O Garganta de Fogo

blog do escritor yuri vieira e convidados...

Tática de Avestruz

Outro dia, como se sabe, “nosso guia” imputou a culpa do não crescimento do país a “índios, quilombolas e ao meio ambiente”, referindo-se a supostos entraves trazidos pela legislação que protege estes grupos humanos e a natureza. Como grande parte do empresariado, faz como avestruz: enfia a cabeça no chão, mas não sai do lugar, preferindo sempre ser atropelado pelas circunstâncias.

Abaixo, artigo de José Eli da Veiga, professor titular da FEA/USP, com seu raciocínio sempre cristalino, na Folha de hoje. Quem for assinante e quiser ler o outro artigo, que responde “sim” à pergunta formulada, está aqui.

TENDÊNCIAS/DEBATES

Para crescer, o Brasil precisa mudar a legislação ambiental?

NÃO

Da ingenuidade à covardia

JOSÉ ELI DA VEIGA

CLARO QUE certos investimentos seriam desinibidos pela relaxação de restrições à possibilidade de depredar recursos naturais e de poluir. Tanto quanto outros o seriam pela relaxação de restrições à possibilidade de explorar crianças ou o trabalho forçado. Ou, ainda, pela relaxação de tantas outras instituições criadas no século passado para proteger as pessoas e a natureza da voracidade desse gênero de investidores.

Jobim e Mongaguá

Tom Jobim morreu num 8 de dezembro. Foi em 1994. John Lennon também, mas 14 anos antes. Do Lennon, não me lembro; tinha 9 anos. A morte de Jobim foi um episódio bem estranho.

Eu havia acabado de chegar ao jornal quando me deram a notícia. Foi uma surpresa para todos. A redação do Estadão passou o dia bem mais silenciosa do que normalmente. Eu tinha começado a trabalhar no jornal havia um mês, achei que, sei lá, aquilo poderia ser algo normal. Mas nunca mais aconteceu. Nunca mais vi a redação em luto daquele jeito. Todos estavam tristes, cabisbaixos.

Mas o pior foi a manchete do jornal no dia seguinte, a única diferente de todos os grandes do País: “Jatene será o ministro da Saúde”. Perfeita sintonia, não?

Estranha foi a homenagem de São Paulo ao compositor. Tudo bem que ele não tinha lá uma grande proximidade com a cidade… Mas precisava ser aquela passagem subterrânea na Avenida Tiradentes?

Acho que mais lamentável mesmo foi a minha história sobre Mongaguá. No fim de 1993, Jobim iria fazer um show gratuito no Parque do Ibirapuera num domingo. Eu ainda estava descobrindo São Paulo e rolou um churrasco em Mongaguá. Alguém conhece Mongaguá? Vou morrer sem ter visto Jobim.

Bonita, mas fodona

Tenho que concordar com o Alex Castro de que se trata do comercial mais sexy de todos os tempos.

Um assento a qualquer preço

Nesse devaneio fadado ao fracasso de um assento no Conselho de Segurança da ONU, é esse tipo de coisa que o Governo Lula anda fazendo:

Brasília acaba de emprestar seu aval ao pior genocídio em curso no planeta: o massacre de Darfur, que já matou mais de 200 mil pessoas e deixou 2,5 milhões de refugiados no Sudão. Na terça-feira, no Conselho de Direitos Humanos da ONU, o Itamaraty se absteve de votar uma resolução que exigiria do Sudão o julgamento dos responsáveis pelo morticínio. A resolução acabou derrotada por 22 a 20 e 4 abstenções. Diplomatas sudaneses mal continham a satisfação diante do voto brasileiro.

Do Estadão de domingo, via Ex-Blog do César Maia.

Um fotógrafo no MSN

O problema de conversar com fotógrafos profissionais pelo MSN é que eles não param de nos enviar fotos. Fica difícil de saber se estão prestando atenção ao que estamos dizendo. O mais chato é que algumas dessas fotos, em formato tif, chegam a ter 20Mb de tamanho!!

