blog do escritor yuri vieira e convidados...

Autor: pedro novaes Page 13 of 33

Almodóvar!

Quero colocar em dia as impressões sobre os últimos filmes vistos. A correria não tem deixado.
Começo pelo último. De longe, o mais impressionante deles: Volver, de Almodóvar. Ainda estou meio passado e digerindo a experiência, mas talvez realmente se trate, como disse o Fiume, do melhor filme do cineasta espanhol.
É impossível não babar o ovo do sujeito, um gênio do maior quilate. Como pode um diretor manter uma regularidade tão impressionante e parir filmes espetaculares pelo menos a cada outra produção? O pior que o sujeito faz é um filme “na média”, tipo “A Má Educação”, e que mesmo assim é uma cacetada no crânio.

Sociedade X Mercado

Nada mais saudável em termos científicos hoje do que desfazer certas oposições que já mais atrapalham do que ajudam a compreender a realidade. Artigo de Ricardo Abramovay no Valor de ontem:

O mercado na sociedade e a sociedade no mercado

Por Ricardo Abramovay

27/11/2006
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Os mercados não são apenas pressionados pela sociedade como dois entes de
lógicas distintas, mas se influenciam mutuamente
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As técnicas de empréstimo que consagraram Mohammad Yunus, o fundador do Grammen
Bank, com o Prêmio Nobel de 2006, não são particulares ao microcrédito e não se
restringem ao trabalho com populações vivendo em situação de pobreza. Nada mais
falso que a dicotomia segundo a qual, para os pobres, o crédito apóia-se em
grupos solidários, formas localizadas e personalizadas de controle, enquanto
que, para os ricos, ele se fundamenta apenas em garantias patrimoniais e
contrapartidas. Por esta imagem, o mundo da informalidade, da solidariedade
social e do apoio mútuo seria uma espécie de fase inicial da entrada no
mercado, cujo ápice culminaria em relações totalmente impessoais. Em mercados
imperfeitos e incompletos, os atores teriam necessidade de recorrer a laços
personalizados, ao mundo social, para levar adiante sua interação, enquanto que
ali onde as trocas se desenvolveram, ao contrário, os mercados responderiam
exclusivamente aos sinais anônimos e neutros emitidos pelo sistema de preços.

Outras formas de liberdade?

Um amigo argentino me envia o artigo que reproduzo abaixo, a pretexto de conversa nossa sobre Cuba, Fidel e política há algumas semanas na Tailândia.

Contexto para que se entenda melhor o texto: o “Nueva Provincia” é um jornal bastante conservador na Argentina; Hilda Molina é uma médica cubana que tem um filho na Argentina – o governo da ilha não a permite sair para visitá-lo; Mirtha Legrand é uma atriz e diretora de TV na Argentina; “Martin Fierro” é um poema-novela clássico da literatura argentina que celebra a cultura gaucha.

Esa noche

Por Sandra Russo

Estuve en Cuba varias veces, y si tuviera que elegir un país para vivir, sería otro. Digo esto para dejar constancia de mi identidad pequeño burguesa, y para admitir de entrada que, siendo periodista y dedicándome a la escritura, no podría, en Cuba, decir todo lo que se me ocurriera, ni apelar al cinismo que tanto nos reconforta paliativamente a los desencantados, ni sonar corrosiva. Es decir que lo digo con plena conciencia de que llevo adherida a la mente la noción de libertad capitalista y que no tengo pensado renunciar a ella porque sé que no puedo, porque eso, creo, está más allá de mi voluntad.

Conexão Irã-Gávea

Ai, meu Deus! Não sei se rio ou choro.

O mafioso do Kia Joorabchian, o homem da MSI no Corinthians, agora vai pro Flamengo. Expulso pelas brigas de poder no time do Parque São Jorge, o homem fechou acordo e agora vai dar as cartas na Gávea, como parceiro e investidor. Com ele aparentemente vão Gustavo Nery, Nilmar, Paulo Almeida, Carlos Alberto, Roger, Sebá e até, provavelmente, Tevez e Mascherano. Assim noticia o blog do Milton Neves.

O pior é que vai ser bom pro Flamengo.

Culpados de Saída

Istoé

Desde o início me impressionou muito a facilidade com que a opinião pública e especialmente a imprensa condenaram de imediato os pilotos Joe Lepore e Jan Paladino, que comandavam o Legacy que se chocou com o vôo 1907 da Gol. Circularam até mesmo versões, que rapidamente através do boca a boca e da Internet ganharam status de verdade, segundo as quais os dois estariam fazendo manobras arriscadas, brincando para testar o avião recém-saído da fábrica da Embraer. Li textos comovidos e indignados, perguntando qual não seria a postura da opinião pública e de autoridades americanas, se a situação fosse inversa: se pilotos brasileiros tivessem se envolvido em um acidente semelhante em espaço aéreo americano. E minha resposta é: provavelmente menos histérica, mais ponderada e não condenatória.

Agora começam a surgir os fatos apontando para uma conjunção de vários fatores como causa da tragédia, nenhum dos quais envolve negligência, imperícia, irresponsabilidade ou imprudência dos dois pilotos americanos.

