blog do escritor yuri vieira e convidados...

Categoria: Viagens Page 4 of 38

Um mergulho aristotélico-stanislavskiano

Trecho de mais um artigo imprescindível, Quando a alma é pequena:

“(…) Esse medo, por sua vez, revela-se da maneira mais inconfundível na literatura de ficção nacional. Repassando mentalmente as produções maiores da nossa criação romanesca – índice seguro da imaginação das classes letradas –, o que me chama a atenção em primeiro lugar é a falta absoluta de problemas, de enigmas, de perplexidades. O romancista brasileiro limita-se a retratar situações vistas segundo a ótica de uma filosofia ou ideologia preexistente, de modo que tudo no fim parece óbvio e explicado. Não estou falando de escritores ruins, mas justamente dos melhores. Tomem o excelente Graciliano Ramos no mais bem sucedido dos seu livros, São Bernardo , no mais popular, Vidas Secas , ou no mais ambicioso, Angústia . O que se vê nos dois primeiros são equações de sociologia desenvolvidas com a lógica de uma demonstração matemática, a condição de classe dos personagens determinando suas escolhas e produzindo inevitavelmente o destino correspondente: o senhor de terras age como um senhor de terras, a professorinha como uma professorinha, o camponês diante da autoridade como um camponês diante da autoridade. É tudo muito bem observado, muito bem construído, mas não suscita um único “por que?”. No terceiro romance a fórmula parece complicar-se um pouco mediante a introdução de elementos de psicopatologia, mas no cômputo final estes se somam aos dados sociológicos e explicam tudo. Ninguém nega que esses livros sejam obras-primas à sua maneira, mas, se eles nos ensinam algo sobre a vida brasileira e algo sobre como se escreve um romance, não abrem nossa inteligência para nenhuma questão que ali já não esteja de algum modo respondida. Não têm a força fecundante da grande arte literária. O mesmo pode-se dizer de quase toda a produção de Raul Pompéia, José Lins do Rego, Jorge Amado, Lima Barreto, Guimarães Rosa, José J. Veiga, Antônio Callado, Herberto Sales, Josué Montello e outros tantos.

“Você não pode ler o teatro grego, Shakespeare ou Dostoiévski sem perceber que ali se encontra algo de perfeitamente real e ao mesmo tempo inexplicável, lógico e ao mesmo tempo absurdo. Os ensaios de interpretação podem se multiplicar ao longo dos séculos sem jamais dar conta do mistério. A grande literatura de ficção mostra-nos como é a vida humana, mas não pode nos explicar o porquê. Para fazê-lo, teria de subir um grau na escala de abstração, tornando-se análise e teoria, abandonando portanto a contemplação da vida concreta, que é o seu terreno específico. Mesmo os romances mais complexos do século XX, que incorporam elementos de análise filosófica, como A Montanha Mágica de Thomas Mann, Os Sonâmbulos de Hermann Broch, O Homem Sem Qualidades de Robert Musil ou a trilogia de Jacob Wassermann ( O Processo Maurizius , Etzel Andesgast e A Terceira Existência de Joseph Kerkhoven ) não têm por resultado uma teoria explicativa mas a expressão formal concreta de um aglomerado de tensões sem solução. Daí o fascínio mágico que continuam exercendo sobre o leitor por mais que este, eventualmente filósofo ele próprio, se esmere em transformar o egnima em equação. A equação resolvida é sempre genérica, não esgota nunca a infinidade de sugestões embutidas na trama particular e concreta.

“Nada disso se observa em geral na ficção brasileira, uma literatura de segunda mão que nasce do recorte da experiência pelo molde de explicações previamente dadas. A análise das obras esgota rapidamente a problematicidade da sua cosmovisão, não sobrando outro enigma senão, é claro, o do talento individual que encontrou soluções tão boas para a transposição estética de uma vivência espiritual tão pobre.(…)”

Tudo o que é sólido…

Esse cara é bom.

Algumas verdades inconvenientes

1) Sim, Hollywood ficou toda prosa com o filme do Al Gore. Contudo, ninguém me tira da cabeça que o cinema americano – com suas enormes explosões, incêndios e tiroteios – é responsável por pelo menos 50% do efeito estufa. O que quer dizer que, se não fosse o cinema deles, a Terra seria mais fresquinha. Sacou? Sem os filmes do Rambo, do governador Schwarzenegger e, sei lá, sem os filmes sobre a guerra do Vietnã, seria possível até mesmo nevar aqui no Centro Oeste. (Na fazenda da minha saudosa avó materna, geava. O tempo passou, a véia morreu e não geia mais.)