Second Life: Solte Sua Imaginação

Era esse o nome do Projeto do qual fiz parte anos atrás em São Paulo: Solte Sua Imaginação. Na verdade, não foi além de um site que dividi com o fotógrafo Dante Cruz e com o VJ Alexis Anastasiou, tendo cada qual uma página para apresentar suas próprias viagens pessoais. (Hoje é apenas o site do atual estúdio do Dante.) O Dante, obviamente, pretendia incluir mais um monte de artistas, músicos, cineastas, DJs, estilistas e escritores que pudessem dar asas às suas respectivas imaginações, gente que íamos conhecendo nas raves que frequentávamos. Mas o Projeto SSi não foi pra frente. Claro que tudo teria sido muito diferente se fôssemos programadores e não um bando de artistas. Porque, quando me lembro das conversas que eu tinha com o Dante, vejo que a realização de tudo o que ele sonhava então – liberdade, criatividade, interatividade, internacionalismo – se chama hoje Second Life. Ainda não é grande coisa – e para muitos pode não passar de um vício besta e de pura perda de tempo – mas essa tal “SL”, como se costuma dizer ali dentro, já está pirando a cabeça de aproximadamente 1.790.000 pessoas.

(Senhor, não me deixeis errar pelos caminhos perversos da minha imaginação…)

Total de mortes no Iraque?

Por que será que todos se arrepiam tanto ao falar do número de vítimas da guerra do Iraque e não dão a mínima bola pra nossa guerra interna? De 2003 até hoje, a guerra do Iraque matou algo entre 49642 e 55048 iraquianos e, entre os exércitos de coalização, cerca de 2907 combatentes. Mas porém contudo todavia, segundo o IBGE, apenas em 2005 morreram 104 mil brasileiros, todos vitimados por nossa violência interna, sem qualquer participação de tropas norte-americanas e do Bush. (Eu mesmo já tive uma arma apontada para mim duas vezes e juro que não eram fuzileiros navais americanos.) Onde está a segurança, função básica do Estado? Bom, claro que o Lula não tá sabendo de nada e não tem nada a ver com isso…

O programa de rádio do Olavo

Estreou ontem o programa de rádio do Olavo de Carvalho, no qual, entre várias outras coisas, ele cita um exemplo de algo que conversamos em nossos podcasts: os debates fundados no emocionalismo. Clique aqui para ouvir a gravação do primeiro programa.

A imitação do Amanhecer

Depois da via crucis do Pedro com o Banco do Brasil, vamos a algo mais inspirador. Comprei “A imitação do amanhecer” do Bruno Tolentino. Entre uma e outra leitura teórica, é um bálsamo voltar à erudição sem pedantismos do Bruno. Poesia é um negócio doido. Tematicamente, o livro fala de Alexandria – aliás, a capa é muito bonita, desenhada a partir de uma gravura de Johann Bernhard Fischer von Erlach, toda em tons de cinza levemente azulado, com o nome do autor, em violeta, e o nome do livro, em preto, alinhados ao topo e à direita da página, margeados pelo imponente e mítico farol; obra da designer Paula Astiz. Mas do que fala mesmo a poesia???

Pela Privatização do Banco do Brasil

Mais uma vez, quem vem defender privatizações é o dito esquerdista do blog. Neste caso, entretanto, não se trata de nenhum tipo de convicção liberal, mas de puro e rasteiro interesse pessoal mesmo. Estou cagando para o patrimônio do povo brasileiro e pro que fazem com o dinheiro público, só não aguento mais ser cliente desta grande instituição pública que é o Banco do Brasil e gostaria que ela fosse privatizada simplesmente para que seus funcionários e seu espírito institucional deixassem de ser públicos e fossem todos à merda.
Infelizmente, possuo hoje quatro contas correntes no mencionado banco oficial: uma como pessoa física e três de pessoa jurídica para uma das empresas de que sou sócio, uma produtora de cinema e televisão. Não as opero nesta instituição por meu desejo, mas porque assim me obrigam: a de pessoa física para o recebimento de uma bolsa de pesquisa ora já encerrada, as da empresa para recebimento de recursos incentivados pela Lei Rouanet. Infelizmente, a despeito de já ter acabado o projeto de pesquisa a que me dediquei e pelo qual fiz jus à dita bolsa, não pretendo tampouco por agora fechar a conta corrente porque sei que, mais dia menos dia, algo me obrigará a abrir novamente uma conta neste maldito banco.

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