blog do escritor yuri vieira e convidados...

Categoria: Cotidiano Page 46 of 58

Avestruz Master

Pois é, bem que o tal investidor de Wall Street, que conheci na Chapada dos Veadeiros, tinha razão: era pirâmide…

Dias intranqüilos em Clichy

Henry Miller, que viveu alguns de seus melhores anos em Clichy (Dias tranqüilos em Clichy), jamais imaginaria que seu amado bairro viveria uma semana tão intranqüila quanto a presente. Segundo o Le Figaro, no correr desta semana ao menos 228 carros foram queimados na região de Seine Saint-Denis, onde se encontra Clichy. Tudo começou com a morte de dois jovens que fugiam da polícia. A região se levantou e já está há uma semana em meio à quebradeira. Nessas horas fico imaginando: para onde se mudariam hoje Hemingway, Joyce, Scott Fitzgerald, Gertrude Stein, Dos Passos, Henry Miller e demais coléguas, sem falar dos artistas plásticos e outros? Para onde? Embora essa gente tenha se guiado pela estética e pelo hedonismo – Paris era e é uma beleza – o que realmente os movimentou foi o bolso: no período entre-guerras a França era baratíssima e ali era possível sobreviver com um décimo do necessário para se manter, por exemplo, em Nova York. E todos sabem que escritores e artistas são uns duros…
Onde fica a Paris de hoje? Onde é possível passar meus próprios dias tranqüilos? Em Clichy é que não é. E muito menos na Vila Madalena

Garota de Ipanema no Google Earth?!

E um gaiato teve a manha de colocar um link na Keyhole para nos levar, através do Google Earth, até a garota de Ipanema

Cirurgião plástico espiritual

Parecia um médium sério. Até que começou a turbinar os seios das pacientes com ectoplasma. O problema é que o efeito não era permanente e elas precisavam voltar ao seu consultório toda semana. Sinceramente, acho que ele gostava mesmo era de apalpar aquele monte de teta.

People are strange

Aposto que já deve haver ene antropólogos e sociólogos estudando o Orkut. Há mil e uma estranhezas humanas ali dentro. Por exemplo: neguinho transformou a página de recados do tal Fábio Le Senechal Nanni, aquele estudante de jornalismo que assassinou seu colega na USP, num verdadeiro fórum de discussões. Para não dizer numa “malhação de Judas” virtual. (Parece aquela turma do apedrejamento do filme A Vida de Brian.) Aliás, segundo uma das amigas do Fábio (testemunhos), ele “é um fofo. Cheio de manias engraçadas, ele vive surpreendendo com sua espontaneidade e senso de humor”. O que significa que Krishnamurti tinha razão: sois todos violentos. Que o diga os playbadboys que quebraram meu nariz semana passada e, claro, o próprio Fábio, cujo livro predileto é The Talented Mr. Ripley

Descansem em paz

Esta comunidade orkutiana eu vi por acaso no blog de uma figura bonita, “chata e neurótica”. Chama-se Descansem em paz e traz listas com os perfis de membros do Orkut já falecidos. Sinceramente, não acho mórbido não. Se a Hilda Hilst estiver correta e a transcomunicação for algo banal para quem está do lado de lá, taí uma boa maneira de mandar uns recadinhos… (Entre nos perfis de algumas dessas pessoas e veja como a galera já está botando a idéia em prática.)

Fui espancado!!

Pelas mensagens que pipocaram em meu celular, vi que a notícia correu feito relâmpago entre meus amigos. Mas fiquem descansados que estou bem, muito bem. Para um escritor, toda experiência é lucro. Aos que não conhecem o ocorrido, me explico: fui espancado por quatro playbadboys “sarados” — essa espécie animal que não tem mais o que fazer — em plena rua Harmonia (Vila Madalena), de madrugada, a poucos metros do apartamento em que estava hospedado. O máximo que conseguiram foi me tirar alguns mililitros de sangue e quebrar meu lindo nariz. O mais irônico é isso tudo ter rolado não apenas minutos após eu ter escrito os dois posts anteriores, mas também na mesma noite em que o Globo Repórter apresentou uma matéria sobre jovens de classe média e classe média alta que se envolvem com crimes e violência. Certas sincronicidades parecem só acontecer comigo. Não é à toa que estou na comunidade “Eu atraio loucos!” do Orkut. Claro que o assunto renderá uma crônica mais detalhada.

