Esta animação (gif) eu recebi da Tatiana Ribeiro:
Não é bacaninha? Pena que só fique nesse eterno retorno oriental…
Esta animação (gif) eu recebi da Tatiana Ribeiro:
Não é bacaninha? Pena que só fique nesse eterno retorno oriental…
Você viu o que fizemos com o tempo? Viu o temporal que despencou sobre a cidade, derrubando árvores e alagando essas casas da periferia? Viu o caos, a falta de luz e os transformadores explodindo em grande clarões no crepúsculo de chumbo? Viu também como, apesar das pesadas e inesperadas nuvens, o Sol insistia em penetrar por certas frestas numa luminosidade amarela densíssima que revelava o perfil dos fios de água em seu trajeto entre o céu e a terra? Tudo porque fomos nos apaixonar.
O que me espanta e angustia é toda a calma. Toda essa calma, enquanto sob nossos pés ruge essa corrente violenta, veloz e ameaçadora. Eu olho para os quadros, parados e em pleno esquadro na parede e sinto o tremor sob a planta dos meus pés. Olho para os livros na estante, comportados e, com o canto do olho, vejo o turbilhão lamacento sobre o qual flutuamos no vazio. Os copos, as facas e os garfos, em seu insuspeito toque frio, e o rio. O rio, sempre o rio. Ai de mim. Outro dia, me deixei distrair e, inadvertido, mergulhei o pé na corrente vermelha e espumosa. Fui tragado instantaneamente. E não sei nadar.
Olha, você vai achar que é arrogância, mas o fato é que eu sei tudo sobre você. Sei que você sempre conversa sobre os livros e filmes da moda para não revelar que gosta mesmo é de carnaval e futebol. Sei o quanto você se esforça para parecer culto na companhia de pseudo-intelectuais, enquanto sua leitura favorita continua sendo Carlos Zéfiro. Sei que você é apenas mais um socialista de piscina, que nunca leu Karl Marx, mas faz questão de repetir chavões como “burguesia” e “justiça social” para agradar aos revoltadinhos de plantão. Aliás, você é burguês e é isso que você quer ser por toda a vida, mas você sempre encontra um vizinho mais rico e mais gordo para achar que o burguês é ele, assim como os mais pobres acham que o burguês é você. Vamos admitir, você não é original, há muitos como você. Há milhões de outros jovens que também adoram viajar só para fazer exatamente o mesmo que fariam em seu país natal. Há milhões de outros jovens que dizem que adoram coisas novas, mas passam a vida inteira fazendo exatamente as mesmas coisas, sem nunca se darem conta de que elas são mais velhas que o papa. Há milhões de outros jovens que dizem que não existe bem e mal, mas ficam putos quando alguém rouba o som do carro deles. Sim, você é relativista, você não acredita em bem e mal, mas, por Deus!, como é mau aquele sujeito que te chamou de burro, como são maus os católicos que não querem que você use camisinha, e como são más todas as pessoas que não compreendem o quanto você é sensível, talentoso e genial. Estou sendo arrogante? Oh, deve ser porque eu também sou muito mau, enquanto você, obviamente, é um poço de bondade.
Gosto, particularmente, de viagens pessoais. Por isso me interessei por Hora de Voltar, filme idependente dirigido e roteirizado por Zach Braff, um cara que faz a série televisiva Scrubs – que eu nunca vi. Passou esta madrugada num dos Telecines. Como nunca tinha ouvido falar de Braff ou deste filme, fui me surpreendendo com a história. É despretensiosa e funciona bem.
Há quase um ano já, cansado de tentar convencer meus amigos a lerem o Olavo de Carvalho – de quem li apenas sete ou oito livros (os dois primeiros emprestados pelo poeta Bruno Tolentino em 1999) -, desabafei aqui: “para mim, quem não lê as colunas semanais do O.de C. é mulher do padre”. O irônico é que, sem que eu soubesse de pronto, foi este o único argumento que de fato levou ao menos dois de meus amigos a iniciar a empreitada, o que talvez signifique duas coisas: 1) sou um péssimo dialético, 2) mas um bom retórico, já que apelei com sucesso aos subterrâneos de suas psiques ao utilizar desafio tão primário, tão infantil. E isto, claro, significa uma terceira coisa: embora lhe sinta o cheiro, ainda estou muitíssimo aquém da filosofia…
Mas sem papo furado, quero apenas – diante do excelente artigo do Olavo desta semana, Se você ainda quer ser um estudante sério…, aliás, finalmente um artigo que mostra extensivamente (e não intensivamente, como é o costume dele) aos que nunca tiveram coragem de se aproximar de ao menos um de seus livros qual é o fundo de onde salta esse grande figura – quero apenas repetir: para mim, qualquer intelectual brasileiro que nunca tenha lido sequer um livro do Olavo é mulherzinha do padre. E só. (Ok, agora vá dar pro padre, se é que lhe assentou a carapuça.)
