blog do escritor yuri vieira e convidados...

Categoria: Ciência Page 7 of 29

“O papel é uma prisão!”

E por falar em ambientes 3D na internet, também merece ser lida a entrevista da revista Época #461 (também por Eduardo Vieira) com Theodor Nelson, criador dos conceitos de hipertexto e hiperlink ainda nos anos 1960, e atualmente professor em Oxford. O mau humor dele para com os ambientes 2D chega a ser engraçado. O cara odeia interfaces que copiam o formato do papel. E diz que seu conceito de hiperlink, esboçado no sistema Xanadu, já previa o uso duma interface tridimensional. Veja este trecho:

(…)
Época – Seu sistema de hipertexto criado nos anos 60, o Xanadu, não pegou como o padrão para os links da internet. Esse ódio não é um ressentimento pelo fracasso?
Nelson – Pode até ser. Eu não me importo. Só acho que poderiam ter feito a web de forma mais inovadora. Tudo é muito copiado. Hoje, as pessoas falam em blogs, wikis, redes sociais online. Não são idéias originais, são coisas de que já se falava nos anos 60. Publicar um diário é a coisa mais velha do mundo. E qual é a diferença entre um blog e um site? O blog rola mais para baixo? A colaboração dos wikis também não é algo novo. A novidade é que alguém o aplicou. E o MySpace? Sinceramente, não entendo o que é aquilo. Acho que preciso me tornar adolescente de novo, ter 50 anos a menos, para saber por que acham aquilo interessante. Entrei no MySpace. E me senti noutro planeta, e saí. As pessoas confundem inovação com o conceito de cópia melhorada. Quando não copiam, acham que inovação é caos. Inovação é ruptura. E nada disso é um rompimento.

Época – Antes, as pessoas não viviam em rede como hoje. Isso não é uma ruptura?
Nelson – Isso não é uma inovação. É uma conseqüência de as pessoas estarem mais conectadas. Inovação tem a ver com forma, e as pessoas não conseguem fugir do retângulo nunca. O livro é um retângulo, o papel é um retângulo, a tela do computador é um retângulo. Agora, há iniciativas de papel digital, de criar pranchetas eletrônicas para ler. É provavelmente a idéia mais estúpida que já ouvi. É um retângulo, de novo. Saiam dos retângulos! Por que tudo tem de estar em linha reta, ter um visual quadrado? O papel é uma prisão. A maior prisão da humanidade. A Microsoft imita o papel, a Apple imita o papel. Por quê?

Época – A Apple imita o papel?
Nelson – Sim! O papel é uma tradição que precisa ser quebrada. Tanto o papel em si como o formato que ele representa. Os formatos de documentos não evoluíram. A web é uma simulação do papel, um retângulo que parece uma revista. Ficamos imitando padrões. Não estou falando de tecnologia. Estou falando quase de uma religião. Sou um evangelista, tenho uma maneira diferente de pensar. Qual é a diferença entre o Windows e o Macintosh? Nenhuma. E entre um computador Apple e um da Dell? São idênticos. Duas coisas iguais empacotadas de modos diferentes. Por que a Apple faz tanto sucesso? Porque Steve Jobs tem mais bom gosto que Bill Gates. Só isso. Ele deveria ser diretor de cinema.

(…)

É como se a internet visualizada por ele pudesse derrubar tudo o que veio antes. Ele parece não perceber (ao menos de acordo com a entrevista) que as interfaces caminham de acordo com a capacidade de processamento e transmissão de dados, de acordo com o potencial do hardware. A única crítica que ele faz ao Second Life é que o programa deveria ter gráficos melhores. Mas os computadores de hoje ainda não comportam tanta informação! Imagine ir a um Maracanã virtual com 100 mil avatares na arquibancada. Isso é possível, mas meu pobre laptop não suportaria. Mas ainda vamos chegar lá.