P.S.: Nunca deixe seu dedo médio levantar-se para uma matilha de playbadboys provocadores com os narizes sujos de pó branco. Dedo mau! Dedo bobo! Nada como uma boa lição de autodomínio…

P.S.2: O mais triste é que não havia no apê uma mulher sequer para cuidar dos meus dodóis. Já os playboys estavam acompanhados por duas retardadas, para as quais acreditavam estar se exibindo. Dize-me com quem andas…

P.S.3: Um capoeirista destreinado, tal como eu, pode até minimizar o prejuízo – não fiquei com olho roxo, cortes, furos, nem perdi dentes – mas se consegui desmanchar o cabelo de algum deles, foi muito…

A pão-de-ló

Gosto de São Paulo pois aqui meus amigos sempre me tratam a pão-de-ló. Mas o Bruno Costa, tradutor, e sua namorada Ana Lima, fotógrafa, bateram o recorde. Em seu loft/estúdio, na Pompéia, enquanto a Ana solicitava minha ajuda para escolher uma modelo entre diversos composites que ia me apresentando, o Bruno me serviu pastéis assados, cerveja preta e me presenteou com um livro que ele ajudou a preparar para a Editora Globo: Universo Numa Camiseta: à Procura da Teoria de Tudo, de Dan Falk. Um livro novo numa mão, um copo de cerveja na outra, os olhos nas modelos. E eu era instado a escolher uma peituda, pois as fotos são para a campanha de um club de Maresias, e os caras querem uma “gostosa”. Ai ai, essa vida de esteta…

CPI do Touro doido

Não é só o Brasil que tem CPIs estranhas. Paola Antonacio, uma amiga que está fazendo mestrado em Madrid, me disse que está rolando uma CPI das Touradas por lá, uma vez que descobriram um esquema no qual se dopavam os touros para encher a bola (e a bolsa) de toureiros espertalhões. Engraçado isso. A primeira e última vez que defrontei um touro furioso não era bem ele que estava dopado e sim… Lucy in the Sky with Diamonds!!!!

O eterno retorno ao Centro

Minhas peregrinações pelo centro de São Paulo começaram em 1985, quando eu ainda ia completar 14 anos de idade. Eu e o Dante estávamos sempre inventando uma missão – comprar uma peça de reposição de autorama (Mabushi, Estrela, etc.), o disco de uma banda punk (Cólera, Inocentes, Garotos Podres, etc.), um relógio com joguinho, um tênis ou qualquer outro badulaque importado da Galeria Pajé, etc., etc. – o que sempre nos levava a perder todo um dia em mil e um becos e cenários decadentes da capital paulistana. Às vezes, sem mais nem menos, pegávamos o trem na Estação da Luz e íamos até Ribeirão Pires ou qualquer outra cidade, apenas porque no trem era possível fazer o que não se pode no metrô: passar de um vagão para o outro durante a viagem. (Na verdade, nossa primeira grande epopéia foi a travessia de boa parte da Zona Sul, a pé, em 1982 ou 1983, apenas para comprar um ioiô Super da Coca-Cola, que aliás foi mais difícil de encontrar que o Graal, já que nos bares e lanchonetes do percurso só havia o modelo Profissional. Eu teria ficado satisfeito – como de fato fiquei, pois adquiri mesmo um Profissional – mas nããããããão, o Dante nãão, claro que não, era o Super que ele tinha de comprar. Por conta disso, eu, que via minha querida rua Mariana Calache como centro do universo, me vi jogado num mundo hostil, alheio e interminável, cheio de “maloqueiros” tentando nos tomar a grana do ioiô e, mais tarde, o próprio ioiô. Mas isso é uma outra história…)

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