Apenas os muito insensíveis nunca perceberam que São Paulo vive à beira do caos. Já falei sobre isso em diversos textos. Aliás, nessa cidade, já fui assaltado três vezes (a primeira em 1985, a última em 2000), espancado uma (quebraram meu nariz no final de 2005), assisti a várias perseguições da polícia, vi crianças brincando com um corpo num terreno baldio do Campo Limpo, fui parado pela polícia e tratado como bandido em duas ocasiões, impedi através de diplomacia que um mano furasse o olho de um dos meus ex-sócios fotógrafos, tudo isso sem falar na minha imensa paranóia durante o Grande Apagão de 1999. Amo minha cidade natal, mas ela ya me tiene podrido. Deus queira que essa zorra do PCC não volte a se repetir. Também, quem mandou os presos comunistas, durante os anos 70, ensinarem táticas de guerrilha aos presos comuns? Até nisso essa patota que cerca o Lula tem culpa.
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Só pra constar, o que rolou em São Paulo nestes últimos dias foi algo inimaginável. Foi como uma mistura de terror, pânico, histeria, boataria, despreparo do Estado e domínio da criminalidade. Na verdade, o crime organizado bateu as forças de segurança de goleada.
Caros, vocês acompanharam a cobertura do julgamento do Pimenta Neves? Gostaria de saber qual análise os Gargantas — com textos, não comentários neste post, por favor — e seus leitores fazem do comportamento da mídia sobre o caso. Afinal, podemos dizer que ele era um dos caras mais poderosos da imprensa na época do crime. E, please, é preciso dar nomes aos bois, isto é, citar o meio de comunicação. Abraços. R.
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“A diferença entre calhistas e calhordas é que as primeiras estão meio fora de moda”
(Lavra pessoal)
Difícil coexistir num mundo tão repleto de mediocridades exacerbadas, não? Pensando nisso e temendo ver meu trabalho adernar nas mãos de uma plêiade parasitária que se arroga ao fazer contemporâneo, ameaço-lhes com digressões e hidrofobias inócuas.
Portanto, o dia em que chamarem minha obra de “produto”, fecharei o estabelecimento e me mudarei para as ilhas Fiji. Sim, colaborarei com o Nada da História oferecendo-lhes o que sempre me pediram de mãos juntas e pé nas costas, ou seja: Rien…
E entre o vazio daqui e a pujante Suva daquele arquipélago, acreditem, nem hesitarei, apanharei meus livros, uísques e toneladas de charutos e lá me refugiarei, prometendo — é claro — me corresponder com o gentil leitor através de histórias meramente transmissíveis via Internet, assim como desejou fazer o teólogo erudito Raymond Lulli e só não o fez pelo simples ocaso tecnológico imposto-lhe por sua própria e lapidar história de vida que, aliás, levou-o à morte por lapidação.
Outro dia, zapeando, dei de cara com a Cláudia Ohana naquela novela Malhação. Já tinha visto a Lucélia Santos e o André de Biasi ali, o que me pareceu bem surreal para estes intérpretes de antigos personagens de sucesso. Algo me diz que esse programa é uma espécie de reciclagem – bem, reciclagem é um eufemismo para castigo, mas vá lá, ce entendeu – reciclagem para atores que ficaram muito tempo longe da Globo. É um castigo certamente bem remunerado, mas ficam lá, sendo malhados pelos egões dos atorzinhos novatos e, claro, daí o título da novela: Malhação. Dureza, hem.
Do blog do MOVCC:
O governo do presidente Lula, a classe política e o crime organizado – que corromperam e romperam com as instituições – vão experimentar a primeira de uma série de grandes marchas em que milhares de brasileiros, insatisfeitos com a realidade atual, sairão às ruas para protestar e cobrar transformações. “Fora, Ladrão! Chega de Mensalão! Brasil Acima de Tudo”.
Estes serão os slogans das mega-manifestações públicas, marcadas para o próximo dia 21 de maio, a partir das 15 horas, em cinco capitais do País: São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba, Belo Horizonte e Porto Alegre.O Dia da Dignidade Nacional é apartidário. Não tem conotação ideológica. (Leia mais.)
Mas já que é não-ideológico, talvez não dê. É preciso lutar no mínimo no mesmo campo de batalha que o inimigo. Claro, seria preferível atacar do alto, a partir dum plano acima da pura ideologia, mas isso, no Brasil rasteiro de hoje, está impossível.
Tô titulando agora um texto aqui na Folha que me deu uma certa dor no coração. Não sou lá grande aficionado por carros, até porque sou muito duro para investir muita grana nisso. Mas esta história doeu.
Está rolando aqui em Interlagos, em São Paulo, um evento em que as pessoas podem pagar para fazer um test-drive em máquinas que conhecem apenas em sonhos. Também há a possibilidade de pagar apenas por um passeio, ficando a direção do carro a cargo de um piloto indicado pelo proprietário. Mas não é que o tal piloto simplesmente destruiu a principal atração do evento?!
O cara perdeu o controle de uma Ferrari 360 Modena, que se chocou contra o muro da entrada dos boxes. O motor explodiu. Um detalhe inusitado é o precinho da máquina: R$ 830 mil.
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“A única diferença entre marafonas e políticos é que aquelas usam o que lhes pertence”
(Lavra pessoal)
Apesar de não negociar coisa alguma neste tradicional espaço e vendo a barbárie ocorrida há pouco nas terras de Aracruz, lembro-me: quando Catarina — a Grande — subiu ao trono e finalmente substituiu os boiardos pelos boiolas, comentou-se na corte que era mais uma arrivista a espoliar a mãe Rússia. Portanto, com Pedro “morto”, restava agora examinar quem estava vivo e depois optar entre ser, respirar e decidir-se pelos melhores preços da temporada, com ou sem a intervenção marketeira e mercantilista de Grigori Potenkin, o chanceler caolho que iludia a imperatriz, narrando-lhe besteiras e enganando-a com promessas cenográficas enquanto camponeses famintos se dispunham a incendiar Moscou.