blog do escritor yuri vieira e convidados...

Autor: yuri vieira (SSi) Page 60 of 72

A viagem de Sun Ra

Eis um cartoon que descreve como o jazzista norte-americano Sun Ra saiu a buscar livros…

A ética do PT

Todo mundo sabe que para ser um bom político é preciso ser um ótimo ator. E todos devem se lembrar da campanha pela ética na política capitaneada pelo PT. Bem, veja o que respondeu o teórico do teatro Jerzy Grotowski, quando indagado sobre o porquê de não usar o termo “ética”em seu curso: “(…) não usei a palavra ‘ética’, mas sem dúvida, no fundo do que eu disse, havia uma atitude ética. (…) As pessoas que falam sobre ética geralmente querem impor um tipo de hipocrisia aos outros, um sistema de gestos e de comportamento que serve como uma ética”. Precisa dizer mais alguma coisa?

“Bombas de Alegria”

Finalmente descobri por que a esquerda festiva brasileira está provocando tanto os norte-americanos: “Há autores que afirmam que a Força Aérea dos EUA, em 1966, atirava sobre o Vietname as chamadas “bombas de alegria”, petardos recheados com o ácido isolisérgico em gás, destinados a obrigar os soldados adversários a fazerem grandes viagens, ausentando-se temporária e subjetivamente, e anulando-os fisicamente no campo de guerra” (Projeciologia, Waldo Vieira). Poxa vida, os caras só estão tentando conseguir uma trip gratuita…

Cachorro da cachorra

Não apenas a galera de Brasília, mas também a de outras cidades, deve se lembrar da excelente banda “Os cachorros das cachorras”. Os caras eram músicos de verdade, tocavam rock, jazz e alguns inclusive participavam da Orquestra Sinfônica de Brasília. O baixista, Alfredog Soriano – hoje, Alfredo bello – dividia apartamento comigo e mais dois amigos. Figuraça – às vezes ia no show de saia ou vestindo só a calcinha da mãe com um coração na bunda – sem falar em seu talento, força de vontade e disciplina. Chegou posteriormente a tocar com Oto e Naná Vasconcelos. Hoje, ele e sua garota, a percusionista Simone Soul, levam adiante o Projeto Cru. Não deixe de conferir.

Novo camping selvagem

Nos anos 80 e começo dos 90, eu e alguns amigos costumávamos acampar em todo e qualquer lugar que nos dava na telha, tanto na praia quanto em cavernas, fazendas ou Parques. Na Chapada dos Veaderios – onde acampei pela primeira vez em 1986 – chegávamos a passar 15 dias andando para todos os lados, acampando onde quiséssemos, sem encontrar mais ninguém. Chamávamos isso de trekking ou camping selvagem. Fazíamos inclusive bivaque, dormindo ao relento.

O melhor manual de roteiro

Recebi o email de um internauta querendo saber qual é, na minha opinião, o melhor manual para confecção de roteiros. Olha, pra ser sincero, acho grande parte dos “manuais” que rolam por aí inúteis, uma vez que a maioria apenas se limita a listar mil e um termos técnicos e mostrar a diferença entre sinopse, argumento, roteiro cena por cena, decupagem técnica, etc. e tal. Tudo isso se aprende simplesmente escrevendo um roteiro, trabalhando. O melhor a fazer é comprar o roteiro de um filme que se curta – como o Pulp Fiction, que é fácil de encontrar – e lê-lo. Se quiser dicas de como estruturar uma história, como envolver o público, causar pathos, etc. leia então o melhor manual já escrito: A Poética, de Aristóteles. Platão dizia que a realidade é uma “mímese” do mundo das idéias, uma imitação. E a arte seria uma imitação da realidade. Na Poética, Aristóteles mostra como se dá a imitação dos “atos” humanos na epopéia, tragédia, comédia, etc. É uma leitura que vale a pena. Claro, se você já se tocou de que não basta imitar os atos, senão também o interior humano, leia os “roteiros” do melhor “roteirista” que existiu: Shakespeare. Quanto à formatação, resolva o problema adquirindo o Final Draft ou o Movie Magic Screenwriter. E pronto. O resto se resume em não esquecer a regra de ouro – “escreva somente o que pode ser visto e, se necessário, ouvido” – e em não encher o saco do diretor escrevendo literariamente, afinal, um roteiro de cinema é como um roteiro de viagem: é preciso dar espaço para que o verdadeiro viajante – o diretor – possa criar. Se um roteiro fosse literatura, seria literatura minimalista.

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P.S.: Não deixe de ler o post “O melhor software para roteiristas“.

[Ouvindo: Manguetown – Chico Science]

Almada Negreiros

A entrada anterior me fez lembrar de Almada Negreiros, poeta e pintor, amigo e retratista de Fernando Pessoa, que, ao entrar numa livraria, passou a contar quantos livros ainda precisava ler e quantos anos ainda tinha de vida. Sua conclusão: “Meu anos não dão nem pra metade da livraria…”

Trecho do Cânone

Um trecho do “Cânone Ocidental” que eu já havia sublinhado e que a Hilda Hilst voltou a ressaltar em caneta verde limão: “Todos vivemos para sempre, por isso haverá tempo para ler todos e tudo, como há em Back to Methuselah [Retorno a Matusalém] de Shaw, umas das fontes básicas de O Imortal“.

Meu exemplar do Cânone

Se eu continuar nessa minha dureza acabarei tendo de leiloar no Mercado Livre meu exemplar de “O Cânone Ocidental” (Harold Bloom). O fato de a Hilda Hilst o ter enchido de rabiscos e anotações provavelmente o torna caro aos fetichistas culturais de plantão. 🙂 Sim, também o emprestei ao poeta Bruno Tolentino – que aliás foi colega de Bloom em Essex – quem talvez tenha deixado algumas marquinhas e impressões digitais… “Ah”, já dizia Dostoiévski, “o dinheiro… essa coisa maldita que a mim tanta falta faz…”

Sonho lúcido

Noite passada tive um desses sonhos extremamente nítidos. Num antiquário, eu remexia numa caixa de moedas seculares em busca de uma com a qual me identificasse. Ainda tenho a visão de duas delas com uma nitidez espantosa: uma espanhola do século XVII e uma de prata com a efígie de Lord Alfred Tennyson, a qual escolhi por ter me parecido tão bonita. Mas, de súbito, veio a pergunta: mas por que se eu nunca li Tennyson? E então percebi que estava sonhando. O que veio a seguir entrará provavelmente no meu livro “Eu odeio terráqueos!!”…

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