blog do escritor yuri vieira e convidados...

Categoria: Viagens Page 13 of 38

O pouso

Aconteceu num agosto…

Não faço idéia de que tipo era — se Boeing ou Airbus, etc. Havia na cabine, além das poltronas de piloto e co-piloto, duas outras, menores, nas quais nos abrigamos. Voltava de Buenos Aires pela Transbrasil — faz uns 10 anos já. Estava comigo um conhecido que trabalhava na finada empresa. Ele me fez a pergunta que eu não ouvia desde garoto: “Quer conhecer a cabine?”

Era noite. O tempo estava magnífico. Poucas nuvens, apenas suficientes para embelezar a vista. O comandante foi nos explicando o básico do funcionamento da aeronave, para que serviam alguns daqueles reloginhos, botões, alavancas… Não gravei muita coisa, mas foi uma conversa agradável.

O poder da mente

Este vídeo é para o Daniel Christino, o Rodrigo Fiume, o Paulo Paiva e demais céticos que não crêem na magia…


.

Exorcizando o Zeitgeist

Do Júlio Lemos:

Muitas pessoas dizem que a doutrina da Igreja deveria mudar, porque “os tempos mudaram”. Esta proposição implica que antes havia uma concordância entre “os tempos” e a doutrina da Igreja, ou ainda que “os tempos” são a causa da doutrina da Igreja, e não a Revelação. Mais do que desejar que a Igreja se adeque ao mundo, os proponentes dos “tempos” desejam que a Igreja abdique de qualquer fundamento sobrenatural, desde o qual os tempos possam ser julgados.

Mas também negam, por tabela, que exista qualquer verdade natural e perene, e é aí que está a sua autocontradição: afinal, por que deveríamos tomar a mudança dos “tempos” como critério fixo e acima dos tempos? É a velha e primária discussão: quem diz que não há verdade não pode dizê-lo sem crer estar enunciado uma verdade; quem estabelece o tempo não pode ser critério para o tempo porque uma coisa só pode ser medida por outra coisa. Posso medir minha mesa em centímetros; se eu medisse a minha mesa por ela mesma, eu nada diria a respeito da minha mesa. Portanto há sempre um absoluto contra vários relativos, um fixo em relação a vários móveis, algo que fica e que por isso mesmo nos faz ver que há algo que passa.

A Coisa Simples

Certos espíritos dificilmente admitem que uma coisa simples possa ser bela, e menos ainda que uma coisa bela é, necessariamente, simples, em nada comprometendo a sua simplicidade as operações complexas que forem necessárias para realizá-la. Ignoram que a coisa bela é simples por depuração, e não originariamente; que foi preciso eliminar todo elemento de brilho e sedução formal (coisa espetacular), como todo resíduo sentimental (coisa comovedora), para que somente o essencial permanecesse. E diante da evidente presença do essencial, não o percebendo, até mesmo fugindo a ele, o preconceituoso procura o acessório, que não interessa e foi removido. Mais pura é a obra, e mais perplexa a indagação: “Mas é somente isto? Não há mais nada?” Havia; mas o gato comeu (e ninguém viu o gato).

(Carlos Drummon de Andrade, Confissões de Minas — Caderno de Notas. In OBRA COMPLETA. Rio, Aguilar, 1964, p. 591)

A Europa de Berlinski

Trecho dum artigo de Jeffrey Nyquist, via MSM:

Os bárbaros já estão aos portões. Na verdade, eles já passaram dos portões. Não é só um atentado terrorista que temos de conter. O niilismo europeu é um problema interno de todo o Ocidente. Dado o fato de que armas de destruição em massa estão por aí, um evento catastrófico é uma questão de tempo (embora Berlinski saiba mais do que diz). Admitamos um paradoxo metafórico: o mundo está perdendo sua mente coletiva. Com o tempo, sofreremos por causa disso. Além do mais, creio numa iminente catástrofe econômica ligada a uma catástrofe militar. (Isto é, crise econômica e uso maciço de armas de destruição em massa derivam da mesma fonte demente).

No caso da Europa, a crise é impressionantemente óbvia. Perambulando por Perugia, na Itália, Berlinski fez as seguintes observações: “Não há pais empurrando carrinhos de bebê na frente do palácio, não há avós ajudando netinhos hesitantes a descer as escadas da catedral. Vejo milhares de italianos andando, comprando, batendo papo, sentados nos degraus de San Lorenzo vendo as pessoas passarem – mas não vejo uma única criança”.

A taxa de natalidade da Europa desabou. “A não ser que essa tendência reverta-se por conta própria”, notou Berlinski, “em breve os países europeus serão incapazes de pagar suas caras pensões e programas de saúde”. Linhas depois, ela escreve: “A imigração é a única esperança da Europa”. Isso porque a Europa não desistirá de seu modelo de Estado assistencialista. E, portanto, a Europa precisa importar mais e mais muçulmanos para satisfazer sua demanda por mão-de-obra barata. Segundo Berlinski, a Europa precisará aumentar sua taxa de imigração de cinco a dez vezes apenas para sustentar-se. “Mas a imigração em número suficiente para retificar o declínio populacional certamente terá enormes custos em termos de estabilidade social”, explicou. A Europa não conseguirá assimilar tantos não-europeus. Os sentimentos raciais na Europa já podem ser sentidos. O homem é um animal tribal e os europeus não são tão esclarecidos quanto imaginam. (…)

