blog do escritor yuri vieira e convidados...

Autor: pedro novaes Page 21 of 33

Três Filmes

Antes de mais nada, desculpas pelo sumiço. A vida está uma doideira, mas espera-se, breve, uma diminuição do ritmo após importantes decisões.
Queria brevemente comentar alguns filmes, dois brasileiros e um quase, em diferentes momentos de vida.
Esta semana, tenho a oportunidade de fazer uma espetacular oficina de preparação de atores com o Sérgio Penna, o mais requisitado preparador de elenco do cinema brasileiro, responsável por filmes incríveis como Bicho de Sete Cabeças, de Laís Bodansky, e Contra Todos, de Roberto Moreira.

Ligando os corruptos

A Transparência Brasil acaba de disponibilizar mais uma excelente ferramenta em seu site. Depois do portal Às Claras, com dados sobre os financiamentos de campanhas nas duas últimas eleições, agora o projeto “Deu no Jornal” tem uma nova e criativa possibilidade de acesso a seu banco de dados.

O Deu no Jornal compila e sistematiza o noticiário sobre corrupção da maior parte dos jornais de circulação diária e revistas semanais do país. Já se podiam consultar estas informações de forma agregada por estado, por assunto ou por veículo, de forma a aferir o que cada jornal publica ou não, se os noticiários locais falam sobre corrupção em seus próprios estados ou não, etc. Agora, neste site é possível estabelecer relações entre pessoas mencionadas nas notícias e entre pessoas e assuntos.

É possível, desta forma, entrar até três nomes – por exemplo, Lula, FHC e Paulo Maluf – e ver, em forma de gráfico, os assuntos relacionados à corrupção em que cada um deles é mencionado e, mais esclarecedor, que assuntos os unem. Inversamente, também se podem colocar um ou mais assuntos – exemplo: privatizações, mensalão, licitações -, ver as notícias sobre eles, como estes temas se ligam e que nomes afloram quando os mencionamos.

Fundamental para entendermos o que move o Brasil. Parabéns, mais uma vez, à Transparência.

Razão e esperança

Do Ernesto Sabato:

“Toda consideración abstracta, aunque se refiera a problemas humanos, no sirve para consolar a ningún hombre, para mitigar ninguna de las tristezas y angustias que puede sufrir un ser concreto de carne y hueso, un pobre ser con ojos que miran ansiosamente (¿hacia qué o hacia quién?), una criatura que sólo sobrevive por la esperanza. Porque felizmente el hombre no está sólo hecho de desesperación sino de fe y de esperanza: no sólo de muerte sino también de anhelo de vida; tampoco únicamente de soledad sino de momentos de comunión y de amor.

Porque si prevaleciese la desesperación, todos nos dejaríamos morir o nos mataríamos, y eso no es de ninguna manera lo que sucede. Lo que demuestra la poca importancia de la razón, ya que no es razonable mantener esperanzas en este mundo en que vivimos. Nuestra razón, nuestra inteligencia, constantemente nos está probando que ese mundo es atroz, motivo por el cual la razón es aniquiladora y conduce al escepticismo, al cinismo y, finalmente, a la aniquilación.

Pero, por suerte, el hombre no es casi nunca un ser razonable, y por eso la esperanza renace una y otra vez en medio de las calamidades. Y este mismo renacer de algo tan descabellado, tan sutil y entrañablemente descabellado, tan desprovisto de todo fundamento es la prueba de que el hombre no es un ser racional.”

Assim que der um tempinho, queria escrever sobre o Sabato, meu escritor mais querido.

Próxima Leitura: Pedro Juan Gutiérrez

Nunca li nada do escritor cubano Pedro Juan Gutiérrez, autor, entre outros livros, da Trilogia Suja de Havana e de Animal Tropical. Sábado ou segunda, entretanto, vou aos sebos atrás de seus livros, após uma conversa ontem com o cineasta Luiz Carlos Lacerda, o Bigode, diretor de Leila Diniz, For All e Viva Sapato e ex-professor da famosa Escola de Cinema de Cuba, em San Antonio de Los Baños.

Segundo o Bigode, Bukowski é Walt Disney perto de Gutiérrez que, casado com uma sueca, entendiou-se com o frio nórdico e preferiu voltar a viver em Havana, onde ainda está e onde seus livros seguem proibidos.

Extremo Sul: homens e montanhas

Acaba de sair em DVD “Extremo Sul”, documentário de Monica Schmiedt e Sylvestre Campe, retratando a tentativa de cinco montanhistas – dois brasileiros, dois argentinos e um chileno -para escalar o Monte Sarmiento (2.404 metros), na Terra do Fogo, extremo sul do continente sul-americano.

Na verdade, tratava-se de um duplo desafio: subir uma montanha dificílima, apenas três vezes escalada até então e, ao mesmo tempo, fazer um filme sobre esta aventura. Deu tudo errado, mas é exatamente isso que torna o filme muito bom.

A Dor do Dragão

DragãoDizer que os deuses do futebol são implacáveis parece coisa de mesa-redonda de domingo à noite. Ontem, mais do que nunca, eu não quis assitir a nenhuma mesa-redonda porque nunca tive comprovação mais forte, dolorida e terrível dessa implacabilidade.

