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Os Sapos de Ontem

Bruno Tolentino

Bruno Tolentino possui elevada ao extremo aquela qualidade escorpiana típica: a capacidade de desaparecer do mapa. É mestre nisso. Quando convivemos por cerca de seis meses, lá na Casa do Sol, eu já sabia que, ao menos aqui no planeta Urântia, seria difícil reencontrá-lo num futuro próximo. E isto simplesmente porque nosso encontro se deu quando ambos estávamos “desaparecidos” na casa da então “obscena” (fora de cena) Senhora H. Logo, não irei recorrer a meus contatos apenas para chatear o cara com a perguntinha: Bruno, além de repassá-lo a meus amigos, posso também divulgar o Prólogo do livro Os Sapos de Ontem na internet? Sei que ele não se incomodaria nem um pouquinho. Saudade das nossas conversas, master!

Baixe o arquivo em PDF do Prólogo do livro onde Bruno Tolentino mata a cobra poética dos irmãos Campos e, em seguida, mostra o pau.

Escreveu Haroldo de Campos:

“Com mais de 40 anos de atividade poética, e mais de 40 livros publicados, dois terços dos quais dedicados à tradução de poesia, tenho bagagem literária abismalmente superior à do desprezível e obscuro articulista, meu desafeto, um salta-pocinhas internacional, tolo, doente e cretino, ou numa só palavra-valise: Tolentino!”

Respondeu Bruno, citando de cara a rainha Vitória:

“We are not impressed. Se nos ativermos ao vernáculo de tantos fascículos, a nudez do sapo-rei é apenas cômica. Se nos estendermos à leitura competente das línguas que anuncia conhecer, a coisa é mais séria, é uma indigente intrujice que não passaria no exame vestibular de Oxford.”

E Bruno, que além de ter sido professor em Oxford também publicou livros escritos originalmente em francês, italiano e inglês, passa o restante do livro desmontando as bobagens dos nossos literatos. Como diz a capa: é pau puro!

P.S.: Conheci o Tolentino no dia do meu aniversário de 28 anos, lá na casa da Hilda Hilst, em Campinas-SP. Rodrigo Fiume, nosso colaborador aqui no Garganta, estava presente e inclusive deu carona até São Paulo para o Bruno. Claro, isso depois de ter feito uma foto minha abraçado ao mesmo tempo com Hilda Hilst e Bruno Tolentino, dois dos maiores poetas brasileiros do final do século XX. Pena que ele e Dante perderam esse filme… (Meu lado fútil ainda não esqueceu disso, Rodrigo.) =B^/

Dia Mundial do Livro

É tão estranho, ao menos para mim, um “dia mundial do livro” quanto um “dia da mulher”, mas tudo bem, vamos às homenagens: seguem sete vídeos cujo tema principal é o Livro…

Neste primeiro, alguns livros raros à venda no site Raridades.com:

Neste, um vendedor de enciclopédias à la Muppet Show – que só sabe perguntar se o possível freguês tem “filhos em idade escolar” – acaba é comprando luvas, TV e até um carro do seu interlocutor.

Aqui, um protótipo de “estante eletrônica” para ebooks, isto é, um possível novo periférico para seu PC.

Escritores e cocaína

Interessante texto este. Será que o livro é tão interessante quanto? Ou a reportagem já resume tudo? Do Estadão:

Livro reúne textos de famosos escritores sobre cocaína

O primeiro deles foi escrito em 1894 por Olavo Bilac: Haxixe já começa citando Os Paraísos Artificiais (1860) de Baudelaire

Antonio Gonçalves Filho

SÃO PAULO – Chico Buarque não está sozinho em sua defesa da descriminalização da maconha. O antropólogo e cientista político Luiz Eduardo Soares, que assina o prefácio do livro Cocaína (Casa da Palavra, 152 págs., R$ 34,90), organizado pela professora Beatriz Resende, diz que a sociedade talvez venha a concluir que “a criminalização é sempre o pior caminho para reduzir os danos do abuso e controlar o consumo de substâncias que proporcionam prazer, mas cobram um preço elevado à saúde e à liberdade”. Soares participa, na segunda, às 20h, de um debate com a organizadora do livro, que será lançado na Livraria da Travessa (Rua Visconde de Pirajá, 572, Ipanema, Rio).

Cocaína é um livro curioso. E corajoso. Reúne autores que experimentaram ou tiveram amigos e conhecidos envolvidos com a droga, de Olavo Bilac a Patrícia Galvão (Pagu), passando por João do Rio, Orestes Barbosa, Lima Barreto e Manuel Bandeira.