Quanto ao formato retangular, nada o impede de lançar um livro circular. O problema verdadeiro é a palavra escrita, que desde sempre é bidimensional. Não há nenhum código capaz de portar tanta informação quanto a palavra. A única exceção, conforme já escrevi aqui e aqui, são os ideogramas chineses. Que também pouco se incomodam se estão sendo inscritos numa superfície quadrada, circular, oval, etc. É provável que essa improvável “escrita 3D” idealizada por ele não exista no planeta ainda. Até os cegos lêem em pontos dispostos em duas dimensões. Não dá pra fugir da palavra. A não ser dando um passo para trás e criando uma interface que não apenas apresente ambientes 3d mas que também atenda à fala. Trê dimensões espaciais e uma temporal, já que a palavra se dá no tempo. Um ambiente 4D, ou seja, o nosso próprio ambiente transposto ao computador. Com a diferença de que os objetos e o ambiente circundante obedeceriam à nossa vontade. Isto tudo foi comentado por Walter Benjamin: algumas idéias, quando se expressam prematuramente, parecem monstruosidades. E ele cita os dadaístas, que faziam uma confusão de colagens, uma mistura de letras e artes plásticas que não fazia outra coisa senão atordoar as pessoas. E um dia eles perceberam, na pessoa de Charles Chaplin, que o verdadeiro veículo para sua arte era o cinema, que era tudo isso – imagem, colagem, desenho, fotografia, música, palavra – mas disposto de modo harmônico. Chaplin, para os cabeças do movimento, realizou o sonho dadaísta.

Esse Ted Nelson deve ter nascido antes do tempo mesmo.

O futuro da Internet

Da matéria de capa da revista Época #461, A segunda vida da Internet, assinada por Eduardo Vieira (meu parente?):

“Pode parecer uma brincadeira para alguns, mas tenho a sensação de que estamos diante do futuro da Internet. O Second Life torna possível fazer tudo o que já fazemos na web, mas de uma maneira mais amigável.”

(Sam Palmisano, presidente mundial da IBM)

___________

“O Second Life é um exemplo de inovação dos programas de interação entre homens e máquinas. A interface em três dimensões é o futuro da internet. Ela vai provocar uma revolução tão grande quanto a própria criação da World Wide Web. (…) Hoje, se eu quiser, posso comprar uma carruagem e dois cavalos. Mas sei que andar de carro é mais eficiente. Quem vive no Second Life tem exatamente essa sensação. De que, no fundo, está um passo à frente dos outros.”

(Theodor Nelson, professor da Universidade de Oxford, criador dos conceitos de hipertexto e hipermídia nos anos 1960.)

___________

“O Second Life é um mundo em que tudo é possível. E um universo como esse merece dedicação intelectual integral.”

(Henry Jenkins, professor de Estudos de Mídia do MIT)

___________

“O impacto do Second Life é semelhante ao do videocassete nos anos 80 e ao da web nos 90.”

(Irving Wladawsky-Berger, vice-presidente de Estratégias da IBM.)

___________

“O Second Life é só o começo de uma onda de realidade virtual que vai inundar nossa vida.”

(Professor Silvio Meira, fundador do Centro de Estudos e Sistemas Avançados do Recife.)

Em suma, não sou o único a achar a mesma coisa, não sou o único a clicar com tanta insistência no mesmo ícone. Tenho falado isso repetidas vezes, tanto no blog quanto entre amigos, desde Setembro de 2006, quando “nasci” no SL. “O bicho é revolucionário”, escrevi em meu primeiro post sobre o SL. Mas as pessoas se limitam a responder com sorrisinhos, como quem sente peninha de um maluco. É o que dá não ser professor de Oxford, do MIT, presidente da IBM ou coisas assim. Às vezes é preciso lembrar às pessoas que “ter visão” não é algo entranhado com títulos e cargos. Basta abrir os olhos sem preconceitos. O 3D, via internet, já chegou e o SL é o primeiro capítulo dessa nova fase.

