blog do escritor yuri vieira e convidados...

Categoria: especulativas Page 6 of 14

A Europa de Berlinski

Trecho dum artigo de Jeffrey Nyquist, via MSM:

Os bárbaros já estão aos portões. Na verdade, eles já passaram dos portões. Não é só um atentado terrorista que temos de conter. O niilismo europeu é um problema interno de todo o Ocidente. Dado o fato de que armas de destruição em massa estão por aí, um evento catastrófico é uma questão de tempo (embora Berlinski saiba mais do que diz). Admitamos um paradoxo metafórico: o mundo está perdendo sua mente coletiva. Com o tempo, sofreremos por causa disso. Além do mais, creio numa iminente catástrofe econômica ligada a uma catástrofe militar. (Isto é, crise econômica e uso maciço de armas de destruição em massa derivam da mesma fonte demente).

No caso da Europa, a crise é impressionantemente óbvia. Perambulando por Perugia, na Itália, Berlinski fez as seguintes observações: “Não há pais empurrando carrinhos de bebê na frente do palácio, não há avós ajudando netinhos hesitantes a descer as escadas da catedral. Vejo milhares de italianos andando, comprando, batendo papo, sentados nos degraus de San Lorenzo vendo as pessoas passarem – mas não vejo uma única criança”.

A taxa de natalidade da Europa desabou. “A não ser que essa tendência reverta-se por conta própria”, notou Berlinski, “em breve os países europeus serão incapazes de pagar suas caras pensões e programas de saúde”. Linhas depois, ela escreve: “A imigração é a única esperança da Europa”. Isso porque a Europa não desistirá de seu modelo de Estado assistencialista. E, portanto, a Europa precisa importar mais e mais muçulmanos para satisfazer sua demanda por mão-de-obra barata. Segundo Berlinski, a Europa precisará aumentar sua taxa de imigração de cinco a dez vezes apenas para sustentar-se. “Mas a imigração em número suficiente para retificar o declínio populacional certamente terá enormes custos em termos de estabilidade social”, explicou. A Europa não conseguirá assimilar tantos não-europeus. Os sentimentos raciais na Europa já podem ser sentidos. O homem é um animal tribal e os europeus não são tão esclarecidos quanto imaginam. (…)

E as meninas sumiram…

Ao checar meus emails hoje de manhã, dei risada de uma mensagem encaminhada pela querida Lunaroja! É, daquelas mesmo, em powerpoint, e que recebemos sempre!!! Diz uma certa autora desconhecida:

“Gostaria de saber quem foi a mentecapta, a matriz das feministas que teve a infeliz idéia de reivindicar direitos à mulher e por quê ela fez isso conosco, que nascemos depois dela. Estava tudo tão bom no tempo das nossas avós, elas passavam o dia a bordar, trocar receitas com as amigas, ensinando-se mutuamente segredos de molhos e temperos, de remédios caseiros, lendo bons livros das bibliotecas dos maridos, decorando a casa, podando árvores, plantando flores, colhendo legumes das hortas, educando as crianças, freqüentando saraus. A vida era um grande curso de artesanato, medicina alternativa e culinária.

Aí vem uma fulaninha qualquer que não gostava de sutiã nem tão pouco de espartilho, e contamina várias outras rebeldes inconseqüentes com idéias mirabolantes sobre ‘vamos conquistar o nosso espaço’.

From New York to Paulo Francis

Já faz mais de um mês que o cineasta João Rocha – sobrinho do Glauber Rocha – e o pesquisador Lécio Augusto Ramos me enviaram cópias duma carta que xeroquei ainda na UnB, mas que perdi anos atrás: From New York to Paulo Francis, uma carta onde Glauber demonstra sua verve inconfundível e tece comentários impagáveis sobre a capital do mundo, seus artistas, personalidades e a relativa bobagem que é, para o artista criador, a necessidade de viajar geograficamente. Eu pretendia transcrevê-la por inteiro, mas como ainda não me organizei o suficiente para tanto, seguem as imagens da revista (Status, 1968) em que foi publicada.


Glauber Rocha
Glauber Rocha
Glauber Rocha

(Clique nas imagens da esquerda para a direita.)

Conheça o site Tempo Glauber, administrado por João Rocha.

