blog do escritor yuri vieira e convidados...

Autor: daniel christino Page 9 of 12

“Há um Chuck Norris maior do que eu”

Você provavelmente já leu sobre as incríveis proezas do inigualável Chuck Norris. Por exemplo: “Chuck Norris não dorme, ele espera”; “Chuck Norris contou até o infinito, duas vezes”; “Chuck Norris conseguiu dar um cavalo-de-pau no Enduro do Atari”; “Chuck Norris ganhou de si mesmo jogando par ou ímpar no espelho….apostando ímpar”. E não é que Chuck Norris ganhou uma coluna regular no WorldNetDaily. Sobre o que Chuck Norris irá escrever? Não ouse repetir a pergunta.

Você não acredita em pesquisas?

Que dúvida, hein? Jucelino ou as pesquisas? Eu escolho as pesquisas. Em primeiro lugar porque as pesquisas podem errar, é essencial em qualquer método. Já o Jucelino não tem direito a nenhum erro. Sua base metafísica (vamos chamá-la assim) o proíbe, afinal ele recebe suas análises do FUTURO – ou de alguém por lá!! Logo, se ele erra – e errou – isso prova que ele sabe tanto sobre o futuro quanto qualquer um, com a desvantagem de não sabermos ao certo como ele consegue as informações. Então é hora de abandonarmos o Prof. Jucelino ao seu destino, seja ele qual for. Mas e as pesquisas? Dá pra confiar nelas?

A batalha pelo futuro I

Lula será reeleito. Dito assim parece até um vaticínio do Jucelino – farei um post sobre essa tara do pessoal por metafísica barata um dia, podem esperar! -, mas é o que indicam as pesquisas neste final de campanha. Até o obstinado Reinaldo Azevedo já derrubou o rei. Segundo os mais alarmados, viveremos dias sombrios nos próximos anos, cercados pelo mal e governados por uma quadrilha de imorais. Dá quase para se ouvir: “a única saída é o aeroporto”. Quer saber? Morro de preguiça desse tom apocalíptico.

O cofre e o tempo

Quando meu tio morreu encontramos em seu quarto um cofre do qual não tinhamos conhecimento. Bem, meu pai tinha, mas nunca havia comentado nada. Meu tio era um recluso, excetuando sua certidão de nascimento não possuía nenhum outro documento (nem carteira de identidade, nem CPF, nem título de eleitor). No que diz respeito ao Estado, meu tio não existia. Também não conversava muito. Arredio, não se sentia confortável perto de muita gente. Possuia uma inteligência singular. Aprendeu sozinho a tocar clarineta e banbolim; também aprendeu a pintar (naïf) e consertar televisões por conta própria. Entre outras coisas encontradas no seu barracão, havia um livro de química muito antigo, escrito em francês, com receitas para coisas como pólvora e fogos de artifício. Não me lembro de vê-lo entabulando alguma discussão política ou econômica ou estética. Quando queria demonstrar carinho, nos convidava para passar a tarde com ele no trabalho e nos levava ao bar da esquina. “Peça o que quiser”, dizia. E eu: “Coca-Cola e pão de queijo”. Ficávamos sentados comendo em silêncio. Não foi surpresa, portanto, descobrir que nenhum de nós possuia o segredo daquele cofre.

Leia os clássicos

De vez em quando releio alguns clássicos da crítica literária brasileira. Coisa fina. É obrigação moral de qualquer escritor desencorajado tornar-se o melhor leitor que conseguir. Sem ressentimentos ou protestos às musas. Se não deu, não deu. Acostume-se, mas nunca abandone a Arte. Há escritores por aí sedentos por leitores acima da média, capazes de estabelecer um diálogo inteligente e honesto. Portanto leia os clássicos, meu amigo. Não sou o Jucelino, mas prevejo – com 10% de margem de erro – interpretações canhestras e desvios hermenêuticos graves no seu futuro, caso ignore o aviso. Eis uma palhinha do Alfredo Bosi em “Dialética da Colonização” para você sentir o drama (humm…):

As Luzes não se apagaram pelo fato de as terem refletido criticamente o pensamento hegeliano-marxista, a sociologia do conhecimento e uma certa fenomenologia avessa ao racionalismo clássico. E, se me for permitida uma comparação como o que aconteceu com o idealismo neoplatônico no seu encontro com o cristianismo, diria que, assim como o Logos precisou “fazer-se carne” e “habitar entre nós” para manifestar-se de modo pleno aos homens, também a razão contemporânea saiu à procura da encarnação e da socialização no desejo de superar o já velho projeto ilustrado, salvando-o do risco de involuir para aquela “filosofia estática da Razão”, de que se queixava o insuspeito Mannheim, ou de pôr-se irresponsavelmente a serviço do capitalismo e da máquina burocrática. A inteligência dos povos ex-coloniais tem motivos de sobra e experiência acumulada para desconfiar de uma linguagem ostensivamente neo-ilustrada que se reproduz complacente em meio às mazelas e aos escombros deixados por uma pseudomodernidade racional sem outro horizonte além dos próprios lucros.

Depois volto com um pouco de José Guilherme Merquior.

