência de publicidade e co-produtora do filme.

Rei da música brega e romântica nos anos 70 e um dos maiores vendedores de discos da América Latina, Lindomar fez sua vida desmoronar em 1981 ao assassinar sua segunda mulher, Eliane Grammond, por ciúmes. Condenado, cumpriu sentença de 12 anos, parte em regime fechado, parte em liberdade condicional, no Carandiru e depois em Goiânia.

Seus grandes sucessos incluem “Eu vou rifar meu coração”, “Nós somos dois sem vergonhas”, “Eu canto o que o povo quer” e o hit “Você é doida demais”, popularizado pelo seriado global “Os Normais”.

Hoje à noite, gravaremos um show de Lindomar aqui em Goiânia. Quem quiser aparecer por lá:

LOCAL: Casa de Dança Sanfona de Ouro
HORÁRIO: 21 horas.
ENDEREÇO: Rua 220, 121, Setor Coimbra.

Em breve, informações e reflexões mais aprofundadas sobre o projeto.

Música para cegos

É o Uakti quem fez a trilha sonora do Blindness.

Page 1 of 33

Desenvolvido em WordPress & Tema por Anders Norén