Aliás, a reportagem da revista Época é a primeira abordagem brasileira sobre o assunto a não se restringir ao sensacionalismo (“cuidado com o vício!”, “não troque uma realidade por outra!”, “joguinho novo na área!”, etc.) ou àquela visão a là papai-mamãe que observa o filhinho jogar RPG sem ter a menor noção do que se trata. Tanto que há um depoimento bastante bem humorado do jornalista Marcelo Zorzanelli sobre sua experiência com a “segunda vida”, onde ele confessa que “vagabundeou”, trabalhou como segurança de boate, transou e que, se chorou ou se sofreu, o importante é que emoções ele viveu… (Aposto que ele não conseguirá largar mais, hehehe.)

You Tube e Viacom

Ah, sim, agora entendi. De fato eu me lembrava de que a Viacom havia feito elogios ao You Tube meses atrás. Daí eu não conseguir entender esse processo de 1 bilhão de dólares, já que a partilha da publicidade entre os produtores e o site nunca passou duma questão técnica a ser viabilizada. Mas é que agora há o anti-pirata Joost, supostamente muito mais apropriado às grandes empresas! Mmmmmm. E os caras já pretendem iniciar enfraquecendo o concorrente… Neguinho é foda!

A Resistência do Vinil

E por falar no making of da Mostra Curtas, quero tocar rapidamente no nome do nosso amigo Eduardo Castro, autor das imagens do dito cujo e diretor do divertidíssimo documentário A Resistência do Vinil. Foi ótimo dirigir o Eduardo. Tudo o que eu tinha a fazer era interromper a conversa que ele estava tendo com alguém, em geral comigo mesmo, e lhe pedir para gravar. O resto era praticamente automático. Daí o apelido “piloto automático” e tal. 🙂 Aliás, logo logo o cara vai arrebentar com um documentário bomba que está montando – com dez anos de imagens e entrevistas gravadas (em VHS, miniDV e HDV) – sobre a Guerrilha do Araguaia.

Segue abaixo A Resistência do Vinil, em duas partes de 10 minutos cada. (Tem um bobo lá dizendo que o capitalismo é culpado pelo “fim” do vinil. O problema é que ele adquire seus discos velhos em lojas/sebos, isto é, no mercado. Cada um…)

Segunda parte:

Sentando no próprio rabo

Eu não vi o filme do Al Gore e nem quero ver, mas não me confundam com o Paulo Paiva que não acredita no papel humano nas mudanças climáticas, etc. e tal. Acho os ecologistas em geral chatos e chorões, além de herdeiros da tradição política da esquerda, que acha que são as idéias quem define as pessoas e que quem não está do nosso lado está contra nós. Fodam-se.

Mas eu também acho um pé no saco esse escárnio de quem não leu, não viu e não sabe do que se trata e fica com risadinhas, como se falar no efeito das ações humanas sobre o meio ambiente e nas relações entre economia e ecologia ainda fosse realmente coisa de hippie. Tá certo. Então o Nick Stern, o Amartya Sen, o José Eli da Veiga e Miriam Leitão são companheiros em armas de guerrilha e ficam fumando maconha e viajando nessas coisas, né?

Aí eu tava escrevedo outro dia um post sobre a relação entre ciência e política, tendo como base o aquecimento global, pra brigar com o Paulo e depois me deu uma preguiça danada e ele está aqui meio parado, porque eu entrei numa de citações e comecei a estudar e achei tudo isso muito ridículo.

Aí eu vejo um texto como esse no Mídia sem Máscara e me lembro de um texto do Alexandre Soares Silva (não sei cadê, mas procura aí que cê acha nos posts antigos) em que ele dizia que sempre que ouvia alguém falar que não era nem de esquerda, nem de direita, dava um nervoso e ele ficava olhando pros pés da pessoa com medo de que ela fosse começar a sambar.