Jean-Nõel Jeanneney e o Google Books

Concordo com Jean-Nõel Jeanneney, diretor da Biblioteca Nacional da França, quando afirma que a difusão de livros pela Internet será uma revolução tão grande quanto a da invenção da imprensa. Mas esse papo de que o Estado precisa controlar o processo não me dá nem raiva mais, me dá é preguiça. Diz ele:

“O livro [Quando o Google Desafia a Europa: Em Defesa de uma Reação] foi conseqüência de um artigo que escrevi no Le Monde no início de 2005, logo após o anúncio do Google [Google Books]. É claro que é bom ter acesso à informação, mas é preciso que seu controle não fique só com uma empresa, que seu financiamento não se dê só pela publicidade e que essa grande quantidade de informação seja ordenada. Não se pode deixar a cultura e a difusão da língua só nas mãos do mercado. Quem é a favor dessa liberdade absoluta acha que tudo se resolverá se não houver controle, mas posso afirmar, como historiador, que não é isso que acontece.”

Capote

Para quem gostou de Capote, recomendo a leitura desta análise sobre o filme, a biografia que o originou e os livros do escritor. Do Uol:

Redescoberta de Truman Capote

Por Heidi Strecker

Filme sobre o autor de “A sangue frio” incentiva o lançamento de suas obras e de sua biografia no Brasil

Disneylândia em Brasília?

Aos poucos algumas humildes “profecias” contidas nos contos do meu primeiro livro (1997) vão se cumprindo: a blindagem das universidades por motivo de segurança, o assassinato de um calouro de medicina, um astronauta brasileiro e, por fim sem ser chinfrim, uma Disneylândia em Brasília. Segundo a revista Isto É, o governo do Distrito Federal ofereceu uma área de 175 hectares aos americanos. Será que essa área engloba o campus da UnB, conforme descrevo em um dos meus contos? Caso afirmativo, estas fotos mostram o que ocorrerá com a minha querida biblioteca da UnB.

A bilioteca hoje:

Biblioteca da UnB

E a Biblioteca da Cinderela após a venda da universidade à Disney:

Biblioteca da Cinderela

Bom, parece que, com uma Disneylândia, Brasília finalmente abraçará sua real vocação: distrair o povo enquanto certos bandidos se escondem na caverna dos piratas…

Google Books

Ao Ronaldo, Pedro, Alex e demais hermanos que estejam se preparando para publicar seus livros, uma dica: o Google Books já está aceitando catalogar e dispor ao público o conteúdo de livros de contribuidores individuais. (Pro Daniel não rola porque ele acha que o indivíduo não existe. Se é que o Daniel já escreveu ou pretende escrever algum livro.) Você pode escolher se quer divulgar todo o livro ou apenas trechos, que serão indexados e poderão ser encontrados pelos possíveis leitores através duma ferramenta de busca específica. (É o “antigo” Google Print do qual já falei.) Não apenas diversas editoras internacionais já sacaram que vale a pena, alguns autores também. Há histórias de gente (brasileira) que começou divulgando apenas na internet – é possível subir o arquivo em PDF – e, com a procura gerada, já publicou e vendeu oito edições em papel do dito cujo carcará sanguinolento. Eu já estou preparando minha revisão final com as ilustrações e capa do Sérvio Túlio Caetano.

Stanislaw Lem partiu para Solaris

Pois é, morreu o Stanislaw Lem, conforme noticiou o Yuri ali embaixo. Este escritor polonês, autor de mais de 30 livros, escreveu o clássico de ficção-científica Solaris, duas vezes adaptado para o cinema, por Andrei Tarkovski e por Steve Sodebergh. Entre os dois filmes, fico com o livro, uma das obras literárias que mais me angustiaram e impressionaram até hoje.

Escrever com esmero

Do livro Sobre o Ofício do Escritor, de Arthur Schopenhauer, que ganhei ontem do Bibliotecário de Alexandria, isto é, do meu pai:

“Quem escreve sem esmero confessa, antes de mais nada, que nem ele mesmo atribui grande valor a seus pensamentos. Pois apenas da convicção sobre a verdade e da importância de nossos pensamentos nasce o entusiasmo que é exigido para estarmos sempre atentos, com perseverança infatigável, à sua expressão mais clara, bela e vigorosa – do mesmo modo como apenas para coisas sagradas ou obras de arte inestimáveis, usam-se recipientes de prata ou de ouro. Eis porque os antigos, cujos pensamentos continuam a viver em suas palavras há milênios e, em virtude disso, portam o título honorífico de clássicos, escreveram sempre com grande zelo.” (Pág.114)

Giannetti e o paradoxo do genoma

Sigo lendo O Valor do Amanhã, do economista Eduardo Giannetti. Subintitulado “Ensaio sobre a Natureza dos Juros”, o livro está longe de ser uma obra meramente econômica. É filosofia. Como mostra ele, os juros financeiros são apenas uma faceta menor de um fenômeno inscrito na natureza darwiniana da vida e em nosso código genético: as trocas intertemporais – desfrutar agora custa, esperar rende.

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