Todo mundo que já foi forasteiro em algum lugar sabe do melindre – às vezes constante, às vezes raro, mas sempre sentido – nas relações com os locais. O famoso “choque cultural” nunca escolhe suas vítimas e, por mais que nos queiramos “descolados”, sempre experimentamos os seus conhecidos estágios: a surpresa inicial, a negação e, por último, a tentativa de adaptação.
Noutro dia, a mãe do senhorio veio expressar seu descontentamento com o estado do nosso jardim. Falava sério, com um tom de voz acima do normal para uma octogenária e com o habitual olhar sorrateiro.
Comentando o episódio com o Marc, lembrei da minha desconfiança nos olhares de soslaio(“…oblíquos e dissimulados”). Só então descobri que isso não é característica pessoal da desagradável “tia da Thatcher”, mas que é o usual por estas bandas. Que coisa! O feio aqui é encarar!!
Amanheceu bonito e frio na Terra Média. Solzinho bom com neblina! Não houve vontade nenhuma de levantar da cama…E o artigo pros “Gargantas de Fogo”? Descobri um escândalo antigo envolvendo o governo kiwi e as empresas de imagens de satélite, podia escrever sobre isso!
E depois, tem a campanha chauvinista do eDitador e seus comparsas (Pô, Monica Bellucci, Paulo? Pegou pesado, heim?!)! Caramba, que pressão! E eu só quero ficar no jardim, lagarteando e tomando chá, de pijaminha e sem compromisso, esperando o Marc vir almoçar e me atualizar sobre o mundo lá fora…
E a imagem da Ms. Dalloway me vem à cabeça como uma premonição, uma praga rogada há muitos anos pela doida da Wolf e destinada a gente como eu! Tá bom, fui vaidosa e arrogante agora! Desculpem-me! Não sei fazer arranjos florais como ela e nem eram assim tão brilhantes meus apartes nos cafés com os meninos…
Campo Santo de Yungay, Peru
A trágica notícia do deslizamento de terra nas Filipinas, que matou cerca de 1800 pessoas, me fez lembrar de um dos lugares mais estranhos que já conheci.
Em meio à paisagem grandiosa dos Andes peruanos, no sopé do Nevado Huascarán (6.768 m), montanha mais alta do Peru e quinta das Américas, se esconde a simpática e colorida vila de Yungay, uma das principais cidades do Callejón de Huaylas, o vale agrícola cortado pelo Rio Santa, que percorre todo o lado oeste da Cordillera Blanca.
Sabe-se que Google é um trocadilho com a palavra ‘googol’. Sabe-se também que a empresa tem a ambição de abraçar todo o conhecimento humano, toda a informação – mas obviamente não abarcará o infinito. Que o diga Carl Sagan no livro Cosmos:
“Quando consideramos o seccionamento de uma torta de maçã até atingir a um único átomo, confrontamos com uma infinidade dos muito pequenos. E quando olhamos para um céu noturno, confrontamo-nos com uma infinidade dos muito grandes. Estas infinidades representam um regresso sem fim que continua não somente até muito longe, mas para sempre. Se nos colocarmos entre dois espelhos, por exemplo em uma barbearia, veremos um grande número de imagens de nós mesmos, uma a reflexão da outra. Não conseguimos ver uma infinidade de imagens porque os espelhos não são perfeitamente planos e alinhados, a luz não viaja infinitamente rápido e porque estamos no caminho dela. Quando falamos sobre infinidade estamos nos referindo a uma quantidade maior do que qualquer número, não importa o tamanho dele.
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