blog do escritor yuri vieira e convidados...

Mês: janeiro 2006 Page 6 of 9

Pão em coreano

Assisti ao filme coreano citado pelo Pedro NovaesCasa Vazia, de Kim-ki Duk – ainda em São Paulo. Também gostei apesar da forçação de barra do final. (Nossa, sensação mais esquisita, acho que nunca havia escrito forçação na minha vida, imagine, uma palavra com dois c-cedilhas!) Na mesma semana em que o assisti, fui a uma festa com o Sunami Chun, diretor-presidente da Monkey Lan House. Lá, o Chun me apresentou “Marcelo”, assim entre aspas porque, na verdade, “Marcelo” era da Coréia do Sul e, depois de quase dois anos no Brasil, decidiu adotar um nome que, além de ser “sexy para as mulheres”, não fosse impronunciável por seus amigos brasileiros. Misturando português com um tanto de inglês (de Tarzã), conversamos longo tempo sobre seu país, seu cinema atual, sua história, a língua, a influência chinesa, japonesa, portuguesa e assim por diante. Porém, como neste exato momento estou com meu módulo baiano ativado, e por isso estou com uma preguiça de rachar o chão, me limitarei a descrever apenas alguns pontos desse papo. (Atenção, baianos, não estou sendo preconceituoso: realmente herdei alguns legítimos genes baianos dos meus avós paternos e, tanto como o Caymmi, sei do que falo.)

Casa Vazia

Casa VaziaAssisti ontem a Casa Vazia, filme do diretor sul-coreano Kim-ki Duk, premiado com o Leão de Prata de Melhor Direção no Festival de Veneza de 2004. O filme é muito bom, mas não me emocionou tanto quanto o maravilhoso “Primavera, Verão, Outono, Inverno e Primavera”, do mesmo diretor.

Em Casa Vazia, Sun-Hwa é um jovem que passa seus dias invadindo residências cujos ocupantes estão fora. Enquanto passa seu tempo, ele lava as roupas dos moradores e conserta eletrodomésticos quebrados. Numa dessas casas, encontra Tae-Suk, abusada por um marido violento, e os dois iniciam uma silenciosa história de amor.

Capitalizar a pobreza

Parece que o melhor negócio, para o Brazil, é capitalizar a sua pobreza, seja ela mental ou material. Se enriquecendo nossas lindas idéias se acabam, enriquecer para quê? Depois de ver a propaganda dessa FavelaShop, no Adsense deste blog, passei a ter certeza disso. (Já havia o tal bar Favela em Paris, né, nenhuma novidade portanto.) Mas essas coisas se multiplicam mais e mais a cada dia. Acho que também abrirei uma loja em Londres, uma livraria, a Lula’s Books…


O sonho

Dirijo o carro. Não sei qual cidade é. Não sou daqui. Os nativos falam uma língua que não conheço, mas eu a entendo perfeitamente. O trânsito está complicado. Decido deixar o carro.

Caminho por uma rua estreita e inclinada. Tem calçamento de pedras. Desço-a. A via está tomada por pedestres e tem muitas lojas pequenas. Parecem lojas para turistas.

Sinto uma sensação estranha. Vislumbro a rua estreita à minha frente. Sinto vontade de correr. Devo percorrê-la. Preciso chegar até o seu fim. Parto. Corro. Corro bem rápido. Devo chegar ao fim da rua.

O tempo está nublado. Há muitas nuvens escurecidas. Corro. Começo a ver o mar, as nuvens sobre o mar. Ainda é dia, há sol também, mas a noite já começa a surgir. Ainda corro. Estou chegando perto do mar, estou chegando. Vejo um pequeno píer. Não há embarcações. Do lado direito, uma montanha.

Ah, o Estado!

Olha só que bonito. Está no blog do Josias de Souza. O Supremo Tribunal Federal deve cancelar até março, quando transitar uma decisão para a qual falta apenas o voto do ministro Joaquim Barbosa (já vencido, caso ele vote contra), mais de 10 mil ações de improbidade administrativa. A partir de um relatório do homem que confessou ter enfiado alguns artigos não votados na Constituição e pré-candidato à presidência Nelson Jobim, o STF entende, e doravante será jurisprudência portanto, que agentes políticos, como presidentes, ministros e governadores, não são abrangidos pela Lei de Improbidade Administrativa – só podem ser julgados por crime de responsabilidade, evidentemente com foro privilegiado. Isso extingue, entre outras, ações em que Paulo Maluf e Celso Pitta são réus. Tudo começou com a famosa viagem de férias em jatinho da FAB do hoje Embaixador brasileiro na ONU, ex-ministro da era FHC, Ronaldo Sardenberg. E viva o Brasil!

