blog do escritor yuri vieira e convidados...

Categoria: Umbigo Page 14 of 37

Mais fontes

Por insistência da Jamila, decidi ir atrás de novas fontes de informação e, graças também a ela, comecei pela revista Veja, que, fora os trechos citados no Primeira Leitura, eu não lia havia mais de dez anos. Obrigado, Jamila, a Veja tem publicado ótimas matérias mesmo, embora você não consiga perceber. Esta sobre o Lula e seus 40 ladrões diz o que todo mundo precisa ouvir.

Geometria — 2

Detalhe da bilheteria do Teatro Goiânia, inaugurado em 1942. Construído em estilo art déco

Eu e o sem-fim

Quatro

[3] [2] [1]

Os olhos suspensos não piscaram depois que o reflexo opaco tremeu. Pescoço e tronco levantaram-se, enquanto braços permaneciam inertes.

Esperou e viu novamente o reflexo tremer mais forte e a porta transparente iniciar um movimento voluntário. Pouco a pouco, ela descolou-se, correu para a frente, tomou devagar a direção do lado, tornando-se por um instante um filete e depois, aos poucos, outro retângulo. Deixara para trás o portal. A transparência abrira-se.

Yuri permaneceu em pé à espera. Inclinou-se, contorceu-se, mas nada viu por entre o portal. Afastado, esperou.

Não soube ao certo o que era. Um som suave e distante. Notou a melodia saindo do portal. Pouco a pouco, tornava-se mais e mais próxima, até poder ser totalmente percebida. Um som alegre e agradável, de um só instrumento.

Geometria

Detalhe da grade do portão da antiga Estação Ferroviária de Goiânia, construída em estilo art déco. Foi inaugurada em 1954.

Eu e o sem-fim

Três

[1] [2]

Yuri sentou-se no chão inexistente, como faz um adolescente. Tornozelos cruzados, o tronco curvado, mãos juntas sobre os pés, antebraços escorados nas coxas. Olhava a porta a distância, a cabeça apontando para baixo, os olhos na direção do reflexo. Olhos outrora cerrados com vigor, agora abertos com descrença. O peito ainda vivo esperava o inesperado.

Não havia tempo na escuridão. Só pensamentos. Refez o caminho do cérebro, contou como pôde quantos deles conseguiu lembrar-se e constatou um tempo imaginário: passaram-se muitos pensamentos.

Os olhos suspensos não piscaram depois que o reflexo opaco tremeu.

Eu sou bobo

Já fiz uma confissão anteriormente, mas não posso deixar de assumir que durante um bom tempo fiz papel de bobo. Eis uma prova, no site da Zuvuya-Rave On, onde apareço com meus trajes costumeiros (o “boné” foi um presente da Hilda Hilst), na EarthDance 2000, em Carrancas-MG. O fotógrafo Dante, meu ex-sócio, também estava por lá. As fotos são da Lisa e do André Ismael.

Da série “Confissões dos Gargantas de Fogo!”

Final de tarde de quase inverno e me atrevi a aceitar o convite muito gentil do Phil, técnico, para treinar com as meninas do clube de futebol local! Coitado, ele achou que eu sendo brasileira…

Peraí, pára tudo! Rosa Maria jogando futebol num time?

Eu gosto de videogame

Acompanhando a onda de revelações dos meus amigos blogueiros eu também confesso: adoro videogame. Agora mesmo estava a caçar demônios de uma outra dimensão. Lembro com carinho das noites em que eu e o Paulo íamos jogar o DOOM original no computador superpossante do seu Walter (pai do Yuri), e depois quedávamos mesmerizados diante de um descanço de tela de 52K que simulava uma mandala, ouvindo Ravi Shankar e repetindo: “nossa”.

O eDitador também colabora

Para que vocês, colaboradores amigos, não pensem que só estou experimentando o lado eDitador da blogosfera coletiva, devo dizer que agora também sou colaborador d’O Expressionista. (Eu sempre acho que minha participação só pode mesmo é queimar o filme de quem decide me editar, mas… fazer o quê? os caras são bacanas e me fizeram o convite. Valeu, Diogo!)

Eu e o sem-fim

Dois

[1]

Virou-se por todos os lados, procurou, moveu-se, mas nada pôde ver. Olhou os braços, tocou o peito vivo e viu a si. Onde estava o som dentro do sem-fim? Onde está o som, onde está?

Parou de pé sobre o nada, os braços soltos, o olhar à frente. Fechou devagar os olhos e concentrou-se. Sentiu o peito apressado e tornou-o lento. Esperou. Sentiu vagamente o ruído distante, que se tornou mais próximo, mas não abriu os olhos. Ouviu o som atrás de si, o material mexendo, o abrir-se, o fechar-se. Abriu então os olhos e, devagar, virou-se.

Yuri viu o reflexo solitário no nada, a transparência, o retângulo vertical, suspenso. Aproximou-se hesitante, um passo pequeno, outro, mais outro. Viu seu reflexo opaco aproximar-se. Esticou a mão e tocou com os dedos a transparência. Pôs toda a palma nela. Espalmou as duas mãos, percorrendo-a, tocando todas as partes, no meio, em cima, de lado. Atravessou uma das mãos pelo lado e tocou a parte de trás, simultaneamente. Percorreu com os dedos toda a lateral. Passou as mãos sob o retângulo. Não havia maçaneta na porta transparente.

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