Boas Novas

A boa nova é que fazer um longa metragem pode não ser tão difícil quanto parece.

A má notícia é que ontem assisti a um dos piores filmes da minha vida e, como sou amigo, alertá-los-ei para que não incorram na mesma sessão de tortura.

A segunda má notícia é que fazer um BOM longa metragem talvez seja mesmo tão difícil quanto pareça.

Eu não gosto de fazer críticas destrutivas, especialmente ao cinema nacional. Pode ser um certo corporativismo, mas acho que é preciso estimular quem está fazendo. Neste caso, entretanto, está além da minha evolução espiritual. Como diabos este rapaz conseguiu dinheiro da Petrobrás – edital para longas de baixo orçamento – e de mecanismos de estímulo do Estado do Rio para produzir isso?

Quando a Política Funciona

Assim é quando a política funciona em favor do Estado de Direito.

De passagem, note-se que as críticas feitas pelo Governo Federal ao projeto de lei referem-se muito mais à idéia de “exclusão digital” pela necessidade de identificação positiva dos usuários do que ao possível atentado à privacidade e direitos individuais. Não se poderia esperar outra coisa do PT, não é mesmo?

Após críticas, Azeredo admite discutir identificação na internet

PATRÍCIA ZIMMERMAN
da Folha Online

O senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG) admitiu hoje discutir no Senado a possibilidade de retirar de seu projeto sobre crimes cibernéticos a obrigatoriedade de identificação dos usuários da rede.

Where are the girls?

Fernanda

Aproveitando e explicitando a onda (re)introduzida pelo Fiume, voltamos a implorar por maior presença feminina neste blog. Eu nem ia falar nada sobre isso, mas quando me deparei com este ensaio da sempre número um no meu ranking de mulheres lindas Fernanda Lima, não resisti. No Paparazzo.

Programação da Semana

Minha programação esta semana no Festival de Cinema de Goiânia, com bastante expectativa, prioriza:

Antonia, filme de Tata Amaral, sobre quatro jovens cantoras negras da periferia de São Paulo que sonha em viver de música e a maneira pela qual seu cotidiano de pobreza, violência e machismo se confronta com esse sonho. O filme já gerou uma série, de mesmo nome, que estréia em breve na Rede Globo. Entre outros pontos a seu favor, Antonia, cujas quatro atrizes principais são efetivamente cantoras de rap da periferia de São Paulo que nunca tinham atuado antes, tem o nome de Sérgio Penna, como preparador de elenco, responsável, entre outro filmes por “Bicho de Sete Cabeças”, “Contra Todos” e “Batismo de Sangue”.

O Céu de Suely, de Karim Aynouz, diretor do espetacular “Madame Satã”. O filme, grande vencedor do Festival do Rio deste ano, conta a história do retorno ao interior do Ceará de Hermila, que viveu desde muito pequena em São Paulo. Lá, à espera de um marido que nunca chega e sufocada pela atmosfera da pequena cidade, ela acaba se prostituindo.

Cartola, documentário de Lírio Ferreira e Hilton Lacerda, sobre a vida e obra do genial sambista, uma dívida antiga do cinema nacional para com esta figura ímpar e de tamanha importância.

O Cheiro do Ralo

Esta semana, quem quiser me encontrar procure aqui.

Ontem, o Festival abriu com a apresentação do premiado “O Cheiro do Ralo”, filme do pernambucano Heitor Dhalia, estrelado por Selton Mello, grande vencedor do da Mostra Internacional de Cinema de São Paulo e agraciado com os prêmios Especial do Júri e de melhor ator no Festival do Rio deste ano.

O filme vem sendo bastante incensado e realmente tem muitas qualidades, mas, sorry modernos, em minha opinião, deixa a desejar pela ausência de uma trama, de uma história com começo, meio e fim e, sorry uma vez mais modernos, sem plot points, isto é, sem os pontos de virada na trama que conformam, via de regra, mas não de maneira exclusiva (discutamos isso em outro momento) quase todo bom roteiro. A velha estrutura do teatro grego que Hollywood industrializou e pasteurizou.

O filme é realmente engraçado em seu cinismo e humor negro e tem uma concepção visual muito bonita e bem trabalhada. Se encaixa numa certa tendência, não?, do encanto com a escatologia, o grotesco e o perverso, combinado com esse apuro estético, com revalorização do kitsch e do obsoleto, do universo urbano decadente e do underground – de imediato, nacionalmente, me vêm à cabeça outro pernambucano, Cláudio Assis, com “Amarelo Manga” e o próprio Dhalia com “Nina”, seu filme de estréia. Todos evidentemente, em termos cinematográficos, bebendo na fonte do mestre Tarantino e, nas demais artes, de Bukowski, Robert Crumb e outros.

Eu gosto muito quando a arte explora o estacatológico, o grotesco e o bizarro – esta é nossa salvação – e gostei bastante de “O Cheiro do Ralo”, mas, no cinema, acho que não basta exibir este mundo semi-escuro, é preciso contextualizá-lo. E é isto que falta ao filme.

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