E as meninas sumiram…

Ao checar meus emails hoje de manhã, dei risada de uma mensagem encaminhada pela querida Lunaroja! É, daquelas mesmo, em powerpoint, e que recebemos sempre!!! Diz uma certa autora desconhecida:

“Gostaria de saber quem foi a mentecapta, a matriz das feministas que teve a infeliz idéia de reivindicar direitos à mulher e por quê ela fez isso conosco, que nascemos depois dela. Estava tudo tão bom no tempo das nossas avós, elas passavam o dia a bordar, trocar receitas com as amigas, ensinando-se mutuamente segredos de molhos e temperos, de remédios caseiros, lendo bons livros das bibliotecas dos maridos, decorando a casa, podando árvores, plantando flores, colhendo legumes das hortas, educando as crianças, freqüentando saraus. A vida era um grande curso de artesanato, medicina alternativa e culinária.

Aí vem uma fulaninha qualquer que não gostava de sutiã nem tão pouco de espartilho, e contamina várias outras rebeldes inconseqüentes com idéias mirabolantes sobre ‘vamos conquistar o nosso espaço’.

Aprendendo com os cubanos

Deputados, prefeitos e vereadores brasileiros foram a Cuba aprender como melhorar nossa educação, saúde, turismo e fontes de energia.

También visitaremos varias provincias del país para conocer in situ las experiencias que desarrollan, y fundamentalmente las conquistas sociales de la Revolución, agregó [o deputado paulista Renato Simões].

Somos solidarios con los cubanos y los apoyamos, concluyó Simoes.

É bom mesmo os caras já irem aprendendo como essas coisas funcionam sob uma ditadura comunista, assim, se a nossa ditadura se concretizar, não haverá tempo perdido com experiências tolas. Se é que há algo no sistema comunista que não seja tolo…

From New York to Paulo Francis

Já faz mais de um mês que o cineasta João Rocha – sobrinho do Glauber Rocha – e o pesquisador Lécio Augusto Ramos me enviaram cópias duma carta que xeroquei ainda na UnB, mas que perdi anos atrás: From New York to Paulo Francis, uma carta onde Glauber demonstra sua verve inconfundível e tece comentários impagáveis sobre a capital do mundo, seus artistas, personalidades e a relativa bobagem que é, para o artista criador, a necessidade de viajar geograficamente. Eu pretendia transcrevê-la por inteiro, mas como ainda não me organizei o suficiente para tanto, seguem as imagens da revista (Status, 1968) em que foi publicada.


Glauber Rocha
Glauber Rocha
Glauber Rocha

(Clique nas imagens da esquerda para a direita.)

Conheça o site Tempo Glauber, administrado por João Rocha.

ETA, MST e PCC

Do Alerta Total:

A onda de terror sobre São Paulo não foi concebida por presos rebelados. Confirma-se a tese de que a organização criminosa Primeiro Comando da Capital não foi mesmo a articuladora principal dos atos terroristas que amedrontaram e paralisaram São Paulo desde a madrugada de sexta-feira. A advogada criminal da ONG Nova Ordem, Iracema Vasciano, que visitou os líderes do PCC isolados no presídio de Presidente Bernardes, revelou que os detentos lhe indagaram por que haviam sido transferidos para a cadeia de segurança máxima, se o sistema carcerário estava calmo – segundo informações dos presos.

Os serviços de inteligência das Forças Armadas descobriram que a bem organizada ação de guerrilha urbana foi montada por “forças subterrâneas” treinadas e coordenadas por especialistas em terrorismo do grupo separatista basco ETA. O mesmo grupo, secretamente, vem dando treinamento de guerrilha, há dois anos, a membros do Movimento dos Sem Terra e à Via Campesina (que invadiu, em março, a Aracruz Celulose no Rio Grande do Sul). O objetivo de tais ações de terror é travar uma guerra psicológica para desmoralizar as autoridades de segurança e enfraquecer, politicamente, os governos estaduais, como teste para futuras ações revolucionárias.

Um observador de farândolas

    “Embora vista como desgraçada insossa, a estupidez ainda grassa na paisagem”
    (lavra pessoal)

Impressionante! Embora habite um tronco oco no meio da floresta, nunca deixo de receber notícias frescas do que se passa no Orbe. Incrível! E, claro, isso tudo me leva a fazer a única coisa que os médicos ainda não proibiram, isto é: raciocinar. E como não fazê-lo vendo coisas tão exóticas existindo ao redor, hein?

Sucessivamente vejo coisas assim acontecer: em Lisboa, um gêmeo português tenta o suicídio e acaba matando o irmão por engano. Do outro lado do mundo, uma família inteira de — supostos idiotas — turcos anda de quatro o tempo todo enquanto que aqui, uma deputada erecta — e confirmadamente idiota — metida a saltatriz maluca, dança, comemorando a impunidade que rola solta.

Está aí o motivo para grandes lucubrações. No mesmo instante que pretendo iniciá-las, uma amiga cancela seu sagrado uisquezinho vespertino porque iria doar sangue no dia seguinte. Meu Deus! Todos enlouqueceram, menos o pequeno Toledo, é claro, que agora inicia o deambulatório filosófico das quintas lembrando-lhes que, bem antes dos ufanismos do astronauta brasileiro subir ao espaço, eu já estava com o saco na Lua.

Page 13 of 38

Desenvolvido em WordPress & Tema por Anders Norén