Voltem o tempo e me digam que nada disso é verdade. Como o mundo é injusto.

Depois de 18 anos sem ganhar um campeonato goiano, o Atlético fez um campeonato de arrasar. Se o torneio fosse por pontos corridos, seríamos campeões disparados. E nem é isso o pior. O time do Atlético é realmente excepcional. Dá prazer, enche os olhos vê-lo jogar. A bola nunca sai do chão, corre na grama todo o tempo. Os caras tocam com uma rapidez de time de Telê Santana, jogam com velocidade, têm uma disciplina tática impecável e grande criatividade em figuras com Fabinho e Dida que, logo, estarão na Série A do Brasileiro.

Brasil Surreal: MV Bill na Daslu

Quem insiste em compreender este país por meio da razão corre mesmo severo risco de parar no hospício. Só mesmo o surrealismo e o realismo fantástico dão conta das situações buñuelianas bizarras que teimam em desafiar a racionalidade, o senso comum e a razoabilidade todos os dias aqui nestes trópicos. Pois não é que o MV Bill foi lançar o livro dele no where less que na Daslu!? É muita vontade de perder a moral, falta de senso do ridículo e abstração do risco.

Depois de chocar o país com a crueza do documentário “Falcão – Os Meninos do Tráfico”, produzido através da Central Única das Favelas, ONG que comanda, o rapper parece ter perdido definitivamente qualquer noção da realidade e foi compartilhar canapés com Eliana Tranchesi – a das gravatas de grife importadas através de paraísos fiscais a um dólar cada e vendidas aqui a sei lá quantas centenas de reais. Aquela que curtiu uns dias no xadrez depois da devassa da Polícia Federal.

50 melhores filmes independentes

O site da revista cinematográfica Empire tem uma lista dos 50 melhores filmes independentes de todos os tempos. Evidentemente é quase exlcusivamente americana, mas é interessante. Cidade De Deus e Amores Perros estão lá. Abaixo, os dez primeiros.

1. Cães de Aluguel
2. Donnie Darko
3. O Exterminador do Futuro
4. O Balconista
5. A Vida de Brian
6. A Noite dos Mortos Vivos
7. Sexo, Mentiras e Videotape
8. Os Suspeitos
9. Sideways
10. Caminhos Perigosos

Grupos econômicos + grupos políticos = não-desenvolvimento

Douglass North recebeu o Nobel de Economia em 1993. É um dos pais da Economia das Instituições, estudo obrigatório para quem quer discutir desenvolvimento a sério. Andou por aqui estes dias.

Prêmio nobel diz que mercado político no Brasil ‘não funciona’

N’O Estado: “O economista norte-americano Douglass North, prêmio Nobel de 1993, criticou o Fundo Monetário Internacional por fazer um ‘péssimo trabalho’ ao tentar impor uma receita global de desenvolvimento. ‘Seria melhor se desenvolvessem uma teoria melhor’, recomendou, referindo-se à necessidade de respeitar as diferenças culturas. North foi o palestrante da abertura do 19º Fórum da Liberdade, evento anual promovido pelo Instituto de Estudos Empresariais de Porto Alegre, para discutir temas políticos e econômicos. Defensor da sociedade de acesso – uma nova ordem na qual os grupos humanos, apesar de suas diferenças, se relacionam dentro de um ambiente de respeito à propriedade e ao Estado de Direito -, North entende que não existe uma fórmula única, mas a necessidade de fazer tentativas e erros dentro de cada cultura até que os países atinjam o desenvolvimento. O economista considera que a maioria dos países ainda vive no que chama de ‘estado natural’, aquele em que os grupos de interesses econômicos apóiam grupos políticos para depois obter proteção a seus negócios. ‘Ninguém gosta de concorrência e, se gostam, é só para os outros’, afirmou. Sobre o Brasil, North disse que o mercado político não funciona bem e a economia é ineficaz. Mas o País tem potencial. ‘Gosto do povo e não tanto das instituições (brasileiras)’, disse.”

(Via De Gustibus…)

Aos Céticos

“SE NÃO FORMOS CAPAZES DE REDUZIR EM 78% ATÉ 2050 NOSSA EMISSÕES DE GASES-ESTUFA, AS CONSEQUÊNCIAS SERÃO CATASTRÓFICAS.”

A frase acima foi dita ontem por Sir Nick Stern, que está de passagem pelo Brasil. Secretário de Orçamento e Finanças do Tesouro de Sua Majestade, ex-vice-presidente sênior e Economista-Chefe do Banco Mundial, foi encarregado por Tony Blair para a produção de um review sobre a “Economia das Mudanças Climáticas”. O trabalho, aguardado com ansiedade, deve ser concluído até o final de setembro para a nova rodada de negociações do G8 no México, como desdobramento da Cúpula de Gleneagles, na Escócia, ano passado, onde esteve presente “Nosso Grande Líder”.

Sir Stern está percorrendo alguns países importantes do ponto de vista da questão climática para falar sobre seu trabalho e colher opiniões e dados. Por participar de um projeto financiado pelo DEFRA, equivalente do Ministério de Meio Ambiente na Inglaterra, pude ouvi-lo em uma de suas reuniões ontem na Embaixada Britânica, em Brasília.

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