ETA, MST e PCC

Do Alerta Total:

A onda de terror sobre São Paulo não foi concebida por presos rebelados. Confirma-se a tese de que a organização criminosa Primeiro Comando da Capital não foi mesmo a articuladora principal dos atos terroristas que amedrontaram e paralisaram São Paulo desde a madrugada de sexta-feira. A advogada criminal da ONG Nova Ordem, Iracema Vasciano, que visitou os líderes do PCC isolados no presídio de Presidente Bernardes, revelou que os detentos lhe indagaram por que haviam sido transferidos para a cadeia de segurança máxima, se o sistema carcerário estava calmo – segundo informações dos presos.

Os serviços de inteligência das Forças Armadas descobriram que a bem organizada ação de guerrilha urbana foi montada por “forças subterrâneas” treinadas e coordenadas por especialistas em terrorismo do grupo separatista basco ETA. O mesmo grupo, secretamente, vem dando treinamento de guerrilha, há dois anos, a membros do Movimento dos Sem Terra e à Via Campesina (que invadiu, em março, a Aracruz Celulose no Rio Grande do Sul). O objetivo de tais ações de terror é travar uma guerra psicológica para desmoralizar as autoridades de segurança e enfraquecer, politicamente, os governos estaduais, como teste para futuras ações revolucionárias.

Um observador de farândolas

    “Embora vista como desgraçada insossa, a estupidez ainda grassa na paisagem”
    (lavra pessoal)

Impressionante! Embora habite um tronco oco no meio da floresta, nunca deixo de receber notícias frescas do que se passa no Orbe. Incrível! E, claro, isso tudo me leva a fazer a única coisa que os médicos ainda não proibiram, isto é: raciocinar. E como não fazê-lo vendo coisas tão exóticas existindo ao redor, hein?

Sucessivamente vejo coisas assim acontecer: em Lisboa, um gêmeo português tenta o suicídio e acaba matando o irmão por engano. Do outro lado do mundo, uma família inteira de — supostos idiotas — turcos anda de quatro o tempo todo enquanto que aqui, uma deputada erecta — e confirmadamente idiota — metida a saltatriz maluca, dança, comemorando a impunidade que rola solta.

Está aí o motivo para grandes lucubrações. No mesmo instante que pretendo iniciá-las, uma amiga cancela seu sagrado uisquezinho vespertino porque iria doar sangue no dia seguinte. Meu Deus! Todos enlouqueceram, menos o pequeno Toledo, é claro, que agora inicia o deambulatório filosófico das quintas lembrando-lhes que, bem antes dos ufanismos do astronauta brasileiro subir ao espaço, eu já estava com o saco na Lua.

“Tem de fechar esse Congresso!”

Cada vez que ouço, na rua, alguém descomendo essa frase, sinto um calafrio sinistro. Nos últimos três meses, já a ouvi diversas vezes na boca de diferentes pessoas, em geral gente honesta, trabalhadora e séria. Hoje, por exemplo, meu pai a repetiu para mim pela terceira vez, e isso contando desde o início do famigerado Mensalão. Meu pai, um cara do bem. Nessas horas, meu lado Mister Hyde fica imediatamente paranóico, imaginando uma reunião de cúpula (ou de cópula) entre o antigo “Núcleo Pau Duro” do PT que, visando foder com a casa dos sei lá quantos picaretas (vide Lula), planeja e executa uma maneira genial de mergulhar o Congresso ainda mais na lama, corrompendo-o de forma inaudita e, em seguida, deixando vazar as informações. O povo fica tão anestesiado com as notícias que acaba acreditando que o melhor mesmo é chutar o pau da barraca legislativa. E, como o Bob Lula Bunda Quadrada é santo, iluminado, inocente, puro, um verdadeiro Jamanta, que não sabe de nada, é reeleito, sentindo-se então de posse da autoridade necessária para fechar o Congresso Nacional e iniciar a terceira proto-ditadura da América do Sul…

Ah, como já dizia uma das formas do Pai Nosso ensinada pelo Mestre aos seus apóstolos, Senhor, no nos dejes errar por los perversos caminos de nuestra imaginación

Malhando atores

Outro dia, zapeando, dei de cara com a Cláudia Ohana naquela novela Malhação. Já tinha visto a Lucélia Santos e o André de Biasi ali, o que me pareceu bem surreal para estes intérpretes de antigos personagens de sucesso. Algo me diz que esse programa é uma espécie de reciclagem – bem, reciclagem é um eufemismo para castigo, mas vá lá, ce entendeu – reciclagem para atores que ficaram muito tempo longe da Globo. É um castigo certamente bem remunerado, mas ficam lá, sendo malhados pelos egões dos atorzinhos novatos e, claro, daí o título da novela: Malhação. Dureza, hem.