O Paulo já tinha me falado dessa bobagem da casa do Al Gore ter um consumo imenso de energia e de se configurar em uma hipocrisia muito grande ele viver assim e vir falar do aquecimento global. Eu dei uma risadinha e perguntei se ia chover porque não estava fim de falar dessas coisas. O argumento do texto é bem bobinho. Levado ao limite, ele significa que nenhum de nós, exceto talvez um asceta nas montanhas tibetanas, pode fazer crítica a coisa alguma, porque afinal nosso telhado é sempre de vidro, ou não? Aliás, não há nada que distingua mais a tal da modernidade do que esta separação entre discurso e prática, ou não? Todos os dias, inúmeras vezes, a maioria delas sem que nos demos conta, pregamos coisas que não praticamos ou fazemos coisas que vão contra valores que nós mesmos defendemos.

Eu mesmo, e não apenas o Al Gore, temos modos de vida profundamente insustentáveis em termos ambientais, começando por coisas básicas: entre outras coisas, não separo o lixo do meu lar e trabalho a maior parte do dia em uma ilha de edição com ar condicionado a 19°C gastando preciosos kilowatts de energia produzidos no Brasil num mix que inclui termelétricas a gás, gerando gases estufa, hidrelétricas, alterando radicalmente grandes ecossistemas e emitindo gases estufa, e nuclear, ao risco que brincar com a radioatividade impõe. São apenas singelos exemplos.

Tudo bem. É evidente que o seu Al Gore tem mais responsabilidade que nós pela posição que ocupa e blábláblá. Mas realmente o que me surpreenderia seria ele ter uma casa parecida com um cupinzeiro, construída de adobe, usando técnicas de permacultura, com condicionamento de ar natural, usando técnicas herdadas dos povos pré-colombianos em suas pirâmides, aquecida por células de hidrogênio no inverno e movida a energia solar.

No limite, segundo o raciocínio de Eduardo Ferreyra, ninguém pode falar nada. Sentamos no próprio rabo o tempo todo. Criticazinha besta. Me dá raiva até de ler e gastar minha manhã de sábado escrevendo isso, quando tenho outro post mais engraçado e menos sérião pra fazer. Devo ser tão chatinho quanto esse Eduardo Ferreyra que nem sei quem é.

O Mídia Sem Máscara costuma publicar textos bem melhores.

Saco.

O Garganta de Fogo em erupção

Eu certamente já esclareci isto em algum post, mas, se ainda não o fiz, faço-o agora: este blog deve seu nome ao vulcão equatoriano Tungurahua (do quechua Garganta de fogo), de 5060 metros, que a duras penas escalei anos atrás, antes que reiniciasse a série de erupções em que se meteu a partir de 1999. (Veja as fotos no meu perfil.) A foto abaixo foi eleita a foto do dia pela Folha de São Paulo. (Isso é o que eu chamo de propaganda subliminar…) Que Deus olhe pelo povo de Baños e de Ambato, Província de Tungurahua, e pela família Naranjo, minha família de intercâmbio, que vive próxima ao vulcão Cotopaxi (5890m), alguns quilômetros mais ao norte, que também escalei, e que ainda é ativo. Viver à base dum vulcão é como viver coletivamente sob a espada de Dâmocles.

tungurahua3.jpg

“Permaneço um racionalista”

Seria psicanalítico demais, depois de postar o texto do Graciliano, citar o José Guilherme Merquior? Acho que não. Ter consciência da crítica do Graça – é… sou íntimo dos meus heróis – aos “intelectuais de miolo mole” faz da minha citação algo mais do que um ato falho freudiano (falho exatamente quando inconsciente). Faz dela justamente uma filiação, apesar do Merquior nada ter a ver com meus devaneios de “sumo pontífice em brochura”. Ser amigo dos mortos tem esta vantagem. Além disso, ela diz muito sobre minha posição intelectual e pessoal a respeito do meu último debate travado no blog.