Homem de verdade

No blog do Lew Rockwell, Ryan W. McMaken cita este diálogo bem engraçado do sitcom Seinfeld:

“What is this? What are we doing? What in God’s name are we doing?”

“What?”

“Our lives! What kind of lives are these? We’re like children. We’re not men.”

“No we’re not. We’re not men.”

“We come up with all these stupid little reasons to break up with these women.”

“I know, I know! That’s what I do. That’s what I do!”

“Are we going to be sitting here when we’re sixty like two idiots?”

“We should be having dinner with our sons when we’re sixty.”

“We’re pathetic, you know that?”

“Yeah, like I don’t know that I’m pathetic.”

“Why can’t I be normal?”

“Yes! Me too! I want to be normal. Normal!”

“It would be nice to care about someone.”

“Yes! Yes! Care!”

Anarco-indigenismo

Vamos voltar ao tema suscitado pelo Paulo ali embaixo com seu amigo David D. Friedman. Eu li alguns dos textos do cara e até achei legais, mas todos, sem exceção, são uma elocubração teórica só. Coisa típica de economista, embora ele não seja um.

E, não se enganem comigo, eu adoro Economia. No meu trabalho acadêmico e sobre políticas públicas, grande parte das minhas referências vem de economistas que eu admiro muito, como, do lado da Economia das Instituições, o Prêmio Nobel Douglass North, e, nos estudos do desenvolvimento, outro Nobel, o indiano Amartya Sen (aliás, motivo de grande revolta contra o Microsoft Word, que insiste em sempre corrigir automaticamente o nome dele para “Sem”).

Meu propósito é tentar chegar exatamente ao que nos une e desune aqui nesse blog em relação à sociedade ideal. Acho que isso é importante porque esses pontos de discordância estão exatamente ao redor de alguns dos grandes nós da modernidade.

De Juquehy ao Tietê

Juquehy, 8jan6, 20h11Passei o fim de semana em Juquehy [clique na foto], praia bacana no litoral norte de São Paulo. Foi ótimo, diga-se. O lance foi a volta, na segunda-feira de manhã. É estranho passar pela Anchieta-Imigrantes. Depois da inauguração das novas pistas há uns 2 anos, o sistema ficou ainda mais impressionante.

Ao subir a Serra do Mar, vê-se um enorme complexo de pistas suspensas, encravadas no meio da mata preservada da reserva. Sem falar dos longos túneis que transpassam a montanha. No início da via, avista-se bem lá no alto o trajeto de curvas a percorrer; já em cima, bem lá embaixo o percurso vencido. Engenharia em seu sentido mais nobre. Às vezes fico extasiado com a capacidade humana.

O “estranho” a que me referi ali em cima é o que se vê além e depois disso. E por que motivo conseguimos construir algo tão impressionante e, ao mesmo tempo, o que há em seguida.

De início, cruza-se Cubatão. Preciso dizer algo?

Ah, esses domínios

Enquanto aqui no Brasil ficamos presenciando o nascimento de sites com domínios do tipo www.chatice.com.br, www.coisa-mais-aborrecida.org.br, www.zé-sem-imaginação.nome.br, lá fora os caras vão ampliando o leque de alternativas válidas internacionalmente, isto é, de domínios que podem ser registrados e usados inclusive por nós do terceiro bundo. (Confira no Go Daddy.)

Agora, por exemplo, há a extensão “.eu“, a qual não é de uso exclusivo de europeus. Quando vi a dita cuja fui correndo registrar o nome “fod”. Ficaria lindo: http://fod.eu

Lugares-Memória Memory Places

Lugares não são lugares. Lugares são memórias. Óbvio. É claro que lugares bonitos e paisagens grandiosas têm muita chance de figurar em nossa galeria pessoal de locais favoritos no coração. Mas é evidente que, se passamos por maus momentos nesses lugares ou se os cruzamos em meio a um mau estado de espírito, dificilmente eles constarão dessa lista. Por outro lado, locais aparentemente bestas e desprovidos de maiores atrativos podem se tornar grandiosos na lembrança, conforme o vivido. Um quarto sujo e mofado de hotel na decadente zona portuária de Cádiz pode ter sido o palácio de uma grande paixão; um boteco comum em São José dos Campos, palco de um memorável debate filosófico; os bancos apertados de um ônibus entre a Cidade do México e Guadalajara, a oportunidade de conhecer alguém que se tornaria um grande companheiro de aventuras.

Quero compartilhar alguns dos meus lugares favoritos, começando com o especialíssimo Mirante das Três Gargantas. Seria bacana ouvir de outros seus lugares favoritos também.

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