Entre Nagasaki, Chernobyl e a Rua 57 em Goiânia

Completam-se hoje 20 anos do maior acidente nuclear da história, a explosão do reator da Usina de Chernobyl, na Ucrânia, à época parte da URSS. Pouco mais de um ano depois, deflagrava-se o maior acidente radiativo já ocorrido no Brasil e quiçá também um dos maiores do mundo: a tragédia latino-americana do Césio 137, em que catadores de sucata romperam a cápsula com material radiativo de um aparelho radiológico abandonado, levando à morte de quatro pessoas e à contaminação de milhares de outras bem aqui, a alguns quilômetros da minha casa.

Vinte anos depois, a humanidade se vê às voltas com a possibilidade da retomada da opção nuclear e de nova corrida armamentista. Aquela para a geração de energia, em função do aquecimento global fomentado pela queima dos combustíveis fósseis; esta, em função da loucura fundamentalista.

O dia enseja uma reflexão. Por isso, acho que vale publicar um texto meu escrito há cerca de um ano e meio atrás, após um passeio de bicicleta passando pela famigerada Rua 57 num feriado de finados. Assim como vale à pena assistir ao filme The Last Atomic Bomb, do americano Robert Richter, sobre as vítimas da bomba atômica de Nagasaki, um triste e bonito manifesto pelo fim das armas nucleares, selecionado para o VIII Festival Internacional de Cinema e Vídeo Ambiental, que acontecerá entre 6 e 11 de junho na Cidade de Goiás (GO) (há uma cena
muito impressionante do encontro e diálogo entre um sobrevivente de campo de concentração nazista e uma velhinha japonesa sobrevivente da bomba de Nagasaki – de arrepiar).

VIAGEM URBANA NO DIA DE MORTOS
(Texto escrito em dezembro de 2004)
Neste feriado de mortos, tive uma viagem urbana.
Tenho duas pessoas que moram dentro de mim. Por isso, gosto da cidade, da urbanidade, assim como gosto do mato. Sou cético e, ao mesmo tempo, profundamente esperançoso.
Duas coisas me atraem na cidade: a decadência em toda a sua humanidade, assim como a humanidade em toda a sua decadência.

Jean-Nõel Jeanneney e o Google Books

Concordo com Jean-Nõel Jeanneney, diretor da Biblioteca Nacional da França, quando afirma que a difusão de livros pela Internet será uma revolução tão grande quanto a da invenção da imprensa. Mas esse papo de que o Estado precisa controlar o processo não me dá nem raiva mais, me dá é preguiça. Diz ele:

“O livro [Quando o Google Desafia a Europa: Em Defesa de uma Reação] foi conseqüência de um artigo que escrevi no Le Monde no início de 2005, logo após o anúncio do Google [Google Books]. É claro que é bom ter acesso à informação, mas é preciso que seu controle não fique só com uma empresa, que seu financiamento não se dê só pela publicidade e que essa grande quantidade de informação seja ordenada. Não se pode deixar a cultura e a difusão da língua só nas mãos do mercado. Quem é a favor dessa liberdade absoluta acha que tudo se resolverá se não houver controle, mas posso afirmar, como historiador, que não é isso que acontece.”

Mensagem cifrada

Como diabos isto pode servir para alguém? Do Quiroga, no Estadão:

Virgem

“As pessoas andam compartilhando com extrema generosidade seus problemas, criando dificuldades ainda maiores àquelas que enfrentam individualmente, dado umas se somarem às outras. Quando se compartilhará os benefícios assim também?”

Câncer

“Os sonhos com que sua alma andou refestelando no silêncio do coração fizeram seus olhos físicos se abrirem para uma realidade bem inferior àquilo que é buscado. Essa discordância é dolorida, mas também motivadora de maior esforço.”

Page 6 of 14

Desenvolvido em WordPress & Tema por Anders Norén