O Garganta de Fogo

blog do escritor yuri vieira e convidados...

Feriado

Sexta à tarde, aniversário de São Paulo; Vila Madalena

ESPELHO, um curta-metragem

Não havia divulgado este vídeo aqui porque ainda quero fazer alguns retoques no áudio, mas, vá lá, já que está no You Tube, por que não colocá-lo n’O Garganta também?

(Bom, sugiro a leitura prévia do texto que incluí na página do You Tube referente ao próprio. Nele você entenderá por que o “efeito espelho” se anula na Internet, além de outros detalhes, incluindo a ficha técnica, participação em festivais, etc.)

Boa sessão.

Você empurraria o gordo?

Segue abaixo o artigo do meu amigo, oftalmologista, colega de mestrado e editor Flávio Paranhos publicado pelo O popular.

Há uma discussão interminável entre a filosofia e a ciência quanto à natureza da ética, que pode ser resumida da seguinte forma. Do lado dos filósofos: “Do ‘assim é’ não se pode derivar o ‘assim deve ser’”. Do lado dos cientistas: “Se do ‘assim é’ não se pode derivar o ‘assim deve ser’, do que, então, se derivará?!”. Os filósofos denunciam a falácia naturalista, os cientistas, a falácia da falácia.

A questão se é legítimo que se derivem normas morais a partir da observação de dados experimentais objetivos (ou mesmo comportamentais subjetivos, de toda forma empíricos, ou seja, baseados na experiência e não na pura especulação teórica) seria resolvida facilmente se limpássemos o meio-de-campo: ética normativa de um lado, ética descritiva de outro. Negar a utilidade da ciência para a compreensão do comportamento moral humano (ética descritiva) é ser ingênuo e turrão (quer ofender um filósofo ou um cientista? Chame-o de ingênuo que ele sobe nas tamancas). Por outro lado, derivar normas disso é outra coisa.

Um recurso muito utilizado pela turma da psicologia que se interessa pelo assunto são os chamados dilemas morais. Há inúmeros deles, alguns retirados da vida real, outros da ficção, e outros ainda montados experimentalmente para testar hipóteses em amostras de populações. A escolha de Sofia (lembram-se do filme, com Meryll Streep?) é célebre: à uma mãe é dada a chance de escolher um dos filhos pra salvar dos nazistas. Se não escolher, morrem os dois, se escolher, morre só um. Isso mesmo. Uma das características dos dilemas morais é que são muito sacanas. Testam o limite, sem dó. Não há saída honrosa. Não há qualquer saída. Quem viu o filme sabe o que aconteceu com Sofia.

O que me traz aqui é outro dilema moral. Foot & Thomson propuseram o “Problema do bondinho”. Numa bela manhã de domingo, você está passeando e vê que um bondinho está desgovernado e indo direto pra cima de cinco trabalhadores. Feliz ou infelizmente, você está exatamente no lugar do controle do bondinho e basta apertar um botão pra desviá-lo. Só que se você fizer isso, ele vai direto pra cima de outro trabalhador. Então? Você mata um, ou mata cinco? Antes que queira bancar o espertinho já vou dizendo que a opção “gritar e alertar os trabalhadores” não está disponível (eu avisei, dilemas morais são sacanas).

Agora uma variação, proposta por Cushman, Young & Hauser. Você está passeando numa ponte e vê o tal bondinho desgovernado em direção aos cinco trabalhadores. Só que desta vez não há botão pra apertar. Só uma coisa pode parar o bondinho, algo muito pesado. E há uma pessoa muito gorda ao seu lado. Não será difícil, pois o parapeito é baixo.

Se você não hesitou em matar o trabalhador sozinho em vez dos outros cinco, na primeira hipótese, mas deixou os cinco morrerem, na segunda, fique tranqüilo. É o que a grande maioria fez. Se respondeu diferente, cuidado, você pode ser um psicopata e não saber. Melhor checar.

Voltaremos a esse assunto em breve, com a perspectiva das neurociências.

Pato Banton em Jerusalém

Este é um vídeo do músico Pato Banton na casa do ativista religioso Eliyahu McLean, que costuma reunir representantes das mais diversas crenças em Jerusalém. Dedico-o ao irmão Bruno Costa que insiste em fazer comentários bobinhos neste blog…

Beque no porão

Fé no Ministério

Marina

Será que vale o barulho? E se o pastor trabalha de verdade? Cabem cultos religiosos no interior de prédios públicos? Se pode culto evangélico, pode fazer despacho também? O Eco noticia o cargo e as atividades de um pastor da igreja da ministra Marina Silva no Ministério do Meio Ambiente.

MINISTÉRIO DA FÉ

Aldem Bourscheit

19.01.2008

Um pastor da Assembléia de Deus, mesma igreja freqüentada pela ministra Marina Silva, integra os quadros do Ministério do Meio Ambiente (MMA) desde Agosto de 2005. Ele já usou a estrutura do órgão público para auxiliar na organização de ao menos um evento religioso, em 2007. E, segundo fontes ouvidas no ministério, não foi a única vez. Ele também dirige cultos evangélicos nas salas destinadas ao serviço público federal, freqüentados por servidores de todos os escalões.

A série de palestras, vídeos e debates Os Cristãos e a Criação – Responsabilidade Socioambiental, que começou em 25 de junho e se estendeu até 30 de julho de 2007, lançou a chamada Rede Jubileu da Terra no Distrito Federal. Um panfleto distribuído na ocasião, no Congresso e outros pontos de Brasília, traz o nome do pastor Roberto Vieira e dois números de telefone, um fixo e outro celular. O número fixo é do Ministério do Meio Ambiente, o mesmo divulgado como contato ao pé da página principal da 2º Conferência Nacional do Meio Ambiente – 2ª CNMA, onde Vieira trabalha. O impresso traz um retoque manual, já que os prefixos do MMA foram alterados na mesma época.

