Já participei de dois debates filosóficos no Second Life – organizados pelos grupos History and Moral Philosophy e Verum’s Place – que me demonstraram claramente qual é o melhor argumento dos socialistas: o botão mute (mudo).
Num dos encontros, uma norte-americana, após palestrar sobre as maravilhas do marxismo, convidou os assistentes para um debate. Como os demais demoraram a se manifestar, fui pedindo desculpas pelo meu inglês de Tarzã e iniciei uma tentativa razoavelmente bem sucedida de refutar dois ou três pontos apresentados por ela como se axiomas consagrados fossem. Quando passei a criticar seu papo furado sobre a famigerada exploração – segundo ela totalmente indissociável do capitalismo – quis saber de onde eu estava tirando essas idéias foolish. Disse que de von Böhm-Bawerk. Pra quê… Começou a me pôr mil rótulos absurdos – neoliberal, fascista, fundamentalista de direita, etc. – sem querer ouvir mais nenhum dos meus argumentos. Chegou a dizer que von Böhm-Bawerk e von Mises não passavam de austríacos nazistas. (!) Neste momento, um norueguês tomou minhas dores e, mesmo se dizendo de esquerda, explanou com um inglês muito mais claro que o meu quais eram as críticas da escola austríaca de economia ao marxismo.
Claro que, após o debate, minha pulsão diplomática de ascendente em libra tentou entabular uma conversa mais informal com a palestrante. (Ela era bonitinha.) Cliquei, pois, sobre o avatar dela e selecionei IM, isto é, o Instant Messenger, através do qual é possível manter com alguém uma conversa privada ainda que diante de outras pessoas. E ela: “I’m sorry, Yuri, vou colocar vc na minha lista de ‘Mudos'”, e, pressionando o botão mute, me tornou incomunicável. Bom, ao menos para com ela. Pensei que o caso fosse um acontecimento extraordinário. Até ri. Contudo, dias depois, após um debate no Verum’s Place – no mesmo local em que ocorreu o caso do Homem Biscoito de Gengibre – resolvi conversar com uma figura de Hamburgo, uma que fazia parte do grupo Socialist Party. Queria apenas saber por que ela acreditava no socialismo. (Para quem não sabe, o socialismo é no mínimo uma crença.) Ela disse que era o único sistema que poderia trazer o bem ao planeta. Perguntei então o que ela acharia se o Partido Nazista fosse ressuscitado na Alemanha. Respondeu que seria o horror, uma vez que foram responsáveis, afora as mortes em batalhas, pelo extermínio de seis milhões de judeus.
“Logo”, eu disse, “um membro atual de um hipotético Novo Partido Nazista seria cúmplice moral dessas mortes”. “Sim”, ela concordou. “E por que”, tornei, “não é você uma cúmplice do assassinato sistemático de mais de cem milhões de pessoas pelos países socialistas no século XX?”, e citei a União Soviética e seus Gulags, a China, Pol Pot, Castro, etc., etc. Disse ela: “Yuri, I will ‘mute’ you”. E me silenciou. Comentei no chat aberto, para que ela e os demais circunstantes ouvissem: aposto que se vocês socialistas dispusessem desse botãozinho na “First Life”, iriam utilizá-lo a torto e a direito, nem precisariam de tantas prisões políticas! E ela então desapareceu. Provavelmente se teletransportou para alguma reunião do grupo Hell’s Worshipers, do qual também fazia parte…