2) O Jornal Nacional mostra uma reportagem falando coisas terríveis sobre a poluição dos rios e a porcaria que são as tais garrafas plásticas e demais dejetos não-degradáveis encontrados em meio à natureza. (São mesmo, principalmente quando muito distantes da possibilidade de serem recolhidos e reciclados.) Em sua locução, a Fátima Bernardes faz a mesma cara de quando o Brasil perde um jogo na Copa, aquele olhar de amiga de defunto recém empacotado. Intervalo comercial: Coca-cola, guaranás x, y, e z. Todos em garrafas PET. Volta o jornal e aparece o William Bonner todo sorridente mostrando uma apreensão de toneladas e toneladas reluzentes de CDs e DVDs piratas sendo esmigalhadas por tratores ou seja lá o que for aquele monstro de ferro e aço. O pátio da polícia federal fica repleto de pequenas montanhas de lixo plástico e… alumínio? Não sei. Sei apenas que não falam nada a respeito do destino de tanto lixo. Por que não? Meu Deus! Por que nããão? À noite, a cabeça cheia de circunferências metálicas de brilhos iriados, os olhos teimam em arregalar-se. Tento dormir. Não consigo.

3) Prosseguindo minha pesquisa no Google, volto a encontrar vários sites se referindo ao aquecimento do próprio Sol. (Sim, basta digitar “solar warming“.) Isso me deixa preocupadíssimo, afinal ninguém parece dar atenção ao tema, o Al Gore não passa nem triscando nele, e o Sol impávido segue sua órbita ao redor do centro da Via Láctea, um colosso a ignorar nossos temores. Porra, penso, cadê a ONU? Alguém precisa multar o responsável pelo Sol, ameaçá-lo com uma comissão de astrônomos e, por que não?, de astrólogos. Caso o Sol prossiga com sua maldade, seria necessário enviar os capacetes azuis para tomá-lo de assalto, invadi-lo e fincar lá a bandeira das Nações Unidas. Hmmm. Sim, sim. É fato, os sacanas dos americanos certamente não cederão os foguetes da NASA. The bastards! Será preciso recorrer à Rússia, um povo muito mais racional…

4) Hugo Chávez acusa os futuros produtores de etanol de roubar terras necessárias à agricultura de alimentação, mas não se dá conta de que, segundo aquele pessoal da ONU que o convidou para xingar o Bush de diabo lá em Nova Iorque, o aquecimento global – responsável pela tal desertificação e pelo desarranjo climático destruidor das hortas das velhinhas camponesas de todo o mundo – é supostamente causado pela queima do petróleo que sustenta seu governo corrupto. Ou será que ele já tem a confirmação de que a culpa é apenas do Sol?

O que move o movimento?

Vocês já matutaram sobre a expressão “movimento estudantil”? Pois é. A primeira coisa que me vem à cabeça é a seguinte pergunta: para onde? Já que se move, em qual direção vai? Nos últimos anos tem ido da esquerda para a esquerda, ou seja, não sai do lugar. Segunda coisa: se há movimento, então algo se move, logo, o que está se movendo? O estudante? Só se for para sair de casa e invadir reitorias ou, num passado não tão distante, jogar pedra em presidente. Enfim, será que ainda podemos atribuir a esta expressão algum sentido? Eu acho que sim.

Telefones clonados e Oriente Médio

Minha irmã, que por mais de cinco anos trabalhou para a Embratel e depois para a Brasil Telecom, me disse que a quase totalidade das ligações feitas por telefones clonados se dirige ao Oriente Médio, principalmente à Arábia Saudita, ao Iraque, à Líbia, aos Emirados Árabes e ao Líbano. “Havia listas e listas com essas ligações”, contou-me ela. Grande parte dessas clonagens são feitas por presidiários a partir de celulares e de suas “centrais telefônicas” piratas. Num belo dia, você abre sua conta telefônica e percebe que alguém fez uma ligação para um desses países que lhe custou a bagatela de R$1500, R$2000 ou R$3000… Peraí! Sobre o que essa gente tanto conversa? Petróleo? Maomé? Aviões?… As únicas ligações clonadas que tinham destino certo eram as realizadas para Lichtenstein, na Alemanha: um serviço de sexo por telefone. Bem, não creio ser essa a especialidade do Oriente Médio…