O pastor é o carioca Roberto Firmo Vieira, contratado como consultor pelo MMA com dinheiro do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) para ajudar a organizar da Conferência Nacional do Meio Ambiente, evento bienal que reúne ONGs, setor privado e governos estaduais . Aos 50 anos, ele já trabalhou na Empresa de Correios e Telégrafos (1982-1984), no Ministério dos Transportes (2002-2003), na Câmara dos Deputados (2001-2002) e no Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (1985-1986), ligado ao Ministério da Ciência e Tecnologia. Sua experiência na organização de eventos inclui experiências como o encontro Com Jesus são Outros 500, na Esplanada dos Ministérios (2000) e ainda a Marcha para Jesus e o Dia dos Evangélicos (2001).

Metrô — 3

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Estação Sumaré, São Paulo

A revolta da vacina no espelho de Alice

Vocês devem conhecer esta história, certo? Em 1904 Oswaldo Cruz, médico e sanitarista, nomeado pelo então presidente da República e respaldado num projeto de lei carinhosamente apelidado pela população de “Código de Torturas”, iniciou uma grande campanha para vacinar a população do Rio de Janeiro contra a varíola. Por motivos políticos ou estúpidos (a disjunção aqui é, obviamente, inclusiva) os jornais lançaram uma campanha contra as medidas e contra o próprio Oswaldo Cruz. A população, armada com a prudência e a inteligência habituais, montou barricadas nas ruas e recusou-se a tomar a vacina. Houve confrontos e morte. Segundo os jornais da época, a informação de que a vacinação consistia na inoculação do próprio vírus nos indivíduos gerou medo-pânico nas pessoas. A estupidez e a falta de educação levaram a culpa.

Mais de 100 anos depois, eu leio no jornal que cerca de 30 pessoas estão internadas – algumas em estado grave – porque tomaram mais de uma dose da vacina contra febre amarela num período inferior a uma semana. Uma vacina cuja imunização dura 10 anos. MEU DEUS DO CÉU!!!! Há mais pessoas hospitalizadas por cauda da vacina do que infectadas. O que está acontecendo com as pessoas? Será que elas confundiram a vacina com vitamina C. “Eu vou tomar duas doses pra ter certeza de que fará efeito”. Ou então “vou tomar duas doses para ficar mais protegido ainda, já que eu vou para Pirenópolis no Carnaval”.

O material combustível da revolta foi a ignorância da população em relação a uma ciência que começava e, por isso mesmo, estava distante do cidadão comum. A idéia de imunizar inoculando a própria doença nos indivíduos é contra-intuitiva e provavelmente difícil de explicar, principalmente numa época em que os índices de analfabetismo eram bastante elevados.

Atualmente, apesar da estupidez atávica da raça humana, a ciência já não é uma desconhecida, a população não é tão analfabeta e o conceito de vacinação ficou banal. Então porque esse medo/pânico? É como no mundo do espelho de Alice. A mesma burrice, mas no pólo oposto. Antes ninguém queria se vacinar, hoje tem gente vacinando-se demais. Só em Goiás, foram aplicadas mais de um milhão de doses. Como o último surto foi em 2000 – e na época foram usadas quase 600 mil doses – tem gente se vacinando sem necessidade. Será que isso é culpa do estridente Oloares, do Goiânia Urgente? Será que a mídia tem algum papel nisso? É…nem todos são atormentados pelo bom senso.

A Culpa é do diretor, parte II

Tenho insistido que o maior problema de nossa cinematografia digital, e sobretudo dos curtas que são feitos no Brasil, está na precariedade da direção de atores e no pouco caso com um trabalho mais embasado de preparação de elenco e construção de personagens.
A verdade é que a maioria toma a função do diretor cinematográfico como algo simples e que qualquer um com uma boa idéia pode exercer. Afinal, trata-se meramente de definir enquadramentos e movimentos de câmera, e de dar ordens aos atores, não é verdade?
A função do diretor é dificí­lima. É preciso ser acrobata e conseguir manter dezenas de pratos girando ao mesmo tempo, com a diferença de que, no circo, se um prato cai, só ele se quebra, enquanto, no cinema, se o mesmo ocorre, todo o conjunto naufraga.
Uma má fotografia pode até sobreviver a um filme com ótimas atuações, mas um filme com excelente fotografia e performances ruins é um desastre. Sem atuações críveis, nada se sustenta.
Mas nada me parece mais difí­cil e delicado do que a direção dos atores. Primeiro, porque a direção é quase um casamento, depende de confiança absoluta. O diretor coloca seu bem mais precioso nas mãos do ator – o seu filme – e o ator tem que se abrir e jogar de cabeça no território das emoções, crendo que o diretor saberá guiá-lo neste lamaçal, rumo aos sentimentos corretos para uma boa atuação.
Segundo, porque dirigir atores demanda principalmente intuição e disposição para o risco e o mico. Tem pouco de intelectual e muito de tentativa e erro, de processo, de experiência. Nada nos ensina a fazê-lo, a não ser tentar.
Eu ainda me sinto quase absolutamente desarmado neste território. Ainda não sei fazer pouco mais que pedir resultados – o pior tipo de direção -, mas vou tentando perder o medo.
Apesar de que só a prá¡tica ensina, um pouco de teoria pode apontar o rumo certo e também nos fornecer o impulso de buscar. Daí­, como prometido, a tradução da introdução do livro de Judith Weston “Directing Actors”, um excelente começo sobre este tema.

Baixe o arquivo aqui

Metrô — 2

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Estação Consolação, São Paulo

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