Doa a quem doer, permaneço um racionalista – embora firmemente convencido de que o único racionalismo consequente é o que se propõe, não a violentar o mundo em nome de seus esquemas, mas a apreender em seus conceitos, sem nunca render-se ao ininteligível, sem jamais declarar o inefável, a essência de toda realidade, ainda a mais esquiva, mais obscura e mais contraditória. Somente as almas cândidas, os cegos voluntários e os contempladores do próprio umbigo não percebem e não aprovam a virilidade desta Razão; mas ela é apenas a própria e íntima razão de todo verdadeiro conhecimento humano.

O polêmico aquecimento global II

Há uma variável que nunca vejo ser levada em conta nas equações catastróficas, via imprensa, do famigerado aquecimento global: o aquecimento do próprio Sol. Segundo Richard Willson (pesquisador da Columbia University e do NASA’s Goddard Institute for Space Studies), o aumento da temperatura solar contribuiu com algo entre 10 e 30% do aquecimento global registrado apenas entre 1980 e 2002. E, segundo consta, isso vem ocorrendo desde antes do início do século XX. Aí eu me pergunto: qual a conexão entre o comportamento humano e o estado do nosso Sol? O que ficaremos proibidos de fazer para evitar o incremento da atividade solar? Que artigos o futuro Governo Mundial terá em sua Constituição para nos acusar de “acaloradores” da nossa estrela? Porque esse negócio de plantar um bosquezinho de sequóias a cada peido de metano que dermos não irá adiantar muito não. No fundo, imagino que a burrice e a maldade tenham sim algo a ver com a atividade do Sol. Ele deve ficar muito irritado ao iluminar o que se passa por aqui. Se isso for verdade, creo que ya nos jodimos todos. Só com a eleição do Lula várias explosões solares de grande magnitude devem ter ocorrido. Sem contar as burradas de todos os demais políticos e líderes da Terra, seus gurus e seus financiadores. E as minhas burradas. E as suas.

Espero que o tal Jan Val Elan esteja certo…

(Este é um post para reforçar o anterior.)

O polêmico aquecimento global

Rolou, no correr da semana passada, uma discussão interna entre os colaboradores deste blog, via email, a respeito do aquecimento global. Na verdade, participei mais enquanto observador – não tenho acompanhado esse tema com a devida atenção -, mas meus colegas de nome bíblico (Pedro, Paulo e Daniel) andaram medindo os bigodes. Paulo e Pedro já trabalharam nessa área por anos, tendo o Paulo sido superintendente do Parque Ecológico de Goiânia e o Pedro, geógrafo e consultor na área, além de cineasta, com documentários tratando do assunto circulando por aí. Ah, vale dizer que ele também traz os genes do pai, o jornalista Washington Novaes, com anos e anos de dedicação ao debate ambiental. Já o Daniel é mais como o autor deste post, imagino: assim como eu fui um militante da Fundación Natura, no Equador, foi ele membro de um grupo de militância ambiental anos atrás. Enfim, na referida discussão, meu único comentário foi: vcs deviam ter escrito isso tudo no blog. Já que ainda não vejo sinais do debate por aqui, aproveito para dar a deixa ao sugerir a leitura do post do Pedro Sette Câmara, Václav Klaus sobre o aquecimento global, no blog O Indivíduo.

Sobre ciência e religião III

Eu deveria gerenciar os temas vinculados à discussão em seus respectivos posts originais e não pentelhar a área principal do blog com comentários sobre comentários dos comentários. Mas fiquei com pregüiça e resolvi colocar tudo num último post – que é último apenas porque não vou mais postar sobre isso, não porque resolvi a questão. Deveria também continuar o post anterior (o nº 2), mas como houve desdobramentos bastante interessantes, optei por comentá-los. Vamos lá.

Page 7 of 29

Desenvolvido em WordPress & Tema por Anders Norén