Debate da Band – Lula se segura

Dei uma navegada por aí e parece unânime aos analistas profissionais que Alckmin foi melhor do que Lula no debate. Eu sinceramente não sei. É o primeiro debate do Lula como situação; em todo os outros ele esteve na oposição. Ele não estava confortável. Perdeu a paciência várias vezes, deixando transparecer aquela impaciência de menino que não gosta de levar bronca. Esteve com cara de quem poderia dizer, de supetão, “e daí, é problema meu, porra! Não torra o saco”.

Mãe é mãe, piada é piada.

Olha, o Bruno Costa disse, com toda a propriedade, que a piada não diminui em nada as – como direi?? – capacidades totalitárias do PT. É verdade. Mas o Yuri parece ter levado para o lado pessoal um post endereçado exclusivamente a posicionamentos políticos impermeáveis ao bom senso. O meu argumento, brilhantemente ilustrado pelo caso da ONG plutônica, é o de que se vive um contexto de luta política e, neste caso, não há lá muita preocupação com o compreender. Há, na verdade, esforço doutrinário. A ironia, claro, é só a cereja do bolo.

E era piada… (a Sociedade dos amigos de Plutão)

E não é que a história sobre a ONG Sociedade dos Amigos de Plutão era, na verdade, estória (para usar uma distinção bem fora de moda). Por isso eu sempre digo: cuidado com as identificações fortes demais em política. Parece a alguns tão clara a essência maligna de outros, parecem-lhes tão claros os fatos, que não lhes custa muito tomar como verdadeiras informações falsas, se estas confirmam o caráter imaginado destes outros (como disse o Olavo a respeito da ciência: os fatos tornam-se meramente uma ilustração do que o intelecto, a priori, descobriu por si). E isso acontece, principalmente, quando o pathos do texto é o desprezo.

Curioso como esquecemos facilmente o caráter singular dos indivíduos. Quando me dizem que a maioria dos conservadores é hipócrita – escondem interesses esgoístas sob uma fachada moralista -, penso: “será que o Yuri seria capaz disso?”. A resposta, obviamente, é não. Logo, deve haver algo de bom em ser conservador e, com certeza, tem a ver com esta característica moral. Faço o mesmo com meus amigos esquerdistas. Quando pregam por aí a essência totalitária e mau-caráter da esquerda, penso: “Será que meu amigo Ricardo é totalitário e mau-caráter?”. A resposta, obviamente, é não. Logo, deve haver algo de bom em ser esquerdista e, com certeza, tem a ver com uma legítima preocupação social. Emparedados entre a amizade e suas conclusões lógicas, muitos optam pela saída muito cafajeste de reclassificar os amigos como idiotas ou estúpidos (embora “idiota” seja a preferida, por sua óbvia origem etimológica). É de uma prepotência inimaginável. Primeiro, porque quem usa este expediente supõe, sempre, estar correto, mesmo que não consiga explicar o porquê. Segundo, ele acredita que a verdade é uma disjunção exclusiva. Deveria estudar um pouco de lógica modal.

Ah, sim! E mando ao inferno qualquer discurso aterrorizante – o medo é uma arma totalitária -, cujo objetivo seja me fazer ver um amigo como hipócrita ou mau-caráter ou estúpido. O resto é assunto para a psicanálise.

Políticos, essa raça!!!

O Washington Post – leitura obrigatória para os “left liberals” americanos – continua repercutindo o escândalo do congressista republicano Mark Foley (reparem, ele concorrerá à releição). Segundo o jornal (e também o NYT, Wall Street Journal, etc.) Foley andou enviando alguns e-mails e IMs (instant messeges) para sites de pornografia infantil. A coisa toda explodiu quando um destes e-mails de conteúdo nada inocente foi enviados a um garoto de 16 anos alguns meses atrás. Em resumo, o cara parece fissurado num garotinho.

Os democratas, entretanto, acusam os republicanos de acobertar o escândalo mantendo Foley na Comissão para Crianças Abusadas e Desaparecidas do Congresso Americano mesmo depois de saberem das “inclinações” do deputado ainda em 2003. De certa forma o raciocíno conservador faz sentido, afinal, o cara ama as crianças.

Eis o link para a matéria completa

E se você acha que os democratas são um pouco melhores leia isso:

2º Turno (ufa!!)

Vamos ao segundo turno. Com 97,80% dos votos apurados, Lula caiu para 48,79 e Alckmin subiu para 41,43. Não tem mais jeito de Lula tirar a vantagem. O que nos salvou foi São Paulo, a capital, porque no Estado quem venceu foi Lula. Segundo a lógica, a transferência de votos, se houver, deve indicar que o eleitor de HH vai de Lula, e o de Cristovam pode (veja bem, pode!) ir para Alckmin. Em tese todos são esquerda (num espectro que vai do mais moderado ao mais revolucionário).

Em todo caso repito a análise anterior: a campanha só fará sentido para Alckmin se houver corrosão da imagem de Lula. Logo, a ordem é bater pesado, principalmente no aspecto moral. Do lado do PT algumas estratégias deverão ser repensadas. A jogada do dossiê – supondo que a disputa presidencial estava ganha – foi arriscada e explodiu na cara dos petistas. Lula está, oficialmente, na defensiva. Novamente as pesquisas devem dar o tom da estratégia. As primeiras devem ser divulgadas lá pelo meio da semana. Aos poucos “gargantuas” que acompanharam por aqui, obrigado e um abraço.

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