KGB: missão cumprida

Segundo o ex-agente da KGB Yuri Bezmenov, apenas 15% do efetivo e dos gastos da KGB estavam relacionados com espionagem. Os demais 85% foram utilizados num massivo ataque às bases da inteligência ocidental, que efetuou o que ele chama de “subversão ideológica” (ou “guerra psicológica”), isto é, uma “completa alteração na percepção da realidade” por parte de suas vítimas. Infiltrada nas universidades, na imprensa, na produção artística e cultural norte-americanas (principalmente), a KGB conseguiu eliminar a capacidade de julgamento moral daquela sociedade, atingindo seu triunfo nos dias atuais (na verdade, a entrevista é de 1983), uma vez que a geração que estudava nos anos 60, a mais bombardeada pelos slogans e pela semeadura de reflexos condicionados, havia então chegado ao poder. A corrupção moral dessas pessoas tornou-se tão profunda que já não conseguem ser atingidas por fatos, não importando o número de provas autênticas que se lhes apresentem. Nem se esfregassem o nariz da Jane Fonda num campo de concentração soviético, ela iria acreditar na realidade daquilo. (Parece o povo de certo país dominado por bandidos petistas, pelo Foro de São Paulo, etc.) Ele diz que, para o indivíduo, esta corrupção das bases morais é um processo irreversível.

Contudo, o mais interessante é saber o que é que um novo regime, nascido dessas lindas idéias de “igualdade e justiça social”, faria com os propagadores das tais. E o pior é que a onda de corrupção moral atingiu os quatro cantos do mundo e, claro, a América do Sul, seja através da “revolução bolivariana”, seja através do Foro de São Paulo e do PT. Sem esquecer a Nova Ordem Mundial que segue caminhando a passos largos… E a KGB que hoje atende pelo nome de “máfia russa”…

Uma reportagem completa, de 29min, também está disponível no Google Video.




Via True Oustspeak e swimming against the red tide.

África do Sul

África do Sul

[Use a apresentação de slides]

Nada ainda

Pois é, Jan Val Ellam, findou o mês de Abril e o Kara nada, nem um email a desmarcar a chegada anunciada. (Apenas torpedos espirituais.) De fato, ninguém sabe o ano, o mês, o dia, a hora, o…

Greetings from South Africa

lion.jpg

E o Controle venceu a Kaos

Ter dirigido o curta-metragem Espelho, com a Cássia, foi simplesmente uma das coisas mais loucas que fiz na vida. Entrou para os Top 5 do meu rol de insanidades, justamente após a escalada ao vulcão Tungurahua e antes de… bem, leia meu conto Genus irritabile vatum… Sério, não estou brincando: uma pessoa que decide estrear no cinema com um orçamento curtíssimo e colocando, além da equipe, cerca de 150 figurantes famintos e cansados dentro duma sala de cinema por quase 21 horas seguidas não pode bater bem. Quando mais alguém disser “o Yuri é doido”, direi “de fato, ele é”. Eu andava pelo set e pensava, “as pessoas devem estar dizendo para si mesmas: ‘eu não gostaria de estar na pele desse cara'”. Mas tudo correu bem, graças ao apoio dessa equipe maravilhosa cujos nomes citarei mais tarde. Conforme anunciei, o Controle protegeu o set contra as forças trevosas da Kaos. Tudo poderia ter dado errado, mas mil e um pequenos milagres nos salvaram. E da maioria deles só tomei conhecimento após as gravações. Eu acreditava estar na posição mais difícil, mas na verdade estava no olho do furacão, um oasis de calma em meio a uma verdadeira batalha contra as circunstâncias. Cada situação, cada encrenca de que nem me dei conta, concentrado que estava em instruir os atores e compor os planos. Sim, às vezes chegavam notícias escabrosas: “alguém desmaiou!”, “uma diabética está com hipoglicemia!”, “uma grávida está passando mal!”, “não encontraram as balas de festim!”, “sem óleo o projetor vai queimar!”, “mais da metade dos figurantes querem ir embora!”, “a comida ainda não chegou!”, etc., etc. Embora nem tudo tenha saído conforme planejado, e a pressão das circunstâncias tenha impedido, em algumas cenas, a busca do “plano perfeito”, minha co-diretora foi destemida, minhas produtoras foram verdadeiras paladinas, os atores foram incríveis e os técnicos, excelentes. Que Deus abençoe a todos.

Seguem algumas fotos (feitas pela Karina, minha irmã, que se incumbiu da claquete), que incluem nossos atores estreantes Pedro Novaes e Paulo Paiva, colaboradores deste blog. (O Pedro tornou-se um verdadeiro psicopata, uma atuação impressionante.)

Equipe do filme EspelhoCom o ator Pedro NovaesA atriz RenataInstruindo o ator Sandro TorresYuri, no monitorCassia, diretoraO ator Paulo Paiva

Page 4 of 38

Desenvolvido em WordPress